quarta-feira, 30 de novembro de 2016

LARGO DE ANDALUZ [ V ]

«O VIADUTO DO LARGO DE ANDALUZ»
 Largo de Andaluz - (1997) - Foto de Jorge Ribeiro - (O Viaduto sob a "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO" , com outro viaduto dentro do ARCO, adaptado para a passagem do METRO)  in  ARCOS DE LISBOA 
 Largo de Andaluz - (195_) - (Foto de Judah Benoliel) - (O "VIADUTO DA AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO", com o BRASÃO da Cidade de LISBOA - no centro superior  do ARCO -, vista da "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA")   in     AML 
 Largo de Andaluz - (1947) - (Foto de Fernando Martinez Pozal) - (ARCO visto da "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA" para o "LARGO DE ANDALUZ". Viaduto da "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO", Arco encimado pelo BRASÃO do Município de LISBOA) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    AML 
Largo de Andaluz - (191_?) (Foto de Alberto Carlos Lima) - (ARCO do VIADUTO da "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO", que liga a "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA" ao "LARGO DE ANDALUZ") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DE ANDALUZ [ V ]

«O VIADUTO DO "LARGO DE ANDALUZ"»

No VIADUTO sob a «AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO» ( 1 ) existe o "ARCO DE ANDALUZ" que se situa na junção da "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA" e o "LARGO DE ANDALUZ". 
Uma vez no "LARGO", convirá  -  por questão de homenagem aos antigos construtores de LISBOA  -  observar o VIADUTO que se abre sob a referida Avenida, dando para a "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA e o "LARGO DE ANDALUZ".
O "fenómeno" é este: a obra tem hoje 118 (cento e dezoito anos),  foi construído  em 1898, e ninguém se lembra hoje de "HENRIQUE SABINO DOS SANTOS", funcionário da "CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA", principal responsável pelos trabalhos.  Pois este viaduto, teoricamente construído para suportar carruagens e gente a pé, apanhou em cima com eléctricos, autocarros, automóveis, transito em doses maciças; por último, abriram-no para por lá passar o METROPOLITANO.  E ali está - aparentemente sem esboroar, sem se queixar, sem fazer notar a sua idade...  Dá vontade de comparar com obras recentes, mal inauguradas e já a meter água, enfim...

Trata-se de um ARCO de passagem de dimensão acima do habitual, que começou a ser construído em 1898 e concluído no ano de 1900, por iniciativa da "CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA".
Desenhou-o e executou-o o condutor de obras públicas dos serviços Municipais já referido, mas nunca é demais relembrá-lo "HENRIQUE SABINO DOS SANTOS".

Desde que o METROPOLITANO foi criado, este ARCO passou a ter uma particularidade ímpar, entre os vários Arcos existentes em LISBOA, ou seja de ser atravessado no "intradorso" pela via daquele novo meio de transportes público.
A instalação deste viaduto no interior do ARCO dá uma ideia da sua dimensão: e dizemos «uma ideia» porque não se consegue obter dos serviços da CML um corte da dita construção, a partir do qual nos tivesse sido possível colher a indicação acerca da altura. Quanto a medidas ao nível do solo  -  já acessíveis à nossas verificação directa  -  constatámos  serem as seguintes: um "VÃO" de nove metros e meio e comprimento de "TÚNEL" quarenta metros. Retomando a questão da altura ela é suficientemente grande  -  como já assinalámos  - por ter permitido o já citado lançamento do viaduto do METROPOLITANO através de duas aberturas praticamente nas faces laterais do  "intradorso" do ARCO.  Tivemos ocasião de ser informados pelo prestimoso e amável senhor Engº. BRAZÃO FARINHA - um dos responsáveis pela execução dos trabalhos levados a cabo nessa época  pelo "METROPOLITANO E.P."  -  ter havido a preocupação de preservar o mais possível as obras realizadas, o que tanto quanto nos foi afirmado, se conseguiu plenamente.  [ FINAL ]

- ( 1 ) - Arruamento de 1900 que homenageia o chefe do PARTIDO REGENERADOR. «ANTÓNIO MARIA FONTES PEREIRA DE MELO (1819-1887)», que presidiu o CONSELHO DE MINISTROS  de 1876 a 1886, período que ficou conhecido pelo "FRONTISMO".
Esta artéria que faz a ligação da "PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL" à "PRAÇA DO DUQUE DE SALDANHA", integra o projecto das AVENIDAS NOVAS, do ENGENHEIRO RESSANO GARCIA, aprovado em 1888 pela C.M.L.. Para permitir a abertura desta AVENIDA entre 1895 e 1900, foi necessário expropriar terrenos nas PICOAS e construir o "VIADUTO DE ANDALUZ", que regularizou a topografia acidentada do local.


BIBLIOGRAFIA

- 1 - ACTAS DA COM.MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA - Ed. C.M.L.-2000-LISBOA.
- 2 - ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA-Liv. XIV-1993-LISBOA.
- 3 - ARCOS DE LISBOA-Texto JOSÉ SÁ E SILVA-Fotos JORGE RIBEIRO-INAPA-1997-LISBOA.
- 4 - AS FREGUESIAS DE LISBOA -Augusto Vieira da Silva-Ed. C.M.L.-1943-LISBOA.
- 5 - ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - FILIPE FOLQUE-C.M.L.-2000-LX.
- 6 - DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA-Dir. Francisco Santana e Eduardo Sucena-C.M.L. - 1994-LISBOA.
- 7 - FLORES, Alexandre M. -Chafarizes de Lisboa - INAPA-1999-LISBOA. 
- 8 - LISBOA-Revista Municipal -Ed. C.M.L.-ANO XLV 2ª. Série Nº. 7-1º Trimestre-1984-LISBOA.
- 9 - LISBOA-REVISTA MUNICIPAL-Ed. CML-ANO XLIX-2ª. Série Nº. 24-2º Trimestre 1988-LISBOA.
- 10 - VIDAL, Angelina-LISBOA ANTIGA e LISBOA MODERNA-Ed. Vega-1994-LISBOA.

(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PIÇARRA[ I ]-A RUA LUÍS PIÇARRA ( 1 )»

sábado, 26 de novembro de 2016

LARGO DE ANDALUZ [ IV ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 4 )»
 Largo de Andaluz - (1949) - (Foto de autor não identificado) - (Edifício de habitação no "LARGO DE ANDALUZ", que lhe valeu o "Prémio Municipal de Arquitectura" pela definição do gaveto)  in  CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA 
 Largo de Andaluz - (195_) - (Foto de Firmino Marques da Costa) - (Edifício que ganhou o prémio Municipal de Arquitectura, visto do ARCO DO VIADUTO do Largo de Andaluz, uns anos mais tarde) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Largo de Andaluz - ( 1960 ) - Foto de Armando Serôdio)  - (O "CHAFARIZ DE ANDALUZ" virado para a "RUA DE SANTA MARTA", já com um aspecto mais livre na parte de trás)  in   AML
 Largo de Andaluz - (1939) - (Foto de Eduardo Portugal ) - (O CHAFARIZ DE ANDALUZ ainda com o seu espaldar muito elevado e um pouco degradado)   in     AML 
Largo de Andaluz - (1939) - (Foto de Eduardo Portugal) - (O "CHAFARIZ DE ANDALUZ" que ostenta as armas de PORTUGAL e de LISBOA. Estas ARMAS foram uma das fontes do desenho das actuais ARMAS de LISBOA, adoptadas em 1940. A inscrição remonta ao século XIV)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO)- LARGO DE ANDALUZ [ IV ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 4 )»

No espaldar do "CHAFARIZ DE ANDALUZ" aparecem as armas Reais e as Municipais, que mais tarde, servem de referencia para adoptar estas figuras Heráldicas.

Estas «ARMAS DE PORTUGAL» e de «LISBOA» que se encontram no  "CHAFARIZ DE ANDALUZ", as quais datam de 1336, foram uma das fontes do desenho das actuais "ARMAS DE LISBOA", adoptadas em 1940, com fundamento em parecer da "COMISSÃO DE HERÁLDICA DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES", segundo o qual "a "CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA" deve restaurar para a ordenação do seu selo, exactamente as peças simbólicas que aparecem nos mais antigos e belos documentos que restam dos primeiros séculos da nacionalidade".
Esta representação de SIMBOLOGIA juntamente com a mais antiga da bica de ARROIOS, foram motivo de discussão e aprovação na Sessão de 18 de Setembro de 1920, conjuntamente com a Secção de ARQUEOLOGIA LISBONENSE e de HERÁLDICA.

O motivo era submeter à apreciação dos consórcios uma carta do vereador da C. M. L., "ALMEIDA SANTOS", acompanhada de uma proposta do seu colega "EDUARDO MOREIRA" «para que fosse modificado o brasão de armas da capital».
Ficou apenso na acta um "parecer" de MATOS SEQUEIRA em que, quanto ao BRASÃO DE LISBOA, opta pelas mais antigas representações que são:  as BICAS de "ARROIOS" e de "ANDALUZ" - o primeiro de 1360 e o segundo de 1374 - e acrescentando; «na mesma ordem de ideias entendo que os corvos ( e não o corvo) que aparece nos mais vetustos documentos, devem ser colocados um à proa e outro à popa, de bico voltado para dentro da embarcação».

EDIFICAÇÃO RENOVADA NO SÍTIO DE ANDALUZ

O Edifício mandado construir por "MANUEL JOSÉ JÚNIOR" no "LARGO DE ANDALUZ", 15 e 15C e "LARGO DAS PALMEIRAS", 11 e 11A, com projecto dos Arquitectos "JOSÉ LIMA FRANCO e "DÁRIO SILVA VIEIRA", foi-lhe atribuído o PRÉMIO MUNICIPAL DE ARQUITECTURA de 1949.  A definir gaveto, este imóvel, onde se observa a presença de modelos construtivos do ESTADO NOVO, anuncia já um certo ar de modernidade. Com uma linguagem formal depurada, apresenta como únicos elementos decorativos dois baixos-relevos em pedra sobre as portas de entrada. Caracteriza-se para uma função mista de habitação e escritórios.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ [ V ] -O VIADUTO DO LARGO DE ANDALUZ».

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

LARGO DE ANDALUZ [ III ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 3 )»
 Largo de Andaluz - (2014) - (O "LARGO DE ANDALUZ" ao fundo, à nossa direita  o VIADUTO, na esquerda a "RUA ACTOR TASSO")  in   GOOGLE EARTH 
 Largo de Andaluz - ( 2014 ) - (Outro aspecto do "CHAFARIZ DE ANDALUZ", já depois das obras de intervenção)  in    GOOGLE EARTH
 Largo de Andaluz - (1961) Foto de Armando Serôdio - ( "Lápide" no "CHAFARIZ DE ANDALUZ" com as Armas do Reino e de LISBOA)   in    AML  
 Largo de Andaluz - (1951) Foto de Eduardo Portugal - (Aspecto do "Chafariz de Andaluz" com sua lápide e escudos colocados na parede do espaldar do Chafariz) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML
Largo de Andaluz - (C. de  1940) - Foto de Eduardo Portugal - Aspecto do "LARGO DE ANDALUZ"  na década de quarenta do século vinte)   in   AML



(CONTINUAÇÃO) - LARGO DE ANDALUZ [ III ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 3 )»

Falando ainda da água que passava no "CHAFARIZ DE ANDALUZ".
No lugar onde hoje existe este CONVENTO havia unicamente a IGREJA DE SANTA JOANA, pertença de uma QUINTA de D. ÁLVARO DE CASTRO que, por seu falecimento foi deixada em testamento para ali se estabelecer um "COLÉGIO DE MISSIONÁRIOS DA ÍNDIA"; cuja função teve lugar em 25 de Novembro de 1699; e quando estas FREIRAS fugiram do seu CONVENTO DA ANUNCIADA, assustadas de verem morrer dez religiosas nas  RUÍNAS pelo TERRAMOTO de 1755, e juntas com as dos CONVENTOS da ROSA e SALVADOR, entraram neste seu actual CONVENTO; se bem que tivessem tão poucas acomodações, pois logo em seguida se gastaram duzentos mil cruzados nas Obras, que mandaram fazer.  Não foram por certo aqueles tanques e canos, que se diz - antiquíssimos - e as ditas FREIRAS, apenas ali contavam onze anos de existência, logo temos por mais coerente, que os sobejos haviam de há muito sido dados ao acima mencionado (D. ÁLVARO), e as mencionadas FREIRAS na falta de titulo legal, propunham aquele aforamento.

Diz-nos ainda "ANGELINA VIDAL" no seu livro "LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA" no século dezanove: "No "LARGO DE ANDALUZ" temos um chafariz de água transparente e muito límpida, levemente salgada, sem cheiro, e tendo diluídos sulfatos de magnésio e silício-carbonatos com as mesmas bases, e cloretos de potássio e sódio, são bastante procurados para enfermos de doenças cutâneas".

Já no século XIX esta pacato "LARGO DE ANDALUZ" que outrora terá sido também conhecido pela "TRAVESSA DOS CARROS" mas venceu a designação do "CHAFARIZ DE ANDALUZ" em memória da obra realizada no abastecimento de água aos moradores da região dos "ANDALUCES".
Viu-se subitamente invadido por uma multidão ruidosa que, empunhavam copos, bilhas e garrafões, discutia-se com desrespeitosos atropelos a sua vez na fila.
Deu-se o caso de "LEPIERRE" analisar a água desta histórica "bica de Andaluz", publicando nos jornais a sua composição "Sulfatada - calcária" e o seu possível valor medicinal, sugerido pela comparação com a sua similar nas "TERMAS DA CURIA".
Mas "ARMANDO NARCISO", protestou nos periódicos que a água oferecia perigo para uso interno. E, enquanto os dois mestre da Hidrologia discordavam, o reclamo à americana, foi-se produzindo e podemos dizer que nunca nenhuma água foi tão procurada por tanta gente em tão curto espaço de tempo. Certo é que o produto funcionou até 1945, altura em que as suas águas foram desviadas para o esgoto. Tendo o "CHAFARIZ DE ANDALUZ" chegado a um estado de degradação considerado, sendo restaurado na década de 60 do século XX, bem como toda a zona envolvente ao "CHAFARIZ".

A nossa abordagem foi mais o chafariz e a ele demos mais destaque. Convém frisar que toda esta zona é de muito antigo povoamento e era de extensão incomparavelmente superior à actual. Hoje «ANDALUZ" está confinado a um "LARGO"; outrora foi toda uma zona larga. Ora, o CHAFARIZ é como que a certidão de idade do local. Embora seja hoje um pouco ignorado da maioria dos lisboetas, data do século XIV e nele surgiu a primeira representação em pedra do BRASÃO da CIDADE DE LISBOA, com a sua BARCA e os seus CORVOS. É efectivamente muito modesto o monumento, como se pode ver, mas isso não lhe tira a antiguidade e a utilidade que teve, até as suas águas serem consideradas impróprias para consumo. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ [ IV ]-O LARGO DE ANDALUZ ( 4 )».

sábado, 19 de novembro de 2016

LARGO DE ANDALUZ [ II ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 2 )»
 Largo de Andaluz - (2014) - ( O local onde está instalado o "CHAFARIZ DE ANDALUZ" com a sua frente virada para a "RUA DE SANTA MARTA")  in   GOOGLE EARTH
 Largo de Andaluz - (2008) - Foto de autor não identificado - (Lápide do espaldar do "CHAFARIZ DE ANDALUZ", com as armas de PORTUGAL e de LISBOA) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   WIKIPÉDIA
 Largo de Andaluz - (1984) -Foto de autor não identificado - (O aspecto do "CHAFARIZ DE ANDALUZ", sendo um dos mais antigos de LISBOA, remontando ao século XIV)  in  LISBOA-REVISTA MUNICIPAL Nº.7
 Largo de Andaluz - (1959) Foto de Armando Seródio - ( O "ARCO DE ANDALUZ" que serve de VIADUTO à "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO" -já com o viaduto do Metro- ligando o "LARGO DE ANDALUZ" à "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA")  in    AML 
Largo de Andaluz - (1939) Foto de Eduardo Portugal - ( O "CHAFARIZ DE ANDALUZ" nesta altura ainda agarrado a um prédio e muito mal tratado)   in     AML 

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DE ANDALUZ [ II ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 2 )»

A sua arquitectura infraestrutural, vernácula, de CHAFARIZ urbano, com espaldar simples rectangular e rematando em friso e cornija, com uma bica que verte para um tanque de pequenas dimensões, de bordo boleado, demonstrando que servia de bebedouro aos animais. No espaldar, surgem as ARMAS NACIONAIS e as MUNICIPAIS.

A construção do chafariz e aproveitamento da sua água ronda o ano de 1336, vindo de um poço na QUINTA da "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA, no número 141, a qual pertencia  a "DONA MARIA GERTRUDES, viúva do  ex-MINISTRO DO BAIRRO DE ANDALUZ  "JOÃO ANTÓNIO MAYER".

Em 1522, o Doutor LUÍS TEIXEIRA, e sua mulher "DONA FILIPA MENDES, senhoria útil desta QUINTA, propuseram  uma acção ao SENADO pela falta que lhes fazia a água daquele poço.  DONA FILIPA casa em segundas núpcias com FERNANDO MARTINS, Desembargador do Paço, pedindo trezentos mil réis pela concessão da água pelo tempo de três vidas.   No ano de 1766 as FREIRAS DO CONVENTO DE SANTA JOANA, apresentavam ao SENADO, que tinham grande falta de água, e que tinham notícia de que um tal FRANCISCO GARCIA LIMA, então possuidor da dita QUINTA, colocara uma nora naquele poço para regar a sua horta, e esta era a razão da falta que sentiam.
Na mesma ocasião apareceu outro requerimento das mesmas FREIRAS, pedindo se lhes mandassem dar os sobejos desta BICA, e a terça parte da água pura, alegando haver no CONVENTO mais de 500 pessoas, e se bem que clausuradas, se julgavam com igual direito aos demais habitantes; se contudo os não pudesse haver gratuitos, estavam prontas a fazer aforamento. Este requerimento teve por Despacho no dito dia 28 de Julho de 1766.

No dia 4 de Abril de 1769, mas com data deste dia existe uma ordem do SENADO, que diz assim: "O Vereador do Pelouro das obras, com todos os seus subalternos passe à CALÇADA DE SÃO SEBASTIÃO, e QUINTA de FRANCISCO GARCIA LIMA, e nela faça demolir o engenho de nora, e pilares que assenta no poço de que a água há muitos anos é própria do público e não de particular, por Escritura que se celebrou com este SENADO, no Arquivo do qual se acha".
O SENADO era de opinião favorável aos pedidos das FREIRAS, e cuja consulta baixou resolvida em 20 do mesmo mês, mandando dar-lhe a água e sobejos sem ónus, ou pensão alguma. As FREIRAS lavraram uma ESCRITURA de posse com data de 1 de Junho do referido ano de 1769.
Do exposto se conclui; que na CERCA das ditas FREIRAS existem dois tanques, e canos muito antigos por onde se encaminhavam os sobejos; que elas já anteriormente recebiam, por que se queixaram da sua falta e, finalmente, propunham até fazer deles aforamento; e por isso oferece dúvida, ficara suspenso, embora o caso se possa explicar a seguir.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ[ III ]O LARGO DE ANDALUZ ( 3 )».


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

LARGO DE ANDALUZ [ I ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 1 )»
 Largo de Andaluz - (2014) - (O "LARGO DE ANDALUZ" ao fundo o "Viaduto que suporta a "AVENIDA FONTES PEREIRA DE MELO" e o ARCO que liga este LARGO à "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA")  in    GOOGLE EARTH
 Largo de Andaluz - (2014) - (Panorâmica de parte da freguesia de "SANTO ANTÓNIO", onde se insere o "LARGO DE ANDALUZ")  in  GOOGLE EARTH  
 Largo de Andaluz - (2014) - (Foto derivada da Panorâmica com mais aproximação ao local onde podemos observar o "LARGO DE ANDALUZ" e seu envolvente)  in   GOOGLE EARTH
 Largo de Andaluz - (1939) Foto de Eduardo Portugal - (O "CHAFARIZ DE ANDALUZ" no LARGO com o mesmo nome, embora nessa época um pouco mal tratado) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
Largo de Andaluz - (1374) (a. C. 1336) - (Barca de "SÃO VICENTE" com os CORVOS um à proa e outro à popa. Armas da Cidade de LISBOA. À direita uma inscrição com a indicação da Era de 1374 (a. C. 1336).  Baixo-relevo no "CHAFARIZ DE ANDALUZ").  in   LISBOA- REVISTA MUNICIPAL Nº. 7-1984-PÁG. 61.

(INÍCIO) -LARGO DE ANDALUZ [ I ]

«O LARGO DE ANDALUZ ( 1 )»

Este «SÍTIO de ANDALUZ» é efectivamente muito antigo, em verdade podíamos atribuir-lhe o "avô" de toda esta área, e a sua extensão oral foi muito vasta. Hoje está reduzido a um pequeno "LARGO" coabitando ainda com outro, o "LARGO DAS PALMEIRAS".


O "LARGO DE ANDALUZ" fica entre as RUAS: "SANTA MARTA", "ACTOR TASSO", "SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA" e do "LARGO DAS PALMEIRAS".
O "LARGO DE ANDALUZ" pertencia em (1608) à freguesia de "SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA", em (1770) passou a pertencer à freguesia do "CORAÇÃO DE JESUS" e actualmente com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA EM 2012, passou a designar-se freguesia de "SANTO ANTÓNIO".
A existência deste «LARGO» perde-se no tempo. Não tendo sido emitido EDITAL, o que neste caso quer dizer tratar-se de um TOPÓNIMO anterior a 1859, altura em que começaram a existir EDITAIS da responsabilidade do GOVERNO CIVIL.
Fomos encontrar na ACTA Nº. 2 de 14 de Dezembro de 1943, da COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA, o nome deste "LARGO" que, conjuntamente com outras artérias, foi apreciado e aprovado, ficando assim devidamente oficializado o "LARGO DE ANDALUZ"

O envolvente deste "LARGO" prende-se com o antigo "CHAFARIZ DE ANDALUZ" ou "BICA" e algumas etapas da sua conservação, o "VIADUTO DE ANDALUZ" e alguns edifícios circundantes.

O "CHAFARIZ DE ANDALUZ" é um dos mais antigos de LISBOA, cuja origem remonta ao século XIV (1336). Encontra-se situado no "LARGO DE ANDALUZ", inicialmente abastecido por uma fonte localizada na serventia de um prédio da "RUA DE SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA".
Este velho "CHAFARIZ DE ANDALUZ" foi mandado construir pelo REI DOM AFONSO IV (1291-1357), com desenho muito simplificado e de planta rectangular, caracteriza-se pela quase ausência de decoração, a não ser pelo seu espaldar que exibe uma lápide com inscrição ladeada pela BARCA, símbolo de LISBOA, encimada pelo ESCUDO PORTUGUÊS.

O CHAFARIZ foi construído em cantaria de calcário lioz e alvenaria, rebocada e pintada de cor, composto por espaldar comprido, assente em embasamento saliente, rematado por fríso e cornija, tendo no lado direito, uma BICA boleada, chapeada a ferro e com torneira; ao centro surge o ESCUDO PORTUGUÊS, as ARMAS DA CIDADE e uma inscrição: "NA ERA DE 1374, O CONCELHO DE LISBOA MANDOU FAZER ESTA FONTE A SERVIÇO DE DEUS E DO NOSSO SENHOR REI DOM AFONSO POR GIL ESTEVES, TESOUREIRO DA DITA CIDADE E AFONSO SOARES ESCRIVÃO, A DEUS GRAÇAS". A toda a largura do espaldar está adossado um tanque baixo  de bordos boleados.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ [ II ] O LARGO DE ANDALUZ ( 2 )». 

sábado, 12 de novembro de 2016

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ V ]

«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 2 )»
 Pátio de Dom Fradique - (1949-05) - Foto de Eduardo Portugal - (Fachada principal do "PALÁCIO DE BELMONTE" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML
 Pátio de Dom Fradique - (2007) - Foto de Silvia Leite - (Palácio Belmonte e Pátio de Dom Fradique, vista parcial do "Pátio de Baixo)  in  DGPC-PATRIMÓNIO CULTURAL
 Pátio de Dom Fradique - (2010) Fotos de Joe Condron e Jacob Termasen - (Sala do "PALÁCIO BELMONTE" já restaurada com painéis de azulejos azul e branco)  in  ARQUITECTURA HOLIDAYS
 Pátio de Dom Fradique - ( 2013) Foto de autor não identificado - (Interior do Palácio Belmonte, no Pátio de Dom Fradique) in  PALÁCIO BELMONTE
Pátio de Dom Fradique - (2014) Foto de autor não identificado - (O espaço do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE) (Pátio de baixo) ainda muito criticado nesta altura)  in   CIDADANIA LX

(CONTINUAÇÃO) - PÁTIO DE DOM FRADIQUE  [ V ]

«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 2 )»

O «PALÁCIO» foi ainda habitado pelas suas proprietárias "D. MARIA DE SALES DA CÂMARA BERQUÓ",  D. ANA DA CÂMARA BERQUÓ D'ALPPOIM" e "D. JERÓNIMA DA CÂMARA BERQUÓ", todas falecidas. Ainda pertencia a "DOM VASCO CABRAL DA CÂMARA" residente na "OTA", encontrando-se nessa altura, o Palácio devoluto e algo degradado.

A habitação quinhentista era constituída por duas TORRES rectangulares e uma pentagonal, construída sobre um troço da MURALHA ROMANA e um rochedo com aproximadamente quarenta metros de altura na "CERCA MOURA DE LISBOA".
Sofreu uma grande intervenção em 1640, quando foi construído o Terraço a Este, deitando sobre a CIDADE e o TEJO, e reformuladas cinco fachadas, ao gosto da época. No século XVIII, depois dos extensos estragos pelo terramoto foram acrescentadas algumas dependências e renovados interiores, nomeadamente com um vastíssimo acervo  de azulejos assinados pelo artista VALENTIM DE ALMEIDA e MANUEL SANTOS.
O acesso ao PALÁCIO faz-se por portal nobre setecentista. Na fachada principal conservam-se ainda as armas dos «FIGUEIREDOS», que se repetem no andar térreo do terraço. No interior destacam-se os tectos ornamentados, as salas temáticas, e os já referidos painéis de azulejos, com muitos painéis historiados. A conservação aproveitou as antigas estruturas do PALÁCIO, bem como as madeiras e ferros da época e muitos elementos decorativos. O conjunto situado na zona de protecção da CERCA DO CASTELO e integrando ainda parte da sua estrutura, foi recentemente remodelada, convertendo-se em unidade hoteleira. 
Integra ainda o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" (de cima), e o "ARCO DE DOM FRADIQUE", que liga os bairros de ALFAMA e do CASTELO e atravessa o edifício, em serventia pública de passagem.

Mas tudo isto cheira a História: por exemplo, a CERCA VELHA (também chamada de CERCA MOURA) passava por aqui e tem um pedaço de muralha encravada no edifício. Este, deitado a um certo abandono durante anos, foi transformado em Hotel dito de "charme", dispondo, além do mais, de uma soberba vista sobre LISBOA VELHA. Depois, é ver as janelas, as chaminés e o panorama. Diga-se ainda, em jeito de nota de roda pé, que no edifício do PALÁCIO esteve instalado provisoriamente por volta de 1818, um COLÉGIO pertencente a um cidadão provavelmente francês, de nome LUÍS MAIGRE RESTIER.  Começou este estabelecimento de ensino a funcionar em XABREGAS, passando depois para as PORTAS DA CRUZ e seguidamente para um PALACETE nas PORTAS DO SOL
 [ FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de -LENDAS DE LISBOA - 1.ª Ed. - 1943 - LISBOA.
- ARAÚJO, Norberto de -PEREGRINAÇÕES DE LISBOA-VEGA- 1992 - LISBOA.
- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA-BAIRROS ORIENTAIS 2.ª Ed. VOL. I -CML-1939 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Ed. ENCICLOPÉDIA - Dir. Dr. AFONSO Ed. MARTINS ROQUETE - 1960 - LISBOA.
- SILVA, A. Vieira da - A CERCA MOURA DE LISBOA - 3.ª Ed. CML- 1987 - LISBOA.

(PRÓXIMO)«LARGO DE ANDALUZ [ I ] - O LARGO DE ANDALUZ ( 1 )». 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]

«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José de Cruz - (Fachada do "PALÁCIO BELMONTE" hoje um HOTEL de "charme" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", chamado "Pátio de cima") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (2012) - (Fachada do actual hotel "PALÁCIO BELMONTE" no "PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  in  PALÁCIO BELMONTE
 Pátio de Dom Fradique - (2007)  - Foto de Silva Leite - (Fachada e pórtico principal do "PALÁCIO BELMONTE"  no "´PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  in  PATRIMÓNIO CULTURAL 
 Pátio de Dom Fradique - (2007) Foto de Silva Leite - (Palácio Belmonte no Pátio de Dom Fradique, interior da sala de jantar com azulejos, representando cenas campestres)  in  PATRIMÓNIO CULTURAL
 Pátio de Dom Fradique - (2007) - Foto de Silvia Leite - ("PALÁCIO BELMONTE" no Pátio de Dom Fradique, remate da fachada; cartelas e pedra de armas)  in  PATRIMÓNIO CULTURAL
Pátio de Dom Fradique - (2016) - (A "CASA QUINHENTISTA" na "RUA DOS CEGOS, 20, 22 no caminho para o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", no lado direito temos a "CALÇADA DO MENINO  DEUS")  in   GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)- PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]

«PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»

A compra de algumas casas com seus quintais, situado num recanto formado pelos muros da "PORTA DE SANTA MARIA DA ALCÁÇOVA" e pela MURALHA DA CERCA VELHA (Também chamada de "CERCA MOURA") em 8 de Abril de 1449, por "BRÁS AFONSO CORREIA", filho de "JOÃO VAZ CORREIA" e MARQUESA GONÇALVES, do Conselho de El-REI DOM MANUEL I e Corregedor de LISBOA, que por escritura adquiriu a "AIRES DA SILVA" e a sua mulher GUIOMAR DE CASTRO as casas que vieram a ser o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" (de cima). Ampliou a propriedade com mais alguns terrenos, e constituída em Cabeça do "MORGADO DO CASTELO" pelo TESTAMENTO  de 03.09.1520, que incluía, além desses e de outros bens, uma CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO na IGREJA DE SÃO TOMÉ, onde se fez sepultar.

Sucedeu-lhe no MORGADO DO CASTELO o seu neto "JORGE DE FIGUEIREDO". E foram os descendentes deste, RUI DE FIGUEIREDO que terão transformado as referidas casas em residência senhorial, não se sabendo hoje em que campanha ou campanhas de obras, de incorporarem nela troços da MURALHA DA ALCÁÇOVA e da CERCA VELHA, uma porta desta (chamada de "DOM FRADIQUE"). 
Tudo indica, porém que essa incorporação ocorreu de obras realizadas nos séculos XVII e XVIII.  O filho de "RUI DE FIGUEIREDO", "PEDRO DE FIGUEIREDO", comprou em 23.02.1684 ao "CONDE DE ATALAIA", DOM LUÍS MANUEL DE TÁVORA (4.º NETO de "DOM FRADIQUE MANUEL"), cavalarias, cocheiras, moradas de casas, palheiro, poço e uma grande horta na que já era ou ficou sendo o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" (de baixo).
Por partilhas feitas em 1727, todo o referido PÁTIO ficou vinculado a "RODRIGO ANTÓNIO DE FIGUEIREDO", titular do MORGADO à data do terramoto de 1755, que causou ao Palácio «"uma ruína tal, que o deixou inabitável"». 
Foi, porém reparado e arrendado com a parte que ficou ilesa. Por morte de "RODRIGO ANTÓNIO DE FIGUEIREDO", também senhor do "MORGADO DA OTA", sem descendentes directos, todos os seus bens passaram para sua irmã, "D. MADALENA LUÍSA DE LENCASTRE", casada com "DOM VASCO DA CÂMARA", e foi com um neto deste, "DOM VASCO MANUEL FIGUEIREDO CABRAL DA CÂMARA", 1º. CONDE DE BELMONTE (em 13.05.1805) que o complexo edifício do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE" passou a ser conhecido por "PALÁCIO BELMONTE", permanecendo nesta família até meados do século XX.

Ao longo do século XIX, funcionou nas instalações um COLÉGIO e um HOSPITAL (provisoriamente), quando em LISBOA grassou um surto epidérmico de febre amarela e, posteriormente, abrigou o COMISSARIADO DA POLÍCIA.

O Terramoto causou grandes estragos ao PALÁCIO como já se disse; no entanto, o seu maior interesse HISTÓRICO-ARQUEOLÓGICO, prende-se com o facto de nele estarem integrados,  com nitidez, elementos de muros da ALCÁÇOVA  das TORRES e MURALHA DA CERCA MOURA. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ V ]-O PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 2 )».

sábado, 5 de novembro de 2016

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ]

«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE VISTO POR NORBERTO DE ARAÚJO»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José da Cruz - (O "PÁTIO DE CIMA" do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE, visto do interior da passagem para o "PÁTIO DE BAIXO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (entre 1890 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia - (Castelo de S. Jorge, Muralha junto do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Pátio de Dom Fradique - (início do século XX) Foto de Eduardo Portugal - (O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", Muralha e a Torre da Cerca Moura) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    AML 
 Pátio de Dom Fradique - (194-) Foto de Eduardo Portugal - ("CERCA MOURA" e TORRE entre o PÁTIO DE DOM FRADIQUE e a PORTA DO SOL)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE) in  AML 
 Pátio de Dom Fradique - (2013) Foto de José da Cruz - (Um pormenor do "Pátio de Dom Fradique" no sítio das antigas hortas, no Pátio de baixo) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA 
Pátio de Dom Fradique - ( Século XXI) - Foto de autor não identificado (A "TRAVESSA DO FUNIL" com a indicação do caminho para o "CASTELO DE S. JORGE", perto do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE)   in   PINTEREST


(CONTINUAÇÃO)- PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ]

«O PÁTIO DE D. FRADIQUE VISTO POR NORBERTO DE ARAÚJO»

O olisipógrafo "NORBERTO DE ARAÚJO", grande apaixonado de LISBOA, um "ALFACINHA" de razão e coração. Recordamos aqui o que ele escreveu em 1943 no seu livro "LENDAS DE LISBOA", sobre o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE".

O PÁTIO DE DOM FRADIQUE

"Um recanto aberto, impregnado de melancolia, é este do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE". Nado e criado à sombra do CASTELO, passagem do "CHÃO DA FEIRA" para o "MENINO DEUS", este "PÁTIO" tem qualquer coisa de original na LISBOA do pitoresco urbano. De seu título ele evoca um "DOM FRADIQUE MANUEL", que teve aqui casa, e da qual advém o "PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE", senhores do sítio, cujo pórtico brasonado de "FIGUEIREDOS" e  "CABRAIS", se abre numa lateral do primeiro compartimento. O pórtico é nobre; o pátio é plebeu. De propriedade particular, mas de serventia pública, com duas entradas de portal, e o estrangulamento do seu corredor de ligação - este recanto possui um mistério aparente. Não ostenta a bizarria cenográfica do "PÁTIO DO CARRASCO", nem a soturnidade doentia de tantos pátios de miséria alfacinha. E é simpático: evola-se dele um vago perfume de alfazema arrecadada nas cómodas familiares.
Fez parte da Muralha primitiva de LISBOA, em lanços que ele encobre, e num dos quais rasgaram uma porta da CERCA, que desapareceu. O passadiço - nota de ternura religiosa no intimismo  palaciano  -  tem na verga, interiormente, um oratório que ocupa a serventia de lado a lado: "NOSSO SENHOR DO LIVRAMENTO"! Lobrigava-se, desde fora, há trinta anos; era um desejo sacro de uma ermida que no "PÁTIO" existiu.
Uma lápide, que recorda um voto às ALMAS, uma balaustrada fina, murete de terraço do palácio, outro brasão, um arco pobre que conduz, em congosta , aos anteparos dos muros da velha cidadela, uma árvore isolada, quatro casitas modestas - eis o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE".
Qualquer esquiço de poesia rústica existe no segundo eirado, que abre para a "RUA DOS CEGOS". 
No conjunto, pequeno, com seus dois planos, uma esquadra de polícia - que aqui não tem que fazer, e mora em "DOM FRADIQUE" apenas para dispor de vasos de flores e entreter um cenário -, vizinho dos "LÓIOS", de "SÃO TIAGO", do CASTELO, não longe de ALFAMA, este sugestivo "PÁTIO" é uma das muitas conformações urbanísticas da cidade.
Uma "AVÉ-MARIA" sumida, que não passa do «BENDITA SOIS VÓS"...».

Mantivemos o uso de vernáculos utilizados em alguns sinónimos, que caracterizam - a forma de se escrever - numa determinada época.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ IV ]O PALÁCIO DOS CONDES DE BELMONTE ( 1 )»

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ II ]

«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 2 )»
 Pátio de Dom Fradique - (2013) -Foto de José da Cruz - (Porta Norte da entrada na "Travessa do Funil", para o "PÁTIO DE DOM FRADIQUE". A placa junto da porta indica "PALÁCIO BELMONTE") (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (2013) - Foto de José da Cruz - (Placa Toponímica de Lisboa - TIPO VI-Placa de azulejos, de fundo branco com letras e filete azul. Foi muito usada na década de 30 do século XX, inicialmente em zonas específicas da cidade como o BAIRRO ALTO ou CAMPO DE OURIQUE, tendo na década de 50 se generalizado até aos BAIRROS SOCIAIS) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  APONTAMENTOS SOBRE LISBOA
 Pátio de Dom Fradique - (2007) - (Vista de cima do "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", com ligação à "RUA DOS CEGOS")  in     GOOGLE EARTH
 Pátio de Dom Fradique - ( 2013) Foto de José da Cruz - (Na saída do corredor para o "PÁTIO DE BAIXO", na parede do lado direito encontra-se esta lápide. «ESTA CAPELA E JAZIGO É DA IRMANDADE DAS ALMAS QUE OS IRMÃOS MANDARAM FAZER À SUA CUSTA COMO CONSTA DA ESCRITURA QUE FIZERAM COM O REVERENDO PRIOR (EBNdos) DA DITA IGREJA QUE ESTÁ NAS NOTAS DO TABELIÃO MANUEL MACHADO NA ERA DE 1674 - PAI NOSSO, AVE MARIA PELAS ALMAS» (A possível tradução APS) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   APONTAMENTOS SOBRE LISBOA

Pátio de Dom Fradique - (1907-1) Foto de Autor não identificado - (O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE", a saída para o chamado "PÁTIO DE BAIXO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

Pátio de Dom Fradique - (1948) Foto de Eduardo Portugal - (Na saída do corredor para o Pátio de Baixo, podemos ver na parede do lado direito, esta lápide)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    AML


(CONTINUAÇÃO)-PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ II ]

«O PÁTIO DE DOM FRADIQUE ( 2 )»

Acontecia que este "DOM FRADIQUE", MARQUÊS de VALDUEZA, era irmão de um tal "DOM FERNANDO" que foi governador do CASTELO e dos respectivos presídios no tempo do domínio CASTELHANO. E das duas, uma: ou "DOM FERNANDO" teria resolvido homenagear o irmão ou este teria mesmo ali residido, junto do CASTELO, durante a sua permanência em LISBOA


Acontece, porém, que estamos a falar de pessoas e acontecimentos do século XVI ou XVII.
E, segundo documentos muito antigos, citados pelo mestre "JÚLIO DE CASTILHO" - já em meados do século XVI - aquele lugar era ligado ao nome de "DOM FRADIQUE". Assim, as teses mais fundamentais inclinam-se para que o nome tenha sido colhido em "DOM FRADIQUE MANUEL", fidalgo às ordens de El-REI DOM MANUEL I. Vem ele «MOÇO FIDALGO» de "DOM MANUEL", sendo filho de  "DOM NUNO MANUEL" e "DONA LEONOR DE MILÁ".
Além do PÁTIO, provido desde cedo de moradia senhorial, também "DOM FRADIQUE" deu nome a porta, uma das várias que dava acesso à "ALCÁÇOVA DO CASTELO", e que foi emparedado no século XVIII.  

O "PÁTIO DE BAIXO", sai-se de um mundo e entra-se noutro. Estamos a reportar-nos ao inicio do século XXI, propriamente dito ao ano de 2005.
Uma passagem de aspecto tosco leva-nos ao PÁTIO DE BAIXO. um oratório ali colocado há muito, foi substituído depois do Terramoto: da imagem do "BOM JESUS REFORMADOR" passou-se à do "SENHOR DO BOM SUCESSO". Os restos do oratório são as últimas relíquias do sítio. À saída uma inscrição que atesta a existência naquele local, nas eras recuadas do século XVII, de uma Ermida dedicada a "NOSSA SENHORA DAS ALMAS".

Entra-se assim no "caminho da desolação". As antigas hortas de "DOM FRADIQUE" não têm hoje qualquer aspecto de "viço".
Muitos dos moradores há muito se foram, cansados talvez de esperar, por umas condições mínimas de habitabilidade.
Aquele que poderia ser um sítio invejado de moradias, parece um descampado onde só crescem ervas daninhas.

Podemos sair do "PÁTIO DE BAIXO" pelo portão que dá para a "RUA DOS CEGOS" com duas vantagens, dispensando ter de subir tudo outra vez e podendo admirar-se aquele mino de casas seiscentistas que fica na esquina para a "CALÇADA DO MENINO DE DEUS". Parece de bonecas, mas mora lá gente. E, já agora, quem não queira ficar com a impressão desconsolada do "PÁTIO DE BAIXO", poderá retemperar-se não só com a referida casa da "RUA DOS CEGOS" mas ainda, subindo um bocadinho para o "MENINO DE DEUS", encher os olhos com o respectivo LARGO e com a casa que se situa mesmo à beira de uma das entradas no recinto do "CASTELO".

NOTA: O "PÁTIO DE DOM FRADIQUE DE BAIXO", contíguo ao PALÁCIO e acessível pelo referido "ARCO", pertence hoje à CML, e encontra-se muito degradado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«PÁTIO DE DOM FRADIQUE [ III ] -O PÁTIO DE DOM FRADIQUE VISTO POR "NORBERTO DE ARAÚJO"».