sábado, 5 de dezembro de 2009

RUA DA MISERICÓRDIA [IV]

Rua da Misericórdia - (2009) Foto de APS (Rua da Misericórdia, prédio do antigo Jornal "O MUNDO" e "DIÁRIO DA MANHÃ", hoje encontra-se naquele local instalada a «ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL» ARQUIVO/APS
Rua da Misericórdia - (2009) Foto de APS ( Rua da Misericórdia vista da parte Sul junto à Praça Luís de Camões) ARQUIVO/APS

Rua da Misericórdia - (1915-11) Foto de Benoliel Joshua (Rua do Mundo, funeral de França Borges, director do "O MUNDO" junto das instalações do jornal) in AFML


Rua da Misericórdia - (entre 1898 e 1908) Fotógrafo não identificado ( Antiga Rua do Mundo e jornal "O MUNDO") in AFML
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA MISERICÓRDIA [ IV ]
«JORNAL "O MUNDO"»
Tudo começou com «ANTÓNIO FRANÇA BORGES», um jovem combativo que viera cedo de «SOBRAL DE MONTE AGRAÇO» e em LISBOA exercera o cargo de funcionário da fazenda.
Muito mais do que a burocracia, interessavam-lhe, porém, a política e o jornalismo.
Pertenceu as redacções de vários jornais como a «VANGUARDA» ou «A PÁTRIA», mas foi «O MUNDO», que fundou, que lhe deu notoriedade.
Este jornal cedo se tornou numa força demolidora, não só da ditadura de «JOÃO FRANCO» (primeiro Ministro do Rei D. Carlos) como da própria Monarquia. O estilo agressivo de «FRANÇA BORGES» tornou-se numa arma republicana. No entanto, embora acabasse por ser figura cimeira do «PARTIDO DEMOCRÁTICO», sempre recusou quaisquer cargos oficiais, após a implantação do novo regime.
Apareceu «O MUNDO» em 16 de Setembro de 1900, com sede na «RUA DAS GÁVEAS, 91-1º». O prédio onde nasceu, sofreu profundas obras de remodelação, em parte custeadas pelo grande comerciante «Luís Grandella».
Assim, a parte nobre do edifício ficou virada à então «RUA DE S. ROQUE, 95-103». No cimo, passou a figurar um globo terrestre, de pedra, símbolo do MUNDO.
A primeira República quis testemunhar o seu apreço ao jornal que fora seu propagandista e ao director que pagara com a prisão alguns atrevimentos. Apareceu assim a «RUA DO MUNDO», onde fora de «SÃO ROQUE».
«FRANÇA BORGES» morreu cedo, em 1915. O jornal perdurou: ainda teve directores como «CARLOS TRILHO» e «URBANO RODRIGUES»(ver mais aqui).
Mas parecia ter-se apagado a chama. «O MUNDO» teve interrupções e acabou por fechar. Em 1925 «O MUNDO» é vendido, mas o seu edifício ficou como memória de uma época de grandes transformações políticas e intensa actividade cultural.
O prédio acabou por ser adquirido por outro jornal que estaria politicamente nos antípodas: o «DIÁRIO DA MANHû, que foi órgão da União Nacional, claro que não se justificava a manutenção do topónimo «O MUNDO». Mas é certo que a «S. ROQUE» também não regressou. A rua passou a ser «da MISERICÓRDIA», numa espécie de solução de compromisso.
O antigo edifício do jornal «O MUNDO» foi reabilitado com um projecto do arquitecto «SIZA VIEIRA» e, mantendo a estrutura inicial, abriu as suas portas à «ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL» (ver mais aqui), que aí se encontra sediada com uma galeria de exposições no piso térreo.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA MISERICÓRDIA [ V ] - JORNAIS QUE EXISTIRAM NESTA RUA»




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