quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

OPINIÕES (IV)

Desta vez vamos falar de Higiene nas ruas de Lisboa pelas vozes críticas de alguns autores do século XVIII, para finalizarmos este preâmbulo e, após as notas biográficas dos seus autores, entraremos nas histórias das ruas.

HIGIENE

(...) SOUTHEY não esconde a sua admiração por serem tão raras as epidemias em Lisboa, apesar da sujidade em que se encontram mergulhados os residentes. «As ruas são estreitas, as casas altas e a alimentação composta essencialmente de peixe salgado (...); no entanto, os seus habitantes são tão saudáveis como quaisquer outros no Mundo».

Uma casa servia frequentemente para várias famílias e não existiam esgotos, pelo que todo o lixo era deitado à rua. É que juntando-se a este conjunto de características abundam os depoimentos sobre a sujidade e o mau estado das ruas.

Segundo CARRÈRE, «não há vila, burgo ou cidade onde as suas ruas sejam tão lamacentas, sujas e poeirentas como as de Lisboa».
Também é verdade que as ruas nunca são limpas, apesar de existir um contracto com varredores de ruas, mas eles não o cumprem. Deita-se durante a noite, e até de dia, toda a espécie de imundices das casas para a ruas, que seriam ainda mais sujas do que são, se tudo quanto se pode comer não fosse devorado prontamente por dezenas de cães vadios.

(...) «Grupos de negras transportando à cabeça grandes e longos vasos de terra, onde um pouco de verdura à superfície não esconde o odor, nem um pouco do conteúdo». Dirigem-se ao rio ou à Boavista, «lugar onde se trazem as imundices da cidade».

Os proprietários dos prédios pagavam uma pesada contribuição para a limpeza das ruas; contudo elas mantinham-se invariavelmente sujas, quer de Verão, quer de Inverno. «As chuvas transformam as grandes ruas em autênticos lamaçais, onde no Inverno as pessoas se enterram até aos joelhos. (...) e no Verão a poeira levanta e envolve tudo». «Na estação das chuvas, a água corre nas ruas com tal violência que é muitas vezes impossível atravessá-las. Não é raro que homens e cavalos sejam arrastados para o rio».


SÉCULO XVIII - LISBOA SETECENTISTA VISTA POR ESTRANGEIROS

Piedade Braga Santos- Teresa Rodrigues - Margarida Sá Nogueira.






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