domingo, 7 de fevereiro de 2010

RUA DA PRATA [ VIII ]

Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (Um troço da Rua da Prata) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2004) - (Foto gentilmente cedido pelo blogue "Formiguinha Atómica") (Interior das Galerias Romanas da Rua da Prata) in FORMIGUINHA ATÓMICA

Rua da Prata - (2004) - (Foto gentilmente cedido pelo Blogue "Formiguinha Atómica") (Interior das Galerias Romanas da Rua da Prata) in FORMIGUINHA ATÓMICA


Rua da Prata - (2004) - (Foto gentilmente cedido pelo Blogue "Formiguinha Atómica")(Entrada para as Galerias Romanas na Rua da Conceição) in FORMIGUINHA ATÓMICA
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ VIII ]
«AS TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA (2)»
Num edifício construído na «RUA DA PRATA» que foi profundado até oito metros abaixo do leito da rua, encontraram-se, até cerca de três metros de profundidade, entulhos recentes, posteriores ao Terramoto; a essa profundidade começavam os alicerces dos prédios de construção pombalina.
Existia um poço pertencente a um dos prédios demolidos, cujo nível da água ficava a uns quatro metros de profundidade relativamente ao leito da rua, e que era abastecido com as águas do lençol subterrâneo, sem comunicação com qualquer reservatório, (foi demolido sem se ter encontrado qualquer coisa digna de menção) apenas tinha no fundo muitos cacos de bilhas e de garrafas.
Daí para baixo, até à profundidade de oito metros, o terreno era de argila compacta, e à dita profundidade encontra-se a praia de areia, com conchas de mariscos, como as da época actual. Aí deparou-se um fragmento de um cano de drenagem de origem romana, formado por tijoleira imbricadas, com a extensão aproximada de quatro a cinco metros.
Se a oito metros não havia restos de obra romana, fica provado que ainda no tempo do domínio romano existia o esteiro do TEJO que penetrava pelo vale da «BAIXA».
Podemos admitir, portanto, que sendo então profundo todo o esteiro da «BAIXA», e estando descoberto que os Romanos construíram o seu tubo de drenagem a oito metros abaixo do nível actual das ruas, tenham construído as suas "termas" a quatro metros abaixo do mesmo nível, sobre terreno de rocha, com as suas nascentes a borbulharem do fundo do reservatório.
Em 1808 a «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA», em virtude de uma queixa apresentada pelo médico «DR. AUGUSTO JOÃO DE MESQUITA», mandou proceder a reparos na altura chamadas «ÁGUAS SANTAS DA RUA BELA DA RAINHA». A sua entrada era pelo poço da escada com o número 59. Existiam umas infiltrações de cano de esgoto de um prédio da «RUA DE S. JULIÃO», e era necessário não deixar inquinar a preciosa água. A obra foi realizada entre Fevereiro e Março desse ano. Cimentou-se o lajedo do pavimento e fizeram-se as paredes de cimento que lá estão a cortar três das galerias.
Foi então que se construiu a escada que dá para a «RUA DA CONCEIÇÃO» pelo motivo do assentamento da linha do eléctrico lhe ter tapado o acesso.
A construção do vasto conjunto arquitectónico é atribuído ao «SÉCULO I» época de «TIBÉRIO» e ocupa o subsolo subjacente e grande parte dos quarteirões situados entre a «RUA DOS FANQUEIROS», «RUA DA PRATA», «RUA AUGUSTA», «RUA DA CONCEIÇÃO» e «RUA DE S. JULIÃO». Actualmente é visitável pelo público, através de um alçapão localizado na «RUA DA CONCEIÇÃO» perto do número 77, apenas uma vez por ano (três dias no mês de Setembro), e só o sector correspondente ao quarteirão que esquina com a «RUA DA CONCEIÇÃO» e da «RUA DA PRATA».
A primeira das visitas às «TERMAS ROMANAS», foi organizada no ano de 1909 por iniciativa da «ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DA PRATA [ IX ] - MARTINHO DA ARCADA»



3 comentários:

Luísa disse...

Como muito bem nos disse amigo APS, estas termas romanas eram em honra de deus Esculápio.
Fica aqui mais um pouco sobre este assunto para quem tenha interesse em saber que deus era este e para que possam perceber porque lhe dedicarem uma termas cujas águas eram tidas como curativas.

Esculápio era o deus romano da Medicina.
Aprendeu a curar com o centauro Quirón. Com uma serpente aprendeu o poder da vida sobre a morte através das plantas.
O seu culto começou entre os sacerdotes dos templos de Knidos e de Pérgamo que se diziam seus descendentes e guardiães dos seus segredos de cura.

Esculápio é representado como um homem idoso, de barbas longas, vestido com uma túnica que lhe descobre o ombro direito. Com o braço esquerdo apoia-se num longo cajado ao qual se enrosca uma serpente.
Esse cajado tem o nome de caduceu e foi adoptado como símbolo da Medicina.

Abraço,
Luísa

APS disse...

Cara Luísa

Muito me sensibiliza a sua forma de tornar mais enriquecido, os escritos do meu blogue.

Muito obrigado pela bela lição de Mitologia.

(Quando era "CHARADISTA", lidava muito com a Mitologia)

Abraço
APS

Luísa disse...

Abraço para si meu amigo.

Luísa