terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

RUA JOÃO DAS REGRAS

Rua João das Regras - (1970) Foto Arnando Serôdio (Hotel Mundial a espreitar na Rua D. Duarte) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
Rua João das Regras - (1970) Foto Armando Serôdio (Hotel Portugal em construção) in AFML

Rua João das Regras - (1970) Foto Armando Serôdio (Esquina com a Praça da Figueira) in AFML


Rua João das Regras - (1962) Foto Artur Goulart (Obras do Metropolitano) in AFML



Rua João das Regras - (1961) Foto Artur Goulart (Obras do Metropolitano) in AFML



A RUA JOÃO DAS REGRAS pertence à freguesia de SANTA JUSTA, começa na Rua do Arco do Marquês do Alegrete no número 15 e termina na Praça da Figueira no número 9-A.
Chamava-se JOÃO DE AREGAS, mas, por uma destas corruptelas(1) em que o povo é mestre exímio, ficou para a posteridade como João das Regras.
Nasceu nesta cidade de Lisboa em data incerta, supondo-se que em 1340. E cá morreu depois de vida cheia e activa, em 3 de Maio de 1404.
Era descendente de família fidalga, já conhecida nos tempos de D. Afonso II, senhor de vastas terras, entre as quais avultavam algumas que hoje se situam em concelhos vizinhos de Lisboa, como Oeiras e Cascais.
O seu pai, Afonso Anes de Aregas, morreu cedo, e a mãe, Sentil Esteves, voltou a casar, desta vez com Álvaro Pais, que se tornaria célebre como um dos cérebros da revolução popular de 1383. (Chanceler-mor de D. Fernando, este Álvaro Pais viria a ter uma Torre com seu nome (de que já falámos) em plena cerca Fernandina, sensivelmente no local onde hoje a Calçada do Duque se encontra com o Largo Trindade Coelho, junto da Misericórdia).
O moço João foi enviado para Bolonha a fim de estudar leis. Aí se especializou no mais perfeito sistema jurídico então conhecido: O Direito Romano. Obtido o grau de doutor naquela cidade, regressou a Lisboa e pouco depois era feito reitor da Universidade.
O Direito Romano deu-lhe conhecimento para com novas leis ajudar D. João I a subir ao trono. O Rei reconhecido, nomeou-o Chanceler, lugar que ocupou até ao final da sua vida.
Em finais do século XIX, foi escolhido, para ostentar o nome de Jurista medieval (João das Regras), numa Rua próxima da Madragoa. A vereação do tempo mandou "baptizar" com este nome a rua a que o povo chamava de «Caminho Novo» e que mais não era do que uma via mandada abrir por D. Francisco Xavier Pedro de Sousa, conhecido pela alcunha "Quelhas", no século XVII.
Mas o século XX procedeu a uma reordenação: o "Quelhas" ficou imortalizado nos letreiros e a antiga Rua João das Regras cedeu o lugar à Rua das Francesinhas, lembrando o Convento que ali existira. Por sua vez, o jurisconsulto foi mudado para o sítio onde hoje está, perto da Praça da Figueira e do Poço do Borratém.
Teve lógica a mudança; a actual rua fica bem próxima do lugar onde, segundo é tradição,se erguiam umas casas que pertenceram a João das Regras. Do facto, quem passar no referido Poço do Borratém (um nome curioso, explicado pelo arabista David Lopes como uma junção de "ber" e "atten", o que significa "poço da figueira") e olhar o lado oriental do largo, verá uma casa velha e ligeiramente saída das demais, onde é visivel um arco ogival com dimensões suficientes para abranger a loja e a sobreloja. O arco não era único: outro idêntico ali existiu, tendo sido demolido em 1851. Ora a parte que ficou é quanto resta da velha casa que o terramoto parcialmente destruiu e que a tradição atribui ao jurista. Ainda hoje, a casa, ocupada por estabelecimentos comerciais, é chamada "de João das Regras" este imóvel de interesse Público Decreto Número 8-83, DR 19 de 24 de Janeiro de 1983. E a tradição poderá ter bastante fundamento, já que se sabe que por aquela zona eram o jurisconsulto e sua mulher, proprietários de várias casas.
Em acta Nº 23 de 19 de Outubro de 1949 e prosseguindo os trabalhos em 3 de Novembro de 1949 da Comossão Consultiva Municipal de Toponímia deliberaram «que o restante troço da Rua do Amparo, compreendido entre a Praça da Figueira e a Rua do Arco do Marquês do Alegrete se denomine "Rua João das Regras"».(2)
Quis o destino que ali bem perto (Praça da Figueira) ficasse a estátua de D. João I, o rei que deveu, em parte, o trono a João das Regras.
(1) - Modo errado de dizer ou escrever uma palavra
(2) - Actas da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa 1943-1947 CML


1 comentário:

Anónimo disse...

Deve ser verdade!
LU.