quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

RUA DO BEATO [ VII ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 4 )»
 Rua do Beato - (2012) (Fachada do edifício dos Serviços Administrativos de A NACIONAL, com entrada principal pela RUA DO BEATO, 44) in HISTÓRIA DE PORTUGAL 
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS (Aspecto da Porta principal encimada com as medalhas obtidas por esta empresa em exposições Internacionais, na RUA DO BEATO) in ARQUIVO/APS
 Rua do Beato (2014) (A RUA DO BEATO no lado esquerdo os silos da antiga Companhia Industrial de Portugal e Colónias, S.A.R.L.) in  GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (2014) ( A Rua do Beato no sentido para Oriente, ladeado pelas construções da fábrica de moagem e novas instalações)  in  GOOGLE EARTH
Rua do Beato - (1970) Foto de João H. Goulart (Em primeiro plano o portão de acesso à rampa do pátio da "QUINTA DAS MURTAS" na RUA DO BEATO) (Abre em tamanho grande)  in  AML

CONTINUAÇÃO) RUA DO BEATO [ VII ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 4 )»

Diz-nos o PADRE FRANCISCO DE SANTA MARIA, no seu livro "O CÉU ABERTO NA TERRA", que a "CAPELA-MOR" do "CONVENTO DO BEATO, tinha quatro sepulturas dos LINHARES: a primeira era dos avós de D. JOANA DE NORONHA o 1º. CONDE DE LINHARES; a segunda dos pais (2º. CONDE DE LINHARES) ( 1 ) ; a terceira, do irmão, D. FERNANDO DE NORONHA (3º. CONDE DE LINHARES) e suas duas filhas, D. MARIA e D. VIOLANTE DE NORONHA "(...) que (...) faleceram moças, sem casar; e por não terem descendentes que herdassem a sua casa, lhe fez mercê a Majestade del-Rei FILIPE III por seus muitos serviços e merecimentos, de a poder nomear, o que ele fez nos CONDES D. MIGUEL DE NORONHA, e D. INÁCIA seus sobrinhos, que ao presente a possuem; e a quarta do outro irmão, diz textualmente; "SEPULTURA DE D. ANTÓNIO DE NORONHA, PRIMEIRO FILHO DO SEGUNDO CONDE DE LINHARES D. FRANCISCO, E DA CONDESSA D. VIOLANTE, QUE OS MOUROS MATARAM EM CEUTA A 29 DE ABRIL DE 1553 ANOS, SENDO ELE DE 17. D. JOANA DE NORONHA, SUA IRMÃ, QUE NUNCA CASOU E FEZ ESTA CAPELA À SUA CUSTA, QUANDO A ACABOU, QUE FOI NO ANO DE 1622, TRANSLADOU SEUS OSSOS DA SÉ DE CEUTA A ESTA SEPULTURA, E NÃO A DEU AOS MAIS IRMÃOS SEUS, PORQUE DOIS DELES MORRERAM EM ÁFRICA COM EL-REI D. SEBASTIÃO, E OS OUTROS DOIS NAS PARTES DA ÍNDIA, E DOIS SÃO RELIGIOSOS DA ORDEM DE SANTO AGOSTINHO" .

São comoventes estas inscrições. D. JOANA DE NORONHA (que nunca casou), levou certamente uma vida inteira de oração e penitência, ter-se-à resumido em acomodar piedosamente e condignamente os seus defuntos, enquanto ela própria esperava com imperturbável resignação a sua vez de partir.

O surgir de novos tempos, não encontrou eco nestes "Epitáfios", e a ampla CAPELA-MOR que "D. JOANA" amorosamente ornara para a destinar a jazigos dos seus, foi profanada, os túmulos abertos, e as cinzas dos NORONHAS, miseravelmente "despejados" dentro de um CARNEIRO ( A ) ou subterrâneo ( 2 ). Conservam-se todavia as inscrições tumulares metidas nas paredes da CAPELA-MOR, onde aliás, sempre terão estado ( 3 ). E vamos lá saber até quando...

O Terramoto de 1755 pôs à prova a boa construção do CONVENTO, que não foi abalada.
Depois do sismo, as cinzas da Infanta D. CATARINA (1391-1438), filha Del-Rei D. DUARTE, depositadas no CONVENTO DE SANTO ELÓI, no "LARGO DOS LÓIOS", da mesma congregação, foram para este CONVENTO DO BEATO transladadas e depositadas na CAPELA-MOR, devido ao estado de completa ruína em que aquilo ficou.
Data também dessa época a transferência da paróquia de SÃO BARTOLOMEU para a IGREJA DO CONVENTO, (conforme já nos referimos), passando então a mesma a designar-se de nova PAROQUIA DE S. BARTOLOMEU DE LISBOA.
o erudito e incansável INÁCIO VILHENA BARBOSA (1811-1890), que foi noviço do CONVENTO DO BEATO, diz-nos; "Duas coisas havia neste CONVENTO dignas de menção: a livraria, que contava com os seus dez mil volumes, pela grandeza e alegria da casa; e a escada conventual pela sua beleza e magnificência. Construída de mármore branco e cor de rosa, era guarnecida de balaustrada com estátuas".

( A ) - CARNEIRO - (...) Ossário, Jazigo; Sepulcro ou Cemitério.
( 1 ) - O CORPO DE D. FERNANDO DE NORONHA, diz-nos o cronista, não jazia ali, porque tendo morrido "com cheiro a santidade", foi achado incorrupto, e arranjaram-lhe nova sepultura no vão do altar-mor.
( 2 ) - "COLECTÂNEA OLISIPONENSE", vol. I, pag. 84, LISBOA, 1982.
( 3 ) - "ARQUIVO PITORESCO", de VILHENA BARBOSA, 1864, pag. 214.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ VIII ]-A NACIONAL ( 1  )».

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