segunda-feira, 16 de março de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [II]

Calçada da Cruz da Pedra - (s/d) - (Desenho de J.P.Barros) (QUINTA DO MANIQUE -Fragmento da Planta de Lisboa que contém o sítio da Cruz da Pedra - Escala 1:1ooo - Sobreposta a vermelho, as plantas do Baluarte de Santa Apolónia e do desaparecido Forte da Cruz da Pedra e seu Arco) in Dispersos de Augusto Vieira da Silva Vol. I -página 162-A - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa - 1968.
Calçada da Cruz da Pedra - (s/d) - Fotógrafo não identificado (Início da Cruz da Pedra) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«O SÍTIO DA CRUZ DA PEDRA (2)»
A mais antiga referência a esta rua que até agora encontrámos, foi o anúncio do falecimento de Diogo Lopes de Sequeira, sucedido em 28 de Janeiro de 1593 (século XVI), dizendo que ele era morador «á cruz de pedra da madre de Deus»(1), forma de designar que ao mesmo tempo nos indica o sítio aproximado onde a cruz se erguia.
Espaço desafogado a quem em tempos teriam chamado o Largo da Cruz da Pedra (2).
Diz-nos também Luís Pastor de Macedo no seu livro «LISBOA DE LÉS A LÉS» que ainda em 1647 se dizia, embora isoladamente, que fulano «morava em o caminho de Chelas por cima da Cruz de Pedra»(3), mas desde então e até aos nossos dias, a cruz deixou de ser «de pedra» e passou a ser «da pedra».
Nesta Calçada da Cruz da Pedra saia outra calçada que foi das mais concorridas serventias ligando o nordeste da cidade à Crua da Pedra, esta «CALÇADA DAS LAJES», muito antiga, e cuja denominação teve ressonância na Lisboa arrabaldina.
Em pleno século XVIII ainda por ali acima, a Norte, era tudo rústico, não havendo, aliás, até meados do século XIX mudado sensivelmente o cenário.
A Calçada da Lajes abre, nesta Cruz da Pedra (que Estrada foi), por dois palacetes - que falaremos mais adiante - solares antigos (4), um que ainda existe (o da esquerda quem sobe), o outro foi demolido (parcialmente) e, no seu lugar, foi construída a Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico Nº 15, com entrada pela Calçada das Lajes.
(1) - Reg. da Freguesia da Sé, Vol.I, pág.69
(2) - Liv. IV de óbitos, fl. 79V - Santa Engrácia -ano 1764
(3) - Liv. A de óbitos, fl. 109 - Santa Engrácia
(4) - Solares antigos, situados na esquina dos ângulos exteriores nascentes e poente; eles constituíam a mancha solarenga arrabaldina, como que uma especié de porta flanqueada.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [III] - (PALÁCIO DE D. MIGUEL PEREIRA FORJAZ)

4 comentários:

  1. Caro Amigo: Cá estou a ver pela primeira vez em alguns anos o Forte da Cruz da Pedra que, como lhe disse, tanto procurei, sem me lembrar que o Pastor de Macedo poderia dar a pista. Pois é.... para quem não sabe era no Forte da Cruz da Pedra que começava a Circunvalação a quem alguns chamaram de 1ª Circular e que terminava em Alcântara Vasco Antunes

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  2. Caro Vasco Antunes

    Ainda bem que encontrou o que procurava.
    Temos ainda um outro bom Olisipógrafo Engº Augusto Vieira da Silva, que nos deixou várias publicações sobre Lisboa. Esta "montagem" da Quinta do Manique está inserta no livro DISPERSOS deste autor na página 162A. Ele indica que a Estrada da Circunvalação começa mesmo na Cruz da Pedra.
    Quanto à 1ª Circular (antiga) entre Alcântara e a Calçada da Cruz da Pedra, também faz um pouco de sentido. Acho que foi falada com a abertura da Nova Avenida Mouzinho de Albuquerque.
    Volte sempre
    Um abraço
    APS

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  3. Boa tarde,
    Sou aluna de Arquitectura e estou a desenvolver o meu projecto final, nesta mesma área de Lisboa, hoje povoada por infra-estruturas mas com uma história incrível, gravada no solo. Quero felicitá-lo pelo trabalho magnífico que tem desenvolvido neste blog, estou realmente impressionada com a sabedoria, interesse e empenho! Se todos os arquitectos que intervêm na cidade, passassem os olhos pela história que cada rua e esquina contém, tenho a certeza que Lisboa iria ser um exemplo. Muito obrigada e bem haja!

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  4. Cara Sara
    Fico muito Agradecido pelas suas amáveis palavras a este blogue.
    Efectivamente é um trabalho de bastante pesquisa e muitas horas de canseira.
    No entanto de quando em vez, recebemos uma boa palavra de incentivo. É bom para o ego!
    Despeço-me com amizade,
    Cumprimentos
    Agostinho Paiva Sobreira-APS

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