sábado, 30 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XI ]

 Rua de dona Estefânia - (2009) Foto de autor não identificado (Fachada do antigo "Liceu Camões" na "Praça José Fontana", na parte sul) in ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
 Rua de dona Estefânia - (c. de 1909) Foto de Alberto Costa Lima (O "Liceu Camões" actual "Escola Secundária de Camões" no antigo "Largo do Matadouro", ano sensivelmente da sua inauguração)(Abre em tamanho Grande) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (c. de 1909) Foto de Joshua Benoliel (O antigo "Liceu Camões" hoje "Escola Secundária de Camões" na actual "Praça José Fontana") (Abre em tamanho grande) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (1909) Foto de Jushua Benoliel (Fachada do "Liceu Camões" no ano da sua inauguração no "Largo do Matadouro" antes "Largo da Cruz do Tabuado", actual "Escola Secundária de Camões") (Abre em tamanho grande) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (antes de 1909) (Planta do primeiro andar do "Liceu Camões" no "Largo do Matadouro", depois "Praça José Fontana) in ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES 
Rua de dona Estefânia - (Depois de 1909) Foto de Alberto Carlos Lima (O "Liceu Camões" actual "Escola Secundária de Camões"; arranjos na "Praça José Fontana" que seria inaugurada em 1915) (Abre em tamanho grande) in AFML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XI ]

«O LICEU CAMÕES ( 1 )»

Ainda no inicio do século vinte este local era conhecido como o "Sítio da Bemposta", compreendido entre a antiga "CRUZ DO TABUADO", depois "LARGO DO MATADOURO" e desde 1915 por "PRAÇA JOSÉ FONTANA", e prolongava-se sensivelmente até ao "LARGO DE SANTA BARBARA" para nascente.
No ano de 1900 presidia ao Governo do Reino «JOÃO FRANCO» que resolveu mandar construir três Liceus em LISBOA. Começou por mandar concluir o Liceu na cerca do "CONVENTO DE JESUS" o «LICEU PASSOS MANUEL», cujas obras estavam paradas há mais de dez anos, e adquirir terrenos no sítio da ESTRELA e na "CRUZ DO TABUADO", para a construção de mais dois.
O primeiro a ser concluído foi o da "CRUZ DO TABUADO", e foi-lhe dado o nome de «LICEU CAMÕES». Foi o primeiro liceu moderno de LISBOA, promovido pelo ESTADO no âmbito de uma política de fomento do ensino, e projectado pelo Arquitecto «MIGUEL VENTURA TERRA»(1866-1919) e construído por "ANTÓNIO RIBEIRO".
Teve a sua inauguração no dia 8 de Novembro de 1909.

O edifício é formado por três corpos ligados, um central e dois laterais, por onde se dividem diferentes aulas, bem arejadas e cheias de luz, que deixam entrar livremente pelas amplas janelas que enchem de claridade as vastas salas de modo que todos ali se possam sentir bem, muito especialmente nas aulas de desenho para receberem ainda mais luz.
A construção do novo espaço foi aprovado, e autorizado um empréstimo no valor de Duzentos Contos de Réis, "destinado à aquisição do terreno e construção do edifício para o "LICEU CENTRAL" da 1ª zona escolar", ficando a restante verba destinada para a aquisição do seu mobiliário.
As obras tiveram início no ano de 1908 e foram finalizadas (muito rapidamente) em 21 meses quase no final de 1909. Entretanto por Decreto de 9 de Setembro de 1908, a designação muda oficialmente para «LICEU CAMÕES».
O Liceu foi construído no "LARGO DO MATADOURO", sob fortes críticas, por ser de difícil acesso e distante para os alunos. Embora fosse uma zona de expansão, três anos depois da abertura, o local continuava ermo e inóspito, existindo nas proximidades somente o "MATADOURO" e a "ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA".
No ano de 1911 é publicado o regulamento interno, onde se define a vida da "ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DO LICEU CAMÕES", fundada em 9 de Fevereiro do mesmo ano. Mais tarde foi reformulada acentuando-se o controlo institucional por parte do "Reitor", a "Associação" dedicava-se, em grande parte, à afirmação Cultural do Liceu, nomeadamente através da organização de festas escolares, eventos desportivos, ocupação de tempos livres nas férias grandes, actividades de assistência e escutismo.
No ano de 1936 com o "ESTADO NOVO", a "ASSOCIAÇÃO" foi extinta e as suas actividades lúdicas integradas na "Mocidade Portuguesa".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XI ]-O LICEU CAMÕES ( 2 )»

quarta-feira, 27 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ X ]

 Rua de dona Estefânia - (2012) - (Antigas Instalações da "Escola Superior de Medicina Veterinária" na "Rua Gomes Freire") in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (2009) Foto de autor não identificado (A Fachada da "Escola Superior de Medicina Veterinária" na "Rua Gomes Freire" junto da "Praça José Fontana" in  FLICKR
 Rua de dona Estefânia - (2009) Foto de autor não identificado (Fachada da "Escola Superior de Medicina Veterinária" na "Rua Gomes Freire") in FLICKR
 Rua de dona Estefânia - (entre 1975-1983) Estúdio Mário Novais (1933-1983) (A Escola Superior de Medicina Veterinária" na "Rua Gomes Freire. Actualmente a "Faculdade de Medicina Veterinária" funciona nas instalações da "Universidade Técnica de Lisboa" no Alto da Ajuda) in FLICKR
 Rua de dona Estefânia - (entre 1975 e 1983) Estúdio Mário Novais (1933-1983) (Fachada  da  "Escola Superior de Veterinária" na "Rua Gomes Freire") in FLICKR
Rua de dona Estefânia - (entre 1975-1983) Estúdio Mário Novais-1933-1983 (Fachada mais a Sul da antiga "Escola Superior de Medicina Veterinária" vista da "Rua Gomes Freire") in FLICKR

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ X ]

«A ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA»

Na «RUA GOMES FREIRE» (antiga "Estrada da Cruz do Tabuado" no século XIX), esquina para a «RUA ESCOLA MEDICINA VETERINÁRIA» e próximo da «PRAÇA JOSÉ FONTANA», vulgarmente conhecido por «LARGO DO MATADOURO», que anteriormente se denominava por «LARGO DA CRUZ DO TABUADO», existe um grande edifício onde se realizaram estudos de Medicina Veterinária a: «ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA».
Oficialmente o ensino das "Ciências Veterinárias" foi instituído em Portugal por alvará régio de 29 de Março de 1830. Embora os primeiros estudos de Veterinária tenha dado os seus passos em 1559, na "Universidade de Évora" onde existiu a "FACULDADE DE ALVEITARIA" ( 1 ).
Com carácter independente, a "Escola de Veterinária" data do ano de 1830, instalada num Convento, depois no "Colégio da Luz", passando em 1833 para o já desaparecido "CONVENTO DOS BRUNOS" (ao Salitre) em Lisboa.
No ano de 1836 a "Universidade de Coimbra" terá criado uma cadeira (independente de Lisboa), do ensino no Campo da "Veterinária  e Agrícola", afecta à "FACULDADE DE FILOSOFIA".
Só em 1855 a "Escola Militar Veterinária" (que transita em 1852 do Ministério da Guerra e da Agricultura), se veio instalar neste local de "GOMES FREIRE", incorporada no "INSTITUTO AGRÍCOLA" e "ESCOLA REGIONAL" a funcionar neste sítio (1853) em terrenos doados pela rainha «DONA MARIA II» (herdeira da "Quinta Velha" e da BEMPOSTA).
O ensino de veterinária nessa altura era subsidiário do ensino agrícola, mas a reorganização do "Instituto" em 1864 a e reforma de 1901, deram independência aos estudos de Veterinária, como aliás estava indicado. Foi então criada a designação de "INSTITUTO DE MEDICINA VETERINÁRIA".
Em 1910 as duas faculdades de ensino separam-se; para a "Tapada da Ajuda" foi a "ESCOLA SUPERIOR DE AGRONOMIA", no casarão velho da "Gomes Freire", ficou a «ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA», que por reconhecimento do ensino da medicina passou a designar-se em 1918, "ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA" e a poder conferir o grau de doutor em Medicina Veterinária.
Em 1930 foi criada em Lisboa a «UNIVERSIDADE TÉCNICA" englobando a "ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA", o "INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA", o "INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO" e ainda o "INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E FINANCEIRAS".
Com a aprovação dos Estatutos da "UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA", em 1 de Agosto de 1989, a "ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA" passou a designar-se "FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA". Actualmente esta "FMV-Faculdade de Medicina Veterinária" funciona maioritariamente nas instalações do Polo Universitário do "Alto da Ajuda".
Assim este estabelecimento de ensina na Veterinária, herdeira de um passado historicamente rico e prestigiante, poderá ser considerada a instituição oficialmente credenciada do ensino das "CIÊNCIAS VETERINÁRIAS" em Portugal.

( 1 ) - Arte de curar empiricamente as doenças dos animais; veterinária, hipiátrica - arte de ferrar as bestas ou cavalgaduras.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XI ]- O LICEU CAMÕES (1)» 

sábado, 23 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ IX ]


 Rua de dona Estefânia - (1963) - (Alunas da "ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS ANTÓNIO ARROIO" numa visita à SÉ de LISBOA na década de sessenta do século passado) (Nome de alguns alunos, com pena de não nos lembrarmos de todos) 1ª fila - Maria Amélia Soares, Campino - 2ª fila - Amélia Ramos, Ana, Salvado, e Cacilda - 3ª fila Conceição do Montijo - 4ª fila Xaxão, Ana Isabel, Vicencia, Luísa, Dulce e Fátima) (Foto gentilmente cedida por uma ex-aluna deste estabelecimento de ensino, D. Amélia Ramos Baptista) in ARQUIVO/APS
 Rua de Dona Estefânia - (2012) - (Fachada da antiga "Escola Artística António Arroio" na "Rua Almirante Barroso") in GOOGLR EARTH 
 Rua de dona Estefânia - A "Rua Almirante Barroso" no lado esquerdo ao fundo as antigas instalações da "Escola Artística António Arroio" in GOOGLE EARTH 
 Rua de Dona Estefânia (1962) - (Professor de Matemática do 1º ano na "Escola de Artes Decorativas António Arroio", Dr. Fernando Santos) (Foto gentilmente cedida por uma ex-aluna deste estabelecimento de ensino, D. Amélia Ramos Baptista) in ARQUIVO/APS
 Rua de dona Estefânia - (1964)  (Uma aula de Pintura na "Escola de Artes Decorativas António Arroio". Com imensa pena só nos lembramos um nome o João Honório) (Foto gentilmente cedida por uma aluna deste estabelecimento de ensino, D. Amélia Ramos Baptista) in ARQUIVO/APS
 Rua de dona Estefânia - (Século XX) (Retrato do Engenheiro António Arroio" publicado na Revista Flama em 24.02.1956) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
Rua de dona Estefânia - (2007) (Panorama das novas instalações da "Escola Artística António Arroio" na "Rua Coronel Ferreira do Amaral" no Bairro das Olaias) in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ IX ]

«A ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO ( 2 )»

Com a conclusão em 1970 das novas instalações situadas na "RUA CORONEL FERREIRA DO AMARAL" no "BAIRRO DAS OLAIAS" freguesia de "SÃO JOÃO" hoje "PENHA DE FRANÇA", a escola mudou-se fisicamente para umas instalações dignas, local que ainda ocupa.
Depois de 1971 nova reforma que resultou a reformulação dos cursos gerais e a introdução dos cursos complementares, vocacionados para acesso ao ensino superior.
Com a revolução do 25 de Abril de 1974 e a decorrente extinção do ensino técnico-profissional, foram suprimidos vários cursos e criados outros e todas as escolas técnicas e liceais passaram a designar-se de secundárias.
Assim, também esta unidade de ensino passou a designar-se «ESCOLA SECUNDÁRIA ANTÓNIO ARROIO».
Em 1980 foi criado o 12º ano estruturado em duas vias: uma vocacionada para o prosseguimento de estudos, e outra orientada para a vida activa.
A partir de 1993, em sequência da lei de bases do sistema educativo e de legislação subsequente, foi finalmente possível recuperar para o nome da escola a evocação de carácter artístico do ensino que sempre a distinguiu, passando a designar-se «ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIA ARROIO».
Na resposta ao aumento de alunos, foi o edifício escolar projectado em 2009, para ser integralmente remodelado.
A «ANTÓNIO ARROIO» (como normalmente é conhecida) continua a revelar-se como espaço de aprendizagem onde os alunos desenvolvem livremente a imaginação e a capacidade criativa, cultivam o direito à diferença e alcançam competências que os tornam geralmente capazes, quer para o prosseguimento de estudos no ensino superior, quer o exercício de actividade várias no campo artístico.
O antigo edifício que tinha sido construído na «RUA ALMIRANTE BARROSO» (ARROIOS) para a "ESCOLA DE CERÂMICA ANTÓNIO AUGUSTO GONÇALVES» onde funcionou durante 36 anos a «ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS ANTÓNIO ARROIO», faz hoje parte da "ESCOLA SECUNDÁRIA CAMÕES" (antigo Liceu CAMÕES), que lhe fica contígua.

Além dos almoços de confraternização que promovem alguns ex-alunos da «ANTÓNIO ARROIO», também estudantes da mesma escola, fazem anualmente - pelo Carnaval - uma romagem ao antigo edifício da «RUA ALMIRANTE BARROSO».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ X ] - A ESCOLA SUPERIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA»

quarta-feira, 20 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VIII ]

 Rua de dona Estefânia - (2012) (Antigas instalações da "ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO" na "Rua Almirante Barroso") in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (1964) - (Uma visita de estudo ao "Jardim Zoológico de Lisboa" das alunas do 3º ano do Curso de Pintura da "ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS ANTÓNIO ARROIO")(Nomes de algumas alunas, da esquerda para a direita, em baixo: Lurdes, Ana, Amélia Ramos, e Conceição, na parte de cima: Cacilda, Xaxão, Ana Isabel e a Fátima com a mão na cabeça) (Foto gentilmente cedida por uma ex-aluna deste estabelecimento de ensino, D. Amélia Ramos Baptista) in ARQUIVO/APS

 Rua de dona Estefânia - (2012) (Panorama das antigas instalações de "Escola Artística António Arroio" na "Rua Almirante Barroso") in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (anos 20 do século passado) (A figura de "António Arroio", desenhada pelo seu amigo "António Cândido) in ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO
 Rua de dona Estefânia - ( c. de 1960) Foto de Arnaldo Madureira (A antiga "Escola Artística António Arroio" na "Rua Almirante Barroso") in AFML
Rua de dona Estefânia - (1964) ("Escola de Artes Decorativas António Arroio" uma aula de pintura) (Dos doze alunos foram identificados nove, a Amélia Ramos, Ana Garcia, Branca, Cacilda, Filipe, Lurdes, Maria Amélia Soares, Salvador e a Xaxão) (Foto gentilmente cedida por uma ex-aluna deste estabelecimento de ensino, D. Amélia Ramos Baptista) in ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VIII ]

«A ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO ( 1 )»

A «ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO» tem como patrono «ANTÓNIO JOSÉ ARROYO» (1856-1934).
Uma escola fundada em 1919 em Lisboa  a «ESCOLA DE ARTE APLICADA DE LISBOA», destinada para se dedicar ao ensino das artes industriais. "ROQUE GAMEIRO" esteve à frente desta escola, tendo desenvolvido este ensino, durante onze anos.
Em 1930 surge uma nova organização para o ensino técnico profissional (1 ), foi a escola extinta e o seu ensino integrado (em secção) na «ESCOLA INDUSTRIAL FONSECA BENEVIDES» até 1934, ano em que, pelo elevado número de alunos matriculados, "e pela sua natureza, independente dos restantes cursos" ( 2 ), foi necessário recriar a escola de Arte Aplicada.
Nesse ano de 1934 morre "ANTÓNIO JOSÉ ARROIO" Engenheiro que tanto se interessara pelo ensino autónomo da arte aplicada.

«ANTÓNIO JOSÉ ARROIO» nasceu no PORTO em Fevereiro de 1856 e formou-se em engenharia na ACADEMIA DO PORTO. A sua actividade profissional no Ministério das Obras Públicas levou-o a viajar muito pela EUROPA. As suas qualidades intelectuais (autor de várias obras tanto na música como nas ARTES PLÁSTICAS) e formação polivalente, levaram a que, nas suas deslocações ao estrangeiro fosse encarregado de visitar e estudar a organização de várias escolas em FRANÇA e INGLATERRA.
Mais tarde publica vários estudos e relatórios sobre o ensino "INDUSTRIAL E COMERCIAL" que contribuíram de forma importante para a reforma neste ramo de ensino.
Assim nos aparece a «ESCOLA INDUSTRIAL ANTÓNIO ARROIO (ARTE APLICADA)» num edifício situado na "RUA ALMIRANTE BARROSO" ( no sítio de ARROIOS) que tinha sido construída para a escola de cerâmica "ANTÓNIO AUGUSTO GONÇALVES" em 1924 e nela se veio a integrar.
No ano de 1948 nova reforma para o ensino técnico, a escola passou a designar-se «ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS ANTÓNIO ARROIO» dirigida por "ROGÉRIO DE ANDRADE" e a partir de 1953 por "LINO ANTÓNIO". Foram introduzidos novos planos de estudo, podendo os alunos sair diplomados nos cursos da secção preparatória às «BELAS ARTES», de desenhador gravador litógrafo, de pintura decorativa, de escultura decorativa, de cerâmica decorativa, de cinzelagem e mobiliário artístico.
Dado o forte incremento da frequência escolar, o espaço do edifício tornou-se reduzido, havendo necessidade de desdobrar uma secção (que funcionou na "ESCOLA PREPARATÓRIA MANUEL DA MAIA" em 1964/65 e na "ESCOLA INDUSTRIAL MARQUÊS DE POMBAL" entre 1965 e 1970), e simultâneamente arranjar um projecto para um novo edifício.

( 1 ) - Instituída pelo Decreto nº 18:420, de 4 de Junho de 1930.

( 2 ) - Diário do Governo, I Série de 06.12.1934,  Decreto-Lei Nº 24:747, da mesma data.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ IX ] A ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO ( 2 )»

sábado, 16 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VII ]

 Rua de Dona Estefânia - (2012) (No "LARGO DE DONA ESTEFÂNIA" encontra-se ao centro a estátua de Neptuno de 1771, da autoria do grande escultor "Joaquim Machado Castro", tendo sido a primeira morada do Neptuno o "Chafariz do Loreto") in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2006) Foto de BARRAGON (O "Largo de Dona Estefânia" com o seu lago e estátua do "Neptuno") in SKYSCRAPERCITY
 Rua de Dona Estefânia - (2006) Foto de Barragon (O "Largo de dona Estefânia" no seu esplendor) in SKYSCRAPERCITY 
 Rua de dona Estefânia - (195-) Judah Benoliel (Obras para a colocação do Lago e Estátua no "Largo de dona Estefânia") in AFML 
 Rua de dona Estefânia - (195-) Foto de Judah Benoliel (Obra  do lago e estátua no "Largo de dona Estefânia, que nesta fase da construção estavam a colocar o ferro para fazerem o fundo o Lago) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (195-) foto de Judah Benoliel (A obra estava já nos arranjos finais de cantaria e ajardinamento) in AFML
 Rua de dona Estefânia - (1950) foto de Judah Benoliel (Estátua de "Neptuno" do "Largo de dona Estefânia", esteve durante alguns anos na "Praça do Chile") in AFML  
Rua de dona Estefânia - (1969) Foto de Artur Inácio Bastos (A estátua de "Neptuno" do escultor "Machado de Castro" esteve até 1950 na "Praça do Chile". Data do ano de 1771,  hoje permanece no "Largo de dona Estefânia") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VII ]

«O LARGO DE DONA ESTEFÂNIA»

O «LARGO DE DONA ESTEFÂNIA» localiza-se na actual freguesia de «ARROIOS», anteriormente designada por «SÃO JORGE DE ARROIOS». Este largo encontra-se a meio da extensão da "RUA DE DONA ESTEFÂNIA" próximo do «HOSPITAL DE D. ESTEFÂNIA».
O Lago assume a designação do local por Deliberação Camarária de 10.04.1893 e por Edital de 19.04.1893. Convergem para o largo, além da «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» a «RUA ALMIRANTE BARROSO», «AVENIDA CASAL RIBEIRO» e a «RUA PASCOAL DE MELO».
O topónimo homenageia «D. ESTEFÂNIA JOSEFA FREDERICA GUILHERMINA ANTÓNIA DE HOHENZOLLERN-SIGMARINGEN, rainha consorte de "D. PEDRO V».
Seu nome completo em alemão: "JOSEPHA FRIEDERIKE WILHELMINE ANTONIA VON HOHENZOLLERN-SIGMARINGEN". Nasceu no castelo de "KRAUCHENWIES", "DONA ESTEFÂNIA" era a filha mais velha de «CARLOS ANTÓNIO», príncipe de "HOHENZOLLERN" e da princesa «JOSEFINA» de "BADEN".

A estátua de «NEPTUNO» (Deus dos Mares) que veio ornamentar o Largo, foi colocada no centro, num lago com repuxos, construído no local.
Esta estátua de mármore de Carrara (Toscana), é da autoria do mestre escultor "MACHADO CASTRO", organiza-se sobre duas taças, num estilo barroco, onde se pode evidenciar a força do Deus mítico. A peça é ainda composta por uma concha evocativa do carro real. O tridente colocado nas mãos de "NEPTUNO" tem uma forte analogia com o raio de "ZEUS" (senhor do Céu e soberano dos deuses).
A imagem de "NEPTUNO" data do ano de 1771 e fazia parte do antigo «CHAFARIZ DO LORETO» onde permaneceu até 1853 no «LARGO DO CHIADO».
Após a desmontagem do chafariz, a estátua de "NEPTUNO" terá viajado muito por LISBOA. Passou pela "MÃE-DE-ÁGUA" (nas AMOREIRAS), em 1866 estava no «MUSEU DE ARQUEOLOGIA DO CARMO» a descansar, sendo deslocado em 1881 para o jardim da «ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DOS BARBADINHOS», onde ficou até 1941 (aproximadamente).
No princípio de 1942 fazia mais uma viagem para a «PRAÇA DO CHILE» onde permaneceu exposto (com dignidade) até meados de 1950.
Terá nesse ano de cinquenta sido retirado da «PRAÇA DO CHILE» (para nela ser  colocada a estátua de «FERNÃO DE MAGALHÃES» e o «NEPTUNO» fazia mais uma viagem, desta vez até ao «LARGO DE DONA ESTEFÂNIA» para completar o belo conjunto do lago com seus repuxos, que ainda hoje pode ser apreciado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VIII ] - A ESCOLA ARTÍSTICA ANTÓNIO DE ARROIO ( 1 )»

terça-feira, 12 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VI ]

 Rua de Dona Estefânia - (2012) -(O edifício construído no local onde tinha existido um cinema de bairro nos anos 30 do século passado, de nome -"TRIANON",  "PALÁCIO"  e "AVIS") in GOOGLE EARTH 
 Rua de Dona Estefânia - (2010) Foto de Luís Aguiar (Edifício no local do antigo cinema, na esquina da "Avenida Duque D'ÁVILA" com a "Rua de Dona Estefânia") in PANORAMIO
 Rua de Dona Estefânia - (anos 50) (Planta do "Cinema Palácio" no início dos anos cinquenta do século passado) in AFML
 Rua de Dona Estefânia - ( c. 1960) foto de Arnaldo Madureira (Cinema Avis, antes Palácio na "Avenida Duque d'Ávila", 45 esquina para a "Rua de Dona Estefânia") in AFML
 Rua de Dona Estefânia - (1956) - (O interior do cinema AVIS nos anos cinquenta) in AFML
Rua de Dona Estefânia - (1932) (Anúncio da programação no cinema "TRIANON-PALÁCIO" nos anos trinta) in LISBOA 
 Rua de Dona Estefânia - (1930) (Notícia num jornal da época, da inauguração do novo cinema "TRIANON-PALACE", publicado no dia 2 de Janeiro de 1930) in LISBOA
Rua de Dona Estefânia - (1956) (Anúncio do Cinema AVIS na estreia de "A TIRANA" com a espanhola "Paquita Rico" e o actor português "Virgílio Teixeira". A vida, os amores e a glória da "Severa" espanhola) in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VI ]

«O CINEMA - TRIANON - PALÁCIO - AVIS»

O edifício grande na esquina da «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» mas com entrada principal já na «AVENIDA DUQUE DE ÁVILA» no número 45,  ficava o cinema uma casa de espectáculos que foi mudando de nome com os anos, mas se manteve até à década de 80 como atracção do «BAIRRO ESTEFÂNIA» e seus vizinhos.
Hoje, bem se pode olhar à procura... Os prédios foram todos substituídos, e é preciso uma imaginação a toda à prova para lembrar que, sensivelmente no sítio onde agora está um super mercado de uma conhecida cadeia, existiu o «AVIS», que também foi «PALÁCIO» e que até foi «TRIANON».
Olhe o leitor para o super mercado que se abre para a «AVENIDA DUQUE DE ÁVILA», parte integrante de um prédio janota, com torre e tudo, e imagine-se em 1930.
Se o conseguir, saberá que naquele local, no dia 1 de Janeiro, era inaugurado o «TRIANON», o primeiro cinema das «AVENIDAS NOVAS».
Tinha 500 lugares, divididos por duas plateias e umas tantas frisas. Foi um projecto arrojado do empresário «AUGUSTO DE ORNELAS BRUGES» que comprou o terreno mesmo em frente da antiga estação de recolha de eléctricos do «ARCO DO CEGO».
Não durou muito tempo com este nome. Dois anos depois, houve alterações na casa, novos donos, foi acrescentado um balcão, e o cinema passou a chamar-se «PALÁCIO».
O empresário «VICENTE ALCÂNTARA», que também era dono do cinema «ODEON» (na "Rua dos Condes"), explorava a sala, pelo que os filmes se alternavam entre as duas salas.
No dia 29 de Novembro de 1956 surgiam novos donos e novo nome: o «PALÁCIO» morreu e nasceu o «AVIS».
Aproximada três décadas o «AVIS» terá sido a sala de cinema de referência em LISBOA, em finais de oitenta encerrava, e nos anos  90 do século passado, acabaria por ser demolido para dar lugar a prédios de habitação e comércio.
Como curiosidade o filme «TRINITÁ, COWBOY INSOLENTE» terá sido o último grande êxito ali exibido, pelo menos a avaliar pelo tempo que esteve em cartaz, dizem que a permanência foi dois anos.
Nada resta do CINEMA. Nem a memória do prédio, arrasado que foi o interior: O «TRIANON - PALÁCIO - AVIS» passou à categoria de documento histórico. 
EPÍLOGO - Esta casa de espectáculos estava situada na «AVENIDA DUQUE DE ÁVILA», 45 cujo edifício fazia esquina com a «RUA DE DONA ESTEFÂNIA».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO) «RUA DE DOMA ESTEFÂNIA [ VII ] O LARGO DE DONA ESTEFÂNIA»  

sábado, 9 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ V ]

 Rua de Dona Estefânia - (2012) - (Entrada principal do "HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA" pela "Rua Jacinta Marto"(antigo troço da "Rua Joaquim Bonifácio") in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2007) (Panorama do "Hospital Dona Estefânia" de nascente para poente, vendo-se depois da "Rua Joaquim Bonifácio"(indicação errada da Google, devia ser "Rua Jacinto Marto") as instalações da Academia Militar. Mais para poente destacado um edifício todo branco a "Polícia Judiciária" e mais para trás a "Escola Sup. de Medicina Veterinária e a "Praça José Fontana") in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2012) (A fachada da entrada principal do Hospital Dona Estefânia) in NOTÍCIAS GRANDE LISBOA
 Rua de Dona Estefânia - (2011) Foto de Mário Plácido (Entrada do "Hospital Dona Estefânia" pela "Rua Jacinta Marto") in TERTÚLIA DO GARCIA
Rua de Dona Estefânia - (2011) -Foto de Ivo Firmino (Fonte dentro do "Hospital Dona Estefânia") in CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ V ]

«O HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA ( 2 )»

Os custos que a manutenção do HOSPITAL e sucessivas obras de ampliação, representavam um grande encargo para a "CASA REAL", que levou o Rei a doá-lo ao ESTADO em 1872,  «com todos os direitos de propriedade e todas as suas pertenças».
O edifício, de estrutura quadrangular, possuía um vasto claustro interior e estava implantado num parque arborizado com jardim.
A entrada principal foi encimada por uma decoração em pedra lioz a qual incluía um escudo bipartido com o brasão "Real Português" à esquerda e o brasão da "Casa Hohenzollern" à direita.
A intenção inicial de destinar o Hospital ao internamento exclusivo de crianças doentes ou órfãos das epidemias de febre amarela e de cólera,  não pode ser respeitada porque o excesso de doentes no «HOSPITAL REAL DE SÃO JOSÉ» obrigou a transferir parte deles para lá. Apesar disso o rei "D. LUÍS" ordenou que no novo hospital continuasse a funcionar pelo menos uma enfermaria para crianças.
Quando, no início do século vinte, "CURRY CABRAL" foi nomeado enfermeiro-mor, era ainda um Hospital muito bom, mas encontrava-se já um pouco deteriorado. Possuía casa mortuária e casa de autópsias e dois "PAVILHÕES-BARRACAS" erguidos no parque.
No Regulamento Geral dos Serviços Clínicos de 1901, estava definido que o hospital tivesse enfermaria de Pediatria, três enfermeiras de Medicina e três de Cirurgia só para mulheres, e um Banco de curativos. Posteriormente o serviço de Cirurgia passou a ter uma secção masculina.

A partir da década de sessenta do século passado foram iniciadas obras importantes com vista a transformar o "HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA" numa unidade hospitalar destinada exclusivamente ao internamento de crianças. Em consequência destas obras desapareceu o claustro que existia no edifício, cuja área foi transformada numa ampla sala de reuniões. O belo fontanário que existia no centro do claustro foi transferido para o jardim que circunda o hospital.
Na época da construção do "HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA" a decoração com azulejos - que tiveram um período áureo no século XVIII - já se encontrava numa fase de franca decadência. As INVASÕES FRANCESAS, as LUTAS LIBERAIS e a instabilidade política, provocaram uma crise profunda no nosso sistema produtivo durante a primeira metade do século XIX, e o fabrico de azulejos foi, por isso, seriamente afectado. É talvez por essa razão que não existe no "HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA" nenhuma zona decorativa com azulejos.
Nos anos 60 estava o HOSPITAL tal como desejava «DONA ESTEFÂNIA», o corpo principal estava ocupado apenas com especialidade de pediatria. Em pavilhões anexos funcionava a "MATERNIDADE MAGALHÃES COUTINHO", transferida do "HOSPITAL DE SÃO LÁZARO" em 1970, e um "SERVIÇO DE OTORRINOLARINGOLOGIA" destinado também a crianças.
O «CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA CENTRAL,-EPE» foi criado em 28 de Fevereiro de 2007 através do Decreto-Lei 50-A/2007 e juntou o «CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA - ZONA CENTRO», compreendido pelos hospitais: «SÃO JOSÉ»; «SANTO ANTÓNIO DOS CAPUCHOS»; «SANTA MARTA» e o «HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ VI ]-O CINEMA - TRIANON-PALÁCIO-AVIS».

quarta-feira, 6 de março de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ IV ]

 Rua de Dona Estefânia - (2007) (Panorâmica do "Hospital Dona Estefânia" com a sua entrada principal pela "Rua Jacinta Marto", antigo troço da "Rua Joaquim Bonifácio") in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2012) - (Entrada lateral do "Hospital dona Estefânia", pela "Rua de Dona Estefânia") in GOOGLE EARTH 
 Rua de Dona Estefânia - (A entrada do "Hospital Dona Estefânia") in CIDADANIA LX
 Rua de Dona Estefânia - (Quarto quartel do séc. XIX) (A Planta do "Hospital Dona Estefânia" o  edifício estava dividido  em quatro corpos principais, formando uma Cruz, autoria do arquitecto Humbert) in CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA
 Rua de Dona Estefânia - (Quarto quartel do séc. XIX) (Uma das enfermarias do primitivo "Hospital dona Estefânia", cada enfermaria tinha 32 camas) in CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA
 Rua de Dona Estefânia - (Quarto quartel do séc. XIX) (Parte inferior em abóbadas sobre as quais assenta o Hospital) in CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA
Rua de Dona Estefânia - (Quarto quartel do século XIX) (Claustro com fonte ao centro e capela no topo Norte, do primitivo "Hospital de Dona Estefânia") in CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ IV ]

«O HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA ( 1 )»

Habituada a outras condições económicas e sanitárias, «DONA ESTEFÂNIA» impressionou-se vivamente com o estado de pobreza e abandono em que veio encontrar muitas crianças portuguesas
Daí lhe veio a ideia de promover (contribuindo materialmente para isso) a construção de um HOSPITAL MODERNO, destinado exclusivamente às crianças. «D. PEDRO V» logo abraçou a ideia e mandou pedir para INGLATERRA, ao "Príncipe Alberto" marido da "RAINHA VITÓRIA", o respectivo projecto. Por isso se pensa que era da autoria de um arquitecto inglês. No entanto, "CURRY CABRAL", que considerava o projecto como "o que de mais perfeito a ciência da época aconselhava", refere-se a ele como originário da ALEMANHA, o que não parece impossível se tivermos presente que o príncipe "ALBERTO" tinha, tal como "D. ESTEFÂNIA", ascendência germânica.
Foi destinada para o efeito uma parte da «REAL QUINTA DA BEMPOSTA», a chamada "QUINTA VELHA" (supostamente ter sido adquirida no reinado de "D. PEDRO II" à família da mulher de "ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA(O JUDEU)". Mas a rainha morreu sem ver concretizado o seu sonho.
"D. PEDRO V" pagou do seu bolso a fase inicial da construção. Com o seu desaparecimento em 1861, vítima de uma febre tifóide, a obra foi continuada por seu irmão.
Só no dia em que se completavam 18 anos sobre o falecimento de "D. ESTEFÂNIA" (em 17 de Julho de 1877), os novos soberanos, «D. LUIS» e «D. MARIA PIA», inauguraram o hospital que teve o nome da triste princezinha alemã que o desejou.
O edifício original estava dividido em quatro corpos principais, formando uma Cruz e era constituído por dois pisos de enfermarias. Com quatro enfermarias destinadas a 32 camas. Cada enfermaria tinha cerca de 45 metros de comprimento, por 12 metros de largura e 6 metros de altura. Estas dimensões proporcionam a cada doente 60,3 metros de espaço. Existem 20 janelas por enfermarias, 18 nas paredes laterais e 2 num dos topos, cabendo duas camas a cada janela.
Tratou-se, em LISBOA, do primeiro edifício construído propositadamente para ser hospital: até aí, só se tinham aproveitado antigos Conventos. Conservando o núcleo da construção primitiva, embora tenha sido alvo de sucessivas remodelações que tentam adaptá-lo às sempre a crescentes necessidades e às técnicas que constantemente se vão renovando. 
O Ministro "DUARTE PACHECO" tinha para ali grandes ideias, que a morte não o deixou concretizar. No início dos anos 60, a "FUNDAÇÃO GULBENKIAN" deu largo contributo para a reestruturação de serviços, inaugurados em 15 de Agosto de 1962. As melhorias continuaram, como se impunha. Poucos lisboetas se podem gabar de nunca ter passado, em meninos, "pela Estefânia", nem que fosse para um tratamento ou para uma vacina... Ou até, como agora volta a acontecer, para nascer...
Quanto à rainha-menina, bondosa e romântica, ficou sempre no coração dos lisboetas.
Além do Hospital com seu nome, a cidade quis perpetuá-la numa RUA, num LARGO, numa TRAVESSA, e até um BAIRRO. Lá temos pois por edital de 18 de Agosto de 1879, a "RUA DONA ESTEFÂNIA", a servir de fronteira entre as freguesias da «PENA» (hoje ARROIOS) e de "S.JORGE DE ARROIOS" (hoje simplesmente ARROIOS), o LARGO "baptizado" em Abril de 1893 e uma TRAVESSA mais moderna, devida a edital de Março de 1965. 
Nenhuma rainha, em oito séculos de Monarquia, deu azo a tantas memórias. Efeitos de morrer nova e deixar lenda...

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ V ]- O HOSPITAL DE D. ESTEFÂNIA (2)»