sábado, 14 de janeiro de 2012

RUA AUGUSTA [ III ]

Rua Augusta - (2005) - Foto de APS (Rua Augusta e a sua "CALÇADA PORTUGUESA" in ARQUIVO/APS
Rua Augusta - (Anos 50 do século XX) (Anúncio da "CASA AFRICANA" in RUA DOS DIAS QUE VOAM
Rua Augusta - (1947) - Foto de Judah (Comemorações do VIII centenário da tomada de Lisboa aos Mouros- 1147 - Cortejo Histórico) in AFML
Rua Augusta - (194_) - Foto de Amadeu Ferrari (Rua Augusta vendo-se à direita o reclame da "CASA AFRICANA") in AFML
Rua Augusta - (192_) (Foto de Alfredo Mota) (A "CASA AFRICANA" na "RUA AUGUSTA" esquina com a "RUA DA VITÓRIA" no anos 20 do século passado) in FLICKR
Rua Augusta - (1911) Foto de António Novais (A "RUA AUGUSTA" enfeitada por ocasião do 1º Aniversário da República) in AFML

(CONTINUAÇÃO)

RUA AUGUSTA [ III ]

«A RUA AUGUSTA ( 3 )»

Diz-nos «THOMÁS MANN(1875-1955)» nas suas "Confissões de FÉLIX KRULL" (1895), que «MARIA JOÃO JANEIRO» transcreve no seu livro «LISBOA HISTÓRIAS e MEMÓRIAS», referente a esta artéria.
"Subi a «RUA AUGUSTA», uma rua muito frequentada por peões e veículos, até uma praça que o porteiro do hotel me tinha recomendado como uma das mais importantes da cidade, a «PRAÇA DOM PEDRO IV» que, na boca do povo, toma o nome de «ROSSIO». Para entendimento da minha descrição acrescentarei que LISBOA está encaixada entre colinas, por vezes bastante altas, por onde sobem as casas brancas dos bairros de habitação mais elevados, à direita e à esquerda das ruas rectilíneas da cidade nova. (...) Eu senti um prazer em olhar à minha volta para a população dessa rua bastante frequentada, esses indivíduos de cabelos negros, olhos vivos e móveis, com as mãos que, através dos seus gestos meridionais, reproduziam os seus discursos, e fiz um ponto de honra em entrar em contacto pessoal com ele. Embora conhecesse o nome da Praça para a qual me dirigia, informei-me algumas vezes junto dos transeuntes ou dos habitantes - crianças, mulheres, burgueses e marinheiros - com o único fim de observar o seu rosto, a sua mímica e de escutar a sua linguagem estranha e o timbre da sua voz, muitas vezes de uma rouquidão um pouco exótica".

«FERNANDO PESSOA» e a sua ligação a esta artéria.
A «RUA AUGUSTA» fez parte da vida de «FERNANDO PESSOA». Tendo trabalhado no número 228-1º andar na firma "E. DIAS SERRAS, LDA.", dedicada a «IMPORTAÇÃO e REPRESENTAÇÃO», mais conhecida na época por «CASA SERRAS». Sabe-se que «FERNANDO PESSOA» terá trabalhado nesta morada durante praticamente um ano, entre 1934 e 1935. Num diário de 1913 terá referido que nesta mesma «RUA AUGUSTA» no número 75-2º ficava o escritório da firma «MARTINS LAVADO».

«CASA AFRICANA»
No lado poente da «RUA AUGUSTA» com esquina para a «RUA DA VITÓRIA», existiu a famosa «CASA AFRICANA» celebrizada pelo seu ícone de marca, no painel da fachada do estabelecimento, onde era visível a identificação da loja, pela conseguida imagem do «PRETO DA CASA AFRICANA» que transportava os pacotes aos clientes. Uma casa de tradição, um estabelecimento comercial de renome que se perdeu na Baixa Pombalina.
Fundada no ano de 1856 numa loja quase fronteira com o «HOTEL DUAS NAÇÕES», por «LOURENÇO RUMINA & AZEVEDO». Mais tarde, quando esta firma entrou em falência, o administrador da massa falida «MANUEL FERREIRA DA CRUZ», tomou conta da casa.
No ano de 1909 a «CASA AFRICANA» é transferida para este prédio onde a conhecíamos, era pertença de «D. MARIA EUGÉNIA PIMENTEL». Ocupando de início apenas as lojas, logo teve necessidade de se alargar e até elevando sucessivamente as suas instalações, chegando mesmo a possuir quatro andares. A «CASA AFRICANA» encerrou as suas portas em finais dos anos 90 do século passado.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA AUGUSTA [ IV ] -A RUA AUGUSTA ( 4 )»

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