sábado, 28 de agosto de 2010

RUA DAS FLORES [ V ]

Rua das Flores - (2009) Foto de Dias dos Reis (Largo do Barão de Quintela, Palácio e estátua de Eça) in DIAS DOS REIS
Rua das Flores (1980) Fotógrafo não identificado (Largo do Barão de Quintela e Estátua de EÇA) in TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES

Rua das Flores ( 1965-03) Foto de Armando Serôdio ( Largo do Barão de Quintela ao fundo a Rua das Flores) in AFML


Rua das Flores - (1965-03) Foto de Armando Serôdio (Largo do Barão de Quintela, edifício onde estão instalados os Bombeiros Voluntários de Lisboa) in AFML

Rua das Flores - (ant. 1895) - Foto de Francisco Rochini ( Largo do Barão de Quintela antes da colocação da estátua de EÇA) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA DAS FLORES [ V ]
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«LARGO DO BARÃO DE QUINTELA E PALÁCIO QUINTELA»
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LARGO DO BARÃO DE QUINTELA
O topónimo do «LARGO DO BARÃO DE QUINTELA» é o resultado da convergência entre a «RUA DAS FLORES» e a «RUA DO ALECRIM» (ver mais
aqui) pertencentes à freguesia da «ENCARNAÇÃO».
Este Largo terá a sua origem, após a terraplenagem, que possivelmente decorreu em finais do século XVIII, mandado executar por «JOAQUIM PEDRO QUINTELA» 1º Barão de Quintela. Nessa altura terá comprado uns casebres (entre a antiga «RUA DO CONDE» actual «RUA DO ALECRIM» e a «RUA DAS FLORES») que existiam frente ao seu Palácio.
O LARGO e JARDIM, cujo arranjo data do início do século XIX, demonstra-nos que sempre existiu dificuldades em tratar o problema do seu desnivelamento. Local discreto, com suas palmeiras decorativas, embelezado com a estátua a «EÇA DE QUEIROZ», iniciativa de homens de letras.
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PALÁCIO QUINTELA
Os terrenos onde está instalado este Palácio, pertenciam em 1521 à Câmara, que os aforou a «D. JORGE DE MELO». No ano de 1648 os terrenos eram arrematados na justiça por «D. AFONSO DE PORTUGAL», 4º Conde de Vimioso. Existia no século XVIII um Palácio na posse de outro VIMIOSO «D. FRANCISCO DE PORTUGAL», Marquês de Valença.
No ano de 1726 registou-se no Palácio um poderoso incêndio que o reduziu a ruínas. Em 1731, pelo desinteresse dos VIMIOSOS-VALENÇAS em reedificar, foram estas ruínas adquiridas por «ANDRÉ RODRIGUES DA COSTA BARROSO». No ano de 1777 eram comprados os terrenos e as ruínas pelo desembargador «LUIZ REBELO QUINTELA».
A construção do Palácio deu-se entre 1781 e 1782. Ampliado e muito enriquecido por «JOAQUIM PEDRO QUINTELA», 1º Barão de Quintela (1748-1817), sobrinho do desembargador.
Foi o 2º Barão de Quintela e 1º Conde de Farrobo que instituiu o «MORGADO DE FARROBO», também ele de nome «JOAQUIM PEDRO QUINTELA» (1801-1869) que revestiu o Palácio de uma ostentação pouco frequente em Lisboa.
O odioso general «JUNOT» no período da primeira invasão francesa, foi residente neste Palácio Quintela.
Após a ruína e sucessiva falência da «CASA QUINTELA-FARROBO» este Palácio foi vendido em haste-pública. O novo proprietário seria o capitalista «MENDES MONTEIRO» no início do último quartel do século XIX. O novo proprietário do Palácio seria o filho de «MENDES MONTEIRO» também ele grande capitalista de nome «ANTÓNIO CARVALHO MONTEIRO» a quem toda a Lisboa chamava o «MONTEIRO DOS MILHÕES». (O construtor da "QUINTA DA REGALEIRA" em Sintra).
Por morte do «MONTEIRO DOS MILHÕES» o Palácio foi entregue por partilha a uma sua filha, casada com «D. FRANCISCO DE ALMEIDA».
No anos de 1937 este Palácio (sem o seu recheio interior) foi quase na totalidade arrendado à «CASA LIQUIDADORA», antigo «BAZAR CATÓLICO», fundado em 1882.
Actualmente funciona neste espaço o «IADE-INSTITUTO DE ARTES VISUAIS, DESIGN E MARKETING».
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ASSEMBLEIA BRITÂNICA
Aquele quarteirão que se apresenta na parte Sul do «LARGO DO BARÃO DE QUINTELA», entre as ruas do «ALECRIM» e «DAS FLORES» no século XIX era ali a «ASSEMBLEIA BRITÂNICA».
O prédio, propriedade do «4º MARQUÊS DE MARIALVA» e «ESTRIBEIRO-MOR», «D. PEDRO JOSÉ ANTÓNIO DE MENESES», que em 1783 depois das obras que se realizaram, foi alugado por seiscentos mil reais anuais, a um grupo de homens de negócios da «NAÇÃO BRITÂNICA», representados por «JOÃO BERTHON», «DUARTE MARSHAL» e «JOÃO DIOGO STEPHENS».
Na construção do edifício foi acordado que teria 7 janelas para a «RUA DAS DUAS IGREJAS» (actual RUA DO ALECRIM), 6 janelas para a «TRAVESSA DE S. JOSÉ» ( 1 ) e também 7 janelas para a «RUA DAS FLORES».
Neste edifício há a distinguir, entre a frequência ordinária das «ASSEMBLEIAS» reservadas aos sócios, os grandes bailes sazonais, (com ceia), onde a nata da sociedade lisboeta não podia faltar.
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-( 1 ) - Artéria de ligação entre a «RUA DO ALECRIM» e a «RUA DAS FLORES», desapareceu quando, em finais do século XVIII, «JOAQUIM PEDRO QUINTELA» comprou os terrenos e barracas fronteiro ao seu Palácio, fez o terrapleno e doou à Câmara. O Largo assim formado que por isso recebeu o nome de «BARÃO DE QUINTELA», designação já em uso pelo menos desde finais de 1801-(Júlio Castilho ob. Cit. Vol. 2, pp 114-115 e Amanach... 1802, p. 441).
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Embora exista muita literatura sobre o «CONDE DE FARROBO», aconselho a obra de «JOSÉ NORTON» - «O MILIONÁRIO DE LISBOA» da editora D.QUIXOTE. Um bloguista como nós, mas com a história mais bem contada e desenvolvida sobre o homem que ajudou o liberalismo. Link- http://desunastidade.blogspot.com/ (O MILIONÁRIO DE LISBOA).
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DAS FLORES [ VI ] SÍNTESE DA BIOGRAFIA DE EÇA DE QUEIROZ»


5 comentários:

José Leite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Leite disse...

No edifício onde se encontram instalados os Bombeiros Voluntários de Lisboa, no 1º andar funcionou o consultório do Professor Egas Moniz, prémio Nobel da Medicina 1949.
A tabuleta situava-se mesmo por cima da porta da entrada do prédio e podia-se ler:
Egas Moniz
Doenças Nervosas
Electroterapia

Cumprimentos
José Leite

APS disse...

Caro José Leite

Boa dica!

Aqui ficam os meus agradecimentos.

Cumprimentos
APS

José Leite disse...

Se quiser ver a foto deste edifício com a referida tabuleta é consultar a Biblarte da Gulbenkian e está na pág.4 (hoje! Amanhã pode ser a 5 ou 6 ...)

Cumprimentos
J.Leite

APS disse...

Caro José Leite

Consultei, li os seus comentários e gostei.
Parabéns!

Cumprimentos
APS