sábado, 27 de novembro de 2010

RUA BARROS QUEIRÓS [ IV ]

Rua Barros Queirós (1970) - Foto de Armando Serôdio (A Rua Barros Queirós e seu comércio) in AFML
Rua Barros Queirós - (1970) - Foto de Armando Serôdio (Papelaria e Tabacaria e Ourivesaria Ribeiro) in AFML

Rua Barros Queirós, 48 - (s/d) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Ourivesaria de Joaquim Baptista da Silva na Rua Barros Queirós) in AFML


Rua Barros Queirós , 56 (s/d) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Ourivesaria Barateiro de São Domingos) in AFML

Rua Barros Queirós, 82 (s/d) Foto de Alberto Carlos Lima (Casa Calleya de Artigos Militares na Rua Barros Queirós no princípio do século XX) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA BARROS QUEIRÓS [ IV ]
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«A RUA E SEU COMÉRCIO ENVOLVENTE»
Como já foi dito, existia uma casa de culto agarrada ao «CONVENTO DE SÃO DOMINGOS» na parte lateral Norte, de nome «ERMIDA NOSSA SENHORA DA ESCADA OU DA PURIFICAÇÃO» que, depois do terramoto de 1755 já não foi erguida.
O espaço da antiga ERMIDA foi aproveitado para ali serem construídos alguns prédios de habitação, com estabelecimentos na parte térrea. Este conjunto de edifícios representava só metade da artéria (antiga Travessa de São Domingos, hoje RUA BARROS QUEIRÓS) o restante da rua no seu lado direito (quem se dirige para a Rua do Amparo) fica-nos a parte final da «IGREJA DE S. DOMINGOS».
Um dos estabelecimentos que pertencia a esse grupo de casas na esquina da artéria, fundada em 1870 como estabelecimento de «MANUEL JOAQUIM DE OLIVEIRA» para a qual o nosso "protagonista" «TOMÉ DE BARROS QUEIRÓS» veio trabalhar com 8 anos de idade.
Em 1890 com dezoito anos iniciava os seus estudos, matriculando-se na "ESCOLA ELEMENTAR DE COMÉRCIO". No ano de 1911 torna-se proprietário, adquirindo a «CASA DOS CANDEEIROS» a «MANUEL JOAQUIM DE OLIVEIRA».
Esta Rua inseria um comércio muito específico nos anos 60-70 do século passado. A abundância de lojas de ouro e prata, comércio de fardamentos e insígnias militares, bandeiras, estandartes, emblemas de diversos clubes, etc..
Por ordem da sua fundação ou arrendamento, deixamos aqui um breve apontamento de estabelecimentos que fizeram e ainda fazem, o lado emblemático da «RUA BARROS QUEIRÓS».
A «OURIVESARIA FARIA & FARIA, LDA.» no «LARGO DE S. DOMINGOS» trinta e um, foi fundada por dois irmãos "FARIA" no ano de 1917. Em 1990 foi cedida pelos seus herdeiros aos actuais proprietários, empregados na altura.
A Ourivesaria «JOAQUIM BAPTISTA DA SILVA» no número 48 da «RUA BARROS QUEIRÓS», tem o primeiro arrendamento conhecido no ano de 1927, chamava-se na época «MURALHA DE OURO». Os actuais donos tomaram o estabelecimento em 1984.
O «BARATEIRO DE SÃO DOMINGOS» ourivesaria nesta rua com o número 56, estabelecida em 1948 pela firma «EMÍLIO MONTEIRO,LDA.», tinha nos anos 1960/70 o seu emblemático relógio "JUNGHANS" e popularizou-se também com a oferta das alianças às «NOIVAS DE SANTO ANTÓNIO».
A «OURIVESARIA TURQUESA» de «L.A. & SOARES, LDA.» nesta rua no número 47, abriu no ano de 1950. O nome do estabelecimento corresponde à pedra semipreciosa, que a esposa do fundador mais apreciava . No ano de 2000 cedeu ao actual proprietário, senhor «JÚLIO PARDAL» e esposa.
A «AFINADORA» de «ANTÓNIO JOSÉ DOS SANTOS GOMES» instalada no segundo andar do número 39 desta rua, possui o negócio de ferramentas e acessórios para relojoaria, ourivesaria e dentista. A «AFINADORA» uma casa centenária, chegou a fornecer prata para a «CASA DA MOEDA».
Existe ainda nesta rua nos números 45 a 51 o «SNACK-BAR-TÁBUAS-CHARCUTARIA» e o «CAFÉ-RUBI» no numero 25, com a venda especializada de "ginjinha".
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA BARROS QUEIRÓS [ V ] - TOMÉ DE BARROS QUEIRÓS».



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

RUA BARROS QUEIRÓS [ III ]

Rua Barros Queirós - (2008) - Foto de autor não identificado (Fachada da Igreja de São Domingos) in WIKIPÉDIA
Rua Barros Queirós - (1970) foto de Armando Serôdio (Igreja de S. Domingos, traseiras) in AFML

Rua Barros Queirós - (1959) (13 de Agosto) - Foto de Armando Serôdio (Igreja de São Domingos, no rescaldo do incêndio) in AFML

Rua Barros Queirós - (1935)? - Fotógrafo não identificado (Largo e Igreja de São Domingos) in CYCLOS GLADIATOR
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA BARROS QUEIRÓS [ III ]
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«CONVENTO E IGREJA DE SÃO DOMINGOS (2)»
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O Terramoto de 1 de Novembro de 1755 fez cair a frontaria e a torre sineira, enquanto as paredes da Igreja se aguentaram de pé. As chamas alastraram a todo o complexo de «S. DOMINGOS», salvas a sacristia e a Capela-Mor, mas no Convento devastaram-se as ricas bibliotecas de belos livros encadernados, os manuscritos frutos centenários de muitas vigílias dos mais ilustres dominicanos, o arquivo histórico e suas fontes documentais e venerados pergaminhos.
Ainda no ano de 1755 El-Rei concedeu ao «PROVINCIAL DE S. DOMINGOS» "licença para abolir e fazer vender em haste-pública uma lista de seis Conventos, e outros se fosse necessário". Uma notícia do franciscano «FREI ANTÓNIO DO SACRAMENTO», informa que "até ao ano de 1778 tem celebrado os ofícios divinos no capítulo, porque a Igreja ainda está com sinais de devastação do fogo, e só tem alguma coisa feita no frontispício e no cruzeiro". Contudo, apenas cinco anos mais tarde, o desenho de «LUÍS GONZAGA PEREIRA», de 1833, dá a perspectiva global da Igreja e do Convento em estado de perfeita conclusão.
Verificamos, porém, que a venda não se efectuou, pois os conventos visados, só foram extintos pelo decreto-geral da extinção das ORDENS RELIGIOSAS em 1834.
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Em 13 de Agosto de 1959 um violento incêndio destruiu por completo o interior da «IGREJA DE S. DOMINGOS». O calor era tal que toda a talha dourada ardeu, valiosas pinturas e imagens as pedras e colunas se perderam. Mais tarde o seu interior viria a ser objecto de limpeza, conservando-se e valorizando-se a ruína.
Foi construída uma cobertura provisória com estrutura metálica, tendo esta resistido muito pouco tempo, (a má qualidade dos materiais usados) provocou-lhe a sua rápida degradação.
No anos de 1992 foi lançado um concurso de concepção-construção abrangendo as coberturas da nave, transepto e capela-mor. A falsa abóbada, de volta inteira, foi reposta a partir das fotografias existentes no Arquivo da DGEMN e revestida por uma técnica de pintura "esponjado" com pigmentos naturais.
Em 1994 a «IGREJA DE SÃO DOMINGOS» recebeu obras e reabriu ao público, sem esconder as marcas do incêndio, com as colunas rachadas.
A «IGREJA DE SÃO DOMINGOS» ainda é sem dúvida, um dos templos mais emblemáticos de grande beleza e ecletismo junto da «RUA BARROS QUEIRÓS».
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Desta Igreja no século XVI saíram os suplicados dos famigerados autos-de-fé, uns para a fogueira, outros para o vexame, condenados pelo "CRIME" de serem JUDEUS.
No «LARGO DE SÃO DOMINGOS» no muro que antecede a «RUA BARROS QUEIRÓS», encontramos escrito em 34 línguas a expressão «LISBOA, CIDADE DA TOLERÂNCIA». Neste mesmo local é ponto de encontro de estrangeiros, nomeadamente africanos. No Largo vamos ainda encontrar duas esculturas, homenageando o CATOLICISMO e o JUDAÍSMO. Este conjunto arquitectónico é chamado de "TOLERÂNCIA" foi inaugurado em 23 de Abril de 2008.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA BARROS QUEIRÓS [ IV ] - A RUA E SEU COMÉRCIO ENVOLVENTE»

sábado, 20 de novembro de 2010

RUA BARROS QUEIRÓS [ II ]

Rua Barros Queirós - (ant. a 1755) (Convento de S. Domingos e Hospital de Todos-os-Santos em 3D in MUSEU DA CIDADE DE LISBOA
Rua Barros Queirós - (2008) Fotografo não identificado (Largo de S. Domingos junto à Rua Barros Queirós) in DOMINICANOS

Rua Barros Queirós - ( ant. a Agosto de 1959) Fotografo não identificado (Largo e Igreja de S. Domingos) in IÉ - IÉ

Rua Barros Queirós - (s/d) Estúdios Mário Novais (Igreja de S. Domingos, Abside(1) visto da Rua D. Duarte) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA BARROS QUEIRÓS [ II ]
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«CONVENTO E IGREJA DE S. DOMINGOS (1)»
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O «CONVENTO DE S. DOMINGOS DE LISBOA» da ordem religiosa dos dominicanos, foi fundado em 1242 por «D. SANCHO II», Rei de Portugal e continuado pelo seu irmão, o futuro rei «D. AFONSO III». A «IGREJA» aparece em 1249 e corresponde à importância do seu Convento.
Tinha uma cerca desafogada, mas pela sua situação sofria grandes inundações quando chovia. A água da chuva descia a colina, (juntava-se a um braço de água vinda de «ARROIOS» que passava neste sítio, e corria para o TEJO em regueiro), provocando elevados estragos.
Diz-nos «NORBERTO DE ARAÚJO» nas suas PEREGRINAÇÕES EM LISBOA o seguinte: " Quando em 1242 se ergue o Convento de S. Domingos - e crê-se que já antes existia no local a pequena ermida de Nª. Sª da Escada ou da Purificação - o sítio já estava enxuto, mas o chão, sobretudo em época de chuvadas, seria ainda alagadiço".
Foram de tal modo os estragos em 1488, que o Rei «D.MANUEL I» se propôs a corrigir os estragos e a construir novos dormitórios.
O Terramoto de 1531 abriu de alto a baixo todas as naves da Igreja, fez ruir a maior parte da "ermida de Nª. Sª. da Escada" (que se encontrava junta para Norte), e deixou o Convento "todo desbaratado e posto em ruína".
Os trabalhos de recuperação, apoiados por um bom subsídio de «D. JOÃO III», prolongaram-se até 1566. Os acabamentos da construção da Igreja e reparação das ruínas do Convento devem ter consumido quase todo o rendimento da "fábrica".
Em 1664 é restaurada a sacristia, a expensas de «LUÍS BARBUDA DE MELO», reedificado o exterior da CAPELA-MOR, postos os sinos datados de 1648 e 1649, guarnecidas as capelas e altares de objectos de prata.
O culto divino regressou a IGREJA DE S. DOMINGOS, com ar de pompa dos dias festivos, pela mão do armador «AGOSTINHO BORGES» contratado em 1668.
Mas a grande transformação do templo e do Convento iria verificar-se nos alvores do século imediato.
Diz-se que "a nave da Igreja de S. DOMINGOS em LISBOA é anterior ao terramoto», obra possivelmente, de «MANUEL CAETANO DE SOUSA» e «JOÃO FREDERICO LUDOVICE». Em 1748 foi a CAPELA-MOR adornada com finas esculturas de «JOÃO ANTÓNIO DE PÁDUA».
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(1) -Exterior da Abside da Igreja de S. Domingos. Obra de FREDERICO LUDOVICE (1748), do período terminal do reinado de D. João V que parece ter resistido aos efeitos do terramoto.
(Explicação- (do latim abside)- A parte posterior de uma Igreja, situada por detrás do altar-mor).
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA BARROS QUEIRÓS [ III ] - CONVENTO E IGREJA DE S. DOMINGOS (2)»

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

RUA BARROS QUEIRÓS [ I ]

Rua Barros Queirós - (2009) Fotógrafo não identificado (Um troço da Rua Barros Queirós no seu lado poente) in STOCKPHOTOPRO
Rua Barros Queirós - (2008) - Foto Galeria de João (Zona pedonal da Rua Barros Queirós) in PICASA

Rua Barros Queirós - (1970) Foto de Armando Serôdio (A Rua Barros Queirós vista da Rua da Palma) in AFML
Rua Barros Queirós - (1908) - Fotógrafo não identificado - (Travessa de São Domingos) actual Rua Barros Queirós) in AFML

RUA BARROS QUEIRÓS [ I ]

«A RUA BARROS QUEIRÓS»

A «RUA BARROS QUEIRÓS» pertence à freguesia de «SANTA JUSTA». Começa na «RUA DA PALMA» no número um e termina no «LARGO DE SÃO DOMINGOS» no número vinte e um.

Tinha como designação anterior «TRAVESSA DE SÃO DOMINGOS» e por Edital de 21 de Junho de 1926 o topónimo foi alterado passando a designar-se «RUA BARROS QUEIRÓS», para homenagear «TOMÉ JOSÉ DE BARROS QUEIRÓS». A atribuição deste topónimo foi ainda acrescentada com uma legenda de «Ilustre cidadão, vereador da 1ª Câmara Municipal Republicana de Lisboa - 1926».

A «Comissão Municipal de Toponímia» em 19 de Maio de 1950, dá o parecer favorável para serem suprimidos os dizeres da legenda na placa toponímica, ficando só o nome que hoje existe. A troca de «TRAVESSA DE S. DOMINGOS» por «RUA DE BARROS QUEIRÓS» deve-se ao facto de durante a 1ª República se ter verificado acabar com a influência que a religião e a monarquia, tinham na vida quotidiana do povo. Assim, o novo regime alterou a denominação das ruas, praças, largos, por outros relacionados com a «REPÚBLICA».

É extremamente curiosa a figura do político e homem dos jornais que deu nome à popular artéria que liga o «LARGO DE SÃO DOMINGOS» à «RUA DA PALMA» e que eventualmente terá sido a primeira rua da cidade de Lisboa, a ser exclusivamente destinada aos peões. "Curioso" é o adjectivo mínimo que se pode qualificar um homem que foi especialista em problemas financeiros, começa a sua vida como caixeiro, foi dono da casa de candeeiros que ficou longos anos na esquina desta Rua, que hoje tem o seu nome e liga com o «LARGO DE SÃO DOMINGOS», chegou a presidente do Ministério e, no dia seguinte à sua saída do Governo, lá estava ele de novo a vender ao balcão na sua loja. (Outros tempos!)

Diz-nos o mestre «NORBERTO DE ARAÚJO» que: "Junto ao templo Dominicano, assentava, crê-se que já antes de se erguer o Convento, a pequenina ermida de «Nª. Senhora da Purificação» ou da «ESCADA», de grande nomeada na Lisboa velha; o seu lugar era onde está a «CASA DOS CANDEEIROS», que foi de «TOMÉ DE BARROS QUEIRÓS», bom cidadão de Lisboa, e que em 1890 a tomou a «MANUEL JOAQUIM DE OLIVEIRA», que a tinha fundado em 1870».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA BARROS QUEIRÓS [ II ] - CONVENTO E IGREJA DE S. DOMINGOS (1)».


sábado, 13 de novembro de 2010

RUA EDITH CAVELL

Rua Edith Cavell - (2009) - (A Rua Edith Cavell junto da Rua Morais Soares) in GOOGLE EARTH
Rua Edith Cavell - (2009) - (Panorâmica da Rua Edith Cavell em Lisboa) in GOOGLE EARTH

Rua Edith Cavell - (12.10.1915) - Autor não identificado (Fuzilamento de Edith Cavell na Bélgica pelos soldados alemães) in PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Rua Edith Cavell - (1914 ou 1915) Autor não identificado (Edith Cavell enfermeira na Cruz Vermelha em Bruxelas-Bélgica) in ENFERMERIA AVANZA

Rua Edith Cavell - (1914) Fotógrafo não Identificado - (Edith Cavell) in WIKIPÉDIA



RUA EDITH CAVELL
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«A RUA EDITH CAVELL»
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A «RUA EDITH CAVELL» pertence a duas freguesias.
À freguesia de «SÃO JORGE DE ARROIOS» todos os números ímpares. Na freguesia de «SÃO JOÃO» todos os números pares.
A «RUA EDITH CAVELL» é uma artéria discreta e pouco comprida. Começa na «RUA MORAIS SOARES» (Antiga Estrada da Circunvalação) e termina na «RUA JOSÉ RICARDO».
Em 14 de Novembro de 1944 na reunião da « COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA», lavrado na acta número dez, foi aprovado o topónimo da «RUA EDITH CAVELL».
EDITH LOUISA CAVELL
Chama-se «EDITEH CAVELL» a enfermeira inglesa da «CRUZ VERMELHA», heroína da nossa rua, que ajudou cerca de 200 soldados aliados, a fugirem da BÉLGICA (ocupada pelos alemães), durante o início da primeira Guerra Mundial.
«EDITH CAVELL» nasceu a 4 de Dezembro de 1865 em «SWARDESTON-NORFOLK» uma aldeia perto de «NORWIC» na GRÃ-BRETANHA, onde seu pai o Reverendo «FREDERICO CAVELL» foi padre durante 45 anos.
Entre os anos de 1900 a 1905 esteve como enfermeira no «ROYAL HOSPITAL DE LONDRES». Em 1907, «EDITH CAVELL» foi solicitada pelo dr. «ANTOINE DEPAGE» para ensinar numa escola recém-criada de enfermagem, que se situava na «RUA DA CULTURA» em BRUXELAS. Um ano depois, dava formação em três hospitais.
Quando em 1914 rebentou a «PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL», encontrava-se «EDITH» a visitar sua terra de «NORFOLK». Retornou de imediato para «BRUXELAS», onde a sua clínica e escola de enfermagem tinham sido intervencionadas pela «CRUZ VERMELHA».
No Outono de 1914, após a ocupação alemã de «BRUXELAS», «EDITH CAVELL» começou a ajudar soldados britânicos, canalizando-os para a «HOLANDA», que nessa altura era um país neutro. Nos meses seguintes, orientou soldados aliados que manifestamente colocou «EDITH» em violação da lei militar alemã.
Em 3 de Agosto de 1915 é presa e acusada por ajudar soldados inimigos. Foi mantida presa na prisão de «GILLES» durante 10 semanas, as últimas duas em regime de isolamento, e levada a julgamento marcial.
Dir-se-á que «EDITH CAVELL» não foi presa por espionagem como muitos foram levados a acreditar, mas por traição e foi juntamente com mais quatro, todos condenados à morte.
Apesar dos esforços de várias individualidades que pretendiam obter um indulto para «EDITH CAVELL», no dia 11 de Outubro o alemão «BARÃO VON DER LANCKEN» permitia a execução.
Um pelotão de fuzilamento composto de 16 soldados, realizaram a sentença no dia 12 de Outubro de 1915 em «SCHAERBEEK» na BÉLGICA.
Dizem que na execução de «CAVELL» ela desmaiou e caiu por causa da sua recusa em usar uma venda nos olhos, frente ao pelotão de fuzilamento, e enquanto ela estava inconsciente, o oficial alemão, comandante, assassinou-a com um tiro de revolver.
A sua execução foi a representação de um acto de barbárie alemã e de depravação moral.
Entretanto o governo britânico usa a história como propaganda política e «CAVELL» torna-se assim, na mais notável vitima feminina britânica da «PRIMEIRA GRANDE GUERRA MUNDIAL».
Este acontecimento teve um impacto enorme na EUROPA, daí a existência deste topónimo na cidade de LISBOA.
BIBLIOGRAFIA
- Actas da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa (1943-1974) Volume I - 2000 - Edição da C.M.L.
- Pelas Freguesias de LISBOA - São João - Beato - Marvila - Santa Maria dos Olivais - 1993 - Vários - Edição da CML -Pelouro da Educação.
- TRINDADE, António e PEREIRA, Teresa -Cord. - II Jornadas Sobre a Toponímia de Lisboa - 1997 - Edição da CML.
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(PRÓXIMO) - «RUA BARROS QUEIRÓS [ I ] - A RUA BARROS QUEIRÓS»


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ XIX ]

Avenida da Liberdade - (31.05.2008) Foto de Dias dos Reis (Cinema São Jorge na Avenida da Liberdade) in DIAS DOS REIS
Avenida da Liberdade - (2008)? Foto de Pedro Rodrigues (Fachada do Cinema S. Jorge na Avenida da Liberdade) in PANORAMIO

Avenida da Liberdade - (1965) Foto de Miguel Villa (Teatro Avenida - Revista "O PECADO MORA AO LADO" com "José Viana", empresário "Vasco Morgado" e "Florbela Queiroz") in FOTOLOG

Avenida da Liberdade - (1912) Foto de Joshua Benoliel (Teatro Avenida inaugurado em 1888, destruído por um incêndio em 1967 e decretada a sua demolição em 1970) in AFML

Avenida da Liberdade - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (Teatro Avenida inaugurado no ano de 1888, não chegou a completar cem anos na Avenida da Liberdade) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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AVENIDA DA LIBERDADE [ XIX ]
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«TEATRO AVENIDA - CINEMA S. JORGE - HOTEL VICTÓRIA»
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TEATRO AVENIDA
O «TEATRO AVENIDA» foi construído em terrenos que aqui possuía «JOÃO SALGADO DIAS» por iniciativa deste, ligado a «ALEXANDRE MÓ» e a «ERNESTO DESFORGES».
Foi inaugurado em 11 de Fevereiro de 1888 já como único dono da empresa «ERNESTO DESFORGES», representando uma comédia de nome «DE HERODES PARA PILATOS».
Muitas foram as "Companhias" e "Empresários" que passaram por este teatro na «AVENIDA DA LIBERDADE», não faltando "Companhias francesas" e "Espanholas".
No ano de 1923, o empresário «JOSÉ LOUREIRO» realizou o último contrato de arrendamento com «CARLOS TAVARES» proprietário do edifício na época.
Este contrato vem depois a passar para «VASCO MORGADO» através da viúva de «JOSÉ LOUREIRO».
Em 1950 o proprietário do edifício torna pública a intenção da venda do «TEATRO AVENIDA».
Estava-se num impasse entre a demolição e a viabilidade do teatro.
Entretanto ocorre um incêndio no «TEATRO NACIONAL DONA MARIA II» e a Companhia de «REY COLAÇO - ROBLES MONTEIRO» são forçados a parar as actuações. O empresário «VASCO MORGADO» movido pelo espírito de grande solidariedade, pôs o «TEATRO AVENIDA» à disposição da Companhia do «D. MARIA II».
Iniciaram-se as obras do «TEATRO AVENIDA» que, aparentemente parecia ter superado o "camartelo".
Reabriu o teatro numa noite de gala a 6 de Fevereiro de 1965, com a peça «O MOTIM» de «MIGUEL FRANCOS».
A peça que se seguiu só teve duas representações. Um incêndio no «TEATRO AVENIDA» a 13 de Dezembro de 1967, ocasionado por curto-circuito, deixou novamente a Companhia de «REY COLAÇO-ROBLES MONTEIRO» na situação de paralisação.
Com este incêndio no «TEATRO AVENIDA» acabava definitivamente a representação teatral na «AVENIDA DA LIBERDADE» e a 25 de Setembro de 1970, numa reunião camarária, era decidida a sua demolição.
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SÃO JORGE
O «CINEMA SÃO JORGE» inaugurado no ano de 1950, foi considerado o mais emblemático cinema de LISBOA. O autor do seu projecto foi «FERNANDO SILVAS», que em 1951 recebeu o prémio Municipal de Arquitectura.
Com uma inovadora tecnologia avançada para a época, foi considerado à data da sua inauguração, a maior sala de cinema do país, com cerca de dois mil lugares, ainda hoje recordado pelos lisboetas.
No ano de 1982 sofre obras de renovação, deixando de funcionar uma sala unida, para serem criadas três salas de cinema (duas no piso térreo - antiga plateia) e uma no piso superior (antigo Balcão).
Depois de vários anos sem rumo, no ano 2000 a Câmara Municipal de Lisboa exerceu o direito de compra do imóvel, procedendo de imediato a obras de recuperação do edifício, reabrindo ao público a 24 de Novembro de 2001.
Em Abril de 2003 a gestão do «CINEMA S. JORGE» estava confiada à «EGEAC-E.M.».
HOTEL VICTÓRIA
O edifício do antigo «HOTEL VICTÓRIA» na «AVENIDA DA LIBERDADE» números 168 a 170, foi arquitectura de «CASSIANO BRANCO». Construído no ano de 1936, é considerado imóvel de Interesse Público pelo Decreto número 29-84, DR. 145 de 24 de Junho de 1984, sendo considerado de arquitectura civil modernista.
Representando uma das quatro obras da arquitectura portuguesa contemporânea, o edifício de planta rectangular tem seis pisos.
Está instalado presentemente neste edifício o «CENTRO DE TRABALHO DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS». [FINAL ]
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BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Norberto de - 1993 - Peregrinação em Lisboa - livro XIV - Patrocínio da Fundação Cidade de Lisboa - VEGA.
FRANÇA, José Augusto - 1997 - LISBOA:Urbanização e Arquitectura - Lisboa - Livros Horizonte
LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA(1874-1909) - 1989 - Fundação Calouste Gulbenkian - CML.
MORAIS, João Sousa e ROSETA, Filipe - 2005 - OS PLANOS DA AVENIDA DA LIBERDADE E SEU PROLONGAMENTO - Lisboa - Livros Horizonte.
OLHARES DE PEDRA - 2004 - Edição DEPROSAFEITA,Lda. para a Global Notícias Publicações. S.A..
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (Dir.) - 1994 - DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - 1ª Ed. - SACAVÉM - Carlos Quintas & Associados - Consultores.
VIDAL, Angelina - 1994 - LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA - Lisboa - Vega.
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SITES E BLOGUES
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(PRÓXIMO) - «RUA EDITH CAVELL - A RUA EDITH CAVELL».

sábado, 6 de novembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ XVIII ]

Avenida da Liberdade , 184 - (05.03.2008) Foto de Dias dos Reis (Cinema TIVOLI na Avenida da Liberdade) in DIAS DOS REIS
Avenida da Liberdade - (200_) Fotógrafo não identificado (Fachada do Cine-Teatro Tivoli) in CINEMA AOS COPOS

Avenida da Liberdade - (Entre 1990 e 1991) Foto de Michel Waldmann - (Fachada do Cinema TIVOLI na Avenida da Liberdade) in AFML

(CONTINUAÇÃO)

AVENIDA DA LIBERDADE [ XVIII ]

«O CINE TEATRO TIVOLI»

Localizado na esquina da «RUA MANUEL DE JESUS COELHO» com a «AVENIDA DA LIBERDADE» sítio da nova área elegante da cidade de Lisboa, foi durante muito tempo o cinema de referência para os "cultos" da cinefilia, sendo igualmente frequentado por várias personalidades do mundo das artes e da cultura.

O «CINE TEATRO TIVOLI» nasceu no ano de 1924, após quatro longos anos de obras, concebido segundo um projecto do Arquitecto «RAUL LINO», afirma-se de um finíssimo gosto "NEOCLÁSSICO", um exemplo único no género, que na época, era uma das melhores salas de LISBOA. A sua capacidade inicial de 1114 lugares, faziam do «TIVOLI» o maior cinema da Capital.

No ano de 1930 foi equipado com "fonocinema" e começou a projectar filmes sonoros, tendo nesse ano sido apresentado o primeiro filme sonoro «A PARADA DO AMOR». Depois da morte do seu proprietário «FREDERICO LIMA MAYER», seu filho «AUGUSTO» instalou no «TEATRO» um palco e camarins.
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A partir dos anos 60 do século XX, começou a adquirir um carácter mais popular. Está na memória de muitos o filme musical «MÚSICA DO CORAÇÃO» que foi um "record" de permanência neste cinema.
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No ano de 1973 o «TIVOLI» é adquirido por «JOÃO ILDEFONSO BORDALO» deixando assim, de pertencer à família «LIMA MAYER».
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Em 1989 era novamente adquirido, desta vez pelo empresário espanhol «EMILIANO REVILLA» que, pouco tempo depois, vendeu a maioria das suas acções a uma empresa de capitais espanhóis.
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No início dos anos 90 do século XX o «TIVOLI» encerrou e chegou a ser alvo de uma tentativa de demolição do seu interior, mas felizmente prevaleceu o bom senso e acabou por se proceder ao restauro de todo o edifício respeitando a traça original. No entanto, a sua capacidade de lugares, foi ligeiramente reduzida para 1088 lugares.
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Em 1999 o «TIVOLI» reabriu as suas portas, funcionando como teatro e concertos, e desde esse período tem prosperado nesta nova actividade.
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No ano de 2004 esta casa de espectáculos foi adquirida pela «LxSkene» empresa de capitais portugueses, actual proprietária do «TIVOLI».
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [ XIX ] - TEATRO AVENIDA - CINEMA S. JORGE - HOTEL VICTÓRIA».



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ XVII ]

Avenida da Liberdade - (2005) Foto de APS (O DIÁRIO DE NOTÍCIAS na parte Norte da Avenida da Liberdade, é uma obra do arquitecto «PARDAL MONTEIRO» in ARQUIVO/APS
Avenida da Liberdade - (2007) Fotógrafo não identificado (Obra do Arquitecto "PORFIRIO PARDAL MONTEIRO" o "DN" na Avenida da Liberdade, prémio Valmor e Municipal de Arquitectura) in ULISSES

Avenida da Liberdade - (Ant. 1944) Foto de Fernando Martins Pozart (Edifício do Diário de Notícias, Prémio Valmor de 1948) in AFML

Avenida da Liberdade - (Post. 1940) - Estúdios Mário Novais (Avenida da Liberdade na parte Norte à esquerda podemos ver o Diário de Notícias) in AFML



(CONTINUAÇÃO)
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AVENIDA DA LIBERDADE [ XVII ]

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«O DIÁRIO DE NOTÍCIAS»

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Na parte de cima da «AVENIDA DA LIBERDADE», no lado direito de quem sobe, quase na esquina com a «PRAÇA DO MARQUÊS DE POMBAL», foi construído um vasto edifício (no final da década de trinta do século XX), para receber o jornal «DIÁRIO DE NOTÍCIAS», sob o traçado do Arquitecto «PARDAL MONTEIRO».

A 25 de Abril de 1940, foi inaugurado com uma grande festa a sede histórica do «DIÁRIO DE NOTÍCIAS», situado na «AVENIDA DE LIBERDADE» em Lisboa.

Em 29 de Dezembro de 1864 era publicado o primeiro número do "DN" que viria a tornar-se num dos principais jornais de referência em Portugal, cujo o preço de capa era de dez réis.
Foram fundadores deste jornal «EDUARDO COELHO» e «TOMÁS QUINTINO ANTUNES» que nas primeiras três décadas de vida do "DN" foram marcadas pela direcção do primeiro, jornalista e escritor, que seguiu uma estratégia de implementação e consolidação do jornal, praticando um jornalismo moderno, informativo e independente. «EDUARDO COELHO» introduziu dois novos géneros jornalísticos; o editorial e a grande reportagem.
Foi o primeiro jornal de venda ambulante nas RUAS DE LISBOA e ao fim de seis meses de publicação já tinha cerca de cem vendedores.
Em 1894 seria substituído por «ALFREDO CUNHA» que procurou também, impulsionar o "DN" captando novos colaboradores de qualidade como os escritores «RAMALHO ORTIGÃO», «EÇA DE QUEIRÓS» e «PINHEIRO CHAGAS».
Depois da «REPÚBLICA» e a época tumultuosa que se seguiu, em 1919 o "DN" passou a ser uma Sociedade Anónima (Empresa do Diário de Notícias), assumindo a direcção, «AUGUSTO DE CASTRO»
No ano de 1929 a «EMPRESA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS» é convertida na «Empresa Nacional de Publicidade, controlada pela «COMPANHIA INDUSTRIAL DE PORTUGAL» e pela «C.G.D.».
Com a criação do «ESTADO NOVO» em 1933 e a consolidação do poder de «SALAZAR», «AUGUSTO DE CASTRO» reassume a direcção do jornal em 1939.
Nos anos 40 do século XX, dá-se a transferência do jornal das suas antigas instalações na «RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS» (antiga rua dos Calafates) no "BAIRRO ALTO", para o novo edifício construído de raiz na «AVENIDA DA LIBERDADE», onde permanece a actual sede do jornal.
Esta prosperidade tem contudo um preço: sob uma forte censura, o "DN" segue a política de servilismo da ditadura.
Com a chegada de «MARCELO CAETANO» ao poder, em 1968, não alterou a censura que só seria desmantelada com a revolução de 1974.
No "caminhar" de todo este percurso, o "DN" já conheceu três séculos diferentes, seguiu políticas editoriais e gestões muito diversificadas, conheceu vários proprietários, incluindo empresas públicas e privadas.
O "DN" nesta altura pertence à «GLOBAL NOTÍCIAS», uma empresa do «GRUPO CONTROLINVESTE MEDIA».
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