quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VI ]

 Praça dos Restauradores - (2005) Foto de APS (Fachada do antigo "Eden Teatro" hoje "ORION EDEN", nos terrenos que davam acesso às cocheiras do Palácio dos "Marqueses de Castelo Melhor") in ARQUIVO/APS
 Praça dos Restauradores - (2005)- Foto de APS (O antigo "Eden Teatro" de "Cassiano Branco" renovado para o futuro, mas sem sala de espectáculos) in ARQUIVO/APS
 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de Lampião2000 (Panorama dos Restauradores vendo-se o "Obelisco" no centro da Praça, o Palácio do "Marquês da Foz", seguindo-se o "EDEN" na sua terceira fase) in SKYSCRAPERCITY
 Praça dos Restauradores - (2007) (O "EDEN" na actualidade; um hotel de luxo, e no espaço térreo uma zona comercial)  in WIKIPÉDIA
Praça dos Restauradores - (Anos 40 do século XX) Foto de autor não identificado (Fachada do segundo "EDEN" na "Praça dos Restauradores" com projecto de "Cassiano Branco" e baixos relevos de "Leopoldo de Almeida") in CINEMA AOS COPOS

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES

«O ÉDEN TEATRO»

O comerciante de automóveis «ALBERT BEAUVELET» no ano de 1902, alugou as antigas cocheiras do Palácio dos «CONDES DE CASTELO MELHOR», (onde no local, depois do ano de 1837, se tinha construído a nova entrada para os jardins).
Nesse local foi construída a «GARAGEM BEAUVELET» com um enorme salão no primeiro piso. Com a mudança de instalações da garagem, no edifício ficou temporariamente entre 1902 a 1912 a funcionar o «TEATRO VARIEDADES».
O empresário «LUÍS GALHARDO» aproveitando as estruturas da antiga "garagem", encomendou ao cenógrafo «AUGUSTO PINA» planos para a construção de um teatro mais amplo do que o improvisado "VARIEDADES". Esse teatro, inaugurado no dia 25 de Setembro de 1914 será o primeiro «ÉDEN TEATRO».
Por iniciativa do empresário "LEOPOLDO O'DONNELL" em 1918, o «ÉDEN» passou a dedicar-se também a temporadas cinematográficas. Em finais de 1928 esta casa era encerrada pela «INSPECÇÃO GERAL DE ESPECTÁCULOS».
O «CONDE DE SUCENA» tinha adquirido no ano de 1914, o «PALÁCIO FOZ» e todos os terrenos anexos ao palácio, resolveu mandar demolir o primitivo "ÉDEN".
Mas outras ideias de um novo "ÉDEN" surgiram no horizonte. Assim, em 1929 terá sido encomendado ao arquitecto «CASSIANO BRANCO» um projecto para o novo «ÉDEN». As obras tiveram início dois anos depois, tendo o «CONDE DE SUCENA» hipotecado à «CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS» todos os terrenos nos «RESTAURADORES». O projecto inicial de «CASSIANO BRANCO»(1897-1970) acabou por sofrer bastantes alterações no curso das obras, que só terminaram em 1937, tendo o «ARQUITECTO CARLOS FLORÊNCIO DIAS» dirigido pessoalmente os trabalhos contando com a colaboração do escultor «LEOPOLDO DE ALMEIDA» (1898-1975), autor dos baixos-relevos da fachada e interiores.
O novo «ÉDEN TEATRO» foi inaugurado no dia 1 de Abril de 1937, com a peça "BOCAGE" numa cerimónia memorável presidida pelo chefe do Estado na época, "MARECHAL CARMONA".
Com capacidade para 1440 espectadores era uma das maiores salas do seu tempo. Após a inauguração, o novo «ÉDEN» apresentaria apenas mais duas revistas. Depois converteu-se definitivamente em sala de cinema com o mérito de ser, no "coração" de LISBOA, uma referência ao longo de 50 anos.
Durante a «SEGUNDA GUERRA MUNDIAL» o «ÉDEN» foi o cinema mais concorrido de Lisboa.
A 1 de Outubro de 1966, o IPPAR reconheceu o edifício como "IMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO".
Nos anos 80 o esplendor e o brilho do «ÉDEN» apagaram-se. Com a projecção no último dia do ano de 1989, o filme «OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS», fechava para sempre as portas do cinema «ÉDEN».
Na melhor sala de cinema dos anos 30 o tempo finalmente parou.
Na última noite de 1989, o «ÉDEN» estava entregue ainda aos cuidados das mesmas gentes que lhe conheciam todos os cantos.
Explorado pela distribuidora «LUSOMUNDO» desde 1974, o «ÉDEN» sobreviveu a sua própria época.
No ano de 1988 o «ÉDEN» foi adquirido pelo «GRUPO AMORIM», do empresário nortenho «AMÉRICO AMORIM».
Existia uma proposta para salvar o «ÉDEN» por parte da edilidade, na preservação do "velho" edifício, esse compromisso veio a acontecer, já a compra pela «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA» não se chegou a concretizar.
O «ÉDEN» volta a abrir as suas portas cerca de dois meses, entre Novembro de 1990 e Janeiro de 1991. O protesto foi a exposição, dirigida por «HENRIQUE CAYATTE» (um dos maiores defensores da exclusividade cultural do "ÉDEN"), que questionava o futuro de um edifício carismático em vias de destruição. A exposição foi denominada «CASSIANO BRANCO E O ÉDEN».

O «GRUPO AMORIM» começou com o processo de recuperação e remodelação do edifício. O novo «ÉDEN» teve a colaboração do arquitecto francês «GEORGE PENCREACH» e do arquitecto português «FREDERICO VALSASSINA».
O imóvel é hoje ocupado em parte por um hotel de luxo, nos pisos superiores, e num espaço comercial no andar térreo, onde podemos destacar uma «LOJA DO CIDADÃO».
No renovado «ORION EDEN» que em tempos fora um TEATRO e CINEMA, é hoje um agradável hotel, mantendo a encantadora fachada original de «CASSIANO BRANCO» e os baixos-relevos do mestre «LEOPOLDO DE ALMEIDA».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VII ]- O HOTEL AVENIDA PALACE»

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