domingo, 5 de julho de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [VII]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Século XIX) - Desenho de Alberto para o «ARCHIVO PITTORESCO» (O Palácio dos Estaus ou Paço dos Estaus, foi depois sede da Inquisição e após incêndio em 1836 daria lugar ao Teatro D. Maria II) in WIKIPEDIA
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (c. 1715) - Gravura de Colmenar (A procissão de um auto-de-fé, saindo do Palácio da Inquisição no Rossio) in história6ano.blogpot.com

(CONTINUAÇÃO)

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [VII]

«PALÁCIO DOS ESTAUS DEPOIS PALÁCIO DA INQUISIÇÃO»

Na parte Norte do velho ROSSIO no sítio onde se instalou o Teatro D. Maria II embora a um pouco mais sobre o poente, foi construído no começo do século XV, o famoso «PAÇO DOS ESTAUS», segundo se crê pelo infante D. Pedro (o mais nobre dos filhos de D. João I), servia esse edifício para albergar Reis, príncipes e embaixadores estrangeiros que visitassem Lisboa. Além de sala de estar o «ROSSIO» era também quarto de hospedes de honra.
Conta-nos Júlio de Castilho na sua «LISBOA ANTIGA» Volume X página 44 que: "Serviu o Palácio do Rossio à embaixada do imperador Frederico III da Alemanha, logo em 1451, quando cá veio uma especial missão negociar o casamento da nossa infanta «LEONOR»(?). (...) Que devia ser um Paço opulento para aquele século, é bem de presumir. Por dentro imagina-se estaria adornado de mobílias ricas, e aconchegado das magnificas tapeçarias em que éramos tão profusos outrora.
O edifício compunha-se de dois andares por cima de um rés-do-chão, o primeiro com 14 janelas, o segundo com outras tantas, a parte central era coroada por um frontão triangular decorado com um brasão das armas reais e dominado por uma estátua representando a «», de Machado de Castro. A última particularidade arquitectónica notável desta parte da fachada era um enorme balcão de pedra dominado por um frontão barroco. Debaixo deste balcão abria-se um portal com silhares refendados.
Este Palácio já não existe mas se quisermos fazer uma ideia de como ele se apresentava, podemos olhar o corpo central da fachada Sul sobre o Rossio - o chamado «ARCO DO BANDEIRA» - a varanda sobre ele se rasga, tal qual como o pórtico da Casa do Santo Ofício.
O «Palácio dos Estaus» na primeira metade de quinhentos viu este espaço ser convertido em casa da Inquisição (tendo-se esta organização estabelecido inicialmente no Convento da Trindade em 1536). Foram executadas muitas obras e ampliações no Paço, especialmente na construção dos terríficos cárceres. A área do Palácio era enorme, jardins e anexos, mas a Inquisição dominava tudo.
Em 1755 com o terramoto o Palácio e todo o «ROSSIO» não passava de ruínas e escombros fumegantes. Mas rapidamente o «PALÁCIO DA INQUISIÇÃO» foi mandado reedificar.
A Inquisição voltou a funcionar no edifício até que o Santo Ofício - já muito abalado no seu puder - foi extinto em 31 de Maio de 1821.
Diz-nos ainda Norberto de Araújo que: "depois de 1821 instalaram-se na antiga Inquisição vários estabelecimentos e instituições públicas, entre as quais a «ACADEMIA REAL DE FORTIFICAÇÕES» e a «ESCOLA DO EXÉRCITO», a «INTENDÊNCIA GERAL DA POLÍCIA», o «TESOURO PÚBLICO», que sucedia ao «ERÁRIO PÚBLICO RÉGIO», e a «CÂMARA DOS PARES» em 1826.
Em 14 de Julho de 1836 um incêndio pavoroso devorou todo o edifício de que só ficaram as paredes. Pensou-se em reedificar o Palácio, mas desistiu-se da ideia; em 1841 o Governo e a Câmara chegaram a um acordo integrando-se as ruínas e seu chão nos «Próprios Nacionais». Almeida Garrett estava atento, mais tarde ali se iria erguer o «TEATRO NACIONAL D. MARIA II». (1)
(1) - «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA» Livro XII página 64.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [VIII] -TEATRO NACIONAL D. MARIA II (1)»


9 comentários:

popelina disse...

Querido APS,
que interessante! o nosso bem amado Rossio...
Gosto de passar por lá de manhã, à tarde, à noite, quando chove ou quando faz sol.

César Ramos disse...

Caríssimo APS,

A quem como eu só saem duques, desta vez tive sorte! Não sei como, sem 'GPS'... 'esbarrei' no seu blogue e, eis-me seguidor e admirador...

Obrigado pela militância por Lisboa
e pelo contributo para a História!

Alô, Sr.IBERISTA (29/06 p.p.), a Praça (Rossio) deserta, talvez num dia de 'Cimeiras' em que o Estado "dá" feriado, p'rá 'malta' não andar por aí 'perigando'(...)

Ainda no Rossio, a gravura c/a saída da procissão de um auto-de-fé, não faz lembrar as n/s filas p/entrega do IRS?...

Desculpem o humor discutível, mas estou feliz por ser V/visita, mesmo sem ser convidado (...)

Um abraço do [jamais anónimo]
CÉSAR RAMOS
(blog:Alfobre)

APS disse...

Cara Popelina

É com muito agrado que a revejo neste espaço.
O Rossio é sempre uma caixinha de surpresas.
Realmente também me sinto bem nesse local de grandes tradições históricas.
Se passar ao ROSSIO "leve-lhe o meu olhar", conforme diz o poeta...
BJS
APS

APS disse...

Caro César Ramos

É um prazer te-lo como seguidor neste blogue.
Fico muito agradecido pelas suas palavras de incentivo.
Os Autos-de-Fé, têm uma certa norma na colocação das pessoas na fila. Devo dizer que é bastante caricata essa ordem.
O humor é salutar, por vezes também eu sou um pouco espirituoso.
A visita está feita, passa a ser meu convidado!
Um abraço
APS

Patti disse...

Tenho vindo a ler este ‘nosso’ Rossio desde o seu primeiro post, esperando comentar no último antes que eu vá de férias.
Mas como vejo que a sua postagem, sempre completíssima e rigorosa parece continuar e como para a semana lá vou eu para um merecido descanso, não queria partir sem lhe dizer que tudo o que postou aqui sobre o Rossio, o tenho enviado para o meu pai ler. Ficou encantado, pois durante largas dezenas de anos, por lá passava pelo menos duas vezes, até se reformar. Este seu trabalho exaustivo sobre a praça D. Pedro IV, avivou-lhe muitas memórias e por isso lhe agradeço.

Voltarei em Agosto/Setembro para as minhas postagens regulares, até lá, desejo-lhe um óptimo trabalho e que vá postando por aqui com a excelência com que nos habituou, que na volta lerei tudo.

Até lá, APS e muito obrigada também pelas suas visitas.

APS disse...

Cara Patti

Muito me sensibiliza um comentário seu no meu blogue.

Desejo-lhe umas férias bem passadas, e um regresso ao seu blogue com o mesmo carisma que nos tem brindado.
Um até breve!
APS

Anónimo disse...

O local onde se encontra o Teatro Nacional D.Maria II parece ser local amaldiçoado dado que foi destruido em 1755,ardeu em 1836 e ardeu há anos já como teatro nacional.A maldição daqueles que aí foram torturados e mortos pela Inquisição.O mesmo se diga da Igreja de S.Domingos onde judeus a quem D.Manuel devia avultadas somas de empréstimos foram assassinados e que também ardeu .

Anónimo disse...

O local onde se encontra o Teatro Nacional D.Maria II parece ser local amaldiçoado dado que foi destruido em 1755,ardeu em 1836 e ardeu há anos já como teatro nacional.A maldição daqueles que aí foram torturados e mortos pela Inquisição.O mesmo se diga da Igreja de S.Domingos onde judeus a quem D.Manuel devia avultadas somas de empréstimos foram assassinados e que também ardeu .

APS disse...

Talvez até tenha razão!
Mas por favor... mais incêndios não!
Estamos em crise:)