sábado, 23 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVIII ]

RUA ACTOR VASCO SANTANA ( 2 )
 Rua Actor Vasco Santana - (2014) - (Um troço da "RUA ACTOR VASCO SANTANA" na freguesia de BENFICA) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (2014) - (A "RUA ACTOR VASCO SANTANA" no novo POLO do BAIRRO DOS ACTORES, no Bairro de Santa Cruz em BENFICA)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (2010) (A Rua Actor Vasco Santana, na freguesia de BENFICA) (Abre em tamanho grande) in  TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua Actor Vasco Santana - (1954) - (Uma cena do filme "O COSTA DE ÁFRICA", com VASCO SANTANA, ROGÉRIO PAULO, HORTENSE LUZ e ANA PAULA, uma realização João Mendes e musica de Victor Bonjour)  in  OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS
 Rua Actor Vasco Santana - ( 1933 )- (Cartaz do filme "A CANÇÃO DE LISBOA" do realizador Conttinelli Telmo, tendo como actor principal "VASCO SANTANA") in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Actor Vasco Santana - (1933) - (Uma cena do filme "A CANÇÃO DE LISBOA", os noivos do elenco VASCO SANTANA e BEATRIZ COSTA. Uma produção feita com equipamento da TOBIS, iniciou-se a filmagem num palco improvisado, enquanto continuava a construção do Estúdio)  in  HISTÓRIAS DE CINEMA


(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVIII ]

«RUA ACTOR VASCO SANTANA ( 2 )»

Passados dois meses (da sua estreia forçada) estrear-se-ia profissionalmente no "TEATRO AVENIDA", em "ÁS DE OIROS". A crítica teceu-lhe grandes elogios. Já no início de 1918 participa em "NOVO MUNDO"; da célebre parceria de ERNESTO RODRIGUES, FÉLIX BERMUDES e JOÃO BASTOS, onde demonstrou grande desejo de progredir e continuar. Ainda em 1918 é contratado pela Companhia ESTÊVÃO AMARANTE  e LUÍSA SATANELA. Em 1919 regressa ao ÉDEN, teve oportunidade de entrar em "MISS DIABO", que mais tarde VASCO SANTANA recordaria como um dos momentos mais marcantes da sua carreira. No final da década de 10, com apenas 3 anos de carreira, VASCO SANTANA já tinha trabalhado com grandes figuras do Teatro, pisando os principais palcos da Capital.
A sua primeira "tournèe" ao BRASIL, representou para VASCO um momento de emancipação. O BRASIL era à época um destino frequente para as companhias portuguesas, que aí se exibiam nas principais cidades, em digressão que se prolongavam frequentemente por largos meses. Este, parece ter sido também o caso de VASCO SANTANA ao longo das suas viagens até ao outro lado do ATLÂNTICO nas décadas de 10 e de 20 do século passado. A importância da primeira  viagem, porém, está mais ligada a um facto da sua vida pessoal do que da sua carreira profissional: quando regressa, no Verão de 1921, vinha casado com a colega de Companhia "ARMINDA MARTINS", também ela crescida no meio teatral.  Para VASCO não se tratou tanto de constituir família autonomamente, mas de aumentar a família no próprio interior daquela comunidade, que, desde que nasceu, era a sua verdadeira casa. 
No ano seguinte nasceria o único filho do casal, "HENRIQUE SANTANA" (nome igual ao de seu avô), que duas décadas mais tarde, se tornaria, ao lado do pai, também um actor popular nos palcos lisboetas.
De volta a LISBOA, VASCO SANTANA não foi esquecido pelo seu público. A sua entrada para a Companhia de ARMANDO DE VASCONCELOS, era outro prestigiado empresário lisboeta ( e colaborador de LUÍS GALHARDO) que nos anos 20, exploravam o Teatro SÃO LUÍS com um reportório sobretudo composto por operetas.
VASCO foi substituir o autor HENRIQUE ALVES e em pouco tempo afirmou-se como o galã cómico da Companhia. Interessa realçar que as operetas de VASCONCELOS no SÃO LUÍS foram, durante esses anos, consideradas como de melhor teatro que se fazia em LISBOA. A qualidade musical, a sofisticação da cenografia, as peças em que VASCO SANTANA entrou ao longo dos cerca de 14 anos que durou o seu vínculo a ARMANDO VASCONCELOS escapavam, segundo os jornais, à mediocridade generalizada do teatro apresentado nos palcos da Capital. Foi sobretudo aqui que se formou o actor.
Em 1928 nasceu o segundo filho do actor, duma relação com ALDINA DE SOUSA, de nome JOSÉ MANUEL, que tal como o meio-irmão mais velho "HENRIQUE" também estará ligado ao Teatro, seguindo os passos do avô como cenógrafo e compondo, já na década de 40, um trio na produção de comédias com o pai e o irmão. Quanto à carreira, mas sempre em família, VASCO iniciou outra dimensão na sua actividade teatral escrevendo com os primos JOSÉ e LUÍS (os filhos de seu tio LUÍS GALHARDO pai) e outros. A sua primeira peça " DE ARROZ", que foi também o seu primeiro êxito. Daqui para a frente, e em diferentes parcerias com os primos (sobretudo com JOSÉ) e com nomes como os de ALBERTO BARBOSA, XAVIER DE MAGALHÃES ou MANUEL DOS SANTOS CARVALHO.
O grande acontecimento na sua carreira neste final da década de 20, foi o cinema. Em 1929 dirigida por ANTÓNIO LOPES RIBEIRO "A MENINA ENDIABRADA" onde VASCO teve um papel secundário. Em 1941 no "O PAI TIRANO", LOPES RIBEIRO dirigiu novamente o actor.
Nas vésperas da "explosão" da popularidade com o êxito cinematográfico, estava talvez no auge da sua carreira. Mas a facilidade de representação foi ensombrada pela tragédia pessoal. Ainda em 1930, durante o enorme êxito de "O MEU MENINO", uma adaptação escrita por si, JOSÉ GALHARDO e SANTOS CARVALHO, "ALDINA DE SOUSA" morreu, de complicações numa pequena operação de rotina. Com trinta e poucos anos, foi como jovem galã que VASCO teve o primeiro êxito no cinema sonoro "A CANÇÃO DE LISBOA"(1933) de COTTINELLI TELMO, com o seu lendário "VASQUINHO DA ANATOMIA". Com o papel de "MESTRE JOSÉ SANTANA" entrou no filme "O PAI TIRANO"(1941), talvez o seu melhor papel cinematográfico, o "NARCISO" de "O PÁTIO DAS CANTIGAS"(1941) era uma personagem de certas características, com seus trocadilhos com o actor ANTÓNIO SILVA, repletos de humor... "Ó EVARISTO, tens cá disto?". VASCO SANTANA terá quase atingido as duas dezenas de representações em filmes, tendo em alguns a responsabilidade na parte escrita, é o caso de "MARIA PAPOILA"(1937), "O PAI TIRANO"(1941), "O PÁTIO DAS CANTIGAS"(1942) e "O COSTA DE ÁFRICA"(1954).
VASCO SANTANA além de actor, foi ensaiador, autor, tradutor e empresário, sendo património da memória colectiva a sua inconfundível prestação como artista de Rádio, tendo 
o multifacetado actor um grande sucesso ao desempenhar a figura de "ZEQUINHAS" das rábulas do "ZEQUINHAS E A LÉLÉ" de ANÍBAL NAZARÉ e NELSON DE BARROS, com IRENE  VELEZ (LÉLÉ) e ELVIRA VELEZ (Aquela Santa), transmitidas em 1947 pela EMISSORA NACIONAL
Era dia de "SANTO ANTÓNIO" do ano de 1958, VASCO SANTANA estava em casa, convalescendo de uma operação que se julgava não trazer complicações de maior. A doença forçara-o a interromper o seu papel em "UM FANTASMA CHAMADO ISABEL". A imprensa fazia votos para que, em breve, o actor pudesse regressar aos palcos, quando sucumbiu a complicações cardíacas. O "TEATRO MONUMENTAL" cobria-se imediatamente com uma tarja negra. LISBOA assistia depois a um funeral impressionante.
O Teatro podia estar em crise, mas ele mantinha-se no centro da cena. Quando morreu, assim, não morreu uma figura do passado, mas um actor dos mais activos. Daí o enorme vazio que deixou atrás de si.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES[XIX]-RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES».

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