sábado, 20 de abril de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVII ]

 Rua de dona Estefânia - (depois de 1663) (D. Catarina de Bragança, Rainha de Inglaterra) in FAMÍLIA REAL PORTUGUESA
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) (O rei "CARLOS II" marido de "D. CATARINA DE BRAGANÇA" in  THE PÚBLIC "I" 
 Rua de dona Estefânia - (Século XVII) (As armas de Inglaterra e Portugal usadas no tempo de D. Catarina) in FAMÍLIA REAL PORTUGUESA
 Rua de dona Estefânia - (1945) Foto de André Salgado ("Palácio da Bemposta" mandado construir por "D. Catarina de Bragança", após o seu regresso de Inglaterra) in  AFML
Rua de dona Estefânia - (1930) Foto de Eduardo Portugal ("Palácio da Bemposta" ou "Paço da Rainha" com sua porta brasonada, alberga actualmente a "Academia Militar") in  AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA  [ XVII ]

«A RAINHA DONA CATARINA DE BRAGANÇA (3)»

Dispondo de vários apoios na corte inglesa, nomeadamente por parte de vários ministros de «CARLOS II», «D. CATARINA» não levou uma vida fácil no decorrer da sua estadia em Inglaterra. As primeiras dificuldades resultaram da própria diferença de costumes.
Os seus trajes e modos eram considerados antiquados pela corte inglesa.
Inicialmente influenciada pelas suas damas (particularmente detestadas pelos Ingleses), "D. Catarina" recusou-se de início a adoptar as modas inglesas, o que em conjunto com a sua devoção religiosa foi motivo de desconfiança e troça.   
Contudo, uma boa parte da sua desventura provinha do próprio REI: embora dedicasse atenção, cuidado e ternura à Rainha, o monarca levou uma vida dissoluta, deixando-se dominar por um conjunto de cortesãs, amantes e preferidas que minavam a posição de "D. Catarina" na corte.
Um dos problemas mais graves que enfrentou foi a incapacidade de dar um herdeiro à Coroa: apesar de ter engravidado várias vezes, a Rainha abortou em todas elas, o que criou um problema grave à própria sucessão do REI.
Deste facto se aproveitaram várias personagens, que nunca viram com bons olhos o casamento do seu Rei com a princesa portuguesa.
Manobrando com o concluio de "Lady Castlemaine", o "Duque de Buckingham", propôs por diversas vezes ao Rei, - embora em vão - o divórcio, sendo uma das propostas particularmente curiosa: previa que "D. Catarina" fosse exilada para a "AMÉRICA DO NORTE», sendo esta "fuga" um motivo para o Rei pedir a anulação do casamento. A população de LONDRES era incentivada a manifestar-se contra a Rainha, o que chegou a acontecer em diversas ocasiões.
"D. Catarina" foi informada de que várias cantigas e inscrições satíricas "corriam" na cidade; uma delas dizia: "três coisas podem ser vistas: Dunquerque, Tânger e uma rainha estéril". A sua figura física era ridicularizada, a sua personalidade, carácter e preferência, motivo de boatos e mentiras de todo o tipo. Porém, o facto mais grave ocorreu nos anos seguintes a 1678 quando, no desenrolar das disputas e intrigas políticas, houve acusação de que se preparava uma conspiração católica contra a vida do Rei, em que "D. Catarina" estaria supostamente envolvida. "CARLOS II", apesar de ter investigado a veracidade desta suposta "conspiração", nunca acreditou que a Rainha tivesse conhecimento de qualquer manobra política obscura, pelo que a posição de "D. Catarina" conseguiu manter-se acima destas disputas.
Em 1685, «CARLOS II» falecia, deixando "D. Catarina" e o país mergulhado no luto. O Rei não deixara descendência legítima, pelo que ocorreu nos anos seguintes uma luta pelo trono.
Sucedeu-lhe o irmão, "DUQUE DE YORK", com o nome de «JAIME II». Católico convicto, não conseguiu sanear a inimizade dos seus opositores, mergulhando a INGLATERRA em nova guerra civil.
"D. Catarina", então doente, decidira que era chegada a hora de voltar à sua pátria, já que nada a retinha ali e não estava disposta a suportar os anos difíceis que se avizinhavam. Para tal, escreveu ao seu irmão «D. PEDRO II», para que tratasse do transporte que a levaria a Portugal. O Rei português, porém, não mostrou pressa em satisfazer os constantes apelos da irmã. O Rei de Inglaterra estava igualmente demasiado ocupado em salvar o seu próprio trono, pelo que "D. Catarina" se viu involuntariamente retida em Inglaterra.
Em 1688, finalmente, "D. PEDRO" autorizou a partida da irmã, mas um novo agravamento da sua doença impediu-a de partir.
Entretanto, a situação complica-se em Inglaterra. O holandês «GUILHERME DE ORANGE», apoiado pelos protestantes, desembarcou em Inglaterra e tomou a "COROA", obrigando «JAIME II» a fugir. Embora isto não colocasse a vida da Rainha em perigo, tornava a sua posição difícil e incómoda, aumentando-lhe assim a vontade de partir.
Contudo, a sua influência na Corte havia aumentado. As suas qualidades, que vinham a ser gradualmente reconhecidas, tornavam-na um interlocutor privilegiado entre católicos a protestantes.
Em Janeiro de 1692, finalmente, estava tudo pronto para o seu regresso a Portugal. Só sairia em Março, sendo saudada pelos Londrinos nas ruas da cidade. Atravessou FRANÇA (onde recebeu um convite de "Luís XIV" para visitar Versalhes, que foi obrigada a declinar) e ESPANHA, tendo entrado pela Beira. O seu percurso até LISBOA inclui Pinhel, Celorico, Gouveia, Santa Comba Dão, Coimbra, Condeixa, Pombal, Alcobaça, Caldas, Alcoentre e Vila Franca de Xira. Recebida pelo Rei «D. PEDRO II», seu irmão, viria a ser designada por duas vezes regente do reino, até falecer 1705, no seu «PALÁCIO DA BEMPOSTA», que mandara erguer e onde passou a maior parte do seu tempo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ XVIII ]-A RAINHA D. CATARINA DE BRAGANÇA (4)».
   

4 comentários:

manuel.m disse...

D. Catarina deixou ainda outra recordação : Green Park ,o único de Londres sem flores e que foi criado por seu marido o Rei Carlos II.Conta a tradição que um dia quando passeava com o Soberano este colheu uma flor que ofereceu a uma cortezã, e a Raínha despeitada mandou arrancar todas as flores lá plantadas,mantendo-se a tradição até hoje de as não ter.

APS disse...

Caro Manuel.M
Obrigado por mais esta curiosidade que, certamente, desconhecida de muitos.
Volte sempre!
Despeço-me com amizade
APS

manuel.m disse...

Estimado APS :
Agradeço tão amaveis palavras e não querendo embaraça-lo com elogios não posso deixar de louvar o seu labor, um verdadeiro serviço público feito com dedicação e desprendimento,e de tão particular significado para mim, lisboeta que sou, imagine, nascido no Rossio e baptizado na Igreja de S. Domingos, e que mar alteroso e ventos fortes fizeram um dia arribar a estas paragens, mas que nunca esqueçeu a sua amada cidade natal.
Bem haja.
manuel.m

APS disse...

Caro Manuel.M
Segundo depreendi está fora de Portugal... Lamento! Embora eu também um dia tivesse emigrado para a África do Sul (1966-1974).

Sabia que é um «ALFACINHA DE GEMA»?
Nascido numa Praça tão importante, antiga e popular, ser baptizado numa "velha" Igreja da cidade de Lisboa. É obra!
Felicidades para si.
Despeço-me com amizade
Agostinho Paiva Sobreira-APS