sábado, 28 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VII ]

«A ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 2 )»
 Rua dos Caminhos de Ferro -(antes de 1908) Foto de autor não identificado ( A "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" ainda só com o primeiro andar) (Abre em tamanho grande) in  AML 
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1932) Foto de autor não identificado (Fotografia Aérea da zona de SANTA APOLÓNIA e SANTA CLARA onde podemos ver a IGREJA DE SÃO VICENTE DE FORA o PANTEÃO NACIONAL DE LISBOA, ainda sem a cúpula. A ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA e no lado nascente onde mais tarde viria a surgir a AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE, estava cheia de Armazéns) (Abre em tamanho grande)  in   AML
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1860) -Foto de autor não identificado (Uma "Acção de Quinhentos Francos" emitida pela "COMPANHIA REAL DOS CAMINHOS DE FERRO PORTUGUESES") in OS MAIAS
Rua dos Caminhos de Ferro - (2014) (Um troço da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO) antiga RUA CAIS DOS SOLDADOS)  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VII ]

«A ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 2 )»

O Edifício da ESTAÇÃO CENTRAL na época, chamou-se inicialmente do "CAIS DOS SOLDADOS", oralidade que perdurou em aduaneiros e nos ferroviários, porque no local do cais das mercadorias ao longo da "RUA DA BICA DO SAPATO", existia na primeira metade do século dezanove, mesmo junto do TEJO, um quartel de Artilharia, sendo esta área ocupada pelos soldados.

A "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" tem o risco do engenheiro JOÃO EVANGELISTA DE ABREU, tendo sido colocada a primeira pedra em 20 de Outubro de 1862. A inauguração solene foi realizada em 1 de Maio de 1865, com uma gare coberta de 117 metros de comprimento por 25 metros de largura e com apenas o primeiro andar.
O grande edifício albergando cais ferroviário e actualmente de três pisos planta em "U" e três fachadas principais viradas para cada um dos lados de serventia pública. Todas as fachadas dispõem de um corpo central com frontão classicizante ( 1 ), onde se embebeu um óculo com seu mostrador de relógio.
As fachadas Norte e Sul têm agora 135 metros de comprimento e a Ocidente 50,4 metros. A gare coberta continua a ter 25 metros de largo (1955 metros quadrados de área, tal como em 1872).
O edifício foi alterado na altura, acrescentado mais um andar. Passando da altura inicial de 13 metros, tal como foi concebido no século XIX, para aproximadamente mais oito metros em altura.
A cobertura de ferro que a caracterizava inicialmente dispunha de uma portaria metálica encimada pelas armas da casa real. Esta porta da gare foi apeada, tal como a cobertura de vigas de ferro assentes sobre cachorros de pedra, donde recebia iluminação natural através de chapas de vidraça.
Seguindo o padrão mais funcional e comum de estações, "SANTA APOLÓNIA" dispunha de uma das obras de engenharia mais importante e aquela que lhe conferia um lugar na arquitectura de ferro em PORTUGAL - a cobertura da gare de passageiros.
A obra evidenciava algum valor artístico, mas antes de 1872, dezasseis asnas de ferro da primitiva estrutura terão caído, tendo-se modificado o plano inicial.
A obra de edificação da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" seguiu os parâmetros construtivos da arquitectura de engenheiros. Em termos de planta era um empreendimento de grande extensão, implicando o apetrechamento de uma ESTAÇÃO FERROVIÁRIA similar a outras já erguidas em capitais europeias.
Importava construir um edifício, cujo modelo fosse reconhecido pela sua funcionalidade, uma espécie de obra pública de uma empresa privada, na qual se utilizassem materiais baratos, entre os quais o ferro.
A empreitada foi adjudicada ao engenheiro OPPERMANN, que dirigia uma importante revista, através do seu representante em LISBOA, o Engenheiro "AGNÈS".
Todavia, antes da obra ter sido entregue ao construtor, o projecto foi desenhado pelo Engº. JOÃO EVANGELISTA ABREU(Engenheiro-Chefe). Esta projecto era muito harmonioso, mas as modificações que recebeu nas diversas instâncias governativas e técnicas alteraram substancialmente o conjunto e o risco.

- ( 1 ) - Que tende para o clássico.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VIII ]-A ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 3 )».

quarta-feira, 25 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VI ]

«A ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 1 )»
 Rua dos Caminhos de Ferro - (2009) Foto de APS (A "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" vista para o "Largo" e para a "AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE")  in  ARQUIVO/APS
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1856) - (A "ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA" - ainda só com dois pisos - publicado in O CAMINHO DE FERRO REVISITADO. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996, Lisboa, CP, 1996, p. 27) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua dos Caminhos de Ferro - (Depois de 1865) - Foto de A. S. Fonseca - (Nesta foto a "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" ainda estava muito perto do RIO TEJO, vista do lado Nascente e Sul) in QUATRO ALMAS
Rua dos Caminhos de Ferro - (Depois de 1865) Foto de A. S. Fonseca - (Vista no interior de "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" no 3º quartel do século XIX. A grande Nave do desembarcadouro do Caminho de Ferro Norte e Leste) in  RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VI ]

«A ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 1 )»

Por iniciativa de "COSTA CABRAL", ministro de D. MARIA II existiu uma proposta datada de 1845, para o estabelecimento dum comboio de ferro que ligasse LISBOA à fronteira espanhola. 
O projecto que chegou a ser entregue à "COMPANHIA DAS OBRAS PÚBLICAS DE PORTUGAL", ficou, porém, na fase preliminar. Coube então a "FONTES PEREIRA DE MELO", Ministro das Obras Públicas, no Governo de "RODRIGO DA FONSECA MAGALHÃES", dar execução, a partir de 1852, ao primeiro «CAMINHO-DE-FERRO PORTUGUÊS", em LISBOA e que na primeira fase, não ultrapassou o CARREGADO, mas cujo projecto previa já o seu prolongamento em dois sentidos, até à fronteira espanhola e até à Cidade do PORTO.
O "COMBOIO LISBOA-CARREGADO", com locomotiva a vapor, importada de PARIS, foi inaugurada no dia 28 de Outubro de 1856, com a presença de D. PEDRO V, que nele viajou em carruagem Real.  

A primeira Estação provisória, funcionou no antigo "CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA" defronte da "CALÇADA DOS BARBADINHOS". Entretanto, o local para a sua construção e subsequente traçado inicial da linha foi objecto de grande discussão; "O LARGO DO INTENDENTE"; o "LARGO DE ARROIOS"; o "CAIS DOS SOLDADOS" e "XABREGAS", foram algumas das alternativas mais discutidas. A escolhida foi a zona compreendida entre o "CAIS DOS SOLDADOS" e o conjunto de pequenos ancoradouros e abrigos fluviais vizinhos, ao longo da margem do TEJO (as chamadas "CALDEIRAS"), a Oeste, a "PRAIA DOS ALGARVES", e a  Leste o "CAIS DO TOJO" (ou da FORCA"), do "CAIS DO CARVÃO" e do "CAIS DO CARVÃO".
O "CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA" pertencia então à EMPRESA CONSTRUTORA DOS CAMINHOS DE FERRO PORTUGUESES, por aquisição datada de 1852.
A localização de 1865 resultou de uma decisão Governamental, que deu corpo a diversas hipóteses de traçado ferroviário a partir de uma ESTAÇÃO CENTRAL, entre os interlocutores dos CAMINHOS-DE-FERRO PORTUGUESES. A decisão vinha de 1852, mas só se materializou mais tarde. 
A construção desse importante empreendimento, próprio de uma cidade que se modernizava, implicava toda a linha de costa. entre o "ARSENAL DO EXÉRCITO" (hoje MUSEU MILITAR) e a praia de XABREGAS (No século XX conhecida por "PRAIA DA MARABANA").
A escolha recaiu no antigo "CAIS DOS SOLDADOS", onde existia um quartel de artilharia. A grandiosidade do projecto determinou a destruição do "CAIS DOS ALGARVES", do "PALÁCIO DA FAMÍLIA PREGO", do "MERCADO DO TOJO", de várias pequenas Caldeiras para resguardo de embarcações, dos armazéns de Azeite de peixe e da Forca da cidade de LISBOA, que jazem por debaixo das modernas construções ferroviárias.
A extensão das obras obrigou ainda à demolição do "FORTE DA CRUZ DA PEDRA" e parte do "PALÁCIO DO BRAÇO DE PRATA". No local dos armazéns veio a surgir a rotunda das locomotivas, uma obra de enorme significado para a época, aliás sacrificada durante as mudanças de 1997-1998.

Conhece-se uma planta em papel-tela da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA", com edifício dos passageiros e nível da plataforma, datada de 1856, cuja distribuição de espaços foi parcialmente respeitada. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VII ]-A ESTAÇÃO DE CAMINHOS DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 2 )».  

sábado, 21 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ V ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 4 )»
 Rua dos Caminhos de Ferro - (2008) - (A casa de MACHADO DE CASTRO na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" em estado avançado de degradação) (Abre em tamanho grande in  LISBOA S.O.S.
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1997) Foto de António Sacchetti ("Casa de Machado de Castro" na RUA DOS CAMINHOS DE FERRO antiga RUA DO CAIS DOS SOLDADOS. Janela da trapeira, com jarrões de João Roseira? da segunda metade do século XIX) in  CAMINHO DO ORIENTE-GUIA DO AZULEJO
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1997) - Foto de António Sacchetti ( Casa de MACHADO DE CASTRO na RUA DOS CAMINHOS DE FERRO, fachada com azulejos "Padrão Parreira" da Fábrica (ROSEIRA) da segunda metade do século XIX, com oficina na "CALÇADA DOS CESTEIROS") in CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO AZULEJO
 Rua dos Caminhos de Ferro - ( 1997 ) - Foto de António Sacchetti (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" com padrão "crochet" da Fábrica da Calçada dos Cesteiros (ROSEIRA), final do século XIX)  in  CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO AZULEJO
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1951-10) Foto de Eduardo Portugal (Conjunto de casas na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" nos anos cinquenta do século vinte) (Abre em tamanho grande) in AML
Rua dos Caminhos de Ferro - (Entre 1898 e 1908)  Foto de autor não identificado (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" em finais do século XIX início do século XX) (Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ V ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 4 )»

A CASA DE MACHADO DE CASTRO
Com sua fachada harmónica de três pisos, mais tarde acrescentados com uma água-furtada, esta casa representa um tipo comum de residência urbana de uma classe média, que ao longo do século XVIII se vai afirmando no panorama social lisboeta.
No piso térreo sobressai o pequeno portal, com frontão decorativo, pormenor enobrecedor que denota algum cuidado e, sobretudo, a vontade de afirmar um estatuto recente pela cópia dos modelos eruditos. 

Com a aquisição mais tarde do edifício pela «FÁBRICA ROSEIRA» passou a ser balcão de vendas da produção que se manufacturava muito próximo. Sabemos que pelo menos a escadaria era dotada de azulejaria azul e branco da mesma época de construção (uma solução de "albarradas" ( 1 )  inclinados a acompanhar o desenvolvimento da escada). No Palácio da Cova, situado na "CALÇADA DOS CESTEIROS", funcionava a FÁBRICA DE FAIANÇAS ROSEIRA. Nesse espaço que foi morada de "MACHADO DE CASTRO" na entrada vê-se, hoje, no tecto um mostruário de padrões de azulejos de fachada que poderá datar dos últimos anos do século XIX, época de maior produção da "FABRICA ROSEIRA".
A escadaria teve exemplares dos painéis decorativos que a fábrica também produzia, especialmente pintados pelo ceramista e proprietário da "FABRICA", «JOÃO ROSEIRA (1828-?), um soldado em tamanho natural como figura de convite e um grande jarrão de Hortênsia, hoje na colecção de FRANCISCO HIPÓLITO RAPOSO.
Os azulejos que se vêm hoje, na escadaria, foram colocados em meados dos anos 60 aquando da venda dos azulejos primitivos a HIPÓLITO RAPOSO. No entanto parece ter havido o cuidado de aí colocar azulejos da Fábrica. Pelo menos o padrão "ROSEIRA" pela cor e desenho e mesmo o padrão azul e branco podem ser-lhe atribuído.
A janela da trapeira, construída já no século XIX, foi decorada com um par de jarrões floridos, provavelmente por JOÃO ROSEIRA para o edifício, não como objectos de produção em serie, mas como tema original, publicitando as qualidades de fabrico e as possibilidades mais requintadas de decoração com azulejaria. Assim, o revestimento integral da fachada não pode deixar de representar a produção da fábrica, provavelmente mais tardio que os jarrões da janela da trapeira, ou águas-furtadas. Trata-se de um desenho que mostra uma parreira com cachos de uvas e flores. No entanto, a cercadura que sublinha os vãos é relativamente comum.
É ainda de realçar a orgânica dupla da casa com segunda fachada traseira sobre a "CALÇADA DO CARDEAL" permitindo a autonomização do referido piso térreo sobre a "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO". Embora o aspecto mais relevante desta residência é o facto de nela ter residido por alguns anos "MACHADO DE CASTRO", uma das figuras centrais do panorama artístico lisboeta da segunda metade do século XVIII.
A casa veio em dote (como já nos referimos) mas aqui nasceram os seus filhos. Só este facto simples mas marcante, impunha obras de recuperação, deste curioso exemplar de residência lisboeta, que "entraves" de vária ordem, incluindo indefinições na propriedade, não permitiram realizar obras integradas no programa de reabilitação no "CAMINHO DO ORIENTE", e está hoje num estado de degradação com as portas emparedadas.

- ( 1 )ALBARRADA - s.f. (do Árabe - al.barrada) Vaso com flores, para ornato de mesas; jarro de louça, com asas, para água.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ VI ]- A ESTAÇÃO DE CAMINHO DE FERRO DE SANTA APOLÓNIA ( 1 )»

quarta-feira, 18 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ IV ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 3 )»
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1998) Foto de António Sacchetti  (Um troço da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "Rua Cais dos Soldados", vendo-se a casa onde morou o escultor "Machado de Castro)  in  CAMINHO DO ORIENTE
 Rua dos Caminhos de Ferro - ( 1998 ) - Foto de António Sacchetti (Portal da antiga casa de "MACHADO DE CASTRO" prejudicado nas suas proporção original pela subida do nível da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO") in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua dos Caminhos de Ferro - (09.08.2008) (Na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS" casa onde viveu "JOAQUIM MACHADO DE CASTRO" (1731-1822), o autor da estátua equestre de D. JOSÉ I colocada na "PRAÇA DO COMÉRCIO") in  LISBOA S.O.S.
 Rua dos Caminhos de Ferro - (19.12.2012) (A casa onde viveu "MACHADO DE CASTRO" na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO", já parcialmente emparedada) in  LISBOA S.O.S.
 Rua dos Caminhos de Ferro - (2014) - (Quase o final da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" junto da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA")  in  GOOGLE EARTH
Rua dos Caminhos de Ferro - (2014) (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS" podem ver-se nesta foto no lado esquerdo o Edifício onde morou "MACHADO DE CASTRO") in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ IV ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 3 )»

A «CASA DE MACHADO DE CASTRO» na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS". A casa modesta só decorada pelo portal e o revestimento de azulejos, está inserida no alinhamento desta RUA, fronteiro aos antigos "CAIS DA MADEIRA" e "CAIS DO CARVÃO", cujas primeiras edificações remontam a finais do século XVI.
Em 1758 esta propriedade pertencia a "JOSÉ CARDOSO DA SILVA", morador no CAIS DO CARVÃO, fiel dos ARMAZÉNS DO REINO, tendo como função receber e arrecadar todos os géneros de munições que entravam nos armazéns. Seu pai tinha sido mestre ferreiro da fábrica dos mesmos armazéns, o avô paterno também ferreiro.
"JOSÉ CARDOSO DA SILVA" viveu nestas casas - avaliadas com seus dois andares e uma loja em oitenta mil réis - servido por cinco criados. Casou segunda vez com "D. ANA BÁRBARA DE SOUSA". Esta senhora, já viúva em 1778, herdou as casas ao "CAIS DO CARVÃO" e levou-as em dote ao segundo marido, o escultor "JOAQUIM MACHADO DE CASTRO", então com 48 anos. A cerimónia realizou-se na "ERMIDA DO MARQUÊS DE MARIALVA", em MARVILA no dia 13 de Abril de 1779 ( 1 ).
Em 15 de Outubro de 1779, "D. ANA BÁRBARA DE SOUSA"  celebrou uma escritura dizendo:"Cais dos Soldados e casas de morada de Joaquim Machado de Castro" ( 2 ).
Vários olisipógrafos souberam da residência do artista na freguesia de SANTA ENGRÁCIA, através do "ALMANAQUE DE LISBOA DE 1791" que o refere como morador defronte do CAIS DO TOJO, à "BICA DO SAPATO". Mas "JÚLIO DE CASTILHO" resume a questão que  a todos se colocou: "em qual daquelas casas?" ( 3 ) PASTOR DE MACEDO reforçou a informação, pois apurou o baptismo de quatro filhos do escultor - PEDRO (1780), JOSÉ (1782), MARIANA (1784) e MARIA (1785) - sendo morador na "Praça de Armas e no Cais dos Soldados" ( 4 ). No entanto, os livros da "Décima da cidade" referem que ele viveu neste edifício entre os anos de 1778 e 1779 ( 5 ) - situado na "fronteira do Cais dos Soldados - apontado-o como senhorio que viveu de suas rendas.
Aí residia quando recebeu o ALVARÁ DE ESCULTOR DA CASA REAL (11.09.1782), "cargo vago há muitos anos, com o qual emprego haverá trezentos e cinquenta réis de moradia por mês e três quartos de cevada por dia, paga segundo ordenança, e assim mais vinte mil-réis de ordenado cada ano". Tal nomeação ficou-se a dever ao trabalho da estátua de D. JOSÉ, concluído sete anos antes.
Em 1792 a propriedade foi adquirida por um doutor RODRIGO DA COSTA que a vendeu no ano seguinte ao "DR. MANUEL DE OLIVEIRA, proprietário até 1825, que a arrendou a várias pessoas, caso de um cadete do Regimento de LIPPE, um administrador do PAÇO DA MADEIRA, um Tenente-coronel de Artilharia, ou um Corregedor do CRIME DO BAIRRO ALTO. Comprada depois por "ANTÓNIO FRANCISCO MOREIRA DE SÁ", o primeiro andar e a loja estiveram arrendados de 1822 até 1892 à Administração de Iluminação da Cidade.
Aumentada em mais um andar no século XIX, teve como proprietário, em meados da centúria, "PEDRO ANTÓNIO PINA MANIQUE" estando durante muitos anos devoluta, conhecendo uma lenta e progressiva degradação até à actualidade.

- ( 1 ) IAN/TT, RP, Santa Engrácia, Casamentos, cx. 20, L.º 8.
- ( 2 ) IAN/TT, CN, C - 12B, Cx. 89, L.º 773, fls. 39V-42.
- ( 3 ) CASTILHO, Júlio de, A RIBEIRA DE LISBOA, Vol, I LISBOA, CML, 1948, pp. 176
- ( 4 ) CASTILHO, Júlio de, Idem pp. 176-178-Notas.
- ( 5 ) AHTC, Décima da Cidade. Livro de Arruamentos, Santa Engrácia, Mçs. 431 a 443.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ V ] A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 4 )» 

sábado, 14 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ III ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 2 )»
 Rua dos Caminhos de Ferro - (12.08.1941) Foto de Joaquim dos Santos Sobreira (Antiga "RUA  CAIS DOS SOLDADOS" hoje "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO". Obra para abertura de uma estação de CORREIO, tendo sido adjudicada a meu pai. O fontanário nesta época ainda permanecia frente às futuras instalações dos Correios)   in  ARQUIVO/APS
 Rua dos Caminhos de Ferro - (12.08.1941) (Foto de J.S. Sobreira) (Obra da futura estação de Correio dos CTT, na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS) in ARQUIVO/APS
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1953) Foto de Fernando Martinez Pozal (A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS" com a sua estação de CORREIO a funcionar. O fontanário ainda estava neste local e na parte de cima indica na legenda que era uma obra da SOCIEDADE PROTECTORA DOS ANIMAIS fundada em 1875, destacando além disso,  o nome do seu "doador") (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua dos Caminhos de Ferro - (2014) ("Rua dos Caminhos de Ferro", antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS". A estação já não existe, e o fontanário foi mudado de posição, além das legendas que indicam agora: "O homem deve ser piedoso e humano para com os animais") in  GOOGLE EARTH
 Rua do Caminhos de Ferro - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" esquina do lado direito a "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA", naquele tempo "COMPANHIA REAL DOS CAMINHOS DE FERRO". Na parte de cima do lado esquerdo aparece uma muralha guarnecida de ameias e torre, sem história e pouco significado) (Abra em tamanho grande) in  AML 
Rua dos Caminhos de Ferro - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (Sensivelmente entre o número 90 e 88 da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO"´, lá no cimo, sustentando um edifício da "RUA DO PARAÍSO", uma muralha guarnecida de ameias e torre tudo num amaneirado singular, sem história nem significado; (como nos diz NORBERTO DE ARAÚJO)  (Abre em tamanho grande) in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ III ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 2 )»

Ainda neste lado esquerdo da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" possivelmente muito próximo da esquadra oitocentista, nos números 130-132, existiu uma estação  de CORREIO. As fotos de que dispomos (duas) estão datadas de 1941, sendo esta obra adjudicada a meu pai e a concluiu. Apresentamos outra foto dos anos cinquenta do século passado e podemos concluir  que nessa altura ainda funcionava a estação de CORREIO.
Como curiosidade, fui encontrar as fotos de 1941 com a indicação de meu pai, assinalando "RUA CAIS DOS SOLDADOS", admitindo que já se tinham passado sessenta e um anos da mudança de nome para "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO", mas mantinha-se a tradição de lhe chamar o antigo nome.
Hoje no mesmo local onde no século passado existia a ESTAÇÃO DE CORREIO", está um "CAFÉ HAMBURGUEIRA- O TERMINAL SANTA APOLÓNIA".
Tanto nos anos 40 e 50 do século passado o "FONTANÁRIO" (de água canalizada) encontrava-se em frente da Estação de CORREIO, uma obra meritória que a "SOCIEDADE PROTECTORA DOS ANIMAIS", fundada em 1875, e destacando o nome do seu "doador" espalhou por toda a LISBOA, matando a sede aos animais. Neste momento este "FONTANÁRIO" continua activo, (sem a designação inicial) mas com a indicação "O HOMEM DEVE SER PIEDOSO E HUMANO PARA COM OS ANIMAIS". Está localizado mais para o final da RUA frente ao "RESTAURANTE REI DOS FRANGOS" e no inicio da "CALÇADA DO FORTE".
Na parte de cima da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO", sensivelmente entre os números 90 e 88, existe uma sustentação ou "muralha" a um edifício da "RUA DO PARAÍSO", onde se observa uma muralha que poderá trazer alguma confusão. Está assente sobre rocha que aflora e guarnecida de ameias, armada de uma torre, tudo muito singular, embora não fique mal; mas não tem o paredão nem história, nem significado.
Esta RUA do século XIX destaca-se ali ou além, por uma beneficiação em algum edifício, a fachada de alguns prédios de azulejos da "FABRICA ROSEIRA", que funcionava ali bem perto, porque a história dos seus edifícios é pouco conhecida.
Diz-nos ainda "NORBERTO DE ARAÚJO" que: "o lado oposto ao da estação, é toda de semblante pobre do século XIX, apenas no número 18 se nota um portal, com lavores de cantaria, e que marca uma antiguidade mais recuada"( 1 ).
Fomos investigar e sabemos que aquele edifício com o Nº 18 tinha sido a morada de MACHADO DE CASTRO o escultor que elaborou a estátua equestre de D. JOSÉ I, que se encontra na PRAÇA DO COMÉRCIO. A casa encontra-se degradada, actualmente emparedadas as portas, (a janela não necessita, tem grades), os azulejos do século XVIII ou XIX vão "aparecendo" na "FEIRA DA LADRA" (ali bem perto), a ruína continua; MACHADO DE CASTRO não merecia isto...

No início da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" para quem vem da "RUA DA BICA DO SAPATO" podemos observar à nossa direita um gradeamento que dá acesso à "RUA DO CARDEAL", que nos leva ao ARCO sob o "HOSPITAL DA MARINHA" e ao lado a "RUA DOS CESTEIROS", que nos pode conduzir a "SANTA CLARA".

- ( 1 ) - Por este texto de NORBERTO DE ARAÚJO, se pode concluir que nem ele sabia a quem pertencia aquela casa, que tinha alguma história.  

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ IV ]-A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 3 )».

quarta-feira, 11 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ II ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO (1)»

 Rua dos Caminhos de Ferro - (2009) Foto de APS (A "ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SANTA APOLÓNIA", vista da "AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE") in ARQUIVO/APS
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1998) Foto de António Sacchetti - (Vista do conjunto  "Largo de Santa Apolónia", com a "Avenida Infante Dom Henrique" correndo ao longo da margem direita do rio TEJO. Podemos ainda observar a "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA", o "MUSEU MILITAR" e lá no cimo o PANTEÃO NACIONAL) in CAMINHO DO ORIENTE 
 Rua dos Caminhos de Ferro - (1900-1958) Foto de Eduardo Portugal ("RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" com a esquina da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" a "espreitar") (Abre em tamanho grande) in  AML 
  Rua dos Caminhos de Ferro - (entre 1898 e 1908) Foto de Autor não identificado ( Prédio bem conservado na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" com alguns detalhes pitorescos - Vinhos, Petiscos, Capilé, Café e dois "canários" pendurados em cada lado de uma das portas) (Abre em tamanho grande)  in  AML

Rua dos Caminhos de Ferro - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado - (A "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" com seus prédios característicos e seus habitantes naquela época.  O ferro forjado das varandas,  com as  janelas do piso térreo que  mais parecem  grades de uma prisão) (Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ II ]

«A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 1 )»

A «RUA DOS CAMINHOS DE FERRO» pertencia a duas freguesias. À antiga freguesia de "SANTA ENGRÁCIA" os seus números ímpares e à freguesia de "SÃO VICENTE DE FORA" os números pares. Com  a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA em 2012, passou todo o espaço a pertencer à nova freguesia de «SÃO VICENTE» que engloba não só estas freguesias, como também a freguesia da "GRAÇA". Tem início na "RUA DA BICA DO SAPATO" e finaliza entre a "CALÇADA DO FORTE" e o "LARGO DOS CAMINHOS DE FERRO", existindo mais uma ramificação desta RUA, que termina na "RUA TEIXEIRA LOPES".
Tem como convergente a este arruamento o "BECO HOSPITAL DA MARINHA" no seu lado direito.
Por Edital Camarário de 12 de Novembro de 1880, assinado por "JOSÉ GREGÓRIO DA ROSA ARAÚJO" (1840-1893), a antiga "RUA DO CAIS DOS SOLDADOS" passava a designar-se "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO".
Sabe-se que este topónimo resulta da proximidade da "ESTAÇÃO DE COMBOIOS DE SANTA APOLÓNIA", que durante muitos anos terá sido a única ESTAÇÃO em LISBOA, para este meio de transporte ferroviário.

O lado esquerdo do final da "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" tem como única edificação relevante, um dos lados (Norte) da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA", para compor a sua arquitectura simétrica. O seguimento da RUA é composta de muro até à "RUA DA BICA DO SAPATO"

Liga com a "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" no lado Poente em declive um pouco acentuado a "CALÇADA DO FORTE", que nasce na "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" e termina na "RUA DO MUSEU DE ARTILHARIA, acompanhando lateralmente o edifício do antigo "ARSENAL" ou "FUNDIÇÃO DE BAIXO" (do século XIX), hoje "MUSEU MILITAR", possivelmente a única via seiscentista existente, que dava caminho para o "FORTE DE SANTA APOLÓNIA" mais para nascente, do qual nenhum vestígio resta nesta localidade.

Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO" que: "no "Largo" nos números 128-130 existiu durante algumas dezenas de anos do século XIX e do XX, a esquadra da polícia dos "CAMINHOS DE FERRO", transferida em 1937, para o edifício do antigo "ARSENAL", no "LARGO DO MUSEU".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ III ]-A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO (2)».

sábado, 7 de março de 2015

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ I ]

«SANTA APOLÓNIA E SEU ENQUADRAMENTO»
 Rua do Caminhos de Ferro - (2012) Foto de APS (Panorâmica da "Estação dos Caminhos de Ferro de Lisboa",  na sua fachada virada  para a "Avenida Infante D. Henrique", tirada do paquete "MSC MAGNIFICA", numa das suas passagens por LISBOA)  in  ARQUIVO/APS 
 Rua dos Caminhos de Ferro (1856-1858) Direcção de FILIPE FOLQUE - (Pormenor da Carta Nº 38 onde podemos ver a "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS" e ainda a "RUA DA BICA DO SAPATO") in AML 
 Rua dos Caminhos de Ferro - (depois de 1865) Foto de António S. da Fonseca - (A "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" no lado Sul assente sobre uma infra-estrutura de pedra aparelhada que servia de paredão ou Cais Fluvial, dado que as margem do Rio Tejo se estendiam até à Estação. O fotógrafo terá colocado a sua máquina num molhe transversal - do aterro da Praia dos Algarves - ao paredão inferior da Estação de modo a captar esta panorâmica) in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua dos Caminhos de Ferro (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (A fachada Norte da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" virada para a "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO" antiga "RUA CAIS DOS SOLDADOS", quando ainda funcionava o "Americano") (Abra em tamanho grande) in AML
Rua dos Caminhos de Ferro - (2014) - (A fachada principal da "ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA" virada a Poente, no antigo "LARGO DOS CAMINHOS DE FERRO")  in  GOOGLE EARTH

RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ I ]

«SANTA APOLÓNIA E SEU ENQUADRAMENTO»

O sítio de "SANTA APOLÓNIA" terá sido fundado em meados do século XV no caminho velho que ligava a ORIENTE, com a construção de uma Ermida dedicada à mártir "SANTA APOLÓNIA", quando o RIO ainda marginava aqueles terrenos. Embora fosse um pouco mais que ermo, o povo depressa começou a conhecer o local como «SANTA APOLÓNIA» tornando-se uma referência, que rapidamente se foi expandindo.

Com a vinda dos CAMINHOS DE FERRO para PORTUGAL e o nome da Estação inicial se ter chamado "SANTA APOLÓNIA", veio consagrar mais definitivamente o âmbito geográfico mais conhecido o topónimo.
Destacam-se alguns nomes na época, uns ainda presentes, outros passados à história. É o caso do velho "CAIS DA MADEIRA", "CAIS DO TOJO", "CAIS DO CARVÃO" ou o "CAIS DOS SOLDADOS". Ficou-nos a «RUA DA BICA DO SAPATO», a "FUNDIÇÃO DE BAIXO" (hoje MUSEU MILITAR), a RUA DOS CAMINHOS DE FERRO (antiga RUA DO CAIS DOS SOLDADOS).
Embora o lento assoreamento  do RIO TEJO, veio permitir a ocupação junto da sua margem.
Os terrenos ribeirinhos, logradouros públicos, a Câmara procedeu ao seu loteamento em 1578, mantendo-se o caminho ao longo dos novos cais.
Rapidamente estes terrenos se especializaram em produtos a granel com necessidade de espaços amplos para armazéns, caso do CAIS DA MADEIRA, do TOJO ou do CARVÃO. Desse loteamento camarário resulta a actual divisão das propriedades ribeirinhas, hoje face poente do "LARGO DE SANTA APOLÓNIA" e "RUA DOS CAMINHOS DE FERRO", entre as quais se destacam na "CARTA TOPOGRÁFICA DA CIDADE DE LISBOA da autoria e direcção de FILIPE FOLQUE (1856.1858), relativamente à zona de SANTA APOLÓNIA.
É de notar que onde hoje está construída a "nova" ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA nesse lugar sobranceiro ao longo do RIO, existia o REGIMENTO DE CAVALARIA DO CAIS, daí resulta o nome da "RUA DO CAIS DOS SOLDADOS" (hoje RUA DOS CAMINHOS DE FERRO).
Existiram também as "CASAS NOBRES DE PEDRO CUNHA". PEDRO DA CUNHA, chamado o da "PRAIA", por viver numas casas ao CAIS DO CARVÃO, na esquina Sul do "BECO DO HOSPITAL DA MARINHA", propriedade trazida em dote por sua mulher, D. HELENA DE MENDONÇA, filha de PEDRO MENDONÇA e de SANTA CLARA, senhor da CASA DA COVA. Das duas casas de que hoje restam vestígios, existe uma planta assinada por MATEUS DO COUTO.
PEDRO CUNHA, tinha dois filhos; SIMÃO e TRISTÃO DA CUNHA que habitaram estas casas.
O segundo filho de PEDRO DA CUNHA, "TRISTÃO DA CUNHA", Governador de ANGOLA veio a herdar as antigas casas de seus antepassados, sendo este TRISTÃO DA CUNHA , que fundou o PALÁCIO DE XABREGAS.  
Apesar de aqui se ter feito algumas obras veio a ser vendida esta propriedade para prover às despesas com as grandes transformações que foram realizadas  nos primeiros anos do século XVIII em XABREGAS, daí em diante residência principal deste ramo dos "CUNHAS" (Casa de OLHÃO, em XABREGAS).
Falaremos noutra ocasião do "ARSENAL" depois chamado de "FUNDIÇÃO DE BAIXO" do século XVI (hoje MUSEU MILITAR), responsável grandemente da rápida urbanização na área adjacente à CERCA FERNANDINA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ II ] A RUA DOS CAMINHOS DE FERRO ( 1 )»

quarta-feira, 4 de março de 2015

RUA DO BEATO [ XIII ]

«EVENTOS NO CONVENTO DO BEATO»
 Rua do Beato - (2009) Foto de Nunes Beirão ( Um aspecto do "CLAUSTRO PRINCIPAL" do antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO", com a realização de um dos seus eventos) in NUNES BEIRÃO
 Rua do Beato - (2008) - (O imponente e harmonioso "CLAUSTRO PRINCIPAL" do antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO", é uma magnifica obra arquitectónica abundantemente decorada com mármores coloridos)  in  MORGADIO REAL
 Rua do Beato - (1993) Foto de António Sacchetti (Mais um aspecto do "Claustro Principal" do antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO", preparado para grandes eventos) in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Beato - (2005) (Catálogo de informações e visitas ao antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO")  in  CONVENTO DO BEATO
 Rua do Beato - (2005) (Catálogo informativo e cultural das instalações do antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO") in  CONVENTO DO BEATO
Rua do Beato - ( 2005 ) - (Catálogo de informações históricas do antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO" e sua localização)  in  CONVENTO DO BEATO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ XIII ]

«EVENTOS NO "CONVENTO DO BEATO"»

Reconhecido ao longo dos anos pela sua magnifica construção, o "CONVENTO DO BEATO" foi em 1984 classificado pelo IPPAR, como "IMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO"; Decreto Nº 29/84, DR., I Série Nº 145, de 26 de Junho de 1984.(ver decreto - em Concelho de Lisboa -).
Todavia o seu espólio conta com relevantes vestígios de arqueologia industrial, sendo considerado um bom lugar para ser utilizado para realizações de vários eventos de cariz cultural e não só.
Em finais do século XX o GRUPO CEREALIS, vocacionado para a transformação de cereais adquire a NACIONAL. Convicto do valor inestimável que o CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO" tem, o grupo imprime uma gestão mais dinâmica a este espaço, com projectos e obras de beneficiação que proporcionaram a realização de eventos como a sua finalidade.
O "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO" com uma área útil de 2 500 metros quadrados, surge como excelente escolha para a realização dos mais diversos eventos: congressos, seminários, exposições, espectáculos, casamentos e outros acontecimentos sociais.
Consoante a actividade a realizar ( e o número de pessoas envolvidas) é possível optar-se pela utilização total do CONVENTO ou apenas por uma ou duas das magnificas salas que este maravilhoso conjunto arquitectónico apresenta.
Em 2004 foi alvo de novo incêndio que produziu relevantes estragos no edifício, tendo sido reaberto ao público em 2005.

Salas para os eventos no "CONVENTO DO BEATO" -
PISO TÉRREO - IGREJA - 400 m2.
SALA DO CAPÍTULO - 132 m2 - 150 pessoas de pé, 100 sentadas e 120 na plateia.
PÁTIO EXTERIOR - 340 metros quadrados.
CLAUSTRO - 1 190 m2, 2 500 pessoas de pé, 1 200 sentadas e 900 em plateia.
REFEITÓRIO - 132 m2, 400 pessoas de pé, 300 sentadas e 400 em plateia.
FOYER - 320 metros quadrados
PRIMEIRO ANDAR
GALERIA - 425 m2.
ANTIGA BIBLIOTECA - 330 m2, 400 pessoas de pé, 350 sentadas e 450 em plateia.
ESCADARIA MONUMENTAL - 245 metros quadrados.
TERRAÇO - 226 m2, 250 pessoas de pé, 200 sentadas e 200 em plateia.
FOYER SUPERIOR - 250 m2, 400 pessoas de pé, 150 sentadas e 200 em plateia.

Ao relembrar as palavras de ALBERTO PIMENTEL ("DE XABREGAS À PÓVOA DE SANTA IRIA") em 1908. "(Desde Xabregas depara-se-nos aqui um sítio mais airoso e largo: é a "ALAMEDA DO BEATO". Antigamente, antes do alargamento da cidade, os patuscos de LISBOA frequentavam muito este sítio. (...) todos estes sítios continuaram a ser passeio predilecto dos moradores de LISBOA até depois da primeira metade do século XIX".
Os anos passaram, as estruturas renovam-se, os hábitos modificam-se, mas as raízes permanecem...  [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA
-ARAÚJO, Norberto de -PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro XV-2.ª ED. 1993-Vega -LX.
-ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - Direcção de Filipe Folque:1856-1858-CML-Departamento do Património Cultural.
-DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena-Carlos Quintas & Associados-Consultores,Lda. - 1994 - SACAVÉM.
-FERREIRA, Jaime Alberto do Couto -Farinhas, Moinhos e Moagens-Ed. Âncora-1999-LX.
-FOLGADO, Deolinda e CUSTÓDIA, Jorge - Caminho do Oriente.Guia do Património Industrial-Livros Horizonte-1999 - LISBOA.
-MATOS, José Sarmento de - LISBOA, Um passeio a Oriente - Parque Expo´98-1993-LX.
-MATOS, José Sarmento e PAULO, Jorge Ferreira-Caminho do Oriente-Guia Histórico II - Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.

INTERNET

ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
PATRIMÓNIO CULTURAL - Direcção-Geral do Património Cultural

(PRÓXIMO)«RUA DOS CAMINHOS DE FERRO [ I ]-SANTA APOLÓNIA E SEU ENQUADRAMENTO».