sábado, 23 de novembro de 2013

ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ V ]

Alameda D. Afonso Henriques - (2010) Foto de autor não identificado (Fachada do "Cinema Império" na "Alameda D. Afonso Henriques", adquirido em 1992 pelo movimento religioso "IURD") in CINEMA AOS COPOS
Alameda D. Afonso Henriques - (ant. 1952) Foto de António Passaporte (O terreno onde seria edificado o "CINEMA IMPÉRIO" assinalado com um "X", na esquina da "Avenida Almirante Reis" com  a "Alameda D. Afonso Henriques") (Abre em tamanho grande) in AFML
Alameda D. Afonso Henriques - (ant. 1952) Foto de autor não identificado (À esquerda da foto, depois da "Av. Almirante Reis", o terreno que foi ocupado pelo edifício do "CINEMA IMPÉRIO") in RESTOS DE COLECÇÃO
Alameda D. Afonso Henriques - (1952) (Anúncio publicado na Imprensa diária, anunciando a inauguração da sala do "CINEMA IMPÉRIO", em traje de cerimónia. O produto financeiro da representação revertia a favor da Assistência Social da Junta de Freguesia de Arroios e do Inst. Superior Missionário do Ultramar. O título do filme em português "O PREÇO DA JUVENTUDE", em francês "LA BEAUTÉ DU DIABLE" in  RESTOS DE COLECÇÃO
Alameda D. Afonso Henriques - (entre 1990 e 1991) Foto de Waldmann  Michel (O "Cinema Império" na "Alameda D. Afonso Henriques", projecto de "Cassiano Branco" , nos últimos tempos do cinema) (Abre em tamanho grande)  in  AFML 


(CONTINUAÇÃO) - ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ V ]

« O CINEMA IMPÉRIO ( 1 )»

A construção do «CINEMA IMPÉRIO» reflecte o desenvolvimento da cidade de Lisboa em direcção a "ALVALADE" e ao embelezamento da "ALAMEDA".
O projecto do "CINEMA IMPÉRIO" destinava-se ao aproveitamento de um lote de terreno, que dava para três RUAS. Para a "AVENIDA ALMIRANTE REIS", "ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES" e "RUA QUIRINO DA FONSECA"(antiga ESTRADA DE SACAVÉM).
"CASSIANO BRANCO" é o autor do projecto do "CINEMA IMPÉRIO" apresentado em 1945. O novo cinema é definido através de uma estrutura de desenvolvimento simétrico, cujos corpos se articulam no ângulo de confluência da ALAMEDA com a AVENIDA ALMIRANTE REIS, o qual por sua vez, era acentuado por uma enorme caixa luminosa em ferro e vidro, onde se deveriam colocar as letras que compunham a palavra «IMPÉRIO».
Interiormente, a sala de forma rectangular, inscrevia-se no terreno, ocupado-o quase na sua totalidade.
O seu traçado deixava bem delimitadas as diversas categorias de lugares no desenho de uma plateia com capacidade para 908 espectadores e de dois balcões, com uma lotação total de 1418 lugares, conjugados com um sistema de fácil circulação que permitia a possibilidade de movimento entre os bufetes e o grande salão de festas, situado entre o primeiro e o segundo balcão.
A confiança da Empresa no projecto era tão grande que, em Abril de 1945, publica um anúncio nos jornais com a reprodução do desenho da fachada do edifício, no qual dava conta das palavras elogiosas que o "MINISTRO DA EDUCAÇÃO" da altura, teria proferido sobre o trabalho do Arquitecto "CASSIANO BRANCO", ao mesmo tempo publicava que o cinema se inaugurava em Novembro do ano seguinte. ( 1 ).
A "Inspecção dos Espectáculos" levantou objecções ao projecto, estando em  causa a argumentação da localização das entradas e um recinto na sub-cave que se situava no percurso da "Avenida Almirante Reis". Solução que, aparentemente, desvalorizava as ambições que se tinham em relação à ALAMEDA, e o resultado foi que se exigiam tantas alterações que o projecto parou.
Em 1947 foi apresentado um segundo projecto, estando nesta nova versão de CASSIANO BRANCO que acentuava o corpo do edifício voltada para a ALAMEDA.
Virado para a "AVENIDA ALMIRANTE REIS" abrira um grande café de dois pisos. Mesmo assim existiram exigências por parte da "Inspecção de Espectáculos" o que levaram "CASSIANO" a abandonar o projecto, tendo a Empresa chamado o Arquitecto "ANTÓNIO VARELA", que se encarrega das alterações.
Mas novos requisitos foram apresentados pela "Inspecção de Espectáculos" que o Arquitecto António Varela, acabou, também, por se desinteressar do projecto, tendo a obra sido posteriormente confiada a "FREDERICO GEORGE" e a "RAUL CHORÃO RAMALHO".
Ainda no tempo do Arquitecto "ANTÓNIO VARELA" duas grandes modificações foram realizadas: O pano central da parede da fachada (virada para a ALAMEDA) por um enorme envidraçado, que melhorava as condições de utilização dos "foyers" dos balcões, iluminado-os com luz natural, permitindo que deles fosse possível ter uma perspectiva da ALAMEDA; e a modificação do traçado da escada de acesso à entrada principal (alteração sugerida pela "Insp. Esp."), uma vez que no projecto de "CASSIANO BRANCO" era bastante inclinada, não dando grandeza nem ao edifício, nem à "ALAMEDA".

( 1 ) - "EMPRESA CINEMATOGRÁFICA IMPÉRIO, LDA.", in "DIÁRIO DE LISBOA", 17 de Abril de 1945.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES [ VI ] O CINEMA IMPÉRIO ( 2 )»

2 comentários:

Anónimo disse...

Difícil foi a sua aprovação, como se vê na descrição. Mas teria sido muito mais fácil, posteriormente, a sua venda aos novos donos... Coisas da nossa terra. Grande arquiteto o CASSIANO BRANCO!

APS disse...

São caminhos sem retorno neste momento, embora a razão pudesse superar a ocasião. Realidades de sempre... Magnífico CASSIANO.
Cumprimentos
APS