sábado, 31 de março de 2018

Largo da Rosa [ IV ]

«CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 2 )»
 Largo da Rosa - (2009)  -  (O "LARGO DA ROSA" de poente para Nascente. No lado esquerdo a Igreja, mais à frente o Palácio da Rosa e o edifício onde morou "Afonso Lopes Vieira" e o sítio onde existiu o "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA")    in   GOOGLE EARTH
 Largo da Rosa  -  (2009)   -  (Panorâmica mais aproximada do "LARGO DA ROSA" onde se pode observar o "PALÁCIO DA ROSA" e a IGREJA DE SÃO LOURENÇO e o sítio onde existiu o "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA")    in   GOOGLE EARTH
Largo da Rosa  - (2014)  -   (Um troço do "LARGO DA ROSA" e o "PALÁCIO DA ROSA" na nossa frente)   in   GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)- LARGO DA ROSA [ IV ]

«CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 2 )»

Estando já o edifício construído para albergar as 13 religiosas, existia a obrigação dos MORGADOS e seus sucessores de, em cada triénio, visitarem a congregação e tomarem conhecimento das suas necessidades.
A 21 de Novembro de 1522 dia em que chegaram a LISBOA as religiosas e se apresentaram no templo para a inauguração, acompanhadas de outras do MOSTEIRO DE AVEIRO (DONA FRANCISCA DE CASTRO, depois Prioresa e Soror BRITES DOS REIS, Soror ANTÓNIA DAS CHAGAS) e de SANTARÉM (Soror ANA DO ESPÍRITO SANTO).

Por morte de "LUÍS BRITO" pretenderam as religiosas a sua "TERÇA", conforme determinado, para elas poderem satisfazer obrigações, nomeadamente terem ajuda para o sustento das RELIGIOSAS. Seu filho, "ESTÊVÃO DE BRITO" fez oposição para nunca se poder retirar nem "TERÇA" nem parte dela, ficando assim o MOSTEIRO sem fazenda alguma.
Por essa altura encontrava-se já recolhida no "CONVENTO" "DONA JOANA DE ATAÍDE" viúva de "LUÍS BRITO", estando como Prioresa DONA BRANCA. O MOSTEIRO estava em grande risco de ruína, ameaçado pelos sucessivos tremores de terra que no tempo continuavam a preocupar LISBOA do século XVII. Desprendimentos de terras e de rochas da encosta do Castelo, iam lentamente "sufocando" o edifício Conventual.
Sabe-se que os abalos sísmicos foram prejudicando a estrutura do MOSTEIRO. Chegou ele a ser reconstruído e ampliado no Século XVII, mas não teve grande sorte: em breve sobrevinha o TERRAMOTO  de 1755, que destruiu grande parte do MOSTEIRO e causou a morte a quatro pessoas.
Voltou a esboçar-se uma nova reparação, mas nada voltou a ser como antes. Assim, ainda no século XVIII, recolheram as DOMINICANAS ao CONVENTO DE SANTA JOANA (na actual RUA DE SANTA MARTA, onde estiveram depois, alguns serviços da PSP (ver mais aqui...).

Tinha o MOSTEIRO trinta e três freiras de véu preto, doze servidoras, com uma renda de 500 CRUZADOS quando o edifício sofreu um grande incêndio, por um descuido que se manifestou na sacristia, danificando-o, corria o ano de 1670, obrigando à construção de um pequeno Templo para a continuação dos ofícios divinos. 

Em 1824 já os terrenos andavam aforados, e o edifício do "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" (que dera possivelmente o nome ao sítio), acabou por desaparecer. Dele creio não restar vestígios nem estampas elucidativas.

A típica "VILA DO CASTELO" (Conjunto de moradias privadas ao alto das ESCADINHAS) era ainda no século XIX, uma «horta e cerca das freiras».
Ainda uma última nota: a imagem do orago (NOSSA SENHORA DA ROSA) foi salva e está no MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA. De resto, são tudo reminiscências. Das DOMINICANAS só a tradição ficou no sítio.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA [ V ]-AFONSO LOPES VIEIRA UM MORADOR ILUSTRE DO "LARGO DA ROSA"».

quarta-feira, 28 de março de 2018

LARGO DA ROSA [ III ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 1 )»
 Largo da Rosa  - (2016) - Foto de Ricardo Filipe Pereira  -   (Fachada do Palácio da Rosa no LARGO DA ROSA, ao nosso lado direito começava a cerca do "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" (já desaparecido), que deu nome a este LARGO)   in   WIKIPÉDIA
 Largo da Rosa  - (2009)   -   Edifício onde habitou "AFONSO LOPES VIEIRA" no LARGO DA ROSA, depois do desaparecimento do "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA")  in  GOOGLE EARTH
Largo da Rosa  -  ( 2009 )   -   (O "LARGO DA ROSA" e Palácio da Rosa ou Palácio dos Marqueses de Castelo Melhor. O "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" terá dado eventualmente o nome a este Palácio e Largo)     in    GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA ROSA [ III ]

«O MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA ( 1 )»


«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA ROSA» à direita de quem sobe as "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO", e pouco mais ou menos onde hoje existe uma "VILA" de moradias particulares, existiu nesse espaço o "CONVENTO DA ROSA", que deu o lindo nome ao sítio.
Foi este fundado em 1519 por "LUÍS DE BRITO NOGUEIRA", senhor do MORGADO DE SÃO LOURENÇO em LISBOA e SANTO ESTÊVÃO em BEJA e descendente de um tal "AFONSO NOGUEIRA" que deu, em certa altura, o seu nome ao postigo que se abria na CERCA FERNANDINA, junto da TORRE que  existe na COSTA DO CASTELO.

"LUÍS DE BRITO" sendo viúvo do primeiro casamento, do qual tinham ficado filhos, casou, em segundas núpcias com "DONA JOANA DE ATAÍDE", filha de "JOÃO DE SOUSA". Comendador e Assistente no serviço do INFANTE DOM FERNANDO(1433-1470), pai do REI DOM MANUEL I (1469-1521).
Estiveram casados "LUÍS DE BRITO" e "DONA JOANA DE ATAÍDE" durante vários anos sem terem filhos. E, por não existir descendência sua "DONA JOANA DE ATAÍDE" resolveu oferecer a DEUS a fazenda de seu dote, e mandar construir um "MOSTEIRO DE RELIGIOSAS DE SÃO DOMINGOS"(DOMINICANAS) em honra de "NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO", a quem "DONA JOANA DE ATAÍDE" tinha particular devoção.
No entanto, não agradava a "LUÍS DE BRITO" a intenção de sua mulher, pois desejava que a herança fosse para a posse de seus filhos.  Por "LUÍS DE BRITO" não satisfazer as intenções de sua esposa, esta por sua vez, não se mostrava agradada. Também "LUÍS DE BRITO" não tinha muita simpatia pelo PATRIARCA, que -  "conforme reza a tradição"  -  lhe apareceu numa noite em sonhos, mostrando-se muito zangado com ele, por não ser piedoso com sua mulher. 
"LUÍS DE BRITO" era um bom cristão e, como tal tomou o sonho como um sinal vindo do CÉU, resolvendo logo a vontade de sua mulher. Ambos trataram das licenças necessárias, e assim se deu início à construção do novo MOSTEIRO no ano de 1519.
Para o MOSTEIRO foram as religiosas DOMINICANAS e, segundo documentos que ficaram, sabe-se que o edifício e respectiva IGREJA eram bons exemplares do "gótico", com um portal que se assemelhava ao dos JERÓNIMOS em BELÉM, ainda que de muito menor tamanho.
"LUÍS DE BRITO" e "DONA JOANA DE ATAÍDE" dotaram o MOSTEIRO dando-lhe a sua fazenda e acertaram oferecer ao SENHOR para moradia as que O haviam de servir, as próprias casas em que viviam.  No entanto pediam uma condição: para que as religiosas não ultrapassassem o número de treze, para assim ficarem com mais espaço. Fizeram ambos o seu compromisso declarando cada um aquilo que doava.
"LUÍS DE BRITO" prometeu a sua "terça" ("terça parte do seu dote") com a condição que seja rezada uma missa diariamente e perpétua, e  uma "nocturna de defuntos" por semana.
Por sua vez "DONA JOANA DE ATAÍDE" daria tudo o que tinha para o "MOSTEIRO" ao qual pedia uma missa cantada cada dia e uma "nocturna de defuntos" cada semana.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ IV ]-MOSTEIRO DE Nª.Sª. DA ROSA( 2 )».

sábado, 24 de março de 2018

LARGO DA ROSA [ II ]

«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO" ( 2 )»
 Largo da Rosa  -  (2009)  -   (Frontaria da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" visto da "RUA DO MARQUÊS DE PONTE DE LIMA" )    in     GOOGLE EARTH
 Largo da Rosa  -  (1971)   -  (Fachada principal da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO", o "PALÁCIO DA ROSA" na parte de trás.  O  "LARGO DA ROSA" na lateral e na frente, da IGREJA, podemos  ainda ver a escadaria que comunica com "CALÇADA DE SÃO LOURENÇO")   in    AML 
 Largo da Rosa  - (1971)   -  Fachada da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" no LARGO DA ROSA. (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in     AML 
 Largo da Rosa  -  (1971)   - (Lateral da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" o "PALÁCIO DA ROSA" no seguimento em direcção às "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO")  in   AML 
 Largo da Rosa  -  (1968)  Foto de Armando Maia Serôdio   -  ("IGREJA DE SÃO LOURENÇO", caracterizada exteriormente e interiormente pela sua grande singeleza. O seu valor decorativo, reside nos silhares de azulejos, sendo o tecto do século XIX(1867).  in   AML 
Largo da Rosa - (1961)   -  (Um interior da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO" dos MARQUESES DE PONTE LIMA ou CASTELO MELHOR - painel de azulejos e bancos corridos para os paroquianos)   in   AML 


(CONTINUAÇÃO)- LARGO DA ROSA [ II ]

«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 2 )»


Na dependência do piso superior, no lado Sul da "IGREJA", encontra-se um trecho arquitectónico singular: "«um tramo ou quadra de planta rectangular com abóbada de artesoada, ogival firmado nas paredes em quatro arranques de colunas angulares das quais, porém, só se viam os ábacos dos seus capitéis, ao nível do sobrado dividindo a quadra na sua altura primitiva» (JORGE SEGURADO, "DO NOBRE SÍTIO DE SÃO LOURENÇO - in ANTÓNIO MANUEL GONÇALVES e JORGE SEGURADO " O LARGO DA ROSA E DO NOBRE SÍTIO DE SÃO LOURENÇO" - LISBOA - A PORTO HISTÓRIA, pág. 45, 1984. «O tecto desta nova sacristia é pois (...) uma abóbada do século XIII, da primitiva IGREJA românica de SÃO LOURENÇO (...) o tramo ogival é um raio de Sol da saudade antiga de São Lourenço». Obras de recuperação arquitectónica perduram ao longo da década ora cumprida, com pesquisas aturadas e achados reveladores, a concretizar a Igreja renovada, reintegrada, do tempo que o saudoso Arquitecto JORGE SEGURADO a visitou.

No ano de 1834 a IGREJA recebeu uma imagem de SÃO LOURENÇO (para colocar no ALTAR-MOR) oriunda do já desaparecido "CONVENTO DE SÃO CAMILO DE LELLIS", ao "POÇO DO BORRATEM" (Ver mais aqui...) e a de "SÃO SEBASTIÃO". Os medalhões, no tecto da IGREJA representam "OS APÓSTOLOS". Sobre o arco da capela-mor ostenta o BRASÃO dos "PONTE DE LIMA". À esquerda a tribuna elegante que deita para o interior do "PALÁCIO DA ROSA", e na qual há, interiormente, um oratório.
Ao centro no ALTAR-MOR podemos ver a imagem de NOSSA SENHORA DA PUREZA, de grandes tradições na CASA CASTELO MELHOR, e que esteve até 1902 desaparecida da CAPELA DO PALÁCIO CASTELO MELHOR, aos RESTAURADORES, adquirida pelo MARQUÊS DA FOZ em 1889.
A CAPELA-MOR, a mais de meia altura, estão as quatro varandas, duas em cada lado que pertencem também ao PALÁCIO DA ROSA. Nesta altura a IGREJA está fechada ao culto e ao público, mas no seu interior encontram-se ainda silhares de azulejos do século XVIII com a representação da vida de "SÃO LOURENÇO".

Apenas a título de curiosidade, refira-se que, em escavações realizadas em 2001, na "IGREJA DE SÃO LOURENÇO", trouxeram ao conhecimento geral importantes vestígios de janelas góticas e capelas do século XIV, a par de sepulturas e outros materiais arqueológicos. (RIBEIRO, O PÚBLICO de 23 de Março de 2001)

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ III ] O CONVENTO DE Nª. SENHORA DA ROSA ( 1 )».

quarta-feira, 21 de março de 2018

LARGO DA ROSA [ I ]

«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 1 )
 Largo da Rosa  -  2018  - (Desenho adaptado ao Mapa I da Cerca Fernandina de Lisboa de A. Vieira da Silva - 1987) LEGENDA1) LARGO DA ROSA - 2)MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA3)IGREJA DE SÃO LOURENÇO 4) PALÁCIO DA ROSA - (QUE EM VÁRIAS ÉPOCAS, PERTENCERAM AOS VISCONDES DE VILA NOVA DE CERVEIRA; MARQUESES DE PONTE DE LIMA E MARQUESES DE CASTELO MELHOR)  - 5) A CASA QUE FOI MORADA DE AFONSO LOPES VIEIRA - (COM INDICAÇÃO DE: "FOREIRO DO CONVENTO DE SANTA JOANA")  6) JARDINSin   ARQUIVO/APS
 Largo da Rosa  -  (2009)  -  (Panorâmica de uma parte da Freguesia de "SANTA MARIA MAIOR" onde se insere o "LARGO DA ROSA"  in   GOOGLE EARTH
 Largo da Rosa - (  19.03.2014 ) - Foto do Jornal de Notícias  -  (IGREJA DE SÃO LOURENÇO junto do PALÁCIO ROSA)   in   HISTÓRIA DE PORTUGAL
 Largo da Rosa  - (195_) - Foto de Eduardo Portugal - (Porta lateral da IGREJA DE SÃO LOURENÇO, tendo a sua fachada lateral alinhada com o "PALÁCIO DA ROSA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in    AML 
 Largo da Rosa -  (1968 ) Foto de Armando Maia Serôdio  -  (Imagem de NOSSA SENHORA DO PARTO na IGREJA DE SÃO LOURENÇO, junto do PALÁCIO ROSA)   in   AML 
Largo da Rosa  -  (1970 ) Foto de João Hermes Cordeiro Goulart  -  (Fachada lateral da "IGREJA DE SÃO LOURENÇO")   in    AML  


INÍCIO - LARGO DA ROSA [ I ]

«A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 1 )»

O "LARGO DA ROSA" pertencia as antigas Freguesias do SOCORRO, S. CRISTÓVÃO e SÃO LOURENÇO, hoje  pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a fazer parte da freguesia de "SANTA MARIA MAIOR".
São convergentes a este "LARGO" a "RUA DO MARQUÊS DE PONTE DE LIMA", "RUA DAS FARINHAS"   as "ESCADINHAS DA COSTA DO CASTELO" e ainda ligação por escadas para a "CALÇADA DE SÃO LOURENÇO".
A esta "MOURARIA" «aristocrática» em que as casas de habitação de gente comum dão lugar a palácios e templos - merece óbvio destaque o "LARGO DA ROSA" e suas imediações.  Ali se erguem, numa superfície relativamente pequena, a "IGREJA", outrora paroquial de "SÃO LOURENÇO" o "PALÁCIO DA ROSA", os edifícios que faziam parte do antigo "MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ROSA" (hoje desaparecido) e um singelo monumento em honra de um dos habitantes ilustres do local, o poeta "AFONSO LOPES VIEIRA".

A primitiva IGREJA foi fundada no século XIII por iniciativa de "PEDRO NOGUEIRA", médico do REI DOM DINIS, cuja Administração do "MORGADO" veio a pertencer aos VISCONDES DE VILA NOVA DA CERVEIRA, depois "MARQUESES DE PONTE DE LIMA" que por ligação matrimonial, os terrenos passaram a pertencer aos "CONDES E MARQUESES DE CASTELO MELHOR".
A reedificação da "IGREJA", aconteceu várias vezes.  O sismo que atingiu LISBOA em 1531 causou-lhe grandes estragos e,  a partir do século XVII procedeu-se à construção do "PALÁCIO DA ROSA", que se desenvolveu em articulação com a "IGREJA DE SÃO LOURENÇO". Com o TERRAMOTO DE 1755 voltou a sofrer grande destruição no edifício, que implicou novamente obras de reedificação. Em 1761 já se encontravam nove altares edificados e o estabelecimento de duas Irmandades. 
"IGREJA" de frontaria simples com uma torre sineira, a sua fachada lateral encontra-se no alimento do frontispício do "PALÁCIO DA ROSA", a que se encosta, nela se lendo, na lápide que está sobre a porta de acesso à sacristia: "MANDADA REEDIFICAR NO ANO DE 1904 PELO MARQUÊS DE CASTELO MELHOR VISCONDE DE VÁRZEA JUIZ PERPÉTUO DA IRMANDADE DO SANTÍSSIMO".
Esta "IGREJA" anterior a 1867 possuía um adro para o qual se subia por uma pequena escadaria, uma "TORRE" com duas caixas sineiras no ângulo sobre o LARGO e tinha como hoje, uma lápide antiga na fachada datada de 1587.
A mesma singeleza caracteriza interiormente o Templo, revestido de altos silhares de azulejos setecentistas, com painéis que representam passos da vida de "SÃO LOURENÇO", devendo a pintura do tecto datada de 1867.
Dois únicos túmulos, com inscrições nos degraus do ALTAR-MOR, sendo o esquerdo o de "ESTÊVÃO DE BRITO NOGUEIRA" cujo epitáfio alude na parte final. "LUÍS DE BRITO NOGUEIRA"  PAI DESTE "ESTÊVÃO DE BRITO", ESTÁ SEPULTADO NO MOSTEIRO DA ROSA DESTA CIDADE".
Na parede do mesmo lado, no corpo da "IGREJA", rasga-se a elegante tribuna que servia o "PALÁCIO DA ROSA". Na parede oposta guarda-se em nicho uma escultura de pedra de "NOSSA SENHORA DO PARTO", policromada, talvez do século XVI, conservando-se na sacristia uma excelente imagem de vulto, setecentista, estufada e policromada, de "NOSSA SENHORA DA PUREZA" (para ali transferida do "PALÁCIO FOZ" no início de novecentos).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ II ]-A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 2 )»   

sábado, 17 de março de 2018

RUA ÂNGELA PINTO [ II ]

«A ACTRIZ ÂNGELA PINTO»
 Rua Ângela Pinto  -  (1911)  -  (A actriz "ÂNGELA PINTO" representando no Teatro REPÚBLICA - hoje Teatro S. Luís -  a revista "NUM RUFO", cujo tema abordava a LEI do divórcio, uma das primeiras leis da República. "Estreou no Carnaval, tendo agradado tanto, que ainda no NATAL estava em cena", como nos refere SOUSA PINTO no número de Fevereiro de 1912 de "A MÁSCARA")  in  HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 2
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 Rua Ângela Pinto  - ( 2017 )  -  (Panorâmica do BAIRRO DOS ACTORES,  e Rua Ângela Pinto no sentido para Sul, ao fundo a Rua José Ricardo in   GOOGLE EARTH 

 Rua Ângela Pinto - ( 1910) Foto de Vasques  -  "Ângela Pinto, no papel de "Isabel Conti" da Santa Inquisição, Capa da Revista "Ilustração Portuguesa 2.ª série, nº. 215 de 4 de Abril de 1910)  in  HEMEROTECA DIGITAL - CML
 Rua Ângela Pinto  - (1913)  - "Cliche" de Cardoso & Correia  -  ( A actriz Ângela Pinto num travesti notável em "HAMLET")   In  CURIOSIDADES DA IMPRENSA
Rua Ângela Pinto  -  (1934)  -  (A actriz Ângela Pinto publicada na revista CINE a 31 de Maio de 1934)  in  CURIOSIDADES DA IMPRENSA


(CONTINUAÇÃO) - RUA ÂNGELA PINTO  [ II ]

«A ACTRIZ ÂNGELA PINTO»

Ninguém como "ÂNGELA PINTO" (na época) conseguia inebriar as plateias, sabendo encarnar magistralmente as mais variadas personagens. Foi interprete de CINEMA no «PRIMO BASÍLIO» (uma obra de EÇA DE QUEIROZ) realizado por GEORGE PALLU no ano de 1923. Terá ainda realizado um quadro de "TRAVESTI" em "HAMLET" de SHAKESPEAR, em 1910, no extinto "TEATRO APOLO" (anteriormente "TEATRO PRÍNCIPE REAL" de 1865), na RUA DA PALMA (ver mais aqui...).
Entre os anos de (1869 e 1915 quem ouviu cantar "ÂNGELA PINTO", nesse ano de 1897, os versos da Revista "TELHA" - «Quem há que possa dizer /  que TELHA não têm?  /  Com a vista estou a percorrer,  / e não vejo ninguém!»,  mesmo que a tivesse aplaudido na "MANUELA" do "SOLAR DAS BARRIGAS" ou noutras operetas em que as fulgurações do seu génio dramático se deixaram adivinhar, talvez não fosse capaz de pressentir que esse génio impetuoso, desconcertante até havia de se elevar à culminância da arte num repertório de exigências bem maior, em que ela foi sucessivamente  exuberante de vivacidade e pandega alegre na "LAGARTIXA" de FEYDEAU, apaixonada e romântica na "ZÁZÁ" de P. BERTON e C. SIMON,  felinamente  ciosa na "DOLORES" de FELIU Y CODINA, sangrando amor canalha e plebeu na "SEVERA" de JÚLIO DANTAS, altiva e senhoril na "AVENTURA" de AUGIER, heróica e combativa no "LADRÃO" de BERNSTEIN.
Acrescentar-se ainda, pelo menos, as suas criações da sofredora "MARIANA" do "AMOR DE PERDIÇÃO" de CAMILO CASTELO BRANCO (1904) e do "HAMLET" em "TRAVESTI" (1910). No entanto intercaladamente, nunca deixou de prestar o contributo da sua fantasia..."gaiata, extravagante e frenética" ao TEATRO de REVISTA: em 1899, no PRÍNCIPE REAL DO PORTO, encabeçou o elenco de "ALI... à PRETA", revista do ano de 1897 de GUEDES DE OLIVEIRA e música de CIRÍCO CARDOSO (1846-1900), em que a sua imitação de uma cançonetista francesa em voga, levantou a plateia numa estrondosa ovação; em 1911 com CHABI PINHEIRO e ADELINA ABRANCHES, foi uma das interpretes de "NUM RUFO" revista de MACHADO CORREIA e do escritor brasileiro BATISTA COELHO (João Foca), escrita para ser apresentada no CARNAVAL de 1911, no TEATRO REPÚBLICA (ex- DONA AMÉLIA) actual "S. LUÍS"; e em 1915 personificou, de monóculo, o o elegante "compère" de CORAÇÃO À LARGA. E em tão múltiplas e diferentes criações, ela foi  como escreveu; "ANTÓNIO FERRO" no seu IN MEMORIAM: "uma actriz moderna, avançada, livre, sem ninguém dar por isso, e acima de tudo a actriz sincera, sem preconceitos, a actriz que adivinhou a morte das convenções, que pôs dentro da sua vida, numa grande ânsia de transmitir a verdade a todos os seus papeis, situações de comédia e de drama" ( 1 ).

Representava em 1923 "AS FLORES", uma comédia dos irmãos QUINTERO,  no TEATRO POLITEAMA de LISBOA, ao lado de AMÉLIA REI COLAÇO, quando foi vítima de uma síncope, que a inutilizou para o seu trabalho.

- ( 1 ) - IN MEMORIAM ÂNGELA, LISBOA, 1925, p.,47.

BIBLIOGRAFIA

- ACCIAIUOLI, Margarida - OS CINEMAS DE LISBOA-Bizâncio_2ª. ED.-2013-LISBOA.
- LELLO UNIVERSAL - Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro-1º Vol.- Lello & Irmão-1976-Porto.
- NOVA ENCICLOPÉDIA LAROUSSE - Dir. Leonel Oliveira- Nº. 18 Vol. Circ. Leitores. 1994-LISBOA.
- PORTUGAL SÉCULO XX - Portugueses Célebres-Cood. Leonel Oliveira-2003-RIO DE MOURO.
- REBELO, Luiz Francisco - Hist. do TEATRO de REVISTA em Portugal- I e II vol.-Pub. D. Quixote- 1º. Ed. - 1984 - LISBOA.


(PRÓXIMO)«LARGO DA ROSA[ I ]-A IGREJA DE SÃO LOURENÇO ( 1 )»

quarta-feira, 14 de março de 2018

RUA ÂNGELA PINTO [ I ]

«A RUA ÂNGELA PINTO E SEU ENQUADRAMENTO»
 Rua Ângela Pinto - (2017)  -  (A Rua Ângela Pinto circundando quase na totalidade o "Mercado de ARROIOS")   in   GOOGLE EARTH
 Rua Ângela Pinto  - (2017)  -  (A "RUA ÂNGELA PINTO" no sentido poente, no lado direito o "MARCADO DE ARROIOS")  in   GOOGLE EARTH 
 Rua Ângela Pinto  -  (2017)  -  A "RUA ÂNGELA PINTO" na freguesia de "ARROIOS")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Ângela Pinto -  (1898)  -  (No "PRÍNCIPE REAL DO PORTO", encabeçou o elenco de "ALI... À PRETA", em que a sua imitação de uma cançonetista francesa, levantou a plateia numa estrondosa ovação)  in  HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 1
 Rua Ângela Pinto - ( 1904 )  -  (A Actriz "ÂNGELA PINTO" presenteou a sua foto autografada a um seu admirador)   in   FOTOLOG 
Rua Ângela Pinto  -  (1910)  -  (Um dos retratos de "ÂNGELA PINTO" actriz que se estreou como profissional no TEATRO da RUA DOS CONDES, na Opereta "LOBOS MARINHOS")   in   FABULÁSTICAS


- "RUA ÂNGELA PINTO"  [  I  ]

«A RUA ÂNGELA PINTO E SEU ENQUADRAMENTO»

A "RUA ÂNGELA PINTO" pertencia inicialmente à freguesia de "SÃO JORGE DE ARROIOS", hoje com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, integrando ainda as freguesias dos "ANJOS" e "PENA", passaram a pertencer à freguesia de «ARROIOS».
Por EDITAL de 12.03.1932 da "COMISSÃO ADMINISTRATIVA DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, veio homenagear esta actriz na circular envolvente do "MERCADO DE ARROIOS" (ver mais aqui...) com a denominação de "RUA ÂNGELA PINTO".
A "RUA ÂNGELA PINTO" começa e acaba na "RUA CARLOS MARDEL"  do número 2 ao número 34.  São lhe convergentes as seguintes artérias: "RUA JOSÉ RICARDO", "RUA LUCINDA SIMÕES" e "RUA ROSA DAMASCENO".

"ÂNGELA PINTO", actriz portuguesa de grande talento, foi uma personagem extraordinária no nosso TEATRO, nasceu e faleceu na cidade de LISBOA  (15.10.1869 - 09.03.1925).
"ÂNGELA PINTO" estreou-se muito nova num "TEATRO AMBULANTE DE SETÚBAL".
Na peça em que figurou pela primeira vez o seu nome no cartaz, foi numa tradução da ZARZUELA «CHICA».  Poucos meses depois apareceria no "TEATRO CHALET" da "RUA DOS CONDES", com outra peça igualmente espanhola " LOBOS MARINHOS", onde conquistou as boas graças do público, nessa época bastante exigente. Foi com esta peça de "LOBOS MARINHOS" que "ÂNGELA PINTO" se profissionalizou decorria o ano de 1889.
Estreia-se no teatro declamado em 1900, no "D. AMÉLIA" (actual SÃO LUÍS). No entanto em finais de 1890 surgiu no palco do "TEATRO D. AFONSO" no PORTO, fazendo delirar o público com as suas actuações nas peças "PORTO" e "SIMÃO, SIMÕES & C.ª". De uma versatilidade impressionante, tornar-se-ia uma das figuras mais notáveis do TEATRO PORTUGUÊS. 
Distinguiu-se em quase todos os géneros teatrais: Opereta, Revista; "VAUDEVILLE", Comédia e Drama. Criou em Portugal algumas das principais heroínas de ; BERNSTEIN, BATAILLE, DAUDET, CAPUS, ROBERTO DE FLERS e outros.

"ÂNGELA PINTO" não teve mestre no começo da sua carreira, no entanto o que fazia ou interpretava era fruto da sua observação fina e acurada de que a mãe natureza a dotara, auxiliada por uma cultura mais vasta, que a maioria das suas colegas, e facilidade de interpretar os sentimentos, as paixões, dos personagens por ela escolhidos.
Foi mercê desses predicados, que mais tarde, na COMPANHIA de ROSAS & BRAZÃO, tendo então a auxiliá-la os conselhos do grande mestre "AUGUSTO ROSAS", que "ÂNGELA PINTO" criou o protagonista da «SEVERA», por forma a tornar-se inesquecível, mormente na descrição da "TOURADA", nas cenas amorosas com o "MARIALVA", no dialogo do "lenço" com a "MARQUESA", no modo porque cantou o fado, afogado em lágrimas e nas grandes cenas da «morte».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ÂNGELA PINTO [ II ] -A ACTRIZ ÂNGELA PINTO».

sábado, 10 de março de 2018

ESTRADA DE CHELAS [ IX ]

«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 2 )»
 Estrada de Chelas - (1997)  - Foto de António Sacchetti  -  (Aspecto da fábrica com o telhado em "SHED", na década de Noventa do século passado)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Estrada de Chelas -  (1960) - Foto de Armando Maia Serôdio - Negativo de Gelatina e prata em acetato de celulose)  -  (Fábrica de Pólvora de Chelas, painel de azulejos no interior do antigo CONVENTO DE CHELAS)   in   AML 
 Estrada de Chelas -  (1922) - (Oficina de Cartuxame - In Exposição Internacional do Rio de Janeiro, Secção Portuguesa, Livro d´Ouro e Catálogo Oficial)   in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Estrada de Chelas - (Século XXI) Foto de autor não identificado  -  ("ARQUIVO GERAL DO EXÉRCITO" instalado no velho "CONVENTO DE CHELAS")   in   EXÉRCITO
Estrada de Chelas -  ( 1922 )  -  (O grande motor "KRUPP" que fazia parte da Central geradora da Fábrica)   in  RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ IX ]

«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 2 ) »

Os edifícios construídos prendiam-se com funções ligadas à secretaria, aos depósitos e laboratórios, ao motor e à fabricação da pólvora propriamente dita. Assim as oficinas instituídas inicialmente para a produção da nitroglicerina, da pólvora e da junção destas duas substancias, organizaram-se em: Oficinas do primeiro grupo, onde se preparava o algodão, nitrava-se, desfiava-se, lavava-se, enxugava-se  e desidratava-se.  Eram construídas em alvenaria, formando cinco casas contíguas. Existindo mais cinco oficinas para preparação da pólvora sem fumo.
A produção desta fábrica abastecia munições para as armas portáteis do exército português como, por exemplo, as espingardas 8 mm K ou as carabinas de  6,5 mm. Após 1904, com o desenvolvimento do armamento, houve a necessidade de alargar gradualmente as instalações e de a equipar com novas maquinaria, de modo a responder ao volume das encomendas. Mas, foi durante a "I GUERRA MUNDIAL" que a fábrica se firmou no municiamento de pólvora de artilharia e cartuchos de espingarda, metralhadora e pistola, para o exército português.
Em 1911, a fábrica de CHELAS  tinha uma capacidade de produção de 30 toneladas em nitroglicerina e 40 de nitrocelulose. Em relação aos cartuchos, atingia-se o número de 60 mil por dia. Do conjunto das diversas infra-estruturas, subsiste um magnifico edifício de telhado em "SHED" e de colunas em ferro, inserido no que resta de verdejantes "VALE DE CHELAS", lembrando tempos idos, numa simbiose entre a oficina e a natureza, a hera começa a cobrir o edifício. 
A casa da máquina é feita de alvenaria, sendo o seu interior revestido a estuque e com lambris de azulejo. A cobertura é em madeira, sustentada por vigas de ferro.
A máquina "KRUPP", da central termoeléctrica  de 1922, simboliza a importância que esta fábrica representou para a produção de pólvora, pois foi necessário recorrer a um motor muito potente para fornecer energia-eléctrica a todas as oficinas. Trata-se de um momento de viragem em termos energéticos, quando ainda a distribuição de electricidade não alcançara todo o território da cidade de LISBOA. Acompanhava-se assim a evolução que LISBOA vinha sentindo com a inauguração da "CENTRAL TEJO em (BELÉM), desde 1911.
Entre os finais da década de vinte e a de cinquenta, a FÁBRICA DE CHELAS continuou as duas linhas essenciais de fabrico, acentuando-se a produção de munições para infantaria. Neste ponto de vista, era "uma unidade tecnicamente completa" (FILIPE THEMUDO BARATA) ( 1 ) - (Curiosamente encontrei (na vida militar) um "MAJOR" com o nome de "THEMUDO BARATA" -muito dedicado ao desporto - isto em 1957/1958, no REGIMENTO DE ARTILHARIA FIXA- RAAF, em QUELUZ).
A "FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS" passou a chamar-se "FÁBRICA NACIONAL DE MUNIÇÕES DE ARMAS LIGEIRAS"-FNMAL. Teve grande desenvolvimento durante a II GUERRA MUNDIAL, em colaboração com a "FÁBRICA DE MATERIAL DE GUERRA DE BRAÇO DE PRATA". Foi durante o decorrer dos anos 50, que as instalações das munições das armas ligeiras se transferiram para MOSCAVIDE. Todavia o sector químico manteve-se no mesmo espaço até final da sua laboração, apesar do crescimento urbano de CHELAS
Actualmente, o velho "CONVENTO DE CHELAS" mantém-se ainda sob a tutela do "MINISTÉRIO DO EXÉRCITO", que neste instalou o seu "ARQUIVO GERAL DO EXÉRCITO". [ FINAL ]

- ( 1 ) - BARATA, Filipe Themudo, "Industria Militar Nacional Como e Para Quê?" In Nação e Defesa, pp. 110-116.

BIBLIOGRAFIA

- CAEIRO, Baltazar Matos - OS CONVENTOS DE LISBOA - Ed. DISTRI. 1989 - LISBOA.
- CAMINHO DO ORIENTE-GUIA HISTÓRICO - I e II de José Sarmento de Matos -Jorge Ferreira Paulo-Ed. Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.
- CAMINHO DO ORIENTE - GUIA DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL - de Deolinda Folgado - Jorge Custódio - Ed. Livros Horizonte - 1999 - LISBOA.
- CARVALHO, Maria João Lopo de - MARQUESA DE ALORNA - Ed. Oficina do Livro - 2011 - LISBOA.
- DELGADO, Ralph - A Antiga Freguesia dos OLIVAIS - C.M.L. - 1969 - LISBOA.
- DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO - KOOGAN LAROUSSE SELEÇÕES - Ed. Selecções -1981 - LISBOA.
- MÁRIO, Furtado - Do Antigo Sítio de Xabregas - Colecção Memórias de Lisboa - 1997 - LISBOA.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - A. J. SARAIVA - ÓSCAR LOPES - Ed. 17.ª - PORTO EDITORA - 1996 - PORTO.
- LISBOA, um passeio a Oriente - José Sarmento de Matos - Ed. Parque Expo´98. SA. e Metropolitano de Lisboa- 1993 - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - Direcção A.E.Martins Zuquete - Editorial Enciclopédia - 1960 - LISBOA .

INTERNET 

- TOPONÍMIA DE LISBOA 

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quarta-feira, 7 de março de 2018

ESTRADA DE CHELAS [ VIII ]

«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 1 )»
 Estrada de Chelas -  ( 2017)  -  As instalações do antigo "CONVENTO DE CHELAS", hoje pertença do Ministério do Exército onde instalou o seu "ARQUIVO GERAL DO EXERCITO")  in  GOOGLE EARTH
 Estrada de Chelas - (1987)- Foto de António Sacchetti  -  (Planta Aerofotogramétrica  da "FÁBRICA NACIONAL DE ARMAS LIGEIRAS" e "FABRICA NACIONAL DE MUNIÇÕES E ARMAS LIGEIRAS" no final da "ESTRADA DE CHELAS")  in  CAMINHO DO ORIENTE GUIA DO PATRIMÓNIO INDUSTRIAL
 Estrada de Chelas - (1911)  - ( O químico e inventor da pólvora sem fumo "ANTÓNIO XAVIER CORREIA BARRETO, que dirigiu a própria unidade fabril.(Publicado in Problemas e Manipulações Chímicas em 1911)   in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Estrada de Chelas - ( 1911)  - (Oficina de carregamento de cartuchos de infantaria. ( Publicado in Problemas e Manipulações Chímicas)   in   RESTOS DE COLECÇÃO
Estrada de Chelas - (1906)  -  (A planta da "FÁBRICA DE PÓLVORA SEM FUMO".  in "A FÁBRICA DE POLVORA EM CHELAS", revista de Artilharia, Ano II, Nº. 21-1906)  in  RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - ESTRADA DE CHELAS [ VIII ]

«A FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS ( 1 )»

A «FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS» funcionou no antigo "CONVENTO DAS FREIRAS DE CHELAS" desde 1898 até aproximadamente a 1983.

Esta fábrica de pólvora sem fumo, instalada em finais do século XIX, na cerca e em algumas dependências do antigo "MOSTEIRO DE CHELAS", mais conhecido pelo "CONVENTO DE CHELAS".
Estas localizações de fábricas de explosivos na envolvência de casarios ou estruturas religiosas não era comum, pois geralmente eram escolhidos lugares ermos, devido a exigência de segurança.
O abastecimento do exército português era feito desde o tempo de D. MANUEL I, na grande fábrica de BARCARENA (OEIRAS). Com a formação de uma outra unidade industrial, por parte do ESTADO, para o fabrico de pólvora, prende-se com a necessidade de uma inovação técnica.
A "FÁBRICA DE PÓLVORA DE CHELAS" é duplamente significativa para PORTUGAL.  Por um lado, iria produzir uma pólvora química inovadora e por outro lado, esse avanço técnico, ficar-se-á a dever ao fundador da própria unidade fabril, o general "ANTÓNIO XAVIER CORREIA BARRETO ( 1853 - 1939). Assim, só em finais de oitocentos se irá deixar de fabricar a pólvora preta em armas portáteis de fogo, passando a chamar-se a partir dessa altura pólvora "BRANCA".
Os químicos "SCHONBEIN" e "BOTIGER" em 1846, descobrem o "ALGODÃO-PÓLVORA". No entanto esta pólvora não servia para os exércitos, pois quando se procedia o disparo a posição do atirador era denunciada. Várias explosões desastrosas e acidentes, demonstraram que o "ALGODÃO-PÓLVORA" não era indicado para armas de fogo. 
Outro engenheiro químico "PAUL VIEILE" terá dado mais um contributo para um explosivo de características progressivas. Embora o cientista "SUECO" que maior impulso deu à resolução do problema foi "ALFRED NOBEL (1833-1896). Este químico provou a possibilidade de gelatinizar o "ALGODÃO-COLÓDIO" pela nitroglicerina. Com esta descoberta, abria-se um novo caminho para a pólvora nitrocelulósica e nitroglicerina.
Em 1889, o então coronel "CORREIA BARRETO" foi incumbido, pelo director de Artilharia de estudar o fabrico de uma pólvora sem fumo, para as armas portáteis e bocas-de-fogo. Este objectivo prendia-se com a autonomização do nosso país face a "NOBEL" e a uma economia de meios que favorecessem o exército português, numa época de corrida aos armamentos. "CORREIA BARRETO" veio a obter uma pólvora de primeira qualidade igual ou superior às congéneres alemãs e inglesas. As suas investigações permitiam-lhe descobrir, quase ao mesmo tempo de "NOBEL", um novo tipo de pólvora química.
O grande avanço tecnológico prendia-se com a diminuição do explosivo na constituição da pólvora.
Em 1898, abria a fábrica de pólvora sem fumo, sob a direcção de "CORREIA BARRETO", estando em laboração até cerca dos anos 80 do século XX.  No início, o espaço ocupado pelas instalações fabris era muito limitado, não ultrapassava um hectare. Como é usual, em todas as fábricas de pólvora, as diferentes oficinas foram construídas separadamente devido a exigência de segurança. As instalações que apresentavam maior perigo, devido à manipulação de substâncias explosivas, tinham parte das suas paredes cota negativa no subsolo.

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