sábado, 10 de fevereiro de 2018

ESTRADA DE CHELAS [ I ]

«A ESTRADA DE CHELAS E SEU ENQUADRAMENTO»
Estrada de Chelas - (2016)  -  (Panorâmica da "ESTRADA DE CHELAS" com o seu antiquíssimo "CONVENTO DE CHELAS" e seu "VALE", onde outrora corria um esteiro. Sendo um local que constituiu um bom exemplo dos muitos caminhos que atravessavam a LISBOA rural dos séculos XVIII e XIX)   in   GOOGLE EARTH
 
 Estrada de Chelas  - ( 2017)  -  (Aqui termina o primeiro troço da ESTRADA DE CHELAS, (pensamos temporariamente), até se conseguir uma urbanização para a sua continuidade)  in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas - (2006) - Foto de APS  -  (Ao fundo a entrada da "ESTRADA DE CHELAS" no lado direito o "ASILO MARIA PIA". O percurso desde a "Calçada da Cruz da Pedra," até à estrada da Estrada de Chelas, foi retirado `a  "AVENIDA AFONSO III" (antiga Estrada da Circunvalação) e deram-lhe o nome do escritor "NELSON DE BARROS") in  RUAS DE LISBOA...
 Estrada de Chelas -  (1998) foto de António Sachetti  - (Um troço da "ESTRADA DE CHELAS" com o seu antigo casario em ruínas)   in  CAMINHO DO ORIENTE - INSTITUTO-CAMÕES
 Estrada de Chelas - (1998) Foto de António Sachetti  -  (Um aspecto do velho traçado da "ESTRADA DE CHELAS" com o seu empedrado de basalto polido, naturalmente para noutros tempos, ter desequilibrado alguns cavalos mal ferrados)  in   CAMINHO DO ORIENTE I - INSTITUTO-CAMÕES
 Estrada de Chelas - (07-1973) - Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo  -  (Casas na ESTRADA DE CHELAS, depois de se ter passado o segundo "VIADUTO FERROVIÁRIO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Estrada de Chelas - (1961) Foto de Artur João Goulart -  (ESTRADA DE CHELAS no sentido poente com o  muro de suporte ao último talhão a nascente  danificado. Nos anos cinquenta do século passado, por vezes nem se podia passar devido ao desabamento do referido muro)  in   AML 
Estrada de Chelas - (1998) - Foto de António Sachetti  -  ("ESTRADA DE CHELAS" no sentido para poente. Temos duas fotos com diferença no tempo, mas o muro de suporte ao Cemitério era uma constante, bastava chover muito para ele cair)  in  CAMINHO DO ORIENTE   INSTITUTO-CAMÕES


(INÍCIO) - ESTRADA DE CHELAS [ I ]

«A ESTRADA DE CHELAS E SEU ENQUADRAMENTO»

A «ESTRADA DE CHELAS» pertence à ZONA ORIENTAL DE LISBOA, e partilha três freguesias; a "PENHA DE FRANÇA", "BEATO" e "MARVILA".  Começa na "AVENIDA AFONSO III" (antiga Estrada da Circunvalação), e finaliza junto do "LARGO DE CHELAS".  São-lhe convergentes pelo lado esquerdo o arruamento da "VILA DE S. JOÃO; "RUA DE SOL A CHELAS"; "CALÇADA DO TEIXEIRA" e "CALÇADA DA PICHELEIRA". No lado direito a "TRAVESSA DA AMOROSA", "RUA GUALDIM PAIS"; "CALÇADA DE SANTA CATARINA A CHELAS" e "RUA DE CIMA DE CHELAS".

A "ESTRADA DE CHELAS" ou "ESTRADA DE ACHILES" devo possivelmente o seu nome a "AQUILES" (guerreiro GREGO da ODISSEIA de HOMERO). Segundo a lenda foi o "CONVENTO DE CHELAS" naquele tempo uma Instituição pagã, onde estava refugiado "AQUILES" e eventualmente disfarçado de freira. "ULISSES" vem a LISBOA tentando levá-lo para a guerra de "TRÓIA". Com a finalidade de o identificar, este montou uma banca de venda de armas junto ao "CONVENTO", quando apareceu uma freira a comprar uma espada, assim terá caído  o disfarce de "AQUILES".

Neste "VALE DE CHELAS" uma das referencias centrais desta zona de LISBOA, nomeadamente a "ESTRADA DE CHELAS" é merecedora, pela sua antiga história e património, de um estudo mais detalhado. Hoje dado o contexto  a que nos propusemos, foi restringido, limitando-nos a um pequeno passeio pontuado por alguma informação surgida ao longo desta "PEREGRINAÇÃO".

Sendo o Sítio de CHELAS bastante antigo, prevendo-se até ser do tempo em que os Romanos estiveram nesta Península, parece-nos porém, não existir dúvida de que o mar por aqui fazia esteiro, dando mais tarde, depois de seco, o famoso "VALE DE CHELAS".
Para se poder ter uma ideia mais aproximada da realidade histórica desta zona, convém fazer uma abordagem sucinta do seu esquema viário, começando por tentar esquecer a presença hoje dominante da  "RUA GUALDIM PAIS" (Ver mais aqui...), via central de parte do "VALE DE CHELAS", aberta por Edital de 19 de Junho de 1933, em terrenos consolidados do antigo esteiro fluvial (que vinha de próximo do "CONVENTO DE CHELAS" até ao RIO TEJO).
A "RUA GUALDIM PAIS" ao ser aberta em parte na "QUINTA DA AMOROSA" vai entroncar no seu términos com a antiga "ESTRADA DE CHELAS" próximo da extinta e antiga FABRICA DE MALHAS de "INÁCIO DE MAGALHÃES BASTO & CIA" (também conhecida por FÁBRICA DO MAGALHÃES").
Uma das partes integrantes do antigo "CAMINHO PARA ORIENTE", iniciava-se a seguir à "CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA" (Ver mais aqui...) seguindo pela encosta do VALE no sentido de Sul para Norte, até atingir o "CONVENTO DE CHELAS"
Dela saíam algumas azinhagas, entre as quais convirá citar, à direita a da "AMOROSA", depois TRAVESSA, que subia para o "ALTO DOS TOUCINHEIROS" e ligava para "XABREGAS", a "CALÇADA DE SANTA CATARINA A CHELAS" conduzindo directamente em subida acentuada para o planalto, onde hoje podemos encontrar o BAIRRO DA MADRE DE DEUS, ligando à ESTRADA DE MARVILA.
A "RUA DE CIMA DE CHELAS" mais para junto do "CONVENTO" ligava com a "QUINTA DO OURIVES" e "AZINHAGA DA SALGADA". Na encosta oposta, ou seja do lado esquerdo, subindo a "RUA DO SOL A CHELAS"  (hoje bastante modificada) era a ligação com a "RUA MORAIS SOARES"( também ela, a continuação da antiga ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO).  A "CALÇADA DO TEIXEIRA" junto da "QUINTA DA CONCEIÇÃO", a "CALÇADA DA PICHELEIRA ligava a "ESTRADA DE CHELAS" com a parte alta da "PICHELEIRA"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«ESTRADA DE CHELAS [ II ]-DA ESTRADA DE CHELAS ÀS QUINTAS DA "AMOROSA" E DO "LAVRADO ( 1 )"».

4 comentários:

Castro disse...

Caro APS
Aqui, há uns 6 anos (mais ou menos),andei ali às voltas por essa zona: com a Av. Afonso III à minha esquerda,entrei na Estrada de Chelas,paralelamente à "Casa Pia", e, poucos metros à frente, virei a primeira rua à esquerda e fui sempre a subir a subir,a determinada altura, fui confrontado com o cemitério quase em frente de mim. Tal situação tem a ver com a expansão do mesmo,como é óbvio. Não sei, como é que está agora?
A descrição que o Senhor faz do local, completada com as fotos antigas é muito boa, no fundo é história de Lisboa, a cinzento e a cores(tudo muito interessante e belo). Conheço mais ou menos bem essa zona: Estrada de Chelas ; Rua Gualdim País(familiares moradores nessa rua).Conheci ainda o Mercado de Xabregas, com algumas idas ao restaurante o "Caçador" ali à entrada da Rua de Xabregas.

Bom! Sinto,fiquei com a percepção, que está mais animado...fico feliz por isso.

Um abraço
Castro

APS disse...

Caro amigo CASTRO

É com muito gosto que recebo um comentário seu.

De há 6 anos para cá, muita coisa muda, (para melhor ou pior) embora neste caso da "ESTRADA DE CHELAS" está a levar muito tempo a sua recuperação e, talvez nessa parte entre o final da "Travessa da Amorosa" até à convergência com a "RUA GUALDIM PAIS" vai sofrer alterações.

Conheci o Mercado de Xabregas ainda era no "LARGO MARQUÊS DE NISA" junto do VIADUTO e a céu aberto. O novo "MERCADO DE XABREGAS" assisti à sua construção, fica junto da SUB-SEBE do ORIENTAL, onde eu quando jovem ia treinar e jogar BASQUETEBOL.
O actual "RESTAURANTE CAÇADOR" era a antiga "TABERNA DO GALEGO", que também conheci.


Vai muito lenta a recuperação da perda do meu "MIKY" que, durante 17 anos 6 Meses e 18 dias esteve na nossa companhia, como não tenho filhos, dediquei-me muito a ele, e sempre que me recordo ou vejo uma foto dele, fico angustiado. (Sei que o tempo tudo cura, vamos aguardar)

Despeço-me com amizade
Um abraço
APS-Agostinho Paiva Sobreira

I Silva disse...

APS,
É com muito gosto que lhe digo que as suas partilhas têm sido de enorme ajuda aqueles que, como eu, estudam arquitetura e gostam de saber mais sobre a história da cidade.
Um grande abraço e obrigado pelas memórias descritivas.

APS disse...

Caro I Silva

Fico muito agradecido pelas suas palavras ao conteúdo deste "Blogue".
Já deve ter compreendido que nasci no sítio de XABREGAS e sempre que alguém comenta este espaço, fico muito satisfeito.
Desculpe só agora responder, não foi por mal, mas já não utilizo com tanta frequência o PC.
As minhas tendinites não me aconselham; tenho neste momento 86 anos e não devo desperdiçar a "saúde" que me resta.
Renovo os meus agradecimentos, desejando que o seu sonho na Arquitetura se realize.

Despeço-me com amizade
Um abraço
APS-Agostinho Paiva Sobreira