sábado, 5 de novembro de 2011

RUA DO SÉCULO [ XIX ]

Rua do Século - (2011) - Fotógrafo não identificado - (Fachada lateral do Convento Nossa Senhora da Conceição dos Cardais na "Rua do Século") in SIPA

Rua do Século - (1945) - Fotógrafo não identificado (Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais na "RUA DO SÉCULO") in AFML



Rua do Século - (19__) - Foto de Joshua Benoliel (O Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, depois asilo de cegas) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XIX ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 1 )»

O «CONVENTO DE Nª. Srª. DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS» também chamado de «CONVENTO DOS CARDAIS», foi fundado em 1681, no sítio dos «CARDAIS», para as freiras «CARMELITAS DESCALÇAS», pela fidalga «D. LUÍSA DE TÁVORA», filha de «ÁLVARO PIRES DE TÁVORA», do Morgado da «TORRE DA CAPARICA». «D.LUÍSA» veio a herdar toda a CASA de seus pais. Foi casada com «LUÍS FRANCISCO DE OLIVEIRA E MIRANDA», um dos homens mais ricos do seu tempo. Depois de enviuvar ingressou a seu pedido e por escolha do Rei «D. JOÃO IV», no «CONVENTO DE SANTOS-O-NOVO» (para o sítio de Xabregas), onde foi comendadeira.

Muito devota de «SANTA TERESA DE JESUS», parecendo-lhe pouco mortificado o viver neste Convento, desejando maior sossego para se entregar aos exercícios espirituais de piedade e devoção, resolveu fundar um «CONVENTO DE RELIGIOSAS CARMELITAS DESCALÇAS». Para isso, aproveitou os edifícios de um recolhimento de mulheres com sua igreja de invocação a «NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO», cujo padroado pertencia à sua CASA que herdara. Para tornar maior a futura instituição, doou alguns terrenos que possuía junto ao mesmo recolhimento, no «SÍTIO DOS CARDAIS», não longe da cerca do «CONVENTO DE JESUS».

As dificuldades da fundação da nova instituição foram rapidamente superadas, e as licenças concedidas, devido à influência de «D. LUÍSA» que mandou iniciar as obras da futura casa aproveitando e aumentando as edificações do antigo recolhimento, gastando com isso uma parte substancial da sua fortuna, consignando para o amparo da mesma; "650 000 mil réis de renda, fixa e perpetua para o sustento de vinte e uma religiosas, e paga dos Capelães e mais pertenças do dito Convento".

Os trabalhos devem ter começado cerca do ano de 1677 e, já no final do ano de 1681, as obras se não estavam totalmente concluídas, permitiam, pelo menos, que a nova comunidade aí se instalasse e vivesse.

Por despacho do "Desembargo do Paço" de 22.11.1681 e alvará de 2 de Dezembro do mesmo ano, o Príncipe Regente «D. PEDRO» autoriza «D.LUÍSA DE TÁVORA» a que "o seu RECOLHIMENTO DA CONCEIÇÃO fosse Convento de Religiosas professas das CARMELITAS DESCALÇAS", sendo expressamente dito no mesmo alvará "de que não teria efeito esta fundação senão depois de feito a fábrica do Convento e posto ele com todas as oficinas em perfeição". Assim, na noite de 7 de Dezembro de 1681, saíram do «CONVENTO DE SANTO ALBERTO» à Pampulha, onde se tinham reunido, dando entrada no novo edifício dos «CARDAIS», esperadas já pela fundadora que as antecedera, as primeiras quatro religiosas. No dia 8 de Dezembro, de manhã muito cedo celebrou-se a primeira missa e entronizou-se o «SANTÍSSIMO SACRAMENTO», tendo lugar nesse mesmo dia (da Imaculada Conceição, padroeira do Reino), a cerimónia da clausura. Mais tarde entraram outras monjas, para perfazer o total de vinte e uma, número limite que a nova instituição comportava.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DO SÉCULO [ XX ] - O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 2 )

7 comentários:

Rui Manuel Mesquita Mendes disse...

Caro Agostinho,

Sobre o Convento dos Cardais é curioso referir que D. Luísa de Távora, mulher do Morgado de Oliveira, era filha de Álvaro Pires de Távora, Senhor do Morgado de Caparica.
Um dos sucessores do Morgado de Caparica foi D. Francisco Xavier de Menezes da Silveira e Castro, que além de Morgado de Caparica, era Senhor da Patameira, e foi o 1.º Conde da Caparica, e 1º Marquês de Valada (Lisboa, Encarnação 10.03.1754 + Lisboa, Santa Catarina 20.07.1834). Este importante fidalgo, que esteve no Brasil com a Corte, que era senhor de vários bens entre eles uma Quinta na Caparica, residiu no seu rico Palácio do Largo de Calhariz, e foi de acordo com os Manuscritos da Casa do Morgado de Caparica (BN, Reservados, MSS 177) tresladado após a sua morte para o seu jazigo no Convento de Nossa Senhora dos Cardais na Rua Formoza.

APS disse...

Caro Rui Mendes

Fico muito agradecido pela sua complementaridade à história hoje tratada.
Irei referir-me no capitulo (3) a outro sucessor, (talvez filho daquele que indica) de nome D.JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO 2º Marquês de VALADA, 5º neto da fundadora, mas só pelo facto de ele reclamar os bens do antigo Convento.
Mais uma vez obrigado.
Um abraço
APS

Alfredo Ramos Anciães disse...

Interessantes as suas descrições, inclusivamente as do comentador que se refere a um descendente que esteve no Brasil com a corte, o qual já não usa o apelido de Távora. Compreende-se porquê. O nome ainda era mal visto (o que não é a minha opinião) na Sociedade de então, tal fora a combatividade pombalista contra os Távoras.

APS disse...

Caro Alfredo Anciaes
Os meus agradecimentos pelo seu comentário.

Realmente no tempo do MARQUÊS DE POMBAL quem tivesse o apelido de TÁVORA, estava "tramado".

D. FRANCISCO DE TÁVORA antes da sua execução esteve no forte de SÃO JOÃO DA JUNQUEIRA(já desaparecido) Link:http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2013/10/rua-da-junqueira-xix.html
No próximo dia 03.03.2018 em ESTRADA DE CHELAS, devo publicar mais três vitimas que estiveram em cativeiro no MOSTEIRO DE CHELAS durante 19 anos. A D. LEONOR DE ALMEIDA, depois MARQUESA DE ALORNA foi a mais falada como "ALCIPE" uma excelente poetiza e declamadora.

Despeço-me com amizade
Cumprimentos
APS

Alfredo Ramos Anciães disse...

Caro APS, diz acima que
«D. Francisco Xavier de Menezes da Silveira e Castro, que além de Morgado de Caparica, era Senhor da Patameira, e foi o 1.º Conde da Caparica, e 1º Marquês de Valada (Lisboa, Encarnação 10.03.1754 + Lisboa, Santa Catarina 20.07.1834). Este importante fidalgo, que esteve no Brasil com a Corte, que era senhor de vários bens entre eles uma Quinta na Caparica, residiu no seu rico Palácio do Largo de Calhariz, e foi de acordo com os Manuscritos da Casa do Morgado de Caparica (BN, Reservados, MSS 177) [foi] tresladado após a sua morte para o seu jazigo no Convento de Nossa Senhora dos Cardais na Rua Formoza».
Irei na semana próxima fazer uma visita aos Cardaes e inteirar-me se lá é conhecida a referida sepultura. Obg pela sua resposta e informação. Cpms Alfredo Anciães.

APS disse...

Caro Alfredo Anciães

Quem o diz acima não sou eu, mas estou convencido ser verdadeiro o "Manuscrito da Casa do Morgado da Caparica" (Bib. Nac. Reservados Maço 177)(embora dependa da sua leitura e interpretação do português desse tempo).
Ao seu sucessor é de duvidar que lá encontre qualquer referencia "D. JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO" 2.º MARQUÊS DA VALADA 5.º neto da fundadora, por ter reclamado os bens do CONVENTO.
Cumprimentos
APS

José Mestre disse...

Sr. Rui Manuel Mesquita Mendes : Para além de tudo o que refere em relação a D. Luísa de Távora fundadora do convento dos Cardais, essa senhora também foi comendadora da vila de Entradas. Um neto (ou bisneto) da referida senhora também foi comendador da mesma vila