segunda-feira, 24 de março de 2008

RUA DA ESPERANÇA [I]

Rua da Esperança - (200-) Fotógrafo não identificado in oasis.halfmoon.jp

Rua da Esperança - (1968) Foto Armando Serôdio (Convento de Nª. Senhora da Nazaré-Bernardas) in AFML

Rua da Esperança - (195-) Foto Eduardo Portugal (Gravura da Igreja de Nossa Senhora da Piedade da Esperança) in AFML

Rua da Esperança - (Início do século XX) Foto Joshua Benoliel (Balneário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) in AFML

Rua da Esperança - (s.d.) - Foto Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa




A RUA DA ESPERANÇA pertence à freguesia de SANTOS -O-VELHO, começa no número 67 da Avenida de D. Carlos I e finaliza na Rua das Trinas no número 2.



Esta rua alfacinha tem designação cuja origem é longínqua. Tomada como caminho para ocidente, servia de passagem a quantos, vindos das Portas de Santa Catarina, demandavam Alcântara e atravessavam depois a respectiva ribeira, a caminho de Belém. No século XVI, já a Esperança era via conhecida e trilhada.



Damião de Góis, cujo quarto centenário de nascimento foi comemorado recentemente, faz alusão ao sítio, nomeadamente ao Convento «das freiras da invocação de Nossa Senhora da Esperança». Este Convento foi fundado por volta de 1530, por iniciativa de uma fidalga com ascendência Castelhana, D. Isabel de Mendanha primitivamente destinado a senhoras aristocratas. A Igreja conventual foi, no entanto, desde cedo frequentada pela gente trabalhadora do rio e do mar.



MOSTEIRO DA ESPERANÇA

A construção começou em 1527 e três anos depois já estava habitável. A casa religiosa ficou sob a invocação de Nossa Senhora da Piedade. E fez moda em Lisboa consta por exemplo, que a Rainha D. Catarina, viúva de D. João III, gostava de passar longos períodos no Paço de Santos, acompanhada de seu neto D. Sebastião, frequentando com assiduidade a casa religiosa da Esperança.
Convém, contudo, explicar que toda a gente conheceu, praticamente sempre, o Mosteiro pelo nome de Nossa Senhora da Esperança ou, simplesmente, "da Esperança", embora o nome oficial não fosse esse, como vimos. A razão é singela: como se verifica, este é um local situado à beira-rio, habitado desde cedo pela gente do mar. Ora a grande devoção destes fiéis era prestada à Senhora da Esperança, a quem recorriam sempre que o mar não ia de feição e sentiam necessidade de auxilio vindo do Alto.
Pescadores e marinheiros formavam assim uma confraria. Reunia-se esta na Igreja do Mosteiro. E tanta fama veio a ter a Senhora da Esperança entre todos os frequentadores do templo, que absorveu qualquer outra denominação. Quem quisesse tirar daqui explicações de caráter Social, concluiria facilmente que a gente plebeia averbou aqui uma rotunda vitória sobre a classe nobre. Mas porque, segundo consta, no Céu não há lugar de classes e também porque Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora da Esperança são uma e a mesma - regista-se apenas a curiosidade.
Ficou escrito que este Mosteiro da Esperança foi rico de interiores, correspondendo portanto, à qualidade das suas ocupantes. Haveria preciosidades artísticas, na igreja como nos aposentos, embora o exterior do edifício não desse ar de grandes luxos. Uma parte das suas riquezas internas foi parar ao Museu de Arte Antiga.
No lugar onde existiu esta antiga casa religiosa, está hoje instalado o quartel de Sapadores Bombeiros.
(CONTINUA)




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