sábado, 12 de julho de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ VI ]

«RUA EDUARDO BRAZÃO»
 Rua Eduardo Brazão - (2014) ( A "RUA EDUARDO BRAZÃO" no primeiro BAIRRO DOS ACTORES, visto da AVENIDA ALMIRANTE REIS) in GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Brazão - (2014) (A RUA EDUARDO BRAZÃO vista da RUA CARLOS MARDEL) in GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Brazão - (2007) (Vista Panorâmica do BAIRRO DOS ACTORES onde se insere a RUA EDUARDO BRAZÃO) in GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Brazão - (2014) - (Um troço da RUA EDUARDO BRAZÃO ao fundo pudemos ver o "Mercado de Arroios") in GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Brazão - (1912)? - (O grande actor EDUARDO BRAZÃO numa das suas representações) in WIKIPÉDIA
Rua Eduardo Brazão - (1925) (Uma colecção da autoria de AMARELHE publicada em 1925 sob a direcção de Mário Duarte) (EDUARDO BRAZÃO caricaturado por AMARELHE, já quase no final da sua carreira artística) in ARQUIVO DIGITAL 

(CONTINUAÇÃO) -RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ VI ]

«RUA EDUARDO BRAZÃO »


A «RUA EDUARDO BRAZÃO» pertencia à freguesia de S. JORGE DE ARROIOS que, de acordo com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2013, passou  a designar-se   «ARROIOS». Começa na AVENIDA ALMIRANTE REIS no número 160 e finaliza na RUA CARLOS MARDEL junto do número 37-A. Esta artéria passou a figurar no «BAIRRO DOS ACTORES» pelo Edital Camarário de 12 de Março de 1932.

«EDUARDO JOAQUIM BRAZÃO» foi um célebre actor português da escola romântica e um dos fundadores de uma das mais importantes Companhias de Teatro portuguesas, a "ROSAS & BRAZÃO
EDUARDO BRAZÃO durante cerca de cinquenta anos que esteve na arte de representar, passou pelos mais importantes Teatros portugueses - TEATRO NACIONAL D. MARIA II, D. AMÉLIA (depois Teatro de São Luís), TRINDADE, GINÁSIO, SÃO CARLOS etc. - bem como por vários teatros no BRASIL, país que várias vezes visitou em digressão. Esteve ainda envolvido no TEATRO DA NATUREZA (1911), projecto no qual assumiu funções de direcção artística. Foi casado com a actriz ROSA DAMASCENO sócia na  "SOCIEDADE DE ARTISTAS DRAMÁTICOS" que era também composta por JOÃO ROSA, AUGUSTO ROSA, VIRGÍNIA, PINTO DE CAMPOS, EMÍLIA DOS ANJOS e JOAQUIM DE ALMEIDA. 
Foi na cidade do PORTO que se estreou em 1867 no TEATRO BAQUET, com "TRAPEIRAS DE LISBOA" de LEITE BASTOS e "PRECISA-SE DUM PRECEPTOR", comédia dos Irmãos QUINTERO, no TEATRO SÃO CARLOS.
Entre as suas inúmeras prestações memoráveis, salienta-se o seu trabalho em  "KEEAN"(1877), OTELO(1882), HAMLET(1887), BIBLIOTECÁRIO(1890) e ALCÁCER-QUIBIR(1891). Fez várias traduções de peças que representou, no CINEMA (MUDO) deixou também a sua colaboração: "AS PUPILAS DO SENHOR REITOR"(1923) de JÚLIO DINIS com realização de  MAURICE MARIAND; "OS OLHOS DA ALMA"(Adaptação do romance da escritora VIRGÍNIA DE CASTRO E ALMEIDA); "O FADO" (curta metragem)1932 baseado no quadro de MALHÔA, uma realização de MAURICE MARIAND, e interpretação de EDUARDO BRAZÃO, EMA DE OLIVEIRA e RAUL DE CARVALHO.

«EDUARDO JOAQUIM BRAZÃO» nasceu a 6 de Fevereiro de 1851, no BAIRRO DA COSTA DO CASTELO em LISBOA, e veio a falecer no dia 29 de Maio de 1925.
Filho de um alfaiate de renome da cidade de LISBOA, que desde cedo o levou  a frequentar os teatros da época. Na escola, foi colega do actor AUGUSTO ROSA com quem brincava aos teatros. Optou primeiro pela carreira da MARINHA, mas rapidamente compreendeu que a  sua verdadeira vocação era representar. Estreou-se como já tínhamos referido no PORTO e, nesse mesmo ano regressa a LISBOA, para participar no elenco de "DOIS ANJOS" de DUMAS, no TEATRO DO PRÍNCIPE REAL (depois APOLO), e a convite de FRANCISCO PALHA, integrou a COMPANHIA que inaugurou o TEATRO DA TRINDADE a 30 de Novembro de 1867, com os espectáculos "A MÃE DOS POBRES", de ERNESTO BIESTER, e "O XEREZ DA VISCONDESSA". BRAZÃO evidenciou-se como "DANIEL", numa adaptação de ERNESTO BIESTER de "AS PUPILAS DO SENHOR REITOR",  e como "PRÍNCIPE SAPHIR", na ópera cómica " O BARÃO-AZUL", de Offenbach, em 1868. Esta Companhia passou depois para o D. MARIA II e em 1870 BRAZÃO foi contactado por FURTADO COELHO para realizar aquela que foi a sua primeira digressão ao BRASIL. No regresso a PORTUGAL, em 1871, assinou contrato com a EMPRESA SANTOS & Cª. por dois anos. Aquando da morte da sua mãe EDUARDO BRAZÃO ficou responsável pelos seus sete irmãos, todos mais novos, visto que o seu pai ter falecido uns anos antes. 
Esta enorme responsabilidade - com implicações financeiras também - levou a fazer uma nova digressão pelo BRASIL, em Setembro de 1876, com JOAQUIM DE ALMEIDA, integrando a COMPANHIA DE ISMÉLIA DOS SANTOS.
Estas digressões internacionais, bem como pelo nosso país, repetiram-se várias vezes até 1921.

BRAZÃO abandonou o TEATRO NACIONAL e foi para o TEATRO GINÁSIO, onde teve o seu primeiro e grande êxito desempenhando, um papel em "ENJEITADOS" de ANTÓNIO ENES. Esta ópera no GINÁSIO é referida pelo próprio BRAZÃO, nas suas memórias, como um importante período na sua carreira. Quando acabou o contrato com a EMPRESA SANTOS & Cª., BRAZÃO juntou-se ao dramaturgo ERNESTO BIESTEL e a JOÃO DE MENEZES para formar a empresa "BIESTER, BRAZÃO & Cª.", no sentido de poder concorrer à exploração do NACIONAL, onde se instalaram de 1877 a 1880. Em Junho de 1879 BRAZÃO realizou a sua terceira digressão pelo BRASIL, onde representou "OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA" e "A MORGADINHA DE VAL-FLOR". Quando regressou a LISBOA, integrou a nova gerência do TEATRO NACIONAL D. MARIA II, sob a designação BRAZÃO, ROSAS & Cª:.
Quando terminou o contrato com esta empresa foi realizado um novo, desta vez apenas com EDUARDO BRAZÃO, JOÃO e AUGUSTO ROSA à cabeça, formando, assim ROSAS & BRAZÃO, Companhia que explorou o NACIONAL de 1893 a 1898, ano em que abandonaram o TEATRO NACIONAL e se instalaram no TEATRO D. AMÉLIA (actual S. Luís). Desavenças internas dentro da Companhia levaram à saída de BRAZÃO do D. AMÉLIA e, em 1905 apresentou-se de novo no NACIONAL, onde se manteve até 1910. Depois de ter passado pelo TEATRO DO PRÍNCIPE REAL durante um curto período voltou novamente a integrar o elenco do TEATRO D. AMÉLIA (nessa época com o nome de REPÚBLICA). Representou "ALJUBARROTA"(1912), de RUI CHIANCA e "A MALUQUINHA DE ARROIOS"(1916), de ANDRÉ BRUN.
Foi-lhe diagnosticado, em 1917, um cancro na laringe, do qual recuperou, embora a doença ameaçasse um afastamento definitivo do palco, visto que a operação necessária à sua recuperação poderia danificar-lhe as cordas vocais. Contudo, entre 1917 a 1923, BRAZÃO fez várias aparições em palcos como o do GINÁSIO (1918-19), no AVENIDA(1919), do TEATRO NACIONAL(1922) e do TEATRO APOLO(1923). E o inevitável afastamento dos palcos por motivo de doença, acabou por chegar.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [VII]-RUA CHABY PINHEIRO»

Sem comentários: