Rua dos Bacalhoeiros foto do autor (2006)
Rua dos Bacalhoeiros foto do autor (2006)
Rua dos Bacalhoeiros foto do autor (2005)
Rua dos Bacalhoeiros (direita) autor desconhecido finais do século XIX
Rua dos Bacalhoeiros - sem data - foto de Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico da CML
Rua dos Bacalhoeiros (lado direito) anos 50 do século passado - foto de Judah Benoliel in Arquivo Fotográfico da CML
Rua dos Bacalhoeiros, 22-24 (entre 1898 e 1908) autor desconhecido in Arquivo Fotográfico da CML
Rua dos Bacalhoeiros - Casa das Varandas - anos 50 -foto de Mário Novais in Arquivo Fotográfico da CML
RUA DOS BACALHOEIROS (antiga RUA DOS CONFEITEIROS)
Todos os números ímpares e do Nº 32 em diante da Rua dos Bacalhoeiros pertencem à freguesia da MADALENA. Dos Nºs. 2 a 30B, pertence à freguesia da SÉ.
Nesta rua estão ligadas duas freguesias, começando a rua no Nº 50 do Campo das Cebolas, tem a sua finalização no Nº 30 da Rua da Madalena.
A Rua a que hoje chamamos "dos Bacalhoeiros" teve nomes variados. Luís Pastor de Macedo fala de Rua Direita da Ribeira, Rua de Cima da Misericórdia, Rua de Cima da Conceição dos Freires, Rua Direita dos Freires, Rua dos Confeiteiros e outras designações, todas elas tendo em conta que no local fora a Misericórdia e depois a igreja da Conceição pertencente aos freires de Cristo, onde se encontra a Conceição Velha.
A denominação de Rua dos Bacalhoeiros, por edital do Governo Civil de 01.09.1859, conforme diz G. de B., estendeu-se para ocidente até à Rua da Madalena, desaparecendo assim a de Confeiteiros (1).
No entanto, desde 1783 - e, pelo menos, até 1859 - foi a mesma artéria conhecida por Rua dos Confeiteiros. O motivo é óbvio: ali existiam nada menos de sete lojas de venda de doces, logo em 1760. Um deles, Luís Martins, foi comerciante considerado na Corporação dos oficiais do mesmo ofício e fez reunir em sua casa, também na zona da Ribeira Velha, os Confeiteiros de Lisboa para tratarem de assuntos de interessa comum.
Alguns letreiros célebres, que deram azo a colecções famosas, reunidas por Luís Pastor de Macedo que citamos e por outro grande mestre da olisipografia, o Engº Vieira da Silva. Era o caso de uma tabuleta que, em plena Rua dos Confeiteiros, anunciava "CHÁSES e CAFFÉZES" ou de outro anúncio que garantia a venda de um produto que nunca ninguém soube definir: "ASSUCAR MODIFICADO".
Entre as dezenas de confeiteiros que tiveram estabelecimento nesta velha rua onde hoje encontramos outro género de negócio, talvez e de maior produção tivesse sido, em finais do século XVIII, um tal Lourenço Luís Moreira. A suposição é licita tendo em conta a quantidade de açúcar que o comerciante levantava na Alfândega, no Cais da Pedra (situado sensivelmente no sítio do actual desaparecido cais das colunas) e também no Cais da Baldeação, mais para o local onde partem hoje os barcos para o Montijo. Por outro lado, sabe-se que o mesmo doceiro tinha armazéns no sítio da Pedreira, Rua das Canastras e actual Largo de Santo António da Sé.
Os confeiteiros mantiveram a sua concentração na respectiva rua até meados do século XIX, mas já então as lojas de doces se dispersavam por outros locais da cidade, procurando as maiores concentrações de população. Assim aconteceu com o Rossio, as Ruas do Ouro e da Prata e, em certa altura, com a Rua das Capelistas (ou do Comércio como hoje lhe chamamos) que passou a ser, durante muito tempo, a nova Rua dos Confeiteiros, substituindo a antiga.
Segundo Norberto de Araújo nas suas "Peregrinações em Lisboa"«todos os edifícios à esquerda - na rua dos Bacalhoeiros -, por aí fora até ao chafariz de El-Rei, se encostam à Muralha Moura, ou são por ela atravessados interiormente, com bastantes vestígios aqui e acolá, embora não se distinga da Rua».
Encontramos nesta rua uma casa muito célebre, a CASA DOS BICOS ou dos DIAMANTES, foi construída cerca do ano 1523 por Brás de Albuquerque depois crismado em Afonso por ordem de D.Manuel I.
Para nascente da Rua dos Bacalhoeiros ao lado da Casa dos Bicos fica um prédio famoso. A CASA DAS VARANDAS imóvel adquirido por Domingos José de Sousa (capitão e cavaleiro professo da Ordem de Cristo) e reedificado conforme hoje se encontra a prová-lo está um documento de 01.03.1803 no ajuste entre ele um canteiro e um cabouqueiro, e também o recibo passado por estes empreiteiros em 09.08.1805. Neste imóvel existiram várias "Hospedarias": "ESTRELA"; "VARANDAS"; "ALENTEJANA"; "BEIRA ALTA"; "AURORA SETUBALENSE" e até em 1895 o "NOVO HOTEL MARQUES".
Quanto às casas e vendedores de bacalhau que por ali proliferavam, vindo mesmo a CASA DOS BICOS a ser transformada em armazém do "fiel amigo", acabaram igualmente por desaparecer, perdurando a lembrança dos negociantes do apreciado peixe proveniente da Terra Nova no nome da RUA DOS BACALHOEIROS.
(1) - LISBOA DE LÉS A LÉS Volume II Pág. 157
Boa tarde,
ResponderEliminarGostaria de saber de onde é que retirou a informação sobre a data da reconstrução da casa das varandas (01.03.1803). Desde já agradeço a resposta. Joana
Cara Joana Alegria
ResponderEliminarPode verificar no livro "LISBOA DE LÉS a LÉS" de Luiz Pastor de Macedo, Volume II pág. 162 - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa(1960). Ali encontrará a resposta: "DOMINGOS JOSÉ DE SOUSA" que reedificou o prédio conforme hoje está. Prova-o o documento do ajuste feito em 1 de Março de 1803 entre ele, o canteiro AGOSTINHO FRANCISCO e o Cabouqueiro JOAQUIM VIEIRA LEBRE, e também o recibo passado por estes empreiteiros, em 9 de Agosto de 1805, na importância da pedra - da obra das suas casas que fez na Ribeira Velha.
Existem mais elementos interessantes neste livro relacionados com a "CASA DAS VARANDAS".
Despeço-me com amizade
Cumprimentos
APS
Hola boas tardes a min interesariame saber se uno mesa rúa una fabrica de corchos agradezco a informacion
ResponderEliminarCara Monica Malleiro Regadas
ResponderEliminarDesculpe só agora lhe responder, mas andei a pesquisar o que pretendia e não encontrei a solução. Meti o seu texto num tradutor da NET e também ele não entende. Poderá existir alguma palavra ou letra trocada, dificultando assim a sua tradução. Principalmente a partir de: - se uno mesa rúa una (...) corchos. Agradeço a informação mais detalhada.
Despeço-me com amizade
APS
Muito interessante texto.
ResponderEliminarVim aqui parar através de pesquisas genealógicas, meu nono avô, António de Sousa Teixeira (1659-1697), natural do Loreto, tinha uma loja na Ribeira (atual Rua dos bacalhoeiros), pelos idos de 1690.
Cumprimentos