quarta-feira, 29 de maio de 2013

RUA DO AÇÚCAR [ VII ]

 Rua do Açúcar - (2013) Foto gentilmente cedida por Ricardo Moreira (Vista exterior do "Palácio da Mitra" já sem os carris dos eclécticos na "Rua do Açúcar") in ARQUIVO/APS
 Rua do Açúcar - (ant. a 1998) Foto de António Sacchetti - (A escadaria do "Palácio da Mitra" , aliado à nobre e sóbria arquitectura, fazem deste espaço o mais belo e elaborado do palácio e um exemplar característico da arquitectura palaciana Joanina) in LISBOA - UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Açúcar - (ant. a 1998) Foto de António Sacchetti - (Mais uma foto da belíssima escadaria do "Palácio da Mitra") in LISBOA - UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Açúcar - (1945) Foto de André Salgado ("Palácio da Mitra"  perspectiva da fachada longitudinal do grande corpo rectangular para a "Rua do Açúcar". É visível quer o tratamento do pórtico armorejado em alvenaria, onde se inserem as armas patriarcais, quer o gradeamento do portal exterior onde se podem ler as iniciais em ferro T.C.P. e P.D.L. que exprimem o seguinte significado: «TOMAZ CARDEAL PATRIARCA» - «PRELADO DA DIOCESE DE LISBOA»)  in  AFML
 Rua do Açúcar - (anos 40 do séc.XX) Estúdios Mário Novais (Jardim Superior do Palácio de onde se avista o Tejo, anterior à construção dos armazéns nos anos 50, que lhe tiraram as belas vistas do rio) in AFML
Rua do Açúcar - (Anos 40 do séc. XX) Autor da foto não identificado (Uma vista panorâmica sobre a margem do rio Tejo, com o "Palácio da Mitra" muito perto da margem) in AFML 

(CONTINUAÇÃO)- RUA DO AÇÚCAR [ VII ]

«O PALÁCIO DA MITRA ( 2 )»

No tempo de "D. JOÃO V", o Bispo (no caso Arcebispo) de LISBOA passou a usar o título de Patriarca. E foi exactamente o primeiro prelado a usar essa designação, «D. TOMÁS DE ALMEIDA» (1716-1754), quem mandou proceder à grande remodelação do «PALÁCIO DA MITRA». 
Para tanto, recrutou os serviços do arquitecto italiano "GIACOMO ANTÓNIO CANAVARI», que permaneceu poucos anos em Portugal, mas que ainda deixou obra. Lá trabalharam também "RODRIGO FRANCO" e, muito provavelmente "CARLOS MARDEL".
Além da casa, todo o conjunto dos terrenos da «MITRA» foi alvo de embelezamento e engrandecimento.
A Quinta prolongava-se até ao rio, pelo que chegou a ser construído um cais próprio, onde embarcava na sua galeota rumo à cidade, o Primeiro Cardeal Patriarca de Lisboa.

A casa de repouso dos Patriarcas manteve-se assim perto de um século. Depois, em 1834, quando o ESTADO LIBERAL retirou às Ordens Religiosas e à Igreja em geral grande parte das respectivas instalações, o «PALÁCIO DA MITRA» foi "nacionalizado". Diga-se em abona da verdade, porém, que o acto administrativo não teve por alvo a satisfação urgente de uma necessidade colectiva. De facto, o ESTADO ficou com o Palácio, mas não sabia o que lhe havia de fazer.
Assim, como é costume nestas coisas, depois da anexação veio a "privatização", que talvez ainda não se chamasse assim.
O Palácio e Terrenos, foram adquiridos por dez contos de réis, com a conivência oficial do «MARQUÊS DE SALAMANCA», «D. JOSÉ SALDANHA», banqueiro poderoso muito favorecido pelos poderes públicos, por ter sido um dos fundadores da "COMPANHIA REAL DOS CAMINHOS DE FERRO" e seu concessionário.
Em 1874 o «MARQUÊS DE SALAMANCA» vende o "PALÁCIO DA MITRA", por cerca de cinquenta e quatro contos de réis, a "HORATIO JUSTUS PERRY" ( 1 ), encarregado dos negócios dos E. U. na capital espanhola, e casado desde 1852 com a conhecida poetisa espanhola "CAROLINA CORONADO", os quais se encontravam em LISBOA, desde 1873, hospedados regularmente no célebre "HOTEL BRAGANÇA" (na actual RUA VITOR CORDON)

( 1 ) - JÚLIO DE CASTILHO conhecia muito de perto o bondoso diplomata "Horatio Justus Perry" e a ela faz rasgados elogios no seu livro «LISBOS ANTIGA- O BAIRRO ALTO -Volume III, pás. 128 - 1956 - Lisboa - Publicações Culturais da Câmara municipal de Lisboa.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO AÇÚCAR [ VIII ]-O PALÁCIO DA MITRA ( 3)»

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