Rua do Ouro - (2007) Foto da Galeria de Dias dos Reis
Rua do Ouro - (2007) Autor não identificado in Panorama-Dreamaster.blogspot.com
Rua do Ouro - (2005) Foto de APS
Rua do Ouro - (1930) Autor não identificado in Nettwerk
A RUA ÁUREA (Vulgarmente chamada de RUA do OURO) pertence à freguesia de SÃO NICOLAU, começa na Praça do Comércio no número 11 e finaliza na Praça de D. Pedro IV (Rossio).
Esta rua liga a Praça do Comércio (Terreiro do Paço), à Praça de D. Pedro IV (vulgo Rossio). É uma das mais belas vias da arquitectura civil pombalina, roubada em parte ao Rio Tejo, sendo os seus prédios assentes em estacaria de madeira conservada pelo caudal do rio que lhe inunda o subsolo.
A Rua do Ouro (oficialmente Rua Áurea) é uma rua nobre e sempre a fervilhar de amostragens do que de melhor e de pior a urbe produz.
Tal como se conhece hoje é fruto de Lisboa pós terramoto; parte do seu traçado, no entanto, já existia no século XV com o nome de RUA DOS OURIVES DO OURO, e foi aberta sobre um antigo esteio do Tejo já reduzido a imundo caneiro e que D. João II mandou parcialmente tapar.
Depois do Terramoto, a rua foi rasgada e integrada no todo simétrico a que chamamos a Baixa Pombalina. Em decreto de 1760, determinava-se que a Rua albergasse os ourives da cidade e que as lojas que sobrassem fossem entregues a relojoeiros e volanteiros.
Desde sempre a Rua do Ouro é local de movimento comercial e vida citadina.
Mas nem só de ourives vivia a Rua do Ouro. Pelos anúncios da GAZETA DE LISBOA dessa altura, sabemos que livreiros, casas de pasto, hospedarias e outras, honraram a movimentada artéria. No antigo número 119 pertencente à Congregação do Espírito Santo anuncia-se a inauguração de uma nova casa de pasto de Narciso Fernandes que para além de refeições diárias... «quem quiser comprar na dita casa um quarto de galinha ou qualquer outra coisa, por pequena que seja para arranjo na sua casa, também ali se venderá».
Já falámos de comércio, não podemos esquecer a história financeira da cidade que passa em grande parte por esta rua. O "OURO" sempre foi o aval do dinheiro; não estranhamos, pois, esta união.
Na Rua do Ouro, espalham-se os estabelecimentos onde o dinheiro é, de facto a mola real, na preferência sempre manifestada por esta rua.
O Banco de Portugal nascera em 1846, da fusão do Banco de Lisboa (1822) com a Companhia Confiança Nacional (1844), tendo como seu primeiro presidente o Conde de Porto Covo da Bandeira.
Após um incêndio que destruiu as suas instalações no edifício da Câmara Municipal, transferiu-se para a esquina da Rua do Ouro com a do Comércio. Em 1868 compraram um edifício no local que ainda hoje ocupam e em 1870 o Banco já aí funcionava. Não cessaram, no entanto, de comprar as propriedades contíguas em todas as direcções, incluindo a Igreja de S. Julião, até possuir todo o quarteirão e atingir a importância que nos é familiar.
Outros Bancos nasceram e morreram. As histórias de falências e fusões enriquecem a memória financeira da Rua do Ouro.
Um edifício muito belo, feito para o BANCO LISBOA & AÇORES, situado no lado par da Rua, risco do Arquitecto Ventura Lino, com quatro colunas de mármore, duas cabeças de Leão e ainda podemos admirar três magnificas varandas. Este Banco, criado em 1875, foi para aquele local em 1907.
A Casa José Henrique Totta, ligou-se na Rua do Ouro com o Banco Lisboa & Açores, desapareceu "Lisboa" do nome; ficou Totta & Açores. Hoje só o nome Totta perpetua, muito embora ligado ao Santander. (Banco Santander & Totta, SA).
Ainda nesta Rua, só para citar alguns, existiram vários letreiros de Bancos: Banco da Agricultura, Banco do Alentejo, Banco Raposo de Magalhães, Pinto de Magalhães, tudo desapareceu absorvidos pelas fusões, dos novos nomes dominadores.
Contaremos só mais uma "história", a do "Monte Pio dos Empregados Públicos" actual Montepio (que no ano de 2005 completou 165 anos de actividade), é uma das Instituições de Crédito mais antiga, e de começo bem modesto: um grupo de funcionários públicos decidiu fundar em 1840, numa pequena parte do prédio que hoje ocupa, uma instituição de poupança e crédito destinada à protecção da classe, sem suspeitarem que estava predestinada a tornar-se num dos mais importantes pilares financeiros do Portugal novecentista.
Á noite a rua desertifica-se, mas com o raiar do dia volta a ser o sítio privilegiado para sentir e medir o pulsar do coração da cidade. O encanto da Rua do Ouro residia, como reside, para além do seu enquadramento, no sabor humano feito e desfeito todos os dias.
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