sábado, 8 de outubro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XI ]

Rua do Século - (2010) - (Palácio dos Monteiros Paim, conhecido pelo "Bichinho de Conta" na "Rua do Século", 102 a 107) in GOOGLE EARTH


Rua do Século - (199_)- Foto de autor não identificado (O Palácio dos Monteiros Paim-Bichinho de Conta, na Rua do Século) in O CÉU SOBRE LISBOA


Rua do Século - (1968) - Foto de Armando Serôdio (Palácio dos Monteiros Paim, também conhecido pelo "Bichinho de Conta" na Rua do Século 102-107) in AFML

(CONTINUA) - RUA DO SÉCULO [ XI ]

«O PALÁCIO DOS MONTEIROS PAIM OU DO "BICHINHO DE CONTA"»

Na «RUA DO SÉCULO» depois da meia-laranja do «CHAFARIZ DO SÉCULO», aparece-nos o «PALÁCIO DOS MONTEIROS PAIM» à direita (de quem sobe) nos números 102 a 107 com portal e fachada, sua onze varandas corridas no seu aspecto setecentista, embora de aparência pouco tratada.

«D.VICENTE ROQUE JOSÉ DE SOUSA COUTINHO MONTEIRO PAIM» nasceu em LISBOA a 28 de Dezembro de 1726, e faleceu em Paris a 8 de Maio de 1792. «VICENTE PAIM» descendia de uma honrosa família, que entroncava com «TOMÁS PAIM», fidalgo inglês que viera no séquito de «D. FILIPA DE LENCASTRE» como secretário da futura rainha de Portugal, pelo casamento com «D. JOÃO I».

«ISABEL JULIANA DE SOUSA COUTINHO MONTEIRO PAIM»(1753-1793) ficou conhecida como «BICHINHO DE CONTA». Filha de «VICENTE PAIM», morava neste palácio e era amiga desde pequena de «ALEXANDRE DE SOUSA HOLSTEIN» com quem brincava na quinta do CALHARIZ. Com o passar dos tempos, eram mais do que amigos e nunca duvidaram, que um dia, seriam marido e mulher. O pai passava a vida em PARIS, gozando a sua viuvez, que aproveitava na sua condição de embaixador. O «MARQUÊS DE POMBAL» vendo que «ISABEL PAIM» daria a esposa ideal para seu filho segundo «JOSÉ FRANCISCO DE CARVALHO DAUN», propôs o casamento, a que o pai da noiva, não viu qualquer inconveniente e combinou-se o enlace.

Ninguém pensaria que «ISABEL» poderia ter opinião contrária. Resistiu e chegou mesmo a dizer: "que nunca casaria com outro que não o seu amigo de infância Alexandre", mas o omnipotente «MARQUES DE POMBAL» teimou e «D. VICENTE PAIM», obrigou a filha a esse matrimónio odioso. Realizou-se a 11 de Abril de 1768, no oratório da casa onde residia a avó da noiva «D. MARIA ANTÓNIA DE S. BOAVENTURA E MENESES PAIM». «ISABEL», aquela menina de cabelos negros aos canudos, de cara magra e nariz fino, iria fazer frente ao noivo, pai e tias e ainda ao aterrador «CONDE DE OEIRAS», que no início pensou tratar-se de um capricho de menina rica, mas com o passar dos tempos percebeu que o assunto era sério. «ISABEL» mandou fazer um saco com dois lençóis atados bem junto ao pescoço, onde dormia, para que o noivo nem tivesse a pretensão de tentar tocar-lhe. E por isso, o «MARQUÊS» era motivo de troça no Paço. Furioso terá mesmo dito, referindo-se àquela que se recusava ser sua nora. "É um bichinho de conta que me quer deter os passos".

Passaram-se três anos e, o noivo queixava-se ao pai de que o casamento ainda se não consumara. Era altura do «MARQUÊS» tomar uma atitude drástica. Pediu a anulação do casamento, não sem primeiro mandar «ISABEL» para o «CONVENTO DE SANTA JOANA», onde a abadessa era irmã do futuro «MARQUÊS DE POMBAL». Como era de esperar, a jovem «ISABEL» foi tratada quase como uma presidiária.

A sua família não lhe deu qualquer apoio, talvez porque temesse as represálias do «Marquês». O jovem «ALEXANDRE DE SOUSA HOLSTEIN» saiu também do país com sua mãe para viver em «PIEMONTE» (Itália), não fosse o «SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO» tomar com eles alguma atitude. «ISABEL PAIM» é desterrada para o «CONVENTO DO CALVÁRIO» em Évora, onde era absolutamente proibido contactar com o mundo exterior. A esperança de um dia os seus desejos se cumprissem, fazia a jovem ter vontade de viver. E esse dia chegou...

Morre em 1777 o rei «D. JOSÉ I» e a raínha «D. MARIA I» demite o ministro de seu pai, o «MARQUÊS DE POMBAL». Como nos contos de fadas, «ALEXANDRE» ainda solteiro, herdeiro de uma fortuna e de um título, corre para junto da sua amada, que ainda a vai visitar das grades no «CONVENTO DE ÉVORA». Casaram em Julho de 1779. Foi um verdadeiro casamento de amor.

ISABEL e ALEXANDRE foram os pais de «D. PEDRO DE SOUSA HOLSTEIN» o « DUQUE DE PALMELA», que nasceu em Turim a 8 de Maio de 1781.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DO SÉCULO [ XII ] - O CHAFARIZ DA RUA DO SÉCULO».


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