sábado, 17 de maio de 2014

LARGO DO CARMO [ VI ]

 Largo do Carmo - (2008) Foto de APS  (O "Convento do Carmo e Igreja" vista da "Praça D. Pedro IV" vulgo Rossio)  in  ARQUIVO/APS
 Largo do Carmo - (Século XIV) (Foto de 19.11.2010) (Maqueta da "Igreja e Convento do Carmo" ) in SÉTIMA COLINA
 Largo do Carmo - s/d Foto de Ferreira da Cunha(1901-1970) (Fachada das ruínas da "Igreja do Convento do Carmo" (Abre em tamanho grande) in AFML
 Largo do Carmo - (Provavelmente no início do século XX) Autor da fotografia não identificado (Fachada principal do "Convento e (ruínas) da Igreja do Carmo, Monumento Nacional desde 1910) (Abre em tamanho grande)  in  AFML
Largo do Carmo - (2013) (Aspecto do antigo "Convento do Carmo" hoje quartel da GNR)  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ VI ]

«O CONVENTO E IGREJA DO CARMO ( 2 )»

«Abriu o frontispício por entre o pórtico e o cunhal da porta do Sul». A solução para o problema passava pela aquisição dos terrenos  a Sul do CONVENTO para nova intervenção de engenharia.
Pertenciam os terrenos ao cunhado de "D NUNO", o "ALMIRANTE PESSANHA", cuja aquisição está datada de 1399, data em que, portanto, as paredes do templo e a frontaria estavam já construídas. Dos cinco arcobotantes ou botaréus então acrescentados, visíveis nas gravuras antigas, um ainda é facilmente reconhecível, talvez reconstruído, junto à passagem que nos conduz ao vizinho "ELEVADOR DE SANTA JUSTA", pela "TRAVESSA DOM PEDRO DE MENESES".
Entretanto a direcção da obra terá mudado, após a conclusão das fundações, para ser entregue a consolidação e alçada das naves e da fachada a nova orientação. 
A este Mestre se deve a assinatura da "PORTA SUL" ou PORTA TRAVESSO" da IGREJA, bem como a razoável opção de cobrir as naves colaterais em berço quebrado de tijoleira, mais leve e diminuidora das tensões mecânicas nas fachadas laterais da IGREJA. Apenas a BATALHA e o CARMO exibem a estrutura complexa de cinco capelas de panos poligonais no topo, uma evolução do modelo das mais importantes igrejas de GÓTICO MENDICANTE do Centro e do Sul do país, como SANTARÉM ou ELVAS.
O CARMO  conjuga o aperfeiçoamento da BATALHA - a solução da planta poligonal - com a tradição monástica das capelas escalonadas.
D. NUNO tomou no Templo o nome de FREI NUNO DE SANTA MARIA. Data de 1404 a primeira doação patrimonial que fez ao CONVENTO, e de 1423 a doação do CONVENTO à ORDEM DO CARMO.
D. DUARTE e depois D. AFONSO V tomaram sob sua protecção o CONVENTO. A IGREJA DO CARMO passou a ser a maior da cidade. Após o Terramoto de 1755 ruiu grande parte da IGREJA, tendo junto à derrocada um incêndio que ajudou a fazer desaparecer a maior parte do património artístico, no qual se encontrava o cadeiral da capela-mor, obra de DIOGO DE GARÇA. O CONVENTO manteve-se de pé e habitável.
Após sucessivos esforços de restauro, nunca concluído, o templo chegou a ser vazadouro público, e por tanto tempo foi esquecido, que a descoberta da verdadeira base das colunas da nave central, aquando da limpeza da lixeira, constituiu grande surpresa.
A nave central e as duas laterais do corpo da IGREJA, hoje a céu aberto, deixam o visitante imaginar a sua cobertura, lembrada a descrição de FREI JOSÉ: " No alto dos barretes da abóbada. há uns remates de pedra, nos quais se distinguem lavradas as imagens, que o SANTO CONDESTÁVEL trazia na sua bandeira, que depois foram elaboradas em relevo no seu túmulo. Só ao barrete maior (que he o do Cruzeiro) serve de remate um escudo de armas com a cruz floretada do ilustre fundador". As abóbadas saiam, portanto, em cruzaria de ogivas, com fechos decorados a rematá-las. A cobertura seria simples - a avaliar por sinais persistentes nas naves laterais - em berço quebrado, com arcos torais apoiados em mísulas chanfradas. O tecto das capelas da cabeceira da IGREJA não fugia à norma também praticada nas capelas absidais de Templos como os de SANTA CLARA de SANTARÉM ou BATALHA.
No exterior, são a marca do edifício a cabeceira e a fachada, as partes mais bem conservadas. Um terço da altura da cabeceira, cujo arrojo pode ser admirado do ROSSIO, faz parte do (embasamento com jorramento), a solução de engenharia que permitiu reter as terras e garantir a solidez do alçado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ VIII ]O CONVENTO E IGREJA DO CARMO (3)» 

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