domingo, 25 de maio de 2008

LARGO DO CONDE BARÃO [ IV ]

Largo do Conde Barão, 47 - (1976-77) Fotógrafo não identificado (6ª e última casa da Escola Académica) in http://www.sg.min-edv.pt/
Largo do Conde Barão, 47 - (depois 1944) (Escola Académica) in http://www.sg.min-edv.pt/

Largo do Conde Barão - (1901) Fotógrafo não identificado in picasaweb.google.com



(CONTINUAÇÃO)
LARGO DO CONDE BARÃO
«O ENVOLVENTE AO LARGO»
O último sinal de vida activa no Palácio dos «CONDES DE PINHEL» foi dado pela «ESCOLA ACADÉMICA», estabelecimento de ensino com largas tradições em Lisboa - de que já nos referimos no nosso Blogue, referente à Calçada do Duque, em 09.02.2008 - que ali teve a sua sede. Vamos só relembrar um pouco, para salientar que esta Escola funcionou durante 130 anos (1847-1977). Teve o seu inicio em S. Roque (actual Largo Trindade Coelho) de onde passou, em 1863, para a calçada do Duque, ocupando então o enorme prédio, a meio das escadinhas, que hoje é pertença da C.P.. Ali se manteve até 1917, ano em que transitou para o Monte Agudo, (à Penha de França). Veio acabar os seus dias neste prédio do Conde Barão, no Palácio dos Condes de Pinhel onde foi instalada em 1944. Lá comemoraria o seu centenário em 1947 e por ai se manteria por mais três décadas no número 47, até ao ano lectivo de 1976/1977, ano em que é definitivamente encerrada. Como vestígio físico último da sua passagem pelo edifício, resta uma placa na fachada do mesmo. O edifício em 2007 foi intervencionado com obras de conservação.


Nesta mesmo edifício, esteve durante vários anos uma loja de loiça e vidros, das mais bem fornecidas de Lisboa.
Falando ainda do envolvente do Largo, nomeadamente na Rua do Merca-Tudo, onde o espaço se proporciona, instalam-se esplanadas durante o tempo quente. As restantes ruas, estreitas, envergonhadas, ligam o largo ao Poço dos Negros, num dédalo cuja pequenez não dá para ninguém se perder.


Os alfacinhas mais idosos lembram, por exemplo, as fábricas reunidas Vulcano e Colares, especializadas na industria de serralharia, que desafiaram o tempo com o sugestivo nome de «COMPANHIA PERSEVERANÇA». Na Rua das Gaivotas existiu a célebre fábrica de vidros, fundada em 1881, que durou até há pouco tempo. Todo um passado de trabalho, hoje transferido para os serviços e comércio que abundam no local. E dos quais devemos as notas de vida que não deixam esmorecer quem ali viva ou por quem lá passe.

Numa altura em que se fala de prédios em mau estado e destinados a evitar que eles se transformem em verdadeiros archotes vivos da cidade, virá aproposito uma visita a um Largo lisboeta que poderá ser encarado como o símbolo de "decadência".
Chama-se por aparente ironia, do CONDE-BARÃO. Não lhe valeu, contudo, o duplo título para o livrar de ser hoje uma sombra.
O movimento pela passagem dos carros e pessoas pelo Largo disfarça um tanto as enfermidades. Enquanto se olha para o transito e para o caminho, não haverá tempo de observar os prédios que outrora exibiam acção e progresso. Poucos lugares em Lisboa tiveram, nos tempos áureos, tantos palácios por metro quadrado. Hoje, reinam pelo local uma certa tristeza e a visível decrepitude.
(CONTINUA) - Próximo «O PALÁCIO DOS ALMADA-CARVALHAIS»

12 comentários:

  1. Também andei na Escola Académica em 1965
    CARLOS

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  2. Nasci ali em 1951 ,era agradável o sitio e as pessoas., de um ano para o outro foi-se degradando e ninguem põe mão naquilo, e é uma pena ,no coração de Lisboa ,junto â Assembleia da Républica deveria estar umpouco melhor não acham ? que pena o nosso País não conservar as coisas belas .

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  3. A loja de vidros, uma boa loja, era a "Moldura Nacional".

    Cumprimentos,
    João Celorico

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  4. Caro João Celorico

    Não me recordei naquele momento do nome da loja, mas o seu comentário fica aqui registado para a posteridade.
    Cumprimentos
    APS

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  5. Óptimos artigos.

    Para os amantes de Lsboa é um prazer descobrir alguem que nos possa ajudar a descobrir a sua história.

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  6. Caro Anónimo

    Obrigado pelo comentário a este blogue.
    Realmente LISBOA tem muita história e, certamente, o seu potencial é inesgotável.

    Bem-vindo.
    Cumpts.
    APS

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  7. Embora as minhas raízes sejam deste local desde finais do séc. XIX,hoje, evito lá passar, pelo espectáculo degradante que se oferece. Tenho ainda memórias muito vivas da minha infância e juventude, passadas neste mítico Largo, bem como nas ruas e travessas adjacentes. O meu avô, que já não conheci, foi dos últimos cocheiros da capital, e guardava a tipóia e as bestas nas cavalariças do Palácio dos Condes de Pinhel (mais tarde Escola Académica), que se situavam na Rua dos Mastros, artéria onde vivi até meados dos anos 80. Neste microcosmos, onde o comércio era abundante e as pequenas indústrias e oficinas serviam a população local, cruzavam-se gentes de toda a sorte: das varinas da Magragoa aos estivadores galegos, dos taberneiros minhotos aos cabo-verdianos da Rua de S. Bento. É realmente um grande sofrimento percorrer este espaço que outrora pedia meças à Baixa, em termos de movimento e de negócios.

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  8. Caro Fernando Souza
    Compreendo perfeitamente a sua atitude ao ver o seu sítio a degradar-se lentamente, embora aqui ou ali se vá retocando um pouco a fachada.
    Realmente LISBOA merecia ser mais cuidada, olhada de outra maneira para o património. Não necessitava de tanta construção nova, bastava que o mais antigo tivesse sido condignamente conservado.
    Passei durante muitos anos pelo "LARGO DO CONDE BARÃO", não só de eléctrico, como ia muitas vezes ao Nº 50 (à firma Bordalo Pinheiro,Lda.), tratar de assuntos da empresa onde trabalhava. Também quando andava na "ESCOLA COMERCIAL D.MARIA I (ao fundo da Calçada do Combro)com aulas nocturnas no antigo "LICEU PASSOS MANUEL", vinha apanhar o eléctrico para Xabregas, ao "CONDE BARÂO".
    Outros tempos, outros costumes...muitas saudades!
    Obrigado pela sua visita, despeço-me com amizade,
    APS

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  9. Caro APS
    Agradeço a simpática resposta. Como também andei no Passos Manuel, embora de dia, possívelmente até nos cruzámos por aquelas bandas, por exemplo, no desaparecido Café Granada, em pleno Conde Barão (hoje, um soturna agência do Santander), que tinha uma paragem de eléctico em frente (onde se apanhava o seu 16, para o Poço do Bispo)e era um local de convívio entre moradores e não só, nomeadamente estudantes das escolas das redondezas, como é o caso da "velhinha" D. Maria, onde "pescávamos" as primeiras namoradinhas (hoje, creio que é um condomínio fechado), do Passos, da Fonseca Benevides (em Santos), da Escola Académica e até do actual ISEG,antigo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, no Quelhas.
    Enfim,todo um mundo que fez e faz o seu caminho, mas que merecia mais respeito da autarquia, até por ser aí que o actual presidente viveu a sua juventude: cresceu nas imediações da Calçada do Combro, frequentou o omnipresente Passos Manuel e, por isso, julgo que conservará alguma afectividade à zona.
    Retribuo a amizade e despeço-me com uma frase batida do meu saudoso pai, que muito me diz, RECORDAR É VIVER.
    Cumprimentos.
    afsmartins

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  10. Estudei na Escola Academica de 1955 a 1960 e completei o antigo quinto ano no Liceu Passos Manuel. Gostaria de saber do paradeiro de antigos condisciplos. Lembro;me de velhos companheiros que altura tratavamos ou por alcunha ou pelo numero, tais como o Bigodes,Ferreira, Santa terrinha o 1 grao de Bico, o Mamalhuda Jos[e Manuel de Marinha Grande. Meu nome e Noel alcunha Pato Marreco...

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  11. Caro Noel Cardoso
    Obrigado por ter comentado.
    É agradável recordar os nossos tempos de estudante, e em especial os colegas e amigos que ali encontrámos e convivemos durante alguns anos. Passamos para o mercado de trabalho e perde-se por vezes o contacto com as pessoas.
    No ano em que estudava na ESCOLA ACADÉMICA, estudava eu no "PASSOS MANUEL" à noite (porque trabalhava de dia), numa secção da ESCOLA COMERCIAL D. MARIA I.
    Fica aqui registado o seu apelo, pode ser que eventualmente apareça algum colega.
    Despeço-me com amizade
    Um abraço
    APS

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  12. Boa tarde. Vim de Luanda para Lisboa para fazer o 1º ciclo, uma vez que tinha chumbado no 1º ano em Luanda. Fui interno da Escola Académica.
    Gostava de saber se existem relações de alunos por ano. É que não sei em que ano é que entrei e em que ano saí. Foi entre 55 e 57 aproximadamente. Lembro-me de alguns colegas. Dois irmãos que eram da Beira (Moçambique). Eram os nºs.60 e 61 salvo erro um tinha a alcunha do Pita da Cova.
    Também me lembro do 7 um moço negro do Uíge (Angola). Estive com e ele e com a esposa num dos almoços de alunos da Académica na antiga Fil. Também me lembro de um colega Cabo-Verdiano que era familiar do diretor na época. (Dr. Borja Santos). De pouco mais me lembro.
    Peço a quem souber alguma coisa sobre registos que se possam consultar que por favor me contatem pelo e-mail inacio@rollerone.com

    Cumprimentos AMADEU INÁCIO

    10.04.21 às 17:38

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QUE OS ANJOS ME AJUDEM