quinta-feira, 30 de abril de 2009

RUA GUALDIM PAIS [ III ]

Rua Gualdim Pais - (1989) Foto de APS (Balneário Municipal de Xabregas no final da década de oitenta do século XX) Arquivo/APS.
Rua Gualdim Pais - (1989) Foto de APS (Mercado e Lavadouro Municipal de Xabregas) Arquivo/APS.

Rua Gualdim Pais - (1967) Foto de João H. Goulart (Mercado Municipal de Xabregas) in AFML.


Rua Gualdim Pais, 44 - (196_) foto de João H. Goulart (Sub-Sede do Clube Oriental de Lisboa) in AFML.



Rua Gualdim Pais - (196_) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Lavadouro Municipal de Xabregas) in AFML




Rua Gualdim Pais, 17 - (1966) Foto de Armando Serôdio (Tapume do Pátio Batata ou Pátio Isabel e entrada/saída da Travessa da Amorosa) in AFML

(CONTINUAÇÃO)
RUA GUALDIM PAIS
«SUB-SEDE DO CLUBE ORIENTAL DE LISBOA»
Dentro do mesmo lado direito no número 44, encontramos a «SUB-SEDE DO CLUBE ORIENTAL DE LISBOA». Colectividade bairrista que nos anos 50 do século passado, tivemos o privilégio de a representar na modalidade de «BASQUETEBOL». Na década de 50 no «C.O.L.» era habitual todos os Domingos (principalmente na época de Verão) na chamada «A VERBENA DO ORIENTAL», existirem grandes festejos populares, nomeadamente bailaricos, sessões de fados e guitarradas, programas de Variedades, tendo passado por aquele recinto os melhores artistas da época.
No lado esquerdo ligando com o «BALNEÁRIO MUNICIPAL», deparamos com um bloco de casas baixas, tratava-se da loja do «ALFAIATE EMÍLIO» uma «TABERNA» e o «PÁTIO DO VILAR» (em frente do número 76-A), que na década de 30, 40 era conhecido o local pela «COCHEIRA DO VILAR», sendo o seu proprietário MANUEL DOS SANTOS VILAR, dono de carroças e de uma cavalariça.
Para o lado direito fica-nos a «OFICINA MECÂNICA» do Industrial Luís Ribeiro (de apoio a sua frota) com entrada pelo número 76-A, tendo a sua residência o número 78. Mais à frente a última vila construída nesta rua em 1931 a «VILA EMÍLIA».
A industrialização da Zona Oriental de Lisboa, teve início entre os limites do Vale de Chelas e Xabregas.
Durante todo o século XIX até meados dos anos 50 do século XX, as fábricas proliferaram nesta zona. Na década de 60 e subsequentes, foi o caos, o desprezo sistemático levando à consequente ruína fabril. E, tal foi o seu abandono, que o VALE DE CHELAS é hoje chamado de: «O CEMITÉRIO DAS FÁBRICAS».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - « RUA GUALDIM PAIS [IV] - A VILA EMÍLIA»



domingo, 26 de abril de 2009

RUA GUALDIM PAIS [ II ]

Rua Gualdim Pais - (2005) Foto de APS (Rua do meio da Vila Flamiano) Arquivo/APS
Rua Gualdim Pais - (1989) Foto de APS (Uma vista da Rua Gualdim Pais no final da década de oitenta do século XX) Arquivo/APS

Rua Gualdim Pais -(196_) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Interior do Balneário do Municipal) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.


Rua Gualdim Pais - (195_) Foto de Mário de Oliveira (Balneário Municipal) in AFML



Rua Gualdim Pais - (1956) - Foto de Armando Serôdio (Mercado de Xabregas, inaugurado em 31 de Março de 1956) in AFML.
(CONTINUAÇÃO)
RUA GUALDIM PAIS
«VILA FLAMIANO»
Embora a «RUA GUALDIM PAIS» estivesse projectada em 1908 como uma «nova artéria comercial, que ligasse o LARGO DO MARQUÊS DE NISA, com a ESTRADA DE CHELAS», pelo facto de «na RUA DIREITA DE XABREGAS, o trânsito de carroças ser bastante intenso, constante e ruidoso» (1).

A rua ia ficando concluída e com passagem mais larga, embora com o sacrifício do segundo prédio, sendo um dos inquilinos deste arrasado quarteirão (do qual nos referimos em 04.01.2008 no LARGO DO MARQUÊS DE NISA) era a taberna do «MORENO», muito afreguesada no tempo do Mercado no mesmo Largo.
Na correnteza dos «PRÉDIOS NOVOS» e à sua frente o recinto meio-murado da «VILA FLAMIANO», projectada pelo Engenheiro António Teixeira Júdice, para a Companhia da Fábrica de Algodões de Xabregas, inaugurada em 22 de Outubro de 1888 (2). A Vila é circundada por muros, mantendo assim a tradicional característica de (VILA), a privacidade da sua traça, exceptuando o lado virado para a «RUA GUALDIM PAIS», pois recebeu um extenso meio-muro com gradeamento e entrada por um portão de ferro na parte Norte da Vila. Esta e outras Vilas locais, faziam parte do aglomerado habitacional do tempo da Revolução Industrial na zona Oriental de Lisboa.
Deslocamo-nos para cima no lado esquerdo tínhamos o «PÁTIO BATATA ou PÁTIO ISABEL» no número 17-A, a entrada da «TRAVESSA DA AMOROSA». Todo este aglomerado de casas baixas, foi demolido já no século XXI.
Seguimos a Rua no seu lado esquerdo encontramos o «BALNEÁRIO MUNICIPAL» que na década de 40 e 50 do século XX era muito utilizado, dado a falta de água canalizada que se sentia, nas casas circundantes.
Frente ao «BALNEÁRIO MUNICIPAL», no lado direito, temos mais dois empreendimentos camarários: o «MERCADO MUNICIPAL» substituindo assim o antigo mercado a céu aberto no «LARGO MARQUÊS DE NISA», e o «LAVADOURO MUNICIPAL» substituindo também o antigo "tanque de lavar roupa e chafariz", que existiam no «LARGO DE XABREGAS», tendo sido inaugurado no ano de 1956.
(1) - Freguesia do Beato na História, página 46, Janeiro de 1995.
(2) - Noutra ocasião iremos publicar a história da «VILA FLAMIANO».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA GUALDIM PAIS [ III ] - SUB-SEDE DO CLUBE ORIENTAL DE LISBOA».




sexta-feira, 24 de abril de 2009

RUA GUALDIM PAIS [ I ]

Rua Gualdim Pais - (2005) Foto de APS - (Início da Rua Gualdim Pais vendo-se ao nosso lado esquerdo os "Prédios novos") Arquivo/APS
Rua Gualdim Pais - (2009) - (Foto Wikimapia) - LEGENDA DA FOTO - H)-Antiga Fábrica de Inácio Magalhães Bastos & Cia. - I)-Palácio do Lavrado e ETAR da C.M.L.

Rua Gualdim Pais - (2009) - (Foto Wikimapia) - LEGENDA DA FOTO - E)-Pátio Vilar - F)-Tinturaria Portugália - G)-Pátio José Inglês (Já demolido) - M)-Mercado Municipal - N)-Oficina Mecânica de Luís Ribeiro (Nº 76) - O)-Moradia de Luís Ribeiro (Nº76) - P)-Vila Emília (Nº 104).


Rua Gualdim Pais - (2009) - (Foto Wikimapia) - LEGENDA DA FOTO - A)- Rua Gualdim Pais - B)-"Prédios Novos" - C)-Pátio Batata e Travessa da Amorosa - D)- Balneário Municipal - J)-Vila Flamiano - K)-C.O.L. - L)-Lavadouro Municipal.



Rua Gualdim Pais - (2009) - (Foto Google) LEGENDA DA FOTO - A)-Rua Gualdim Pais - B)-"Prédios Novos dos anos 40"- C)-Pátio Batata ou Pátio da Isabel e Travessa da Amorosa - D)-Balneário Municipal - E)-Pátio do Vilar (frente ao nº 76-A) - F)-Tinturaria Portugália (do Nº 99 a 111) - G)-Pátio José Inglês (Já demolido) - H)-Fábrica de Fiação e Tecidos de Lã de Inácio Magalhães Basto & Cia - I)-Palácio do Lavrado, Pátio do Lavrado e Etar (Estrada de Chelas, 113 a 121) - J)-Vila Flamiano - K)- Clube Oriental de Lisboa, Sub.Sede (Nº44) - L)-Lavadouro Municipal - M)-Mercado Municipal - N)-Oficina Mecânica de Luís Ribeiro (Nº76) - O)-Moradia de Luís Ribeiro (Nº78) - P)-Vila Emília (Nº 104).
«RUA GUALDIM PAIS»
«QUINTA DA AMOROSA»
Esta artéria pertence à freguesia do «BEATO», começa no Largo Marquês de Nisa e finda na Estrada de Chelas no número 108.
A «RUA GUALDIM PAIS» criada pelo edital de 19 de Junho de 1933, constitui a entrada natural (ou saída) para o VALE DE CHELAS.
Sabemos que existia a Sul antes da construção desta rua, uma propriedade denominada «QUINTA DA AMOROSA», desconhecemos no entanto a sua origem. Talvez o nome da travessa que a ligava em direcção ao «ALTO DOS TOUCINHEIROS»(1) nos mostre mais um pouco do que afirmamos.
Com a abertura da «RUA GUALDIM PAIS» nos terrenos adjacentes para norte do «LARGO MARQUÊS DE NISA», após a demolição de um prédio, podemos observar no «ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA» sob a direcção de Filipe Folque: 1856-1858 na carta Número 23, a existência da «TRAVESSA DA AMOROSA» que ligava exactamente a «ESTRADA DE CHELAS» ao «BECO DOS TOUCINHEIROS». E que depois da construção da Rua Gualdim Pais esta travessa foi encurtada, ficando designada só no lado esquerdo (quem vem da Estrada de Chelas) «TRAVESSA DA AMOROSA» e na parte direita da rua com seguimento para o «BECO DOS TOUCINHEIROS» e «ILHA DO GRILO» o restante com o nome de «BECO DA AMOROSA».
Vamos subir esta rua de Sul para Norte. Á nossa esquerda fica-nos um beco muito antigo, que anteriormente era o único caminho existente entre o «LARGO MARQUÊS DE NISA» e a «ESTRADA DE CHELAS», trata-se do «BECO DA HORTA DAS CANAS», cantinho recatado de pessoas honestas e trabalhadoras, mas que nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado o espaço foi ocupado por pequenas oficinas, uma fábrica de móveis e armazéns de vários géneros. Deixemos o Beco e passamos à rua Gualdim Pais. O alinhamento dos prédios construídos posteriormente no início da rua chamados "Prédios Novos", assim designados no meu tempo de rapaz, seria feito com mais largueza, verificando-se que paredes-meias entre o «Largo Marquês de Nisa» e a nova artéria, o quarteirão remanescente (2), ainda assim dificultava o transito local sempre crescente de veículos entre os dois troços.
(1) - O ALTO DOS TOUCINHEIROS aparece citado pela primeira vez em 1765, no livro V de Óbitos, folha 16 de Santa Engrácia.
(2) - Demolido no principio da década de 80 do século passado.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA GUALDIM PAIS [ II ] -VILA FLAMIANO»




terça-feira, 21 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XV]

Calçada da Cruz da Pedra - (2007) - Fotógrafo não identificado (Forte de Santa Apolónia) in WIKIPEDIA
Calçada da Cruz da Pedra - (2008) Foto gentilmente cedida pelo Blogue LISBOA S.O.S. (O terrapleno do Forte de Santa Apolónia) in LISBOA S.O.S.
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (5)»
Retirado dentro de uma quinta, num ambiente tranquilo, o «BALUARTE DE SANTA APOLÓNIA», conquanto sem valor militar, mostra-nos um espécime da nossa arquitectura militar do século de seiscentos, e fazemos votos para que os seus futuros possuidores o saibam conservar e respeitar com o seu aspecto de velho guerreiro, tão bem e com o mesmo carinho com que por ele olham os seus actuais proprietários, a quem agradecemos a visita que se dignaram facultar-nos, e as informações que tão amavelmente nos prestaram.

Estas eram as palavras finais que nos deixava (no início do terceiro quartel do século XX) o engenheiro Augusto Vieira da Silva no seu livro «DISPERSOS» volume I, Lisboa 1968 - CML.

O conjunto do Forte de Santa Apolónia encontra-se classificado pelo IPPAR como Imóvel de Interesse Público (IIP), Decreto 2/96 DR 56, de 06.03.1996. No entanto, aguardava a implementação de um projecto de preservação e recuperação encomendado à época, pela Câmara Municipal de Lisboa, à Associação dos Amigos dos Castelos.

O «FORTE OU BALUARTE DE SANTA APOLÓNIA» é propriedade da Câmara Municipal de Lisboa desde 1968 (1).

Em 05 de Março de 2008 é apresentado uma proposta pela organização CIDADÃOS POR LISBOA, proposta 159/08-PO45.08 - BALUARTE DE SANTA APOLÓNIA, onde apresentam algumas considerações.

A 11 de Março de 2008 o "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" publica um artigo com o título: «TASK FORCE» para cuidar forte de Santa Apolónia, onde se referia a uma torre de 12 pisos dentro das muralhas do Monumento.

(1) - Lisboa Popular-Forum Lisboeta

(PRÓXIMO) - «RUA GUALDIM PAIS [ I ] - QUINTA DA AMOROSA»

segunda-feira, 20 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XIV]

Calçada da Cruz da Pedra - (2005) Foto de APS (Terrapleno do Forte de Santa Apolónia) Arquivo/APS
Calçada da Cruz da Pedra - (2008) Foto de Luísa Botinas (Forte de Santa Apolónia) in Diário de Notícias
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (4)»
É possível também, que no sítio das casas do lado oposto da rua na Quinta do Roma, que ocupam uma extensão correspondente ao comprimento do muro de gola da obra, e que já os mapas antigos nos mostravam, fossem os quartéis da guarnição do forte, (transformados actualmente num palacete com capela, pertencentes a D. Teresa Falcão Trigoso), ou em casebres baixos.
O interior da obra está transformado em vivenda pelo ano de 1945, com uma esplêndida e desafogada vista sobre o Tejo e da margem Sul, no meio de jardins erguem-se duas casas de habitação de dois dos donos da propriedade.
Acrescentamos que a quinta era atravessada em túnel, a grande profundidade, pelo aqueduto das águas do Alviela, todo aberto aí em rocha, a qual aflora em vários pontos da quinta.
Completamente se ignora por quem foram planeadas e executadas estas duas obras de fortificações. Os únicos documentos que restam daquela época, e de que temos conhecimento, susceptíveis de fornecerem algumas indicações sobre o assunto, são um desenho das fortificações da cidade devido ao Engenheiro-mor Mestre de Campo, Nicolau de Langres (1).
O que acabamos de dizer, bem como o facto do inacabamento do forte de Santa Apolónia, leva-nos a supor que as duas obras que temos analisado, ou pelo menos esta última, deveriam ter sido construídas pouco antes de haver terminado a guerra da restauração (1668), ou nos primeiros anos da regência de D. Pedro II (2).
Estas fortes tiveram uma vida apagada, e não nos consta que tivessem tomado parte em qualquer acção defensiva, nem mesmo durante a guerra civil do século XIX, entre os exércitos de D. Pedro e D. Miguel.
(1) - Desenhos Plantas de todas as Praças do Reino de Portugal. Pelo Tenente-general NICOLÃO DE LANGRES francês que serviu na Guerra da Aclamação - Biblioteca Nacional de Lisboa, Fundo Geral, número 7445, desenho Nº 28 (ano 1661).
(2) - Do que diz o Padre Castro refere-se que o forte do Livramento em Alcântara ainda esta sendo construído no tempo de D. Pedro II - Mappas de Portugal, ed. de 1749, quarta parte página 205.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XIV] - BALUARTE OU FORTE DA CRUZ DA PEDRA (5)-FINAL»


domingo, 19 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XIII]

Calçada da Cruz da Pedra - (2006) Fotografo não identificado ( Restos do Forte ou Baluarte de Santa Apolónia) in Esta Lisboa que eu amo
Calçada da Cruz da Pedra - (2008) Foto gentilmente cedida pelo Blogue LISBOA S.O.S. (Baluarte de Santa Apolónia ou Bateria do Manique) in Lisboa S.O.S.
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (3)»
O Forte ou Baluarte de Santa Apolónia tem a forma pentagonal em planta, com área de 8 044 m2, e a sua frente fica voltada para a campanha ou para o Oriente. Como não se construíram as muralhas ou cortinas que deviam ligá-lo com as outras obras do recinto fortificado, ou, se alguma coisa se fez, seria apenas um entrincheiramento de terra hoje desaparecido, ligando-o com o forte da CRUZ DA PEDRA, ficando ele com a forma de uma luneta, mas continua-se a chamar-lhe baluarte, ou simplesmente forte.
As muralhas são de alvenaria, com os paramentos revestidos de cantaria nos sítios dos cunhais, onde se viam duas guaritas, muito características. A sua altura é variável, regulando por 6 metros, e espessura é cerca de 2 metros e 30; e conservava ainda uma grande extensão do primitivo cordão de cantaria, ao nível das plataformas ou do terrapleno interior.
Os muros tinham no seu coroamento, guardas exteriores de alvenaria, na maior parte da sua extensão.
O terrapleno interior achava-se do nível com o exterior na região norte da obra, e ao mesmo nível que o caminho ou plataforma sobre a muralha, e portanto mais alto do que o terreno exterior, na região Sul.
O portão primitivo da obra, por onde se faziam as comunicações com a retaguarda, já não existe, ficava sensivelmente frente à Travessa do Alto Varejão, que topeja com a Calçada das Lajes.
Nas muralhas do baluarte podemos ver (em fotografia) os portais de feitura seiscentista; o primeiro ficava no flanco direito, junto da inserção no muro da gola, o segundo ao meio da face esquerda quando completa, do muro da frente. Próximo daquela, existia uma escada de pedra que nascia no terrapleno interior, pela qual se subia a um pequeno mirante construído sobre o maciço do muro do portal, mirante que ficava de nível com o coroamento da muralha da gola, a qual mantém aí a espessura primitiva.
O Baluarte devia, na sua origem, ter tido um fosso de terra, mas se chegou a fazer-se, a vida pacífica da obra permitiu que ele fosse entulhado, aumentando-se assim o terreno arável da Quinta.
Não se conhece vestígios de paióis. É possível que não se chegassem a fazer ou a concluir, ou que para esse fim se destinasse o reservatório perto do poço.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XIV] - BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (4)»

sexta-feira, 17 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XII]

Calçada da Cruz da Pedra - (2005) - Foto de APS ( O que resta do Forte de Santa Apolónia, Baluarte de Santa Apolónia ou Bateria do Manique) Arquivo/APS
Calçada da Cruz da Pedra - (s/d) Fotógrafo não identificado (Forte de Santa Apolónia) in DISPERSOS -Volume I - 1968 Página 164-A
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (2)»
São estes os nomes porque as duas últimas obras de fortificação foram designadas por «JOÃO BAPTISTA DE CASTRO» no seu «MAPPA DE PORTUGAL», "E se acham em plantas antigas de Lisboa, e assim continuou a ser chamado o primeiro até à actualidade, e o segundo até ao seu desaparecimento em 1860".
O de Santa Apolónia é também designado, nalguns documentos e mapas antigos por "Bateria do Manique (1).
O Forte de Santa Apolónia tinha por missão defender o acesso à cidade, de um inimigo vindo do lado Oriental, pelas estradas de Chelas, de Sacavém e Olivais, o da «CRUZ DA PEDRA», dum ataque do rio, em colaboração com os outros da outra margem do rio.
Ficavam distanciados cerca de cem metros, e acham-se desenhados no mapa (publicado neste Blog em 16 de Março de 2009), que mostra a sua localização na planta de Lisboa na Calçada da Cruz da Pedra.
O Forte ou Baluarte de Santa Apolónia está situado dentro da Quinta do Manique, que em 1755 era propriedade do desembargador PEDRO GONZAGA CORDEIRO (2); pertenceu no meado do século XIX ao Visconde de Manique, em seguida aos Condes de São Vicente e depois de haver passado por mais outros donos, em 1945 era pertença de G. & H. Hall, Lda., nos anos sessenta era adquiridos os terrenos pela Câmara Municipal de Lisboa.
A Quinta do Manique, em planta, tinha a forma aproximada de um triângulo isósceles, com o vértice do ângulo agudo para Sul, e era circundada, do Poente pela Calçada das Lajes, como hoje; no nascente pela Calçada da Cruz da Pedra, e pela Estrada de Chelas, a (antiga estrada da circunvalação), hoje Rua Nelson de Barros e Avenida Afonso III.
(1) - Por exemplo, na planta que acompanha a obra «ELOGIO HISTÓRICO DO SENHOR REI D.PEDRO IV, pelo Marquês de Resende, Lisboa 1867.
(2) - Segundo um projecto do plano de urbanização da parte Oriental da Cidade, logo a seguir ao Terramoto de 1755, que existiu na extinta Direcção das Obras do Distrito de Lisboa, na ala oriental do Terreiro do Paço, e que ardeu em 4 de Maio de 1919.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XIII] - BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (3)»


terça-feira, 14 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XI]

Calçada da Cruz da Pedra - (2007) Fotógrafo não identificado (Baluarte de Santa Apolónia) in geocaching
Calçada da Cruz da Pedra - (Inicio do século XX) Fotografo não identificado (Baluarte de Santa Apolónia guarita do ângulo do flanco direito e da face direita da frente) in DISPERSOS -VOL.I-1968-Pág. 164-A.
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (1)»
Sabendo-se que desde 1373-75 a muralha defensiva de Lisboa chamada de «CERCA FERNANDINA», passados alguns séculos mesmo sem estar envolvida em guerras, não oferecia segurança à população achando-se esta, portanto, desguarnecida.
Com o domínio Filipino em Portugal no ano de 1625, receando-se um possível ataque a Lisboa por parte dos Ingleses, para auxiliar o Prior do Crato, ou algum ataque de pirataria argelinos, ainda com a circunstancia de Espanha andar em disputas com outras nações, foram tomadas providências de ser feito alguma coisa, nomeadamente uma trincheira na parte da beira-mar.
Seguiu-se o período da Restauração de Portugal em 1640, e consequentemente nasceu o receio de um inevitável ataque a Lisboa por parte da Espanha, que abalaria decididamente a nossa independência.
Foi novamente abordado a necessidade de organizar a defesa da capital portuguesa. Os dinheiros públicos não abundavam e não foi iniciada qualquer obra de raiz, mas foi reforçada e melhorada a Cerca Fernandina para satisfazer as necessidades de momento.
«Em 1650 faz-se uma nova vistoria aos muros e fortes da cerca» (1).
Pelo arquitecto João Nunes Tinoco é levantada uma planta da cidade, (a qual representa a planta de Lisboa mais antiga que se conhece) para se estudar as antigas fortificações existentes e suas possíveis reparações, tendo sido apresentado na altura a reparação na cerca e a construção de uma trincheira ao longo da margem do rio Tejo.
«Estas linhas de defesa, mandadas construir por decreto de 11 de Março de 1652» (2), era constituída, na banda da terra, por baluartes de alvenaria, ligados por entrincheiramentos de terra ou cortina de alvenaria, com ameias ou plataformas para canhões, conforme circunstâncias locais.
Iniciava em Alcântara e terminava no sítio da Cruz da Pedra, onde se construiu, mais tarde, dois fortes; o da «CRUZ DA PEDRA» e o de «SANTA APOLÓNIA» ao norte do mesmo, em pleno campo.
(1) - Elementos, etc. por E. Freire de Oliveira, Tomo V, pág. 200
(2) - Decreto do príncipe D. Teodósio - Elementos, etc. Tomo V pág. 342.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [XII] - BALUARTE OU FORTE DE SANTA APOLÓNIA (2)»


domingo, 12 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [X]

Calçada da Cruz da Pedra - (2006) Foto de APS (A Calçada nesta altura já sem as casas que faziam parte das"Portas Fiscais da Cruz da Pedra") arquivo/APS.
Calçada da Cruz da Pedra (1967) Foto de João H. Goulart (antigas casas das "Guardas Barreiras") in AFML
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«O PASSADIÇO OU ARCO DA CRUZ DA PEDRA»
Diz-nos Júlio de Castilho no seu livro «DISPERSOS» que entre o muro de gola do Forte da Cruz da Pedra e a Quinta do Manique, no sítio do portão da rampa de acesso à fábrica de bebidas gasosas de George Hall, (conhecida por nós, como a fábrica dos "PIROLITOS"), proprietária da Quinta, estava lançada sobre a rua, um «passadiço ou arco, da Cruz da Pedra», que se vê em mapas antigos de Lisboa, e que provavelmente foi construído para estabelecer a comunicação privativa entre os dois fortes, deixando livre a estrada para serviço do público.
A sua construção deverá ter-se iniciado pela segunda metade do século XVII, e a sua demolição para beneficio do transito em 1837 (1).
Além do nome de «RUA» ou «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA», esta serventia só teve um outro, e isoladamente: "Rua do Arco da Cruz da Pedra" (2), arco que vemos citado pela primeira vez em 1755 (3), que atravessava a rua, e se apoiava pelo Norte no muro da quinta das casas nobres que depois foram do Visconde de Manique.
Para a história do arco existe na Câmara Municipal um contrato de convenção, celebrado em 30 de Abril de 1790, entre o Senado da Câmara e o desembargador ANTÓNIO JOAQUIM DE PINA MANIQUE, irmão do Intendente, pelo qual se vê que os antigos proprietários das casas nobres dos Maniques «entrarão a usarem da área e terrapleno do mesmo Arco ou Porta da Cidade», uso que o desembargador continuou fazendo «persuadido de que havia para esse efeito legítimo título adquirido por seus antecessores» quando afinal nunca tinha sido dada qualquer autorização nesse sentido.
Numa petição feita pelo desembargador antes da assinatura do contrato, vê-se que foi ele quem «benfeitorizara o terrapleno do dito Arco com gradeamento de ferro em lugar das grosseiras cortinas que sempre teve e com alguns pilares de pedra, um cunhal de pedra da parte Sul para simetria de outro cunhal da porta do Norte»(4).
O Arco desapareceu depois do advento do regime liberal; em Novembro de 1837 a Câmara mandava intimar o Visconde de Manique, já pela segunda vez, para que o demolisse(5).
(1) - Peregrinação em Lisboa-Norberto de Araújo.Livro XV-1939, pág. 38
(2) - Livro IV de Óbitos, fl. 79V - Santos
(3) - Livros II de Óbitos, fl. 158 - Santos
(4) - Prazos da Freguesia de Santa Engrácia, caixa 16/5 - Maço- Foro diversos.
(5) - O Arco da Cruz da Pedra, no documento de 1790 de que extractámos apenas uma parte, é classificado, e por mais de uma vez, como porta da cidade, o que nos causa estranheza, visto sabermos que em 1807 as portas eram ainda junto ao Convento de Santa Apolónia e em 1852 no vértice do ângulo que formam as antigas estradas para CHELAS (Circunvalação) e para Xabregas (Rua da Madre de Deus).
OBRAS CONSULTADAS
- Araújo, Norberto de - «Peregrinações em Lisboa» Livro XV - 1935
- Furtado, Mário - Do Antigo Sítio de Xabregas - 1977
- Silva, Augusto Vieira - DISPERSOS - Volume I - Lisboa - 1968
- Macedo, Luiz Pastor de - «LISBOA DE LÉS A LÉS» Volume III, 1985 -CML


quarta-feira, 8 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [IX]

Calçada da Cruz da Pedra - (2006) foto de APS (Entrada da Casa Pia no início da Calçada da Cruz da Pedra) in Arquivo APS
Calçada da Cruz da Pedra (2006) Foto de Mário Martins (Prédio onde existia o Forte) in umafotopordia.blogspot.com
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«O FORTE DA CRUZ DA PEDRA (2)»
Os pontos fortificados eram:
Repartição de Lisboa - Margem Norte.
«FORTE DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS» - «FORTE DA CRUZ DA PEDRA» - «FORTE DE SANTA APOLÓNIA» - «FORTIM DA RIBEIRA» - «BALUARTE DE S. JOÃO DO TERREIRO DO PAÇO» - «FORTE DO CORPO SANTO» - «FORTIM DOS REMOLARES» - «FORTIM DE S.PAULO» - «FORTE DE S.JOÃO DE DEUS» - «FORTE DO SACRAMENTO» (...).
Existia ainda a Repartição de «CASCAIS» e «SETÚBAL».
A situação de cada uma das fortificações é descrito separadamente e com bastante pormenor, mas seria possível generalizar que a maioria estava em muito mau estado de conservação (algumas mesmo em ruínas) outras transformadas em armazéns ou residências, poucas em reparação e raras em condições aceitáveis (1).
O «FORTE DA CRUZ DA PEDRA» desapareceu por volta de 1860, em parte incorporada nos terrenos da Companhia dos Caminhos de Ferro, e na parte alta substituído por um prédio de habitação do número 1 a 15 (que apresentamos na foto acima) da Calçada da Cruz da Pedra. O restante do Forte foi demolido para instalações da Companhia e não sobra o menor vestígio.
Esta linha de fortificações, que não chegou a concluir-se, era destinada apenas para a defesa da Cidade, e não para efeitos administrativos ou fiscais, que, segundo cremos, se restringiam aos limites definidos pelas circunscrições periféricas que então possuía a cidade (2).
Dizia ainda o mestre Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa» "que o FORTE DA CRUZ DA PEDRA, irmão dos fortes de SANTA APOLÓNIA, de SÃO PAULO e da JUNQUEIRA , (século XVII), presume-se que assentasse sensivelmente abaixo das desaparecidas «BARREIRAS FISCAIS», na Calçada da Cruz da Pedra".
(1) - Em volta da Torre de Belém-Evolução da Zona Ocidental de Lisboa de João B.M. Néu, páginas 181-183.
(2) - DISPERSOS - Augusto Vieira da Silva -Volume I - 1968 - Lisboa - pág. 68,69.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [X] - PASSADIÇO OU ARCO DA CRUZ DA PEDRA»

sábado, 4 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [VIII]

Calçada da Cruz da Pedra, 15 - (s/d) Foto de Augusto de Jesus Fernandes ( Sítio onde estava instalado o FORTE DA CRUZ DA PEDRA, ao fundo a entrada poente da Casa Pia) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
Calçada da Cruz da Pedra - (2002) Desenho de V. O. B. (Local onde estava instalado o Forte da Cruz da Pedra)

Calçada da Cruz da Pedra - (2006) Foto de APS (Lugar onde existiu o Forte da Cruz da Pedra, início -nascente- da Calçada)
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«O FORTE DA CRUZ DA PEDRA (1)»
No tempo de D. João IV, quando se pretendia consolidar a independência de Portugal, e se previa o perigo de um iminente ataque a Lisboa, projectou-se fortificar a cidade, envolvendo-a do lado da terra, com uma série de baluartes ligados por muros ou cortinas, desde Alcântara até à Cruz da Pedra, em Santa Apolónia (1).
O «FORTE DA CRUZ DA PEDRA» ficava no lado Oriental da cidade, no sítio onde a Calçada da Cruz da Pedra se liga com a Rua da Madre de Deus, no lado Sul, caindo sobre o terreno e oficinas da Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferros.
Quanto à sua estrutura pouco se sabe. Por uma planta que publicámos, (CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [II] 16 de Março de 2009) vê-se que ele devia ser uma bateria pouco elevada acima da praia do Tejo, com uma frente maior (143 metros) voltada para o Sueste, e outra menor (34 metros) orientada para Nordeste.
Com a subida ao trono de D. José as coisas modificaram-se. Em consequência, logo em 1751, o General e estribeiro-mor Marquês de Marialva determina se proceda a uma rigorosa inspecção às Praças, Fortalezas e Fortes que constituíam a defesa da Cidade e do Porto de Lisboa. As partes mais significativas desse relatório(2), podem resumir-se pela forma seguinte: O sistema de defesa marítima de Lisboa era constituído por três sub-sistemas, as «REPARTIÇÕES» de Lisboa (nas margens Norte e Sul do Tejo), Cascais (dividida entre a «PARTE DE DENTRO» e a «PARTE DE FORA» e Setúbal.
(1) - DISPERSOS - de Augusto Vieira da Silva - Volume I- 1968 - Lisboa Pág. 67.
(2) - Transcrito de Alfredo Ferreira do Nascimento no seu trabalho Algumas Achegas para a História da Defesa de Lisboa in Olisipo número 66 - Lisboa - 1954.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [IX] - O FORTE DA CRUZ DA PEDRA (2)»



sexta-feira, 3 de abril de 2009

CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [VII]

Calçada da Cruz da Pedra - (Início do século XX) Fotógrafo não identificado (Portão da face esquerda da frente do Baluarte de Santa Apolónia) in DISPERSOS de Augusto Vieira da Silva - Volume I -Lisboa 1968 - Biblioteca de Estudos Olisiponenses -Publicações da Câmara Municipal de Lisboa.
Calçada da Cruz da Pedra - (195_) Foto de Augusto de Jesus Fernandes in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
(CONTINUAÇÃO)
CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA
«O 6º CONDE DE SÃO VICENTE (2)»
O pai, a mãe e a irmã da actriz, bem como ouvida também a vizinhança e havia quem quisesse justiça contra Manuel Carlos da Cunha e Távora, apesar de grandes do Reino, Vice-Almirante e Conselheiro de Guerra. Alguns dias depois do crime, o Cardeal D. João Cosme da Cunha, que fora Bispo de Leiria sob o nome de D. Fr. João de Nossa Senhora da Porta e era agora Regedor das Justiças ( e tio do acusado, por ser filho dos 4ºs. Condes de São Vicente) procurou o Marquês de Pombal, que, chamando-o de parte, lhe disse que não podendo já dissimular-se um caso tão grave e não desejando o Rei D. José que um fidalgo em tão alta situação corresse o risco de ser executado, a única solução possível era este sair imediatamente do Reino.
E nessa mesma tarde, depois de ouvir a recomendação do Cardeal para que partisse sem demora, o Conde abalou a toda a pressa para Badajoz. Diz-se que, nessa noite, indo o Cardeal da Cunha ao Paço, o Rei perguntou-lhe se o Conde de São Vicente já se havia retirado e obtendo uma resposta afirmativa, não ocultou a sua satisfação.
Passados quase quatro anos o Conde e seus co-réus saíam finalmente ilibados por sentença e surgiu condenado irremissivelmente, à revelia, um cadete conhecido pelo nome de Toscano, que já então falecera, e que carregou com todas as culpas da agressão, pois que se descobrira que ele também era um dos enamorados da «ESTEIREIRA» e já havia sido rival do Teixeira Homem em outras aventuras amorosas.
Livre da culpa, o fidalgo voltou a ser recebido por toda a nobreza, conforme as homenagens devidas à sua alta linhagem e o seu exílio forçado passou a ser verberado como mais uma façanha injusta do Marquês de Pombal, já então desterrado, perseguido e sem poder, o que foi uma bem aleivosa interpretação da atitude, neste caso moderado do famoso ministro(1).
(1) - Nobreza de Portugal e do Brasil Volume III - Lisboa 1961 páginas 358-359 - Direcção. coordenação e compilação de: Dr. Afonso Eduardo Martins Zuquete- Editorial Enciclopédia, Limitada - Lisboa - Rio de Janeiro.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA [VIII] - O FORTE DA CRUZ DA PEDRA (1)»