sábado, 28 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado (Fachada principal do "PALÁCIO SEIA" também conhecido pelo "PALÁCIO BRAMÃO" e antigo "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" números 141 a 147) (Abre em tamanho grande) in  MONUMENTOS-SIPA 
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado - Entrada do "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE", depois "PALÁCIO SEIA" e "PALÁCIO BRAMÃO", na Rua da Escola Politécnica, 147 em LISBOA) in JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - ( 2011) - Foto de autor não identificado - ("Palácio Rebelo de Andrade" depois "Palácio Seia" na esquina com a "RUA DO ARCO DE S. MAMEDE" e a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in  MONUMENTOS-SIPA
Rua da Escola Politécnica - (anterior a 1977) Foto de autor não identificado - (Possivelmente nesta altura já a "IMPRENSA NACIONAL" estava instalada no "PALÁCIO SEIA") in  MONTE OLIVETE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 2 )»

E essa leveza elegante, que é, sem dúvida, a imagem de marca deste edifício, considerando-o na sua forma primitiva, é bem acentuada pelo toque quase precioso dos óculos que compõem o "MEZZANINO" lateral.
O acrescento de um andar em altura veio perturbar a imagem bem composta e harmónica desta casa-nobre. Não se conhece a data de tal aumento, mas sabe-se que, ainda em 1812, num aviso de venda publicado na «GAZETA DE LISBOA», a casa é descrita como tendo; "onze janelas de sacada em frente e grande fundo".

"REBELO DE ANDRADE" habitou o Palácio pouco mais de dois anos, por falecimento, e em 1769 os seus herdeiros alugaram o segundo andar, e todo o prédio em 1781 até 1810, mas já então o tinham vendido, após 1805, aos "MARQUESES DE MINAS", "CONDES SOUSAS DO PRADO", que pelas datas que se extraiam foram sucessivamente quatro, do 5.º ao 8.º, com numerosas criadagem, de 42 elementos.

Em 1820 passou pelo palácio a "3.ª MARQUESA DE VAGOS", casada em 1815. No ano de 1833 pertencia esta casa a um "MANUEL DE MIRANDA CORREIA", homem de negócios, que consta ter enriquecido com o tráfico de escravos com o BRASIL, sendo, sem impedimento, CAVALEIRO DE CRISTO. Uma filha "D. MARIANA" e herdeira deste "MIRANDA CORREIA", foi dama da rainha "CARLOTA JOAQUINA", o que situa politicamente o "negreiro", que em 1816 a casou nobremente na grande casa "ATALAIA-TANCOS" com o "CONDE DE SEIA", "D. ANTÓNIO MANUEL DE MENEZES", um fidalgo, oficial da marinha, que possuía (não sabemos se à custa do sogro) uma fragata de tal modo ostentoso e revestida de oiro que era cognominada a "DOIRADINHA".
Usou as armas dos "MARIALVAS", da varonia paterna e sua casa; era capitão de fragata o CONDE que conduzira a CORTE DE D. JOÃO VI de regresso ao reino.
Quando em 1840 o "CONDE DE SEIA" habitava este Palácio que herdou de seu sogro, existiram muitas obras de ampliação, supõe-se que eventualmente nessa época terá sido acrescentado o 2.º andar. O CONDE DE SEIA morreu em 1848, deixando um filho arruinado e desgraçado, que foi figura dramática de LISBOA, de meados do século XIX.

Vendido o edifício por um preço mesquinho, a casa andou depois por várias mãos, como a dos "VISCONDES DE SANTIAGO DE CAIOLA", proprietários em PORTALEGRE, e também no século XX foi habitada por um "CONDE FEITOSA". Um "BRASILEIRO" rico, de nome  "JOÃO FERNANDES" com a personagem já caricaturada pelo "RAMALHO" nas «FARPAS».
De 1908 a 1910 foi sede do PATRIARCADO. Os últimos proprietários foram os herdeiros do escritor "D. ALBERTO BRAMÃO", sendo na altura o edifício conhecido como o "PALÁCIO BRAMÃO".
Depois foi partilhado em andares e transformado numa espécie de prédio de rendimento. Um grande incêndio em Julho de 1931, afectou-a consideravelmente. 
Existiram depois questões de heranças e o palácio foi vendido à "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA" em 1977, pelos descendentes de "D. ALBERTO BRAMÃO", também ali habitado no século XIX,  o célebre médico "SOUSA MARTINS".

Dado como irrecuperável pelo Ministério das Obras Públicas, foi salvo em 1983, adquirido pelo "INSTITUTO PORTUGUÊS DE ENSINO `A DISTÂNCIA", para a instalação da «UNIVERSIDADE ABERTA», tendo recebido, com isso, equipamento sofisticado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XXI ]-A REAL FABRICA DAS SEDAS( 1 )».

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) - (O "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA" na Rua da Escola Politécnica e esquina para a "Rua do Arco de S. Mamede". Um grande incêndio em 1931 afectou este palácio consideravelmente. Em 1983 foi adquirido pelo Instituto Português de Ensino à Distância, para nele instalar a "UNIVERSIDADE ABERTA") in  GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (2011) Foto de João Carvalho - (Pormenor da varanda por cima da entrada principal, do "PALÁCIO SEIA", também conhecido pelo "PALÁCIO BRAMÃO")  in  WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001) Foto de Pedro Soares - (Portal do "PALÁCIO SEIA" ou "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA" na Rua da Escola Politécnica, também conhecido por "PALÁCIO BRAMÃO")  in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Antigo "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA", depois de 1977 propriedade da "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA" e em 1983 estava ali instalada a "UNIVERSIDADE ABERTA")  in  A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 1 )»

O «PALÁCIO REBELO DE ANDRADE» construído ainda antes de 1760, na hoje "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" números 141 a 147, ou à "COTOVIA", mesmo em frente do então "COLÉGIO DOS NOBRES", e que depois pertenceu ao "CONDE DE SEIA", é um grande edifício de dois andares com onze varandas na fachada principal, onde a elegância e o cuidado dos pormenores não disfarçam inteiramente um aspecto burguês que o assemelha muito à casa de "LUDOVICE", construída uma dezena de anos antes. Este antigo PALÁCIO serve hoje de sede à "UNIVERSIDADE ABERTA".
Apesar das muitas transformações que sofreu ao longo dos anos, especialmente o acrescento de um piso superior, o "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE" continua a ser um notável exemplo da arquitectura residencial pombalina.
Este rico comerciante lisboeta "ANTÓNIO REBELO DE ANDRADE" terá construído neste palácio em terrenos da "QUINTA DOS SOARES", aforados a "D. RODRIGO DE NORONHA", na chamada "QUINTA DA COTOVIA", a tornejar para a nova "RUA DO ARCO".
Em 1762, "ANTÓNIO REBELO DE ANDRADE", já aí é dado como residente. Trata-se, pois, de uma das primeiras construções palacianas desta zona, a par com o seu vizinho do "MORGADO ALAGOA", construído  também por alguém inteiramente ligado ao poder emergente de "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO".
O edifício que hoje nos é dado observar não corresponde, no entanto, ao projecto inicial de "REBELO DE ANDRADE". Como já nos referimos, primitivamente este palácio só contava com o primeiro piso de rés-do-chão e, sobre ele, um andar nobre de sacada, Na fachada sobre a "RUA DO ARCO" esse piso nobre tinha o pé-direito mais baixo, permitindo a existência de um "MEZZANINO" no vão, iluminado por óculos. 
Além disso, aproveitando o desenvolvimento da RUA lateral, abria sob o piso térreo outro de grandes lojas, de certo inicialmente destinados a cavalariças. Para trás. sobre o jardim a construção desenvolvia-se em " U " simétrico, definindo como que um pátio ajardinado com directa ligação ao átrio da entrada.
Esta disposição primitiva enquadra esta casa-nobre na tradição construtiva então vigente em LISBOA. Uma grande sobriedade no desenho, de leitura fácil em termos de organização do espaço, sem originalidades ou fantasias arquitectónicas. E o esquema antigo, com o andar-nobre alterado, mantendo um certo afastamento entre a rua e o local de vivência dos donos da casa. Já o mesmo se não poderá dizer da gramática decorativa.
Estamos perante um dos edifícios em que mais perfeitamente se explana o gosto do "Barroquismo Joanino", de inspiração italiana, preso às elegâncias formais do trabalho nas cantarias.
Como era hábito com números ímpares de aberturas, neste casa, exalta-se o eixo central, ocupado pelo portal e um janelão de sacada sobreposto.  A atenção decorativa, com volutas e frontão contracurvado, que interliga essas duas componentes, acentua a verticalidade, contrabalançando, assim, a horizontalidade dominante na construção. As restantes dez sacadas apresentam também frontões elaborados que ritmam e animam a fachada, tornando mais leva a solidez da estrutura rígida do próprio edifício. De acordo com a prática BARROCA DE LISBOA, é a decoração que imprime ritmo e transmite alguma leveza a uma tradição construtiva que, na sua essência, pouco mudara.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ] - O PALÁCIO REBELO  DE ANDRADE-SEIA( 2 )». 

sábado, 21 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVIII ]

«O MUSEU BOCAGE»
 Rua da Escola Politécnica - s/d - Foto de autor não identificado - (Animais e peixes montados por António Casanova na Galaria do Museu Bocage)  in  TRIPLOV 
 Rua da Escola Politécnica - ( ant. 1907) (Um dos retratos do professor José Vicente Barbosa du Bocage, fundador do MUSEU)  in  WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - (1978) Foto de Francisco Reiner em 26.11.204) (Incêndio no "MUSEU BOCAGE" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", 54  - o que sobrou do incêndio de 1978 )  in TRIPLOV
 Rua da Escola Politécnica - (2004) Foto de Francisco Reiner - ("Lunda cirrhata", uma ave da família  ALCIDAE. Papagaio do mar com aproximadamente 40 cm. de comprimento e pesa entre 600 a 800 gramas,  exposto no MUSEU BOCAGE)  in  TRIPLOV
Rua da Escola Politécnica - (2004) Foto de Francisco Reiner - (Espécies de aves  no Museu Bocage) in TRIOLOV

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVIII ]

«O MUSEU BOCAGE»

O «MUSEU BOCAGE» designação oficial da secção de zoológica e antropológica do  "MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL". Corresponde à secção zoológica do antigo  MUSEU NACIONAL DE LISBOA, fundada e dirigida, por "JOSÉ VICENTE BARBOSA DU BOCAGE".  Em 1905, ainda em vida do prestigiado zoólogo, foi conferido, sob proposta do Conselho da "ESCOLA POLITÉCNICA", o actual nome àquela secção. Uma excelente colecção antropológica portuguesa reunida por FERRAZ DE MACEDO foi nela depositada em 1907.
Assim quando em 1919 se criou o "MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL", estendeu-se a designação de "MUSEU  BOCAGE" também à antropologia física.
O "MUSEU BOCAGE" é o herdeiro do espólio zoológico e bibliográfico do "REAL MUSEU DA AJUDA", após a passagem do que dele restou, depois de 1808, pela "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS". Com efeito, quando das invasões francesas, " GEOFFROY SAINT-HILAIRE veio retirar tudo o que havia de cientificamente original no "REAL MUSEU", transportando-o para o "MUSÉE NATIONAL D'HISTOIRE NATURELLE DE PARIS". Assim, degradado , tudo o que restava do REAL MUSEU foi transferido, em 1836, para a "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS" e daqui, em 1858, para a "ESCOLA POLITÉCNICA".
Destinava-se, então, a complementar o ensino teórico de Zoologia professado nesta escola. O professor BARBOSA DU BOCAGE foi, no entanto, bem mais longe, fez do MUSEU que dirigiu, um instituto de investigação taxonómica. 

Durante a sua longa vida cientifica, BARBOSA DU BOCAGE descreveu cerca de  duzentas espécies nominais, sobretudo de vertebrados africanos. Escolheu e apoiou colaboradores, restabelecendo em PORTUGAL uma tradição taxonómica de valor significativo.
Obteve, através de colectores nas colónias portuguesas, que soube motivar e interessar pelo "MUSEU DE LISBOA", excelentes colecções zoológicas, sobretudo de ANGOLA. "JOSÉ ANCHIETA" foi o seu grande colaborador neste domínio.

O "MUSEU BOCAGE" era, assim, uma instituição ricamente dotada e um centro de investigação taxonómica internacionalmente prestigiada. As cerca de três centenas de espécies novas descritas pelos seus naturalistas ao longo do tempo conferiram-lhe um interesse particular no domínio histórico-científico, pois aqui se encontra os exemplares sobre que as descrições originais se haviam baseado. Além disso, conservava vários exemplares de espécies actualmente extintas.

Tudo isso desapareceu com o incêndio de Março de 1978, a que se atribuiu de origem criminosa.
Hoje, o MUSEU BOCAGE continua em reconstrução. Reuniram-se, entretanto,  boas colecções, sobretudo de vertebrados de PORTUGAL. Foram-lhe oferecidos outras, principalmente de fauna marinha e peixes dulciaquícolas africanos. Organizou-se uma pequena exposição sobre diversidade animal, que é muito visitada por escolas da região de LISBOA. Foi restaurada a biblioteca, que já dispõe de milhares de volumes. A sua riqueza actual consiste, porém, no arquivo histórico, pois, por uma feliz circunstância, a quase totalidade dos manuscritos que possuía foi poupada ao incêndio.
No plano histórico-científico dar-se-á prioridade à investigação do arquivo histórico do «MUSEU BOCAGE», arquivo que é muito elucidativo da marcha dos estudos históricos-naturais em PORTUGAL, bem como das suas motivações e interesses nos dois últimos séculos, sendo designado actualmente por "MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL DA UNIVERSIDADE DE LISBOA". 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ] O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA ( 1 )». 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ]

«O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Uma panorâmica do "LARGO DE S. MAMEDE" com a Igreja no topo e suas escadarias. O LARGO com "Calçada à portuguesa" preenche quase a sua totalidade)  in  SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 )- Pormenor do "LARGO DE S. MAMEDE". Cortou-se a velha "Quinta do Noviciado", com uma rua que ligava o antigo SALITRE (antiga Rua Nova de S. Mamede), e destinou-se a esquina para local do novo Templo) in  GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (1912) Foto de Garcia Nunes - (A "IGREJA DE S. MAMEDE" no LARGO DE S.MAMEDE, edificação de 1924, um projecto do Arquitecto Raul Martins)  in  AML

Rua da Escola Politécnica  - (entre 1955 e 1970) Foto de Artur Pastor - (No "LARGO DE S. MAMEDE", a antiga Agência do Banco Pinto & Sotto Mayor, um sinaleiro dirigindo o transito, e nessa época os eléctricos viravam neste LARGO com a "chapa" GOMES FREIRE) (Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ]

«O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA»

O «LARGO DE SÃO MAMEDE», junto à Igreja da mesma invocação, é um topónimo que data provavelmente do século XVIII, altura em que se iniciou a construção da "IGREJA DE SÃO MAMEDE". Embora o "LARGO" não seja muito antigo, sabemos que foi solicitado à Câmara em 1852, pela "Irmandade Fabriqueira do Novo Templo". Para isso, cedeu um terreno ao município com a condição de nunca se poder nele edificar qualquer construção. Assim nasceu o "LARGO DE SÃO MAMEDE", cuja arborização e empedramento são mais tardios, iniciados somente em 1907.

Após o Terramoto de 1755, irrompeu para estes lados uma verdadeira euforia construtiva. O ESTADO ou o POMBAL, tentou discipliná-la através de projectos tocados por alguma utopia. Mas foi a iniciativa privada que sobretudo por aqui deu cartas e dispôs da sua vontade própria. Excepto, curiosamente no local do "LARGO DE SÃO MAMEDE".
Por força dos decretos de expulsão dos JESUÍTAS, todos estes terrenos até ao RATO passaram, por confisco, para a posse da COROA
Tinham pertencido à grande "QUINTA DO NOVICIADO DA COTOVIA", que POMBAL entendeu por então transformar em "COLÉGIO DOS NOBRES".
A iniciativa de urbanização destes terrenos coube, ao poder real. POMBAL achou por bem redistribuir as freguesias da CAPITAL. Como na parte velha grande número delas tinham desaparecido por força do cataclismo, não se justificando a sua reconstrução, o poder entendeu por bem levá-las para outros sítios, onde de facto o crescimento constante da população as requeria. Assim, "SÃO MAMEDE" foi escolhida para orago da nova freguesia que ia pastorear os vizinhos cada dia mais numerosos da velha COTOVIA. Estas mudanças revolucionárias da história alfacinha tiveram a sua consagração legal em Dezembro de 1769.

Cortou-se a velha "QUINTA DO NOVICIADO" com uma RUA que ligava ao antigo SALITRE, baptizada de "RUA NOVA DE SÃO MAMEDE", e destinou-se a esquina para o local do novo  TEMPLO.
A construção da IGREJA foi iniciada em 1782 mas arrastou-se por falta de verbas. Em 1840 estava-se  em ruínas o que  tinha sido erguido, e aquando da inauguração em 18 de Agosto de 1861, estava ainda por acabar.

Andando um pouco para trás para nos referirmos à paróquia inicial de "SÃO MAMEDE" que data de 1312, se não de 1220 como parece provado, (no dizer de NORBERTO DE ARAÚJO, nas suas Peregrinações em LISBOA), sendo o seu primeiro TEMPLO erigido na encosta ocidental do monte  do "CASTELO", depois totalmente destruída pelo Terramoto, acolhendo-se na paróquia de "SÃO CRISTÓVÃO" de onde passou em 1761 para a ermida de SÃO PATRÍCIO, perto do seu primitivo local, onde se conservou até até Janeiro de 1769. Nesse ano transita para a ERMIDA DE N.ª SENHORA DA MÃE DE DEUS E DOS HOMENS", no sítio do "VALE  PEREIRO" que passou a ser sede provisória da paroquial. Esta Ermida estava na antiga "RUA DO VALE DO PEREIRO", perto do demolido Quartel de Caçadores Nº 2, e dela não restam vestígios. O local desta ermida, na actual LISBOA, corresponde aproximadamente ao leito da RUA RODRIGUES DA FONSECA, onde está cortada pelas; RUA BRAAMCAMP e RUA ALEXANDRE HERCULANO. E como dissemos uma nova Igreja foi começada a construir em 1782, no sítio do actual LARGO DE SÃO MAMEDE.

A "IGREJA DE SÃO MAMEDE", de uma só nave, não tem qualquer significado histórico ou expressão de arte pura; é agradável e composta como se vê, devendo o risco do Arquitecto RAUL MARTINS. Entre as imagens nela venerada destaca-se uma "NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO" que veio do "COLÉGIO DOS NOBRES". Em 1927, foi inaugurada uma capela dedicada a "NOSSA SENHORA DE FÁTIMA" e aos "SANTOS PORTUGUESES". No centro da passagem do corredor do corpo da IGREJA para o cartório, foi em 1932 colocada uma imagem de NOSSA SENHORA em mármore, que chegou a ser atribuída a BERNINI e veio do antigo "CONVENTO DA ESPERANÇA".

Em redor do pequeno "LARGO", dispõem-se alguns edifícios privados interessantes do século XVIII, dois dos quais merecem tratamento especial; os PALÁCIOS ou CASAS-NOBRES de "REBELO DE ANDRADE-SEIA e do "MORGADO ALAGOA". Logo á direita da Igreja, fazendo esquina para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", ergue-se um enorme casarão, cujo elemento decorativo que o caracteriza é o caprichado fecho superior das janelas. Uma espécie de FLOR-DE-LIS que remata o arco-quebrado das molduras em pedra. Foi essa mansão construída por um dos grandes comerciantes lisboetas de meados do século XIX, "ANTÓNIO LOPES FERREIRA DOS ANJOS", irmão do "POLICARPO DOS ANJOS", senhor da bela casa (que já falámos) ao "PRÍNCIPE REAL"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XVIII ]-O MUSEU BOCAGE»

sábado, 14 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 ) Foto de autor não identificado ( Parte do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", e sua Igreja em avançado estado de degradação na época) in MONUMENTOS-SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares - (Traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" onde na última metade do século XIX, eram usadas com objectivos de Lazer e Diversão. Existia uma entrada para o recinto que se fazia pela "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA") in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (2001) - Foto de Pedro Soares -  (Um pormenor das traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", no século XIX, onde possivelmente, dava passagem da "Rua da Escola Politécnica" para os divertimentos instalados neste espaço)  in  MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»


Nas traseiras do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" em meados de Oitocentos, um dos locais mais famosos de LISBOA, era a «FLORESTA EGÍPCIA», último AVATAR romântico de uma série de divertimentos que tinham começado pelos anos de 1770 em que LISBOA recuperava do Terramoto, mas sobretudo se animavam em nova situação "mundano-liberal"; «JARDINS» exóticos, «MITOLÓGICO», «CHINÊS» outro, ou um «TIVOLI», que, ainda em 1840, era na "FLOR DA MURTA", ao "COMBRO".

Agora a referência era «EGÍPCIA». Deve-se este evento de lazer ao italiano "JOSÉ OSTI", pirotécnico, empresário ousado que, de fantasia em falência, fabricava os seus negócios de diversão, com grande sucesso burguês e popular.
O sítio da «COTOVIA», à beira do RATO e do PRÍNCIPE REAL (aonde vimos deslocar-se a FEIRA DAS AMOREIRAS) muito parecia convir ao propósito, dispondo para isso de terrenos de bom acesso e suficientemente amplos como eram, ainda então, os da "CASA ALAGOA".

O modelo era dos "HALLS" londrinos de 50 e passara a PARIS, no "BAL MABILLE" que um viajante de 1856 (OLIVIER MERSON),  não deixaria de mencionar, dando-se à comparação lisboeta. O sítio era bem cuidado. dizia ele, mas faltando.lhe "luxo, multidão, animação. alegria ( e, mesmo , «l'orgie»), era frio mesquinho, baço e aborrecido(...)".

Os divertimentos, porém, não faltavam, quiosques e refrescos, orquestra, café-restaurante, baile de "MAZURKA" e "POLKA", cavalinhos. montanha russa, mesmo a novidade de um "LOOPING-THE-LOOP", de origem americana. Em 1855, além de jogos mais pacatos de "PIM-PAM.PUM" e tiro ao alvo, em números de feira;  e um TEATRO em «SALA DE CRISTAL», toda envidraçada para espectáculos " LÍRICOS-DRAMÁTICOS".  Era "um dos lugar de LISBOA ,mais importante", dizia-nos JÚLIO CÉSAR MACHADO no seu romance de «A VIDA DE LISBOA», e a respectiva adaptação teatral, em 1861, situava a sua primeira cena no recinto.

Quando tudo acabou, em falência e esgotamento de atracção e moda, que inevitavelmente se verifica em tais coisas, não se sabe ao certo. 

Uma das entradas fazia-se no final do beco da "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA", pode-se afirmar que ali era uma das entradas, porque outra se fazia por um portão do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA"
Da popular «FLORESTA EGÍPCIA» de ilusões e prazeres de meados do século lisboeta, nada dos próprios terrenos nos deixa adivinhar o que ali  existiu, e, para "MATAR" a nossa curiosidade, para ver os terrenos, terá de passar os portões do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" ou espreitar pela "RUA TENENTE RAUL CASCAIS". 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ] O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA». 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XV ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 3 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2002) Foto de Teresa Vale - (Fachada principal do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", vista geral de Sueste, na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" in  MONUMENTOS - SIPA
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993 Foto de Henrique Ruas - (No "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" existe uma porta no piso térreo da rua, realçada por um desenho de arco tipo rebaixado) in  SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - (1927) Foto de autor não identificado (Barricada na frente do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", uma revolução Militar em Fevereiro de 1927, que ficou conhecida pelo "REVIRALHISMO")  (Abre em tamanho grande)  in  AML 


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XV ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 3 )»

Nessa parte viveu o actor "FERREIRA DA SILVA" que fez (ou encontrou feito) um salão oitocentista de alto pé direito, entrando pelo espaço do telhado, em nobilitação presunçosa.
Mais inquilinos usaram este PALÁCIO no século XX. O poeta e Diplomata "ALBERTO DE OLIVEIRA, o Engenheiro "GABRIEL RAMIRES DOS REIS, chefe dos serviços técnicos do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" e Administrador do "JORNAL DO COMÉRCIO", o historiador nacionalista oficioso "JOÃO AMEAL".
Nesta PALÁCIO existe também, desde os anos sessenta do século passado, a galeria "DINASTIA" que promove leilões de obras de arte e antiguidades.
Relativamente ao outro espaço foi sede da "ACADEMIA PORTUGUESA DE HISTÓRIA", até ser transferida para o "PALÁCIO ROSA", e do "PARTIDO POPULAR MONÁRQUICO (PPM)", no rés-do chão está instalada a "GALERIA S. MAMEDE", que se evidenciou na exposição e venda da arte contemporânea.

Um dos pátios na confusa definição da planta, em quintais que o tempo tem encurtado, dos primitivos "CRUZES", abrindo pelos portões da rua, não estão aproveitados como se desejaria, em lojas ou artesanato, para o que há projecto também, podendo vir a proporcionar ali um tranquilo espaço interior de lazer.

Pegam com este casarão, dois prédios que foram propriedade do "PALÁCIO PALMELA", servindo este palácio fronteiro, habitação de pessoal ou cocheiras que, alienados há anos, e propositadamente degradados, aguardam restauro necessário à imagem da rua; ou demolição que o INSTITUTO DO PATRIMÓNIO, contra a própria área de protecção da zona que estabeleceu, parece autorizar, a favor, não se entende de que interesses particulares.

Numa foto que hoje publicamos, podemos observar uma barricada junto ao lado poente do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", até com algumas danificações no próprio edifício, resultado do conflito. Quisemos saber de que se tratava esta revolução de 1927 e chegámos a esta conclusão: Tem relação com a "REVOLTA DE FEVEREIRO DE 1927" por vezes também referida como a "REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO DE 1927", foi uma rebelião militar que ocorreu entre 3 e 9 de Fevereiro de 1927, centrada no PORTO, cidade onde estava instalada o "CENTRO DE COMANDO" dos insurrectos e se travaram as primeiras manifestações. A "REVOLTA" liderada pelo General "ADALBERTO GASTÃO DE SOUSA DIAS", terminou com a rendição e prisão dos revoltosos, saldou-se em cerca de 80 mortos e 360 feridos no PORTO, e mais de 70 mortos e 400 feridos em LISBOA. Foi a primeira tentativa consequente de derrube da "DITADURA MILITAR" (que durou aproximadamente 48 anos) que então se consolidava em PORTUGAL na regência do golpe de 28 de Maio de 1926, ocorrido nove meses antes, iniciando um conjunto de movimentos, insurreições que ficaram conhecidos para a história como "REVIRALHISMO".


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XVI ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )».  

sábado, 7 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIV ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2002 ) - Foto de Teresa Vale - (Fachada principal do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" vista geral de Norte, na Rua da Escola Politécnica)  in  MONUMENTOS - SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2001) - Foto de Pedro Soares - ( A antiga Capela do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" virado para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"- Diz-nos Matos Sequeira; que ainda pôde apreciar em 1918, a CAPELA de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO com seus elementos decorativos, e com missa aos Sábados.  Está desafectada e degradada, tendo recebido, como propositada crítica ao conjunto, no programa "7.ª COLINA" em 1994. Na fachada foi colocado um reboco, no entanto revela abandono)  in   MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (2009) - (O "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na Rua da Escola Politécnica esquina para a antiga "RUA DA PENHA DE FRANÇA", no início do século XX, hoje consagrada ao "MAESTRO PEDRO DE FREITAS BRANCO" 1896-1963) in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIV ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 2 )»

Todos os irmãos viveram ao mesmo tempo no casarão e só em 1788 o «SOBRAL» construiu casa nova, ao "COMBRO" "PALÁCIO SOBRAL" que, dois anos depois passaria ao "CRUZ III".
Na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" (que nesta época tinha outro nome), em 1773 reunia 35 criados ao serviço, juntamente com familiares e empregados de contabilidade e balcão, de todos os seus negócios; existiam ainda oficinas, lojas e comércio, por alugueres vários, para além dos investimentos próprios.
A viúva do "CRUZ I" ( ALAGOA) teve dissabores de herança e veio a casar com um negociante "STREET", raiz dos "CONDES DE CARNIDE" de 1890, já Viscondes em 1871.
Após 1778, a "CASA ALAGOA" andou de aluguer e, de 1781 a 1788, habitaram-na os 6.ºs "CONDES DE VALE DOS REIS" ( e também os de "AZAMBUJA" por ramo familiar) que em breve seriam acrescentados de marqueses de " LOULÉ", e que, com o terramoto, tinham perdido o seu Palácio da "GRAÇA" e para ali transportaram uma larga vida "familiar" de consideráveis bens, chegando a ter, na altura nobreza. 
Conta-nos "MATOS SEQUEIRA" na sua consulta do  "ROL DOS CONFESSADOS"; 92 pessoas habitaram "portas a dentro".  Depois foram inquilinos, de 1788 a 1804, os "ENGEITADOS E AS AMAS DA REAL CASA DOS EXPOSTOS", e os 2.ºs e 3.ºs CONDES DA LOUSÃ, durante dez anos, de 1824 a 1834, no ano seguinte veio a MARQUESA DO LOURIÇAL, os CONDES DE RESENDE, possivelmente até 1853, ainda, depois de 1843, viveu neste Palácio o VISCONDE DE TELHEIRAS, alto funcionário, a célebre MARQUESA DE ALORNA com suas filhas, tudo inquilinos que notabilizaram este casarão, que foi à praça em 1853, para partilhas complicadas. 

Foi adquirido pelo "DR. JOSÉ VAZ MONTEIRO" que depois subdividido em duas partes: dos números 177 a 197, comprou-o o "DR. MAGALHÃES DE BARROS" e, a partir de 1918, o VISCONDE DE SACAVÉM; e dos números 167 a 175 o "DR. CARLOS CHAMPALIMAUD.
Muito dificilmente este edifício se chamaria PALÁCIO, com características habitacionais e comerciais, e um ar meio rústico nesta "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" que começava a definir-se entre "SOARES" e os "SEIAS", já os PALMELAS defronte, e a FÁBRICA DAS SEDAS, no seguimento para o LARGO DO RATO
A sua descrição arquitectónica é ao mesmo tempo simples em categoria e complexa pela multiplicação de aposentos e lojas, cocheiras e pátios; e só uma capela, na extremidade, impunha desejada solenidade.
Ao longo do primeiro andar de janelas de sacadas com grades de barrinha forjada, como nos correntes imóveis da BAIXA POMBALINA, encimado por um segundo piso de simples janelas de peito, uma cornija pouco moldurada e pilastras só às extremidades, dois portões abrindo um para um átrio em túnel ( e daí para um pátio que foi conhecido pelo "PÁTIO DO CONDE DA LOUSÃ") e outro para a entrada da casa, não são, elementos de molde a categoria do imóvel que meia dúzia de janelas de águas furtadas dispostas ao acaso e em situações várias. Na parte de cima, com um projecto há muito discutido ( e duvidosamente informado pela Câmara), de um andar de mansarda corrida, sobre a metade poente do edifício, por iniciativa suspensa do seu parcelar proprietário.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XV ]O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 3 )».

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIII ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (O "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" é um dos mais característicos edifícios da COTOVIA, na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (191_) foto de Joshua Benoliel - ("RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" no edifício do PALÁCIO CRUZ ALAGOA, a "DROGARIA PROGRESSO" no início do século, esquina para a antiga "RUA DA PENHA DE FRANÇA", (hoje Rua Maestro Pedro de Freitas Branco)  (Abre em tamanho grande) in  AML 
 Rua da Escola Politécnica - (1983) - Foto de autor não identificado (O "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na Rua da Escola Politécnica, 161 a 195. Arquitecto desconhecido, entre 1757 e 1762. À direita a CAPELA) in  LISBOA POMBALINA E O ILUMINISMO
Rua da Escola Politécnica - (Século XVIII) Foto de Pedro Soares - (O "BRASÃO DOS CRUZ-ALAGOA" idêntico ao de "SOBRAL" (altera a posição do galgo). Família que se enobreceu no séc. XVIII. Por alvará de 17.01.1763 foi dada a casa e quinta de ALAGOA  a JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ ALAGOA, riquíssimo comerciante que dela tomou o apelido) in  MONTE OLIVETE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIII ] 

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»

Com uma longa fachada de 1.º andar de dezoito janelas e dois portões acompanhando a inflexão da RUA, a CAPELA ao topo como se fizesse parte de uma Quinta, parte-se  mais ou menos ao meio, por efeito da curva da rua, o que passou a justificar-lhe dois proprietários entre os números 161 a 195 da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" (antiga Rua da Fábrica das Sedas).
O chamado "PALÁCIO ALAGOA" ou "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", é um dos mais característicos edifícios da "velha" «COTOVIA», hoje "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".
A Caracterização deste edifício, ou melhor, dos edifícios, anda um pouco confundida. Vulgarmente chamado de Palácio, no entanto apresenta-se como se fosse uma unidade habitacional, definida por uma evidente lógica arquitectónica. Ora tal não se passa: realmente são edifícios justapostos, cobertos por uma mesma gramática decorativa, que transmite essa noção unitária que de facto não existe. Aliás, o conjunto primitivo era ainda maior, pois o prédio contíguo na "RUA PEDRO DE FREITAS BRANCO" (antiga "RUA DA PENHA DE FRANÇA), hoje revestido de azulejos, pertencia-lhe também, como se percebe lendo-lhe as coordenadas decorativas das cantarias.
Construído logo a seguir ao Terramoto desde 1757, e já terminado, ou quase em 1762 (em terrenos da antiga Quinta do Morgado dos SOARES da COTOVIA), paralelamente, portanto, ao "PALÁCIO SEIA", este "PALÁCIO ALAGOA" compôs a franja poente da "RUA DIREITA DA FÁBRICA DA SEDA", construção Joanina preexistente, até ao RATO.
Foi mandado edificar por "JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ", mas logo deu habitação familiar a dois irmãos que seriam herdeiros sucessivos dos grandes negócios em que a família, dita das «CRUZES DOS TABACOS», em cujo monopólio arredondavam enorme fortuna, metidos em negócios difíceis, os quais POMBAL havia de proteger.
A posição proeminente dos CRUZES, até ao terceiro, já falecido em 1802, no consulado pombalino e, logo depois, na política a que se adaptaram com idênticos ou acrescidos privilégios, é o caso mais fascinante da sociedade portuguesa da segunda metade de Setecentos, caso exemplar, caso da escola, como se diz, referencia da história que prosseguiria liberalmente pelo século XIX dentro, como tem sido estudado.
"JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ" era o mais velho dos três negociantes, mas já um irmão, padre de Oratório, lhe abrira caminho  junto de "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO", e acreditando nas preciosas «MEMÓRIAS DE RATTON» que muito viveu e muito observou e muito lucrou também na sua comum e concorrencial situação. 

"JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ" de grandes capitais envolvidos no Comércio do BRASIL, na sua "COMPANHIA DO GRÃO PARÁ E MARANHÃO", foi Presidente da JUNTA DO COMÉRCIO e tesoureiro-mor da "FAZENDA REAL", cargo de maior confiança política e de proveito certo. Quando faleceu em 1769, tinha instituído um MORGADO em 10.09.1763, das suas propriedades da «ALAGOA», isso lhe dera em 25.03.1765 o brasão de armas de mercê novas ( e que são efectivamente inspiradas nas, seculares dos TÁVORAS), de nome abolido, assaz característica... Coincidência não pode pensar-se, antes propósito ou vingança de humor negro nas trágicas circunstâncias! Eles passaram aos irmãos mais novos, "JOAQUIM INÁCIO" que, à sua vez, instituiu Morgado em "SOBRAL DE MONTE AGRAÇO", em 1771 e "ANSELMO", CRUZ I, CRUZ II, e CRUZ III o primeiro dito CRUZ ALAGOA, os outros dois "CRUZ SOBRAL", dando o terceiro, origem por casamento BRAANCAMP da filha herdeira ( que finalmente surgia na família), a sua baronia de "SOBRAL", criada em 1813, que subiria a viscondado e condado, já em 1844, grandeza obtida na sucessiva situação constitucional de D. MARIA II.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XIV ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 2 )».