quarta-feira, 2 de julho de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ III ]

RUA ACTRIZ VIRGÍNIA
 Rua Actriz Virgínia - (2014) (A "RUA ACTRIZ VIRGÍNIA" no  "BAIRRO DOS ACTORES" com entrada pela "AVENIDA ALMIRANTE REIS" junto do número 254) in  GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Virgínia - (2007) (Panorama do BAIRRO DOS ACTORES  onde se insere a "RUA ACTRIZ VIRGÍNIA")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Virgínia - (2014) (Um troço da RUA ACTRIZ VIRGÍNIA no sentido para Nascente) in GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Virgínia - (2014) (A RUA ACTRIZ VIRGÍNIA no seu final junto da RUA ABADE FARIA) in GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Virgínia (depois de 1916) (O "TEATRO APOLO" antigo PRÍNCIPE REAL onde se estreou em 15 de Abril de 1866, aos 16 anos a ACTRIZ VIRGÍNIA, situado no MARTIM MONIZ) in FACEBOOK
 Rua Actriz Virgínia - (Retrato  "possivelmente" de 1880, com 30 anos de idade) (A  ACTRIZ VIRGÍNIA na época em que representava no TEATRO D. MARIA II)  in   FACEBOOK
 Rua Actriz Virgínia - (1916) (Retrato da ACTRIZ VIRGÍNIA ou VIRGÍNIA DIAS DA SILVA, publicada no 1º Vol. do Álbum Teatral - Ilustração Quinzenal - Biografias em Prosa e Verso por Avelino de Sousa - Editores Pedroso & Santos - 1916- Imprensa Libanio da Silva - LISBOA) in BIBLIOTECA DIGITAL da FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
Rua Actriz Virgínia - (Publicada em 1925 uma colecção da autoria de AMARELHE sob a direcção de Mário Duarte) (Caricatura feita por AMARELHE da ACRIZ VIRGÍNIA, que tem uma rua com seu nome, no BAIRRO DOS ACTORES) in ARQUIVO DIGITAL-CARICATURAS

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ III ]

«RUA ACTRIZ VIRGÍNIA»


A «RUA ACTRIZ VIRGÍNIA» pertencia à freguesia do ALTO DO PINA que, com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA 2013, ficou a pertencer à freguesia do «AREEIRO».
Começa na RUA ABADE FARIA, 54 e termina na AVENIDA ALMIRANTE REIS, 254.
Um EDITAL de 31 de Março de  1932 deu nome a esta RUA, que está integrada no primeiro BAIRRO DOS ACTORES, junto da ALAMEDA D. AFONSO HENRIQUES.

A ACTRIZ VIRGÍNIA, de seu nome completo VIRGÍNIA DIAS DA SILVA, nasceu em 19 de Março de 1850 em TORRES NOVAS e faleceu em 19 de Dezembro de 1922 em LISBOA.
Filha mais nova de um casal que vivia muito humildemente, motivo para que VIRGÍNIA acabasse por ser criada por uma tia, que lhe antevia a profissão de costureira. No entanto, seu futuro passava por seu padrinho RAFAEL RODRIGUES DE OLIVEIRA, accionista do velho TEATRO DA RUA DOS CONDES.
Ainda criança, acompanhara o seu padrinho a todas as récitas e ensaios gerais, despertando assim a sua paixão pelo teatro (quando chegava a casa, punha-se a representar tudo quanto observava, cantando, dançando, repetindo frases e cenas inteiras).
Ainda impulsionada pelo seu padrinho, estreou-se num pequeno papel da comédia em 2 actos "MOCIDADE E HONRA", em 15 de Abril de 1866, no   TEATRO DO PRÍNCIPE REAL ( 1 ), revelando imediatamente o que dela havia a esperar. A sua voz era extraordinária. Inicia aí uma carreira fulgurante com particular destaque para os papeis de ingénua.
Ingressa no TEATRO D. MARIA II, acompanhando o actor e empresário JOSÉ CARLOS DOS SANTOS ( o SANTOS PITORRA), representando a maior parte do reportório deste TEATRO, salientando-se em PRINCESA DE BAGDAD, DIONÍSIA, FÉDORA, OTHELLO, e A ESTRANGEIRA.
Foi primeira dama no TEATRO D. MARIA II durante 27 anos, de onde sai para o TEATRO DA TRINDADE, de que chegou a ser secretária. Devemos referir que, aos 23 anos, já era considerada a primeira actriz portuguesa.
Uma das características mais extraordinárias de VIRGÍNIA era a sua voz, particularmente bem timbrada e com acentos que lhe conferiam uma sonoridade cristalina (este pormenor é várias vezes mencionado em crónicas da época).
Foi duas vezes ao BRASIL, em 1886 e 1887 onde obteve êxitos estrondosos. Regressa a PORTUGAL, ingressa novamente no elenco do D. MARIA II, destacando-se em peças como: A DOR SUPREMA; OS VELHOS; PERALTAS E SÉCIAS; FREI LUÍS DE SOUSA;  LEONOR TELES e AO TELEFONE.
VIRGÍNIA casou com o actor ALFREDO FERREIRA DA SILVA em 1892, de quem vaio a divorciar-se em 1919. Deste casamento resultou uma única filha.
Em 1902 é-lhe atribuído o hábito da ORDEM DE SANTIAGO, sendo a primeira actriz portuguesa a receber esta distinção. No ano de 1920, é o PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA a atribuir-lhe a ORDEM DE SANTIAGO DE ESPADA. 
Em 1906 é obrigada a retirar-se dos palcos devido a doença. Contudo, já quase no final da sua carreira, participou no filme mudo O CONDENADO ao lado do pintor JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS.
Mas talvez mais importante que as qualidades profissionais foram as suas virtudes humanas. VIRGÍNIA era extremamente humilde, era uma acérrima defensora da classe de actores, indiferente a vaidade ou invejas, muitíssimo disciplinar e leal para com os colegas.
Esteve sempre associada a obras sociais, espectáculos para fins de caridade ajudando incondicionalmente quem precisava  (por ex., refira-se que foi ela quem apoiou a actriz EMÍLIA CÂNDIDA, de geração acima da sua, que se encontrava cega e na miséria).
Esta dedicação aos outros, associada a uma reforma extremamente baixa que auferia, levou a que também ela acabasse por cair em situação económica débil.
Todos estes méritos de VIRGÍNIA levaram a que, em Abril de 1922, lhe organizassem uma festa de homenagem com o propósito de a auxiliar. Ironicamente viria a falecer poucos meses depois. O reconhecimento foi tal que a sua evocação fez referência à sua grande alma de artista mas, acima disso, à sua excepcional alma de mulher.

( 1 ) - TEATRO DO PRÍNCIPE REAL - Que em 1910 a REPÚBLICA obrigaria a que tomasse a designação de TEATRO APOLO, situado na RUA DA PALMA, foi construído por FRANCISCO VIANA RUAS em 1864, e demolido no ano de 1956.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [IV]RUA JOÃO VILLARET»

Sem comentários: