sábado, 1 de março de 2008

RUA GARRETT [ II ]

Rua Garrett, 73 - (1952) Foto Eduardo Portugal (Livraria Bertrand) in AFML
Rua Garrett, 49-51 - Foto Joshua Benoliel (Santos & Araújo - Máquinas de Costura PFAFF) in AFML

Rua Garrett, 37 e 39t - (1966) Foto Garcia Nunes (Uma filial da Casa da Sorte) in AFML
Rua Garrett, 37 e 39 - (1903) Foto Francesco Rocchini (Tabacaria Estrela Polar e Clube Tauromáquico Português no lº andar) in AFML

Rua Garrett, 21-23 - (Início do século XX) Foto Joshua Benoliel (Alfaiataria AMIEIRO) in AFML
Rua Garrett, 13 a 19 - (1966) Foto Garcia Nunes (Jerónimo Martins & Filho) in AFML


Rua Garrett, 13 a 19 - (1943) Foto Eduardo Portugal (Estabelecimento Jerónimo Martins & Filho) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa

Rua Garrett, 13 a 17 - (Início do século XX) Foto Joshua Benoliel (Fachada dos Armazéns Jerónimo Martins & Filho) in AFML

(Continuando a falar sobre esta rua no lado direito, hoje vamos subir mais um pouco)
JERÓNIMO MARTINS & FILHO

Chegou a Portugal vindo da Galiza Jerónimo Martins no século XVIII, jovem, cheio de esperança e ambicioso. Em 1792 estabeleceu-se com uma mercearia na antiga Rua de S. Francisco (hoje Rua Ivens). Dez anos depois mudava-se para a Rua Garrett (que nessa altura tinha o nome de Rua do Chiado).
Por volta de 1825, Jerónimo dava sociedade a seu filho Domingos, criando assim a firma «JERÓNIMO MARTINS & FILHO».
Foram alargando as instalações; partindo do espaço correspondente a uma simples porta, a expansão levou o estabelecimento a ocupar tudo o que ia dos números 13 a 23.
Informa-nos o olisipógrafo Mário Costa «comprando o espaço aos vizinhos; a um napolitano (Del Cueco) que vendia caixas e bandejas de verniz; um homónimo espanhol Jerónimo Francisco Molina, que vendia ferragens; à empresa Oliveira & Cª., cujo negócio era o dos chapéus para senhoras e crianças».
Do prestígio de Jerónimo Martins falam dois factos; primeiro: foi fornecedor da Casa Real e como era uso na época, esta autorizou a firma a publicitar essa distinção. Segundo: Alexandre Herculano, quando se retirou das lides literárias e se dedicou à produção do seu excelente azeite, encarregou a casa do Chiado a ser a vendedora exclusiva do produto da sua quinta de Vale de Lobos.
Nos últimos tempos, antes do incêndio de 1988, o Jerónimo do Chiado já era um supermercado, mas conservava o cuidado de possuir uma gama de produtos que só ali se encontrava.
Hoje é um grupo empresarial com negócios em várias localidades tanto no território Nacional como no estrangeiro, nomeadamente na Polónia.
O GRUPO JERÓNIMO MARTINS & FILHO, S.A. são hoje detentores de uma rede de Supermercados e Hipermercados Pingo Doce e Feira Nova, tendo entrado recentemente no negócio das farmácias na Polónia e também em Portugal.



Na esquina do quarteirão com o número 21-23 estabeleceu-se aqui por volta do ano de 1912 a «ALFAITARIA AMIEIRO» encerrando no ano de 1919, para dar lugar à «KODAK, Lda».
Nos números 37 a 39 no segundo quarteirão, depara-se a centenária «TABACARIA ESTRELA POLAR», fornecedora também da Casa Real, onde o Rei D. Carlos adquiria os seus famosos charutos. Pertenceu a João de Deus Malheiro que no ano de 1963 a trespassou para uma filial da «CASA DA SORTE».
No segundo andar deste prédio, com entrada pelo número 72 da Rua Ivens, foi instituído em 1892, quando a tauromaquia estava em declínio o «CLUBE TAUROMÁQUICO PORTUGUÊS» do qual foram principais organizadores João Rodrigues Batalha e Palha Blanco, a quem o Rei D. Carlos cognominou «rei dos lavradores» e Luís Gama, outra figura de especial relevo.
Existiu nos números 49 e 51 a firma «SANTOS & ARAÚJO» no negócio de máquinas de costura da marca "PFAFF", que expostas geometricamente alinhadas, chamava a atenção do transeunte.





LIVRARIA BERTRAND


Na Rua Garrett nos números 73 e 75 com esquina para a Rua Anchieta.
A «vocação cultural» desta zona não ficaria completa sem a menção da «LIVRARIA BERTRAND», a "antiquíssima" como lhe chamou Norberto de Araújo.
A sua existência no "título apelido", remonta a antes do terramoto. A casa foi criada pelos irmãos José e Pedro Bertrand, franceses, livreiros e impressores.
Já em 1732 estava neste mesmo lugar que, afinal, lhe seria devolvido mais tarde (1773), pelo próprio Marquês do Pombal, resultado da destruição do prédio quando do terramoto de 1755.
Era conhecida ao tempo pelo nome de «BERTRAND e FILHOS»,passando a chamar-se depois para «VIÚVA BERTRAND E FILHOS» em 1775.
Vamos encontra-la em 26 de Março de 1931 com o nome de «LIVRARIA BERTRAND,LDA.» e elementos da «Portugal Brasil», em 26 de Janeiro de 1933 a firma passou a denominar-se «LIVRARIA BERTRAND,S.A.R.L.», sendo hoje designada «LIVRARIA BERTRAND-SOCIEDADE DE COMÉRCIO LIVREIRO, S.A.».
Qual o papel que teve como lugar de convivência dos lisboetas é difícil dizer-se. Mas, certamente não deixaram, por certo de entrar para conhecer as novidades e talvez, também, as antiguidades.
(CONTINUA)




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