quarta-feira, 17 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVI ]

 Rua de dona Estefânia - (2008) Foto de Dias dos Reis (Painel de azulejos com D. Catarina de Bragança" Rainha de Inglaterra, colocado na antiga Vila de Ourém) in  DIAS DOS REIS 
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) ("Dona Catarina de Bragança" Rainha de Inglaterra in LEME
 Rua de dona Estefânia - (Depois de 1663) ("D. Catarina de Bragança e seu marido "Carlos II" Rei de Inglaterra) in GRUPO DESPORTIVO BAIRRENSE
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) ("Carlos II" Rei da Inglaterra marido de "D. Catarina de Bragança" in LEME
Rua de Dona Estefânia - (Século XVII) ("Lady Castlemaine" uma das principais adversárias de "D. Catarina de Bragança) in HINCH HOOSE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVI ]

«A RAINHA DONA CATARINA DE BRAGANÇA ( 2)»

O Embaixador inglês "SIR RICHARD FANSHAWE" tinha trazido o tratado de casamento para rectificação e mais um documento oficial assinado pelo Rei, contendo a declaração de ser «DONA CATARINA DE BRAGANÇA» sua esposa. Era ele , o Embaixador, encarregado de acompanhar a rainha à Inglaterra; porém, como a vinda da esquadra inglesa demorasse, foi forçado a regressar a Londres, deixando essa honra ao comandante em chefe da frota, o «CONDE DE SANDWICH» que, depois de tomar posse de TANGER em Janeiro de 1662, chegou a LISBOA para esse fim, em Março desse ano.
A 23 de Abril de 1662 a rainha embarcou, rumo para Inglaterra. A esquadra chegou a "PORTS MOUTH" a 14 de Maio e o casamento realizou-se ali a 21 , na igreja de "DOMUS DEI". Foi este casamento protestante, mas nesta mesma manhã, antes de sair dos seus aposentos, "D. CATARINA" fez saber ao REI que não casaria a não ser que o seu matrimónio também se realiza-se pelo rito Católico, e assim aconteceu, realizou-se na sua câmara pelo padre «LORD AUBIGNY», esmoler-mor da rainha, na presença do "CONDE DA PONTE", mais três fidalgos portugueses e duas ou três damas da rainha, também portuguesas. Não assistiu a este cerimónia nenhum inglês a não ser o padre, o próprio Rei e seu irmão, «D. Jaime» o "Duque de YORK", que era católico. O matrimónio de "CARLOS II" com a Infanta de Portugal teve não só o apoio da Rainha-mãe, "HENRIQUETA MARIA", que continuava a residir em PARIS e cuja maior ambição era ver o seu filho convertido ao Catolicismo, mas do próprio "LUÍS XIV", que reforçou os seus conselhos nesse sentido com a oferta de 300 000 pistolas francesas, para as despesas imediatas de "CARLOS II".

A «DONA CATARINA» estava reservada uma dura aprendizagem das regras da corte inglesa. No entanto, o que mais a amargurou foi assistir às permanentes infidelidades do marido até à sua morte em 1685, que suportou com abnegação pelo amor que lhe dedicava.
A primeira prova estava-lhe destinada logo após o matrimónio; "BARBARA PALMER" depois "CONDESSA DE CASTLEMAINE" e amante do Rei (de quem teve vários filhos), conseguiu ser nomeada para dama de companhia da RAINHA. «D. CATARINA», após reagir inicialmente de forma emotiva, ameaçando até regressar a Portugal, aceitou o facto, já que o Rei se mostrou inflexível na sua decisão, tendo-lhe então garantindo que apenas nutria simpatia pela Condessa, por quem se sentia responsável. «D. CATARINA» passou, assim, a  contar com uma fonte de intrigas junto da sua pessoa, já que "LADY CASTLEMAINE" vivia no Paço, ceando regularmente com o Rei. A sua influência seria, nociva, tanto para o relacionamento do casal Real, como para a própria posição de «D. CATARINA» na Corte Inglesa.
A INGLATERRA que «D. CATARINA» conheceu e onde viveu durante 30 anos, era um país dividido, saído de greves perturbações religiosas, sociais e políticas.
A questão religiosa nunca fora pacífica, desde que "HENRIQUE VIII" fundara a INGLATERRA  ANGLICANA e abandonado o «CATOLICISMO» e a fidelidade a ROMA. Embora nunca sofresse uma guerra religiosa semelhante às que ocorriam nos PAÍSES BAIXOS, na ALEMANHA, ou mesmo em FRANÇA, os conflitos entre a maioria protestante e a minoria católica eram constantes.
Apesar da prudência e inteligência com que "CARLOS II" governou a INGLATERRA, o país permanecia dividido e numa situação de tensão social. Foi este ambiente que  "D. CATARINA" encontrou na "sua" nova pátria: "uma corte perigosa e corrupta, com intrigas tecidas e urdidas em todos os corredores".
Dois acontecimentos agravaram a situação da capital: a grande peste, que atingiu a cidade em 1665 e que terá causado a morte a cerca de setenta mil habitantes, e um grande incêndio, que deflagrou a 2 de Setembro de 1666 e que destruiu parte substancial da cidade. O desespero e a superstição popular acabaram por inflamar os ódios contra os católicos, agravando a tensão social existente. «D. CATARINA», olhada com especial desconfiança por ser estrangeira e católica, sofreu vários dissabores, que suportou e enfrentou, contudo, com grande coragem, valendo-lhe o apoio do REI que, apesar do seu comportamento, sempre reconheceu na rainha portuguesa um importante apoio à sua governação.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVII ]-A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA (3)».  

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