segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2008




POR FREGUESIAS

ÍNDICE DE AVENIDAS, BECOS, CALÇADAS, LARGOS, PRAÇAS, RUAS, E TRAVESSAS DE LISBOA, PUBLICADAS DURANTE O ANO DE 2008 NESTE BLOG.


Não era assim que eu pensava apresentar o meu ÍNDICE, pois não possuo os recursos técnicos para fazê-lo em hiperligação.
Desculpem-me os que eventualmente não consigam visualizar alguns elementos. Espero em finais de 2009 já poder corresponder à intenção desejada.
Até esta altura estão tratadas 81 artérias da nossa LISBOA (umas mais extensas, outras mais curtas).




O ÍNDICE está representado alfabéticamente uma parte por RUAS e outra por FREGUESIAS, facilitando assim uma melhor consulta.
Poderá também ampliar as fotos para visualizar a artéria pretendida.




A TODOS OS BLOGUISTAS FESTAS FELIZES.





domingo, 21 de dezembro de 2008

AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE [ II ]

Avenida Mouzinho de Albuquerque - (2008) Foto gentilmente cedida por Rafael Santos (a Av. Mouzinho de Albuquerque no seu início, vendo-se a Praça Paiva Couceiro ao fundo).
Avenida Mouzinho de Albuquerque - (1961) Foto de Artur Goulart (Caminho que liga a Av. Mouzinho de Albuquerque aos "Caminhos-de-Ferro", à direita a Quinta dos Peixinhos ao fundo à esquerda o «CONVENTO DE SANTOS-O-NOVO») in AFML

Avenida Mouzinho de Albuquerque - (1961) foto de Artur Goulart (Terrenos baldios situados entre as traseiras da Av. Mouz.Albuq. e a Rua Particular, próximo do viaduto à Avenida General Roçadas) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.
(CONTINUAÇÃO)
AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE
«O SÍTIO E SEU ENQUADRAMENTO (2)»
É-nos dada informação de que a Avenida Mouzinho de Albuquerque " era o troço da Avenida Dr. Jacinto Nunes, desta Praça junto à Rua Morais Soares, (agora Praça Paiva Couceiro) até ao Largo (Largo General Pereira Eça. O início do arruamento é feito na Praça Paiva Couceiro e o final na Rua de Santa Apolónia (1). Estando este historial em fase de análise.
A Avenida Mouzinho de Albuquerque é construída entre o antigo «CAMINHO DE BAIXO DA PENHA» e a «ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO». A Estrada da Circunvalação (Oriental) tinha início no Largo da Cruz da Pedra (junto a uma das entradas da actual Casa Pia de Lisboa), seguia o princípio da Estrada de Chelas (actual Nelson de Barros), virava para a esquerda subindo a actual Avenida Afonso III, passava junto do Alto de São João, descia a Rua Morais Soares (e ficamos por aqui). O Caminho de baixo da Penha, começava na Estrada da Penha de França e finalizava na Estrada da Circunvalação junto da actual Rua Morais Soares.
Do Caminho de baixo da Penha saia a «AZINHAGA DO VALE ESCURO» (azinhaga que deu o nome ao sítio) e mais para baixo «O CAMINHO DA QUINTA DO PEIXE» (que mais tarde se generalizou em Quinta dos Peixinhos). Existe no lado nascente o «ALTO VAREJÃO» sendo ligado a Norte pela Azinhaga da Quinta do Alterada e mais a baixo a «CALÇADA DO ALTO VAREJÃO»(2).
Não podemos afastarmos da ideia de que esta Avenida também entrou em terrenos pertencentes as «COMENDADEIRAS», (mais tarde adquiridos pela CML) como nos referimos mais á frente.
Dizia Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa» que "a Rua de Santa Apolónia (na convergência com a Calçada da Cruz da Pedra) faz agora uma curva, desenhada na artéria, forçadamente, para dar lugar à construção da «ROTUNDA» nos terrenos das grandes oficinas gerais da C.P.
Com as perspectivas em implantar a Companhia Real dos Caminhos de Ferro, neste lugar, toda a zona ficou transformada. A C.P. tomou conta da maioria dos edifícios entre Santa Apolónia e Xabregas (na zona ribeirinha), sofrendo também algumas ruas, sendo o caso da Rua de Santa Apolónia pois o trânsito era todo canalizado por aquela rua, nas direcções Ocidental e Oriental, pela inexistência de uma via alternativa. Nessa altura ainda não existia a Marginal (hoje Avenida Infante D. Henrique).
Os terrenos do local do «RECOLHIMENTO DE LÁZARO LEITÃO», eram convergentes com as hortas das «COMENDADEIRAS», depois terrenos do Estado após 1834. Estava nessa altura destinado a continuidade de uma avenida, que ligasse a Morais Soares e a Cruz da Pedra.
Diz-nos ainda Norberto de Araújo "que a CML adquiriu por 294 contos ao Ministério das Finanças 59000 metros quadrados da antiga Cerca das Comendadeiras - que era enorme - para abertura da dita Avenida (3).
(1) - Divisão de Alvarás, Escrivania e Toponímia da CML.
(2) - Interpretação retirada do «ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA» de Filipe Folque: 1856 - 1858.
(3) - Araújo, Norberto - "PEREGRINAÇÃO EM LISBOA» - Livro XV página 31.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «MOUZINHO DE ALBUQUERQUE (1



quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE [ I ]


Avenida Mouzinho de Albuquerque - Folha Nº 30 do Atlas da Carta Topográfica de Lisboa sob a direcção de Filipe Folque: 1856 - 1858 - CML Departamento de Património Cultural - Arquivo Municipal de Lisboa - (Zona da Cruz da Pedra).


Avenida Mouzinho de Albuquerque (2008) - (Vista de satélite) in http://wikimapia.org/




Avenida Mouzinho de Albuquerque - (s/d) Fotografo não identificado in http://www.garatujando.blogs.sapo.pt/


AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE


«O SÍTIO E SEU ENQUADRAMENTO»


A AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE, pertence a três freguesias; freguesia da PENHA DE FRANÇA (1918), freguesia de SÃO JOÃO (1959) e freguesia de SANTA ENGRÁCIA (1568) (esta última com designações intercalares de Nossa Senhora do Paraíso e Monte Pedral).


A AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE, estende-se lentamente, tendo o seu início na Praça Paiva Couceiro e percorre todo o curso do anteriormente chamado VALE ESCURO, chegando finalmente (por um viaduto a partir da confluência da Rua de Santa Apolónia e a Calçada da Cruz da Pedra) à Avenida Infante Dom Henrique.


No seu trajecto cortando quintas e ajeitando vales, tem um percurso bastante irregular quanto à sua definição. Encontrou muitos obstáculos dado que as quintas eram ocupadas predominantemente por bairros clandestinos de barracas ou cultivo desordenado de hortas.


Esta casas desenvolviam-se principalmente na periferia do Vale Escuro, Alto da Eira, Alto Varejão e Quinta das Comendadeiras. "Dado que na cidade escasseavam grandes extensões de solo agrícola privado com expectativas de urbanização" (1).


As barracas ocuparam os vales e encostas declivosas, e em áreas expectantes de modo mais disperso.


A AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE começou a ser estruturada e desenvolvida de Norte para Sul, na medida em que eram feitas as desanexações do espaço na qual devia ser instalada. No ano de 1949 por informação da Acta Nº24 da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa o seu Concelho colocou na ordem de trabalhos que: "por sugestão do seu Vice-Presidente da Câmara, a Comissão deu parecer favorável com referencia à designação a dar aos seguintes arruamentos no VALE ESCURO: troço da Avenida Doutor Jacinto Nunes, desde a Praça da Rua Morais Soares até ao Largo - «AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE»(2).


Na Acta Nº 39 do ano 1953 voltou novamente esta Comissão a ocupar-se dos arruamentos do VALE ESCURO, dando seguimento ao assunto já abordado em 1949. "tendo agora resolvido emitir o parecer de que aos (...) arruamentos sejam dadas as seguintes denominações: Ao troço da Avenida Doutor Jacinto Nunes, desde a Praça da Rua Morais Soares até ao Largo - «AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE». (...) À praça entre a rua Morais Soares, a « AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE» e a Rua B à Calçada do Poço dos Mouros - PRAÇA PAIVA COUCEIRO. (3)
( 1 ) - Dicionário de História de Lisboa página 131
( 2 ) - Actas da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa (1943-1974) CML página 111
( 3 ) - Idem Página 159
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «O SÍTIO E SEU ENQUADRAMENTO (2)






segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [XIV]

Poço do Borratém - (2006) Foto de Linda Dufurrena (Os Burros do Borratém) in www.westernfolklif.org/weblogs
Poço do Borratém - (2001) Desenho (anteprojecto do elevador do Poço do Borratém) in ulisses.cm-lisboa.pt

Poço do Borratém - (2001) Fotógrafo não identificado (Anteprojecto do elevador) foto montagem in http://www.mpt.pt/


Poço do Borratém - (2001) - Fotógrafo não identificado (Elevador do Poço Borratém - anteprojecto-foto montagem) in http://www.mpt.pt/
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«ACONTECIMENTOS PITORESCOS NO "POÇO DO BORRATÉM
A BURRICADA
Ao recordar Pinto de Carvalho num capitulo do seu livro «LISBOA d'OUTRORA» com referencia ao «POÇO DO BORRATÉM», dizia ele: (...) querendo alguns janotas do Chiado pregar um susto às senhoras que, ao romper da alva, saíam de um baile, oferecido pelo Conde de Farropo num sábado de espera de toiros, combinaram alugar uns poucos de burros no «POÇO DO BORRATÉM» a cujos pescoços penduraram chocalhos. Aos primeiros alvores do dilúculo, no momento dos convidados saírem do baile, largaram a burricada junto ao portão das Laranjeiras e começaram a gritar: Eh, real! Eh, boi! As senhoras pensaram que houvesse tresmalhação de gado.
IDAS ÀS HORTAS
O público do Teatro Apolo (anteriormente Príncipe Real), tinha o hábito "de alugar mulas no «POÇO DO BORRATÉM» para "um giro" até às hortas depois da "matinée" quando o espectáculo corria sem novidade. (1)
O RECURSO
Num dos seus recortes de jornais - volume 18 - página 32-36 de Luís Pastor de Macedo foi encontrada uma carta dirigida ao presidente da Câmara de Lisboa da época. «José Street de Arriaga e Cunha, Conde de Carnide (1887-1961), como procurador dos filhos, proprietários no «POÇO DO BORRATÉM» número 4, vem apresentar recurso para anulação da intimação por parte dos inquilinos, que exigiam obras. Os filhos do Conde de Carnide adquiriram o imóvel do Visconde de Olivais em 1946».
O ELEVADOR COM LISBOA À VISTA
Foi pensado em tempos e projectado pelo arquitecto Adalberto Dias, responsável pelo estudo da ligação em altura, revelando pormenores sobre esta intenção em plena zona histórica de Lisboa.
O elevador tipo panorâmico, projectado pelo arquitecto A. Dias poderá transportar do «POÇO DO BORRATÉM», à cota baixa, 18 passageiros, subindo 85 metros e levá-los até à cota Costa do Castelo (a meia-encosta) ou mesmo junto da casa do leão no interior do Monumento Nacional.
Tudo isto será possível se, porventura, o Presidente da C.M.L. conseguir concretizar a intenção de construir tal estrutura.
A polémica era inevitável associada a este tipo de intervenção no tecido urbano já consolidado e em especial numa zona histórica.
O despejo dos ocupantes do imóvel, do «POÇO DO BORRATÉM», onde poderia assentar as fundações da torre do elevador panorâmico estava em curso.
Sabemos que esse projecto não se concretizou motivado uma contestação popular no ano de 2001.
DESPEJOS DO BORRATÉM
Veio publicado no Jornal da Região de Lisboa em 15 de Janeiro de 2001, que no número 39 do Poço do Borratém, foram despejados por causa do elevador, "projecto de João Soares" para ligar a Baixa ao Castelo de S. Jorge, nesta altura em polémica.
(1) - Dias, Marina Tavares - Lisboa Desaparecida Nº 1 página 31.
(PRÓXIMO) - (AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE) - ( O SÍTIO E SEU ENQUADRAMENTO).



sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [XIII]

Poço do Borratém - (2007) Fotógrafo não identificado (Casa de João das Regras-actualmente existe no piso térreo "A Lisbonense" limpeza de chaminés) in http://fotos.sapo.pt/
Poço do Borratém - (1965) Foto de Armando Serôdio (Casa de João das Regras - Portal e Janela) in AFML

Poço do Borratém, 26 a 30 - (1959) Foto de Arnaldo Madureira (Junta de Freguesia de Santa Justa e Casa de João das Regras) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«A CASA DE JOÃO DAS REGRAS»
De facto quem passar no «POÇO DO BORRATÉM» (...) e olhar o lado Oriental do Largo (poucos metros desviado da esquina do Beco dos Surradores) verá uma casa velha e ligeiramente saída das demais, onde é visível um arco ogival com dimensões suficientes para abranger a loja e a sobreloja. O Arco não era único: havia outro idêntico (de diversas alturas e muito característico) demolido em 1851. (...) já referido no passado dia 12.02.2008 com o título «RUA DE JOÃO DAS REGRAS».
Dizia Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa» volume III pág. 81 "no prédio com o número 30, propriedade de D. Lucinda Vinhas na época, e em cuja loja existe um estabelecimento de bebidas: «O TONEL DO BORRATÉM». Desenha-se ainda na fachada um arco ogival (...). (Tradição que não andava longe da verosimilhança) Que esta casa foi habitação do astuto ministro e conselheiro de D. João I, esse famoso «JOÃO DAS REGRAS», proprietário, por sua mulher, das casas dos Albergarias, e depois dos Monsantos e Cascais, do outro lado da Rua. O certo é que o arco ogival é a nota mais remota do sítio, o que resta da transfiguração operada pelo Terramoto. O mestre de Bolonha morreu no seu Palácio grande, que foi, com mais segurança aquele onde mais tempo viveu".
Relata-nos também, Júlio de Castilho que no prédio do arco já destruído, serve actualmente de instalação à Junta de Freguesia de Santa Justa, com o número 25 de polícia.
Falando ainda do número 30, aquele que mantém o seu arco ogival, «não saber os fundamentos da tradição oral para dizerem ainda há umas dezenas de anos, que ali residia João das Regras».
No entanto o «ARCHIVO PITTORESCO» na pessoa do ilustre Olisipógrafo Inácio Vilhena Barbosa, parece adopta-la, e dizer até que «pertenciam aquelas casas aos pais de João das Regras, que ali viveram muitos anos, tendo também morado noutras, que possuíam às Escolas Geraes, onde nascera aquele ilustre jurisconsulto».
O mesmo autor diz ainda que regressado à Pátria depois de se ter doutorado em direito na Universidade de Bolonha «foi habitar João das Regras em umas casas suas, ou de seus pais, ao Poço do Borratém».
Divergem as opiniões mas de uma coisa temos a certeza. Ainda hoje a casa ocupada por estabelecimentos comerciais é chamada de «JOÃO DAS REGRAS». Este imóvel foi decretado de interesse público, pelo Decreto número 8/83, DR 19 de 24 de Janeiro de 1983.
(CONTINUA) - (Próximo) - «ACONTECIMENTOS PITORESCOS NO "POÇO DO BORRATÉM"».




segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [XII]

Poço do Borratém - (195_) Foto de Judah Benoliel (Arco do Marquês de Alegrete ao fundo o Poço do Borratém) in AFML
Poço do Borratém - (195_) Foto de Judah Benoliel (Rua do Arco Marquês de Alegrete depois das demolições na Mouraria) in AFML

Poço do Borratém - (1946) Foto de Eduardo Portugal (Arco e Palácio do Marquês de Alegrete antes das demolições-Porta de entrada para o Poço do Borratém) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«A PORTA DA MOURARIA - A NORTE DO SÍTIO DO POÇO DO BORRATÉM»
Uma das entradas em Lisboa da «CERCA FERNANDINA» tinha o nome de «PORTAS DA MOURARIA» ou «PORTAS DE S. VICENTE DA MOURARIA» sendo uma das mais importantes. Com bastantes alterações de estrutura (1674), era chamado de «ARCO DO MARQUÊS DE ALEGRETE» em (1948) entre a Rua da Mouraria e a Rua do Arco do Marquês de Alegrete.
Diz-nos Norberto de Araújo, "é perto deste Arco, no prédio da Rua da Mouraria, na esquina das Escadinhas da Saúde, que se encontra encravada na parede a inscrição que atesta a construção da CERCA NOVA".
Para o interior da Cidade começava na Porta de S. Vicente uma rua que teve várias designações: chamaram-lhe «RUA DO BORRATÉM» (1); «RUA DIREITA DA PORTA DE S.VICENTE» para o Poço do Borratém (2); Rua do Poço do Borratém, do Cano para cima (3).
Segundo temos conhecimento só depois de 1801, passou a denominar-se «RUA DO ARCO DO MARQUÊS DE ALEGRETE» que ainda se conserva.
No dizer de Júlio Castilho, "a circulação para o Rossio continuava a fazer-se pela Praça da Figueira (Mercado de 1885 a 1949) isto é, pelas estreitas ruas que a cercavam. A ligação Almirante Reis/Baixa, só teria sido possível demolindo o quarteirão do Poço do Borratém e fazendo desaparecer a Igreja de S. Domingos.
Como nota histórica o Palácio chamado do Marques de Alegrete, demolido em 1946, transformou substancialmente aquela zona norte do «POÇO DO BORRATÉM», bem como o seu ARCO que permaneceu ainda durante alguns anos, vindo a ser demolido na década de cinquenta do século XX.
(1) - Estatísticas de 1552, por João Brandão de Buarcos, Ed. de 1923 página 229.
(2) - Livro do Lançamento e Serviços etc. 1565, fol. 418.
(3) - Lisboa em 1551 - SUMÁRIO de C.R. de Oliveira, Ed. 1987 pág. 20.
(CONTINUA) - (Próximo) - «A CASA DE JOÃO DAS REGRAS»

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [XI]

Poço do Borratém - (200_) Fotógrafo não identificado (A Roda dos Enjeitados do século XXI) in http://veja.abril.com.br
Poço do Borratém - (Fotógrafo não identificado) (Roda dos Expostos ou Enjeitados) in http://www.brasilcontraapedofilia.org/
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«A RODA DOS ENJEITADOS»
Na Rua da Betesga, no seu lado esquerdo quem caminha para o POÇO DO BORRATÉM, num Beco sem saída, na parte de trás do «HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS», também existiu uma «RODA DOS ENJEITADOS» entre os séculos XV e XVIII.
Foi Frei Guy de Montpellier a mando do papa Inocêncio III, que criou em França no ano de 1188 a «RODA DOS ENJEITADOS». Funcionava como forma de diminuir o índice de recém-nascidos que eram encontrados mortos nas margens dos rios.
Instalado nas portas dos Mosteiros de clausura e Conventos, eram cilindros de madeira giratórios, serviam para que mães deixassem seus filhos em mãos seguras, sem serem identificadas. Era norma que após a colocação do bebé, aquele que se encontrava no exterior tocava uma sineta e a irmã "RODEIRA", no interior do Convento, fazia girar a roda, retirando de seguida o que aí era colocado.
Estes «filhos de ninguém» eram, muitas vezes, filhos de raparigas pobres, frutos de relações proibidas. Por vezes as mães dos enjeitados deixavam algumas marcas identificativas (fitinhas, pequenos bordados com monogramas ou medalhinhas), a fim de, um dia mais tarde, as poderem recuperar.
No Hospital Real de Todos-os-Santos, «esta casa recolhe os enjeitados que se acham à porta do Hospital e na Misericórdia (RODA), e por toda a cidade; são recolhidos por duas amas que há no Hospital, que os levam à casa da fazenda perante o ouvidor e mais oficiais. (...) E muitas vezes os amos e amas destes enjeitados os pedem, e os perfilham; do que se faz escritura e assentamento no livro. O número destes enjeitados continuadamente são sempre quatrocentos e cinquenta, até quinhentos.»(1).
O seu uso constante, acabou por se tornar legítimo chegando mesmo a ser oficializado nos finais do século XVIII e a receber a designação de «RODA DOS EXPOSTOS OU DOS ENJEITADOS».
Pina Manique reconheceu oficialmente a instituição da RODA através da circular de 24 de Maio de 1783, com o objectivo de pôr fim aos infanticídios e acabar com o horroroso comércio ilegal junto à fronteira espanhola.
A «RODA DOS ENJEITADOS» passou a existir em todas as terras, vindo a perder a sua importância e uso com o advento do Liberalismo em Portugal, na primeira metade do século XIX.
Com o aumento considerável de recém-nascidos abandonados - principalmente por imigrantes ilegais - em alguns países da Europa, voltaram novamente à pratica medieval.
A versão moderna da «RODA» entrou em uso corrente nos Hospitais de Itália, Alemanha, Áustria e Suíça. No lugar dos cilindros de madeira, o bebé é colocado num berço através de uma janela que impede a identificação da pessoa que o deixou ali. O berço é aquecido e equipado com sensores que alertam médicos e enfermeiros da presença do bebé.
(1) - Oliveira, Cristóvão Rodrigues - LISBOA em 1551 - SUMÁRIO - Livros Horizonte - 1987 página 61.
(CONTINUA) - (Próximo) - «A PORTA DA MOURARIA - A NORTE DO SITIO DO POÇO DO BORRATÉM»

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [X]

Poço do Borratém - (2007) Fotógrafo não identificado (Entrada pela rua dos Condes de Monsanto, 2 -antiga Rua da Betesga - o Hotel Lisboa-Tejo) in http://www.ipmcom.pt/
Poço do Borratém - (1935) Foto de J. A. Bárcia (Camara do POÇO antes da última remodelação. Vê-se a bomba manual, entretanto desaparecida ) in Lisboa Antiga - Bairros Orientais de Júlio Castilho, Volume III pág. 141.
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«O POÇO (4)»

O Poço teve até há alguns anos uma bomba manual, (conforme fotografia que documentamos) e um gradeamento que o defendia. Foi remodelado em 1927.
É possível também deduzir que aquele lugar teria sido em tempos "Banhos Árabes".
No «ARQUILÉGIO» existe ainda a seguinte citação: "em Lisboa Ocidental, chegado às casas do Couto dos Marqueses de Cascais, está o grande Poço do Borratém, muito abundante de água, de que bebe a maior parte da sua vizinhança e qual é comummente reputada por boa para os que padecem ataques de calor, assim bebendo-a, como tomando banhos nela, do que fez alguma observação o Doutor João Curvo Semedo".
O POÇO (do Borratém) é pertença da Câmara Municipal de Lisboa desde 1849, não traz encargos para quem bebe a "virtuosa" água. Se é que há ainda quem a beba.
Por volta de 1900 sofreu novas obras, tendo sido transformado o POÇO num chafariz (depósito com torneiras) enchido pela pressão da água, correndo o excesso a nível do chão para duas bacias (estrutura que se conserva).
Na década de cinquenta do século XX a inquinação das águas levaram ao seu encerramento.
Em 1986 inicia-se a recuperação do espaço sobre orientação da Arqueóloga D. Ana Rolo.
No ano de 1996 o edifício é transformado no HOTEL LISBOA-TEJO, que conserva anexo à recepção, o «VELHO POÇO DO BORRATÉM». É de louvar esta iniciativa privada na preservação patrimonial.
(CONTINUA) - (Próximo) - «A RODA DOS ENJEITADOS»

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [IX]

Poço do Borratém, 15 - (2008) Fotógrafo não identificado (Pensão Residencial Alcobia) in www.almadeviajante.com/hoteis-lisboa
Poço do Borratém - (200_) Fotógrafo não identificado (Fachada do Hotel-Lisboa Tejo) in http://www.book-hotel-in-lisboa.com/
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«O POÇO» (3)
Num interessante artigo do «SUMÁRIO DE VÁRIAS HISTÓRIAS - 1873» aparecem as medições do POÇO.
Cinquenta palmos de alto, e nove de diâmetro. (...) Como a água do «Poço do Borratém» possuía certas virtudes, houve uma irmandade que, sem se saber com que títulos e em que tempo, conseguiu aproveitar-se d'ela e impor um tributo sobre quem a usava.
A irmandade de Santo André e Almas, da freguesia de Santa Justa, até 1818, recebia 80 réis por mês de cada aguadeiro, e fornecia os baldes e cadeias. Porém, o mais galante é que uma certa Maria Thereza, viúva, constituíra-se administradora do POÇO e exigia 240 Reis por mês de cada aguadeiro e dessa quantia entregava uma pequena parte à irmandade, guardando para si a maior parte, como Senado verificou, e além d'isso tinha em seu poder a chave da cobertura do POÇO.
Houve questão a este respeito, e afinal o desembargo do Paço e o Governo resolveram que o POÇO, por estar em terreno público, pertencia à Câmara, e portanto a sua água era do uso livre do povo.
Assim, o Senado, acabou com as usurpações da irmandade e de Maria Thereza, entregou a chave da coberta a um capataz que reformava as cordas e os baldes, abria e fechava o POÇO, recebendo dos aguadeiros e criados de servir 80 réis mensais.
Em 1849 a Câmara pôs termo por uma vez a essas alcavalas, e resolveu que as despesas com o POÇO fossem feitas pelo seu cofre.
Hoje o POÇO (em 1861) está bem acondicionado debaixo de uma abobada no prédio que ali construiu o senhor Bernardino, em terreno que foi do Hospital de São José, e continua, já se sabe, no uso público.

(CONTINUA) - (Próximo) « O POÇO (4


sábado, 22 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [VIII]

Poço do Borratém - (15.03.2007) - Foto de Dias dos Reis (O Poço do Borratém à noite) in www.pbase.com/imagem
Poço do Borratém - (1945) Foto de André Salgado (As bicas do Poço do Borratém nos anos quarenta do século XX) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«O POÇO » (2)
As portas do casarão lajeado e abobadado onde fica «O POÇO» eram fechados à noite pelo claviculário que era o capataz da Companhia. Pois agora (1935) - diz Júlio de Castilho - já se não fecha tal porta; e o público por mercê de um bico de gás aceso na loja, pode, também à noite, ir utilizar as águas salobras do Borratém.
Já lá dizia no "Pranto de Maria Parda" de Gil Vicente em 1522, «muita água há em Borratém e no poço do tinhoso». Maria Parda lamentava-se pela falta de vinho nas tabernas de Lisboa, evocando os tempos em que ele era abundante e barato. Depois, resolve pedir o vinho fiado a alguns taberneiros que lho negam. Por fim, decide morrer e pronuncia um extenso testamento que se refere obsessivamente ao vinho. Podemos acreditar que Maria Parda foi um símbolo, uma representação metafórica da realidade de Lisboa naquele tempo. Época de fome e miséria, acarretadas pela seca que assolou o país em 1521, devastando as vinhas e vitimando a população de fome ou deixando-a passar grande necessidade.
O nome do «Poço» deu origem a um período de trocadilhos, que vem registado no «ANATÓMICO JUCOSO»: (...) «arrumou-se o Poço do Borratém, e foi-se pôr a um canto: todos os que vão ter com "ELE", vão de balde, pois ele não concorda, mas só com comédias de Caldeirão se trata».
No «AQUILÉGIO MEDICINAL» e a «POLYANTHÊA» gabam a abundância e as virtudes da nascente, cada um com o seu ponto de vista.
Existem pessoas autorizadas, que dizem das propriedades medicinais da água do Borratém serem "salobras e detestáveis". O ilustrado Francisco Manuel de Mendonça (falecido BARÃO DE MENDONÇA) propôs, em 21 de Novembro de 1867, numa sessão da CML, que atendendo às "propriedades medicinais" da dita água, cessasse de funcionar naquele poço a companhia de aguadeiros, passando para o chafariz do Socorro, e que nomeassem dois veteranos para guardas desta «NÁIADE» histórica.
A proposta foi mandada para o conselho de saúde, mas não lhe sabemos o resultado(1).
(1) - ARCHIVO MUNICIPAL DE LISBOA, 1867, Nº 414 pág. 33/47 - Actualmente (1935) a água do Poço é aproveitada pelo proprietário do 1º andar do prédio, que nele tem instalado uma hospedaria (HOTEL PENINSULAR) e um estabelecimento de banhos; a água é elevada por uma bomba com motor eléctrico, montada na cobertura do poço. A câmara do poço, para serventia do público, tem três torneiras, mas alimentadas com água da Companhia das Águas de Lisboa - Nota do Engº A. Vieira da Silva.
(CONTINUA) - (Próximo) «O POÇO (3

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [VII]

Poço do Borratém - (2008) - (25.05.08) foto de Álvaro Dias (Esquina do Poço do Borratém ) in www.olhares.aeiou.pt/poço_do_borratem
Poço do Borratém - (1951) Foto de Eduardo Portugal (No momento que o "Claviculário" fechava os gradeamentos do POÇO) in AFML

Poço do Borratém, 8 - (194_) Foto de António Castelo Branco (Hora de movimento junto das portas do POÇO) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa

(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«O POÇO» (1)
O poço é antiquíssimo, e foi sempre do domínio público. Quando foram adquiridas as propriedades, ele continuou a ser respeitado na sua serventia. Ficava então numa pequena reentrância, desaparecida quando do alinhamento da rua.
Diz-nos Júlio de Castilho que o lote doado ao Hospital, tornejando para o Borratém sobre a Betesga (hoje Rua doa Condes de Monsanto), ainda em 1858 se encontrava um caos.
" O «POÇO» ficava ao ar livre, e era mais um tanque do que um poço. Percebiam-se-lhe no anteparo, meio aluído em volta do bocal, os sinais do desgaste pelas cordas e baldes. Ainda que cercado de tabuado velho, eram casebres sem forma nem alinhamento, telheiros, palhotas, ruínas amontoadas, um ferreiro, umas estrebarias para os burrinhos das saloias vendedeiras, um tanoeiro, etc. Em Agosto desse ano de 1858 foi a administração do Hospital obrigada pela Câmara a recuar o tapume (1): e pouco tempo depois, começou a edificação do grande prédio que lá vemos na esquina, cobrindo o célebre "POÇO" com uma abóbada.
Quando em 21 de Janeiro de 1861 comprou o senhor Bernardino José de Carvalho ao Hospital, esse prédio ainda incompleto. Depois de concluído, passados vários anos foi vendido ao senhor Visconde de Gandarinha.
Como já nos referimos o "POÇO" foi coberto por uma abóbada além da sua caixa de pedra que hoje o isola e o mantém limpo (2).
Umas quantas horas por dia a água cedida à casa de banhos (não lhe chamaremos de "termas" do Borratém), estabelecida no 1º andar; a serventia pública, reduzida pelo prédio novo, hesita se tem área de RUA ou de PRAÇA.
A Câmara também hesitou, e escreveu na esquina: «POÇO DO BORRATÉM».
(1) - Annais do Mundo de Lisboa, 1858, Nº 17, pág. 145.
(2) - Algumas providências acerca deste poço em Agosto de 1856 e Setembro de 1849, nas Synopses respectivas, da Câmara Municipal.
(CONTINUA) - (Próximo) «O POÇO (2)»

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [VI]

Poço do Borratém - (2005) (A Praça da Figueira na actualidade) foto de APS
Poço do Borratém - (1949) Foto de Eduardo Portugal (Demolição do Mercado da Praça da Figueira) in AFML

Poço do Borratém - (ant. 1949) Foto de Eduardo Portugal (Rua da Betesga e Praça da Figueira) in AFML
Poço do Borratém - (ant. 1949) foto de Eduardo Portugal (Rua da Betesga e Praça da Figueira) in AFML


Poço do Borratém - (c.-1948) foto de Eduardo Portugal (Mercado da Praça da Figueira) in AFML
Poço do Borratém - Desenho de J. Christino e M. de Macedo foto de Eduardo Portugal - (Mercado da Praça da Figueira) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«A PRAÇA DA FIGUEIRA»
O terreno das ruínas do Hospital de Todos-os-Santos, depois de 1755, foi aproveitado para mercado central, destinado à venda de frutas e legumes, tendo sido apelidado de vários nomes: «HORTA DO HOSPITAL», «PRAÇA DAS ERVAS», «PRAÇA NOVA» e por fim «PRAÇA DA FIGUEIRA».
De um local de bancadas diárias, passou a praça fixa, com barracas arrumadas e um poço próprio. Sofreu ao longo dos tempos, algumas alterações consoante as necessidades da população. Assim, em 1835, é arborizada e iluminada, em 1849 foi-lhe colocada uma cerca gradeada, coberta, e oito portas. No ano de 1882 foi aprovado um projecto para a construção de uma nova Praça, que consistia num edifício rectangular, com estrutura metálica, ocupando uma área de quase 8 mil metros quadrados, inaugurada em 1885 (permaneceu até 30 de Junho de 1949).
Da venda de frutas e legumes, passou à transacção de outros produtos alimentícios, fazendo da baixa lisboeta um local com um constante fervilhar de vida.
Desde logo a praça tornou-se um dos emblemas de Lisboa, quer pela sua construção, quer pela sua localização no centro da Cidade e ainda pela realização de verdadeiros arraiais na altura dos santos populares.
Diz-nos ainda Alfredo Mesquita "há um período de festas populares em que o alfacinha não sai de Lisboa, e em que cai em Lisboa um poder do mundo dos saloios. É no mês de Junho, quando se festeja Santo António, São João e São Pedro. São verdadeiras romagens das aldeias e casais da cercania ao coração da cidade(...). As noites da Praça da Figueira e suas imediações têm nessa ocasião um cunho lisboeta e provinciano que se não confunde, na contagiosa alegria(...) Os balões de cores, das gaitas e assobios de barro, dos pregões de frutas, manjericos e cravos, todo aquele ir e vir de grupos que a folia impele, sem nexo e sem sentido, formigueiro humano, onda de povoléu".
Esta era uma descrição da Praça da Figueira do século XIX inicio do século XX, hoje a realidade é bem diferente: de mercado aberto deu lugar a mercado fechado. Em 1947, a vereação da altura decidiu o fim do Mercado, prevendo o alargamento da rede viária de Lisboa, que incluía a demolição do Socorro e zona baixa da Mouraria, como forma de escoamento de transito, aproximando a cidade de Lisboa aos padrões europeus.
Em 1949 festeja-se o último Santo António naquele mercado e procedendo-se de seguida (30.06.1949) à sua demolição.
Para esta Praça, no ano de 1968 é assinado um contracto de construção da estátua equestre de D.João I que foi inaugurada em 1971, sendo da autoria de Leopoldo de Almeida e Jorge Segurado.
Já em finais do Século XX início do século XXI, sabe-se que obras levadas a cabo para a construção do parque de estacionamento subterrâneo da Praça da Figueira - «vieram destruir os vestígios arqueológicos postos a descoberto (por altura das escavações do Metro), nomeadamente um bairro do século XI. Este bairro era o primeiro conjunto urbano de Época Islâmica a ser descoberto no subsolo da cidade de Lisboa.(...) convém não secundarizar os restantes vestígios sejam eles do antigo HOSPITAL DE TODOS-OS-SANTOS ou da NECRÓPE ROMANA. (...) Por fim, não é demais voltar a frisar a extrema importância deste local dentro da história lisboeta e, num âmbito mais alargado em tudo o que respeita ao passado islâmico no qual a história de Portugal assenta» (1).
(1) - MPT -Partido da Terra - www.mpt.pt/mpthtml/default.asp.132html
(CONTINUA) - (Próximo «O POÇO (1)»




domingo, 9 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [V]

Poço do Borratém - Hospital Real de Todos-os-Santos - (Maqueta do século XX feita de acordo com descrições do hospital feitas em séculos anteriores à destruição do edifício, a maqueta encontra-se actualmente no hospital de S. José em Lisboa) in www.skyscrapercity.com
Poço do Borratém - (Século XVII) Desenho - (Hospital de Todos-os-Santos) - Museu da Cidade -in www.geocites.com/martinsbarata/ilustra/lx8sh.htm

Poço do Borratém - (Século XVIII) Desenho - (Hospital de Todos-os-Santos antes do fatídico Terramoto de 1755, vendo-se à esquerda o Convento de S. Domingos) in http://www.skyscrapercity.com/


Poço do Borratém, 36 e 38 - (195_) Foto de Armando Madureira (Poço do Borratém) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa

(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«O SÍTIO DO POÇO DO BORRATÉM»
Um lote, virado para a Rua do Amparo (actualmente Rua de João das Regras), foi comprado em 1835 por Bernardo José do Couto; aí existiam umas casas velhas, era o que restava da primitiva estalagem dos Camilos, assim chamada por estar nas dependências do Convento. As casas que eram constituídas por uma cavalariça e abrigo de carroças dos saloios, foram demolidas para se construir prédios de habitação.
O outro lote que ficava sobre o "Largo" do Borratém, foi vendido a António José da Silva Braga, cuja viúva o vendeu a Bernardino José de Carvalho, em Agosto de 1853. Era neste último lote que se incluía a Igreja dos Camilos.
Diz-nos ainda Júlio de Castilho que a transformação do sítio do Borratém foi total. «Havia no topo Sul da Rua do Arco do Marquês do Alegrete, um passadiço a que chamaram o "ARCO DOS CAMILOS", por ligar uma dependência do Convento com o prédio fronteiro, que fazia esquina para o Beco dos Surradores; passadiço esse que era simplesmente uma antiga comunicação do "quarto pequeno" ao Palácio dos Marqueses de Cascais. Esse passadiço era impropriamente chamado de "arco", pois não era mais que uma comunicação em linha recta. A rua aí era tão estreita, que ao alargar-se recuou a parede dezanove palmos (4m 18).
Em Novembro de 1835 convencionou a Câmara Municipal com a Administração do Hospital de S. José, a demolição do dito arco»(A).
-(A) -Synopse dos principais actos da CML em 1835, página 23.
«HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS»
El-Rei D. João II lançou a primeira pedra para a obra do Hospital na cerca do Mosteiro de S. Domingos em Lisboa em 15.05.1492, onde hoje se situa a Praça da Figueira e parte do Rossio.
A obra ficou a cargo do mestre arquitecto Diogo Boitaca sobre projecto de Mateus Fernandes seu sogro. Com o objectivo de juntar num só edifício os pequenos hospitais espalhados por Lisboa, cidade que na altura tinha cerca de 60 000 habitantes, foi inaugurado no ano de 1501.
O edifício sofreu três grandes incêndios. Um em 27.10.1601, outro em 10 de Agosto de 1750 e o terceiro no dia de todos os Santos (01.11.1755). Com o Terramoto e subsequente incêndio tão destrutivo, não resistiu.
Foi o primeiro grande hospital a ser construído em Portugal. O seu edifício estava elaborado segundo os princípios mais evoluídos na época, por isso, foi considerado um dos melhores hospitais da Europa.
A albergaria foi incluída no edifício do Hospital.
Posteriormente um devoto (assim se conta) instituiu por sua herdeira a Santa Casa da Misericórdia. De entre as alfaias e peças que lhe deixara, estava uma imagem da Senhora do Amparo. Então a irmandade edificou uma ermida para colocar a imagem.
A enfermaria ou hospital dos incuráveis passou, segundo parece, em 1583, para debaixo dos arcos, contígua à ermida.
Sabemos que «D. João II não pôde ver o seu Hospital construído porque morreu em 25.10.1495, quando só algumas paredes-mestras estavam concluídas. D. Manuel I foi o Rei que terminou esta obra, seguindo e cumprindo as disposições testamentárias deixadas por D. João. (...) Uma cópia autentica desse documento encontra-se na secção de Reservados da Biblioteca do Hospital de S. José. O Hospital tem a forma de cruz, com quatro braços iguais e, ao centro, estava situada a capela. (...) A fachada principal estava virada para o Rossio, tendo na sua entrada principal um lindo pórtico de estilo manuelino. As fachadas laterais davam para a Rua da Betesga e Amparo. A parte posterior para a Cerca do Convento de S. Domingos e terrenos pertencentes ao Conde de Monsanto, no "POÇO DO BORRATÉM" (1).
Existiam quatro claustros, um em cada braço da cruz, e em todos um poço, uma espaçosa horta, também com poço que ficava onde hoje se situa a PRAÇA DA FIGUEIRA.
No reinado de D.José I (1750) o Hospital Real de Todos-os-Santos após o segundo incêndio - este maior - ficou arruinado, recebendo grandes benefícios e mesmo uma renovação. Com a reconstrução e ampliação realizadas no Hospital, existiu a necessidade de comprar 14 propriedades circundantes do mesmo. No dia um de Novembro de 1755 com o terramoto tudo se perdeu.
-(1) - Santana, Francisco e Eduardo Sucena - Dicionário da História de Lisboa -Lisboa-1994 p. 449.
(CONTINUA) - Próximo «A PRAÇA DA FIGUEIRA»