quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

PRAÇA DA ARMADA

Praça da Armada (1968) Foto Armando Serôdio -Chafariz e estátua cimeira representando Neptuno com o tridente de bronze e o golfinho simbólico -in AFML
Praça da Armada (1965) Foto Arnaldo Serôdio in AFML

Praça da Armada [s.d.] Foto Eduardo Portugal in AFML


Praça da Armada, 11 a 15 [s.d.] Foto João H. Goulart in AFML



Praça da Armada (1965) Foto Armando Serôdio Arquivo Geral da Marinha in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
A PRAÇA DA ARMADA - antiga Praça de Alcântara - pertence à freguesia dos PRAZERES, situa-se entre as Ruas: Prior do Crato, do Sacramento a Alcântara, Rampa das Necessidades e Rua do Arco a Alcântara.
A Praça de Alcântara, também chamada Largo de Alcântara ou do Baluarte hoje chama-se PRAÇA DA ARMADA. Vamos por partes: à época (inicio do século XIX) existia naquela Praça o que teriam sido ruínas de um dos Baluartes que faziam parte dum plano de defesa da cidade na época da Restauração, que iria dotá-lo destes pequenos fortes em toda a sua cintura. Tal plano não chegou a concluir-se e o terramoto terá destruído o inacabado Baluarte de Alcântara. Quanto às designações da Praça ou Largo devem-se ao facto de apesar de pequeno, ser um espaço distribuidor das principais ruas de Alcântara Oriental, que vai até ao sítio da antiga ponte e actual estação de comboios e rotunda: como diz Norberto de Araújo, esta praça é o "Átrio de Alcântara". Voltados de frente para a Rampa das Necessidades e de costas para o Tejo, com a antiga Rua do Livramento, actual Prior do Crato, à nossa esquerda e a Rua do Sacramento à direita, podemos hoje ver o que resta do casario da época e que comporta do lado direito o pequeno Beco dos Contrabandistas, cuja história se perdeu na memória do tempo, e que o nome apenas deixa adivinhar.
Na esquina com a Rua do Sacramento depara-se um edifício incaracterístico e muito degradado, pertença do antigo Convento do Sacramento que serviu de aquartelamento durante longo tempo, sendo hoje armazém de material do exército. Agora, e iniciando uma volta de 360º graus, estamos em frente ao quartel dos Marinheiros, construído em meados do século XIX sobre as ruínas do Baluarte acima mencionado; e durante algum tempo também responsável pelo nome da Praça a que o vulgo passou a chamar Largo dos Marinheiros (hoje Praça da Armada).
A saída do Corpo dos Marinheiros e a transferência para o edifício de vários serviços da armada, veio a fixar o nome actual em PRAÇA DA ARMADA, uma vez que este edifício pelo seu tamanho em proporção com o resto da praça, se lhe impõe como nenhum outro.
Quase pegado com o quartel da Armada, do lado esquerdo está um edifício idêntico ao que descrevemos como aquartelamento do outro lado da praça e que também pertenceu ao Convento do Sacramento; foi até há poucos anos repartição do Registo Civil.
Está dada a volta à Praça. Resta-nos falar do curioso chafariz ou fontanário perto do casario, que data de 1845, é encimado por um Neptuno de Tridente em punho. As quatro carrancas que adornam as quatro bicas teriam sido esculpidas em 1794 para um outro chafariz não construído, e a este fontanário adaptadas. A sua função foi substituir as sobras do chafariz das Necessidades que servia insuficientemente aquela zona.
Frei Luís de Sousa diz-nos na História de S. Domingos a propósito da escolha do sítio para edificar o Convento do Sacramento: «Havia na estrada, que corre do bairro que chamam da Pampulha, para a ribeira, e ponte de Alcântara, um estendido pedaço de terra lavradio chão, e desabafado cuja largura capaz de um grande edifício era a estrada para o mar (...) sítio forte para bom fundamento do edifício, e tão alto, e sobranceiro, que fica senhor de todo o rio, e livre de danos, e vizinhança da praia que lhe lava os pés: oferece defronte como painel, as rochas de Almada vestidas em parte de verdura, parte ao natural descomposta: e contra a boca da barra, larga e formosa perspectiva, até se perder de vista no mar. Em tal sítio, e o no mais eminente dele foi o vigário desenhando o seu Mosteiro».
Para terminar como, provavelmente devíamos ter começado, mas para deixar boa recordação, gostaríamos de referir o paraíso que Alcântara parece ter sido antes do progresso mal controlado ter destruído a razão dos seus encantos. Imaginemos um vale salpicado de pequenas quintas e conventos, separado por uma ribeira, que o Tejo esperava ali perto, e unido por uma ponte.





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