quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O POÇO DO BORRATÉM [VI]

Poço do Borratém - (2005) (A Praça da Figueira na actualidade) foto de APS
Poço do Borratém - (1949) Foto de Eduardo Portugal (Demolição do Mercado da Praça da Figueira) in AFML

Poço do Borratém - (ant. 1949) Foto de Eduardo Portugal (Rua da Betesga e Praça da Figueira) in AFML
Poço do Borratém - (ant. 1949) foto de Eduardo Portugal (Rua da Betesga e Praça da Figueira) in AFML


Poço do Borratém - (c.-1948) foto de Eduardo Portugal (Mercado da Praça da Figueira) in AFML
Poço do Borratém - Desenho de J. Christino e M. de Macedo foto de Eduardo Portugal - (Mercado da Praça da Figueira) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
(CONTINUAÇÃO)
O POÇO DO BORRATÉM
«A PRAÇA DA FIGUEIRA»
O terreno das ruínas do Hospital de Todos-os-Santos, depois de 1755, foi aproveitado para mercado central, destinado à venda de frutas e legumes, tendo sido apelidado de vários nomes: «HORTA DO HOSPITAL», «PRAÇA DAS ERVAS», «PRAÇA NOVA» e por fim «PRAÇA DA FIGUEIRA».
De um local de bancadas diárias, passou a praça fixa, com barracas arrumadas e um poço próprio. Sofreu ao longo dos tempos, algumas alterações consoante as necessidades da população. Assim, em 1835, é arborizada e iluminada, em 1849 foi-lhe colocada uma cerca gradeada, coberta, e oito portas. No ano de 1882 foi aprovado um projecto para a construção de uma nova Praça, que consistia num edifício rectangular, com estrutura metálica, ocupando uma área de quase 8 mil metros quadrados, inaugurada em 1885 (permaneceu até 30 de Junho de 1949).
Da venda de frutas e legumes, passou à transacção de outros produtos alimentícios, fazendo da baixa lisboeta um local com um constante fervilhar de vida.
Desde logo a praça tornou-se um dos emblemas de Lisboa, quer pela sua construção, quer pela sua localização no centro da Cidade e ainda pela realização de verdadeiros arraiais na altura dos santos populares.
Diz-nos ainda Alfredo Mesquita "há um período de festas populares em que o alfacinha não sai de Lisboa, e em que cai em Lisboa um poder do mundo dos saloios. É no mês de Junho, quando se festeja Santo António, São João e São Pedro. São verdadeiras romagens das aldeias e casais da cercania ao coração da cidade(...). As noites da Praça da Figueira e suas imediações têm nessa ocasião um cunho lisboeta e provinciano que se não confunde, na contagiosa alegria(...) Os balões de cores, das gaitas e assobios de barro, dos pregões de frutas, manjericos e cravos, todo aquele ir e vir de grupos que a folia impele, sem nexo e sem sentido, formigueiro humano, onda de povoléu".
Esta era uma descrição da Praça da Figueira do século XIX inicio do século XX, hoje a realidade é bem diferente: de mercado aberto deu lugar a mercado fechado. Em 1947, a vereação da altura decidiu o fim do Mercado, prevendo o alargamento da rede viária de Lisboa, que incluía a demolição do Socorro e zona baixa da Mouraria, como forma de escoamento de transito, aproximando a cidade de Lisboa aos padrões europeus.
Em 1949 festeja-se o último Santo António naquele mercado e procedendo-se de seguida (30.06.1949) à sua demolição.
Para esta Praça, no ano de 1968 é assinado um contracto de construção da estátua equestre de D.João I que foi inaugurada em 1971, sendo da autoria de Leopoldo de Almeida e Jorge Segurado.
Já em finais do Século XX início do século XXI, sabe-se que obras levadas a cabo para a construção do parque de estacionamento subterrâneo da Praça da Figueira - «vieram destruir os vestígios arqueológicos postos a descoberto (por altura das escavações do Metro), nomeadamente um bairro do século XI. Este bairro era o primeiro conjunto urbano de Época Islâmica a ser descoberto no subsolo da cidade de Lisboa.(...) convém não secundarizar os restantes vestígios sejam eles do antigo HOSPITAL DE TODOS-OS-SANTOS ou da NECRÓPE ROMANA. (...) Por fim, não é demais voltar a frisar a extrema importância deste local dentro da história lisboeta e, num âmbito mais alargado em tudo o que respeita ao passado islâmico no qual a história de Portugal assenta» (1).
(1) - MPT -Partido da Terra - www.mpt.pt/mpthtml/default.asp.132html
(CONTINUA) - (Próximo «O POÇO (1)»




4 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia, obrigada pelas ruas plenas de história. Será que tem algo sobre o Jardim do Principe Real e zona envolvente?

Cumprimentos

APS disse...

Cara popelina

Obrigado pelo seu interesse sobre este blogue. Efectivamente tenho algo sobre a "PRAÇA DO PRINCÍPE REAL" e seu jardim. Deve consultar o blogue dos dias 03.05.2008 a 08.05.2008. Espero que encontre nos seis capítulos, alguma coisa que lhe seja útil.
Cumprimentos
APS
P.S.
Estou a reflectir elaborar um índice Remissivo de todas as RUAS tratadas, para mais fácil a sua consulta.

Popelina disse...

Obrigada, vou ver.
penso que a ideia do indice seria excelente, para ajudar a procurar informação.
Mais uma vez obrigada e até breve.

Popelina disse...

Caro APS,

Bom dia! Fico sempre maravilhada quando aqui passo.
Um grande obrigada, pela referência ao Público, que me teria passado totalmente despercebida.
Cumprimentos