Rua de Xabregas - (2006) (Foto de Filipe Jorge) (O sítio de Xabregas visto de cima, nomeadamente os seus antigos Palácios e Conventos) in LISBOA VISTA DO CÉU
Rua de Xabregas - (2006) (Foto de Filipe Jorge) (Panoranica da Rua de Xabregas e Rua da Manutenção) in LISBOA VISTA DO CÉU
Rua de Xabregas - (1859) - (Óleo sobre tela de J. Pedroso) (Vista da zona de Xabregas, tendo em primeiro plano a «FABRICA DE TABACOS DE XABREGAS», no antigo Convento de São Francisco, e vendo-se em segundo plano o «PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA» in «ALFACINHAS» Os lisboetas do passado e do presente de ALBERTO SOUZA.
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ II ]
«O INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO EM XABREGAS»
«XABREGAS» vai conhecer uma mutação no seu tecido económico e social, depois da fixação do «CAMINHO-DE-FERRO» neste local, tendo essa viragem contribuído para a sua transformação, podendo mesmo chamar-se de uma «REVOLUÇÃO INDUSTRIAL».
Para este cenário, são vários os factos que se conjugaram. A aproximação do rio, os amplos espaços existentes na zona, permitindo a implantação de complexos fabris, o reordenamento das instalações portuárias, a extinção das Ordens Religiosas, e não menos importante a construção da via ferroviária, que transforma este sítio no principal centro industrial de «LISBOA».
«XABREGAS» era um pólo fabril constituído num espaço relativamente pequeno, sendo o número de quatro fábricas de relevante valor.
A «FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (vulgo)-FÁBRICA SAMARITANA», instalada no «BECO DOS TOUCINHEIROS», também conhecida por «FÁBRICA DO BLAK».
A «FÁBRICA DE MOAGEM A VAPOR ALIANÇA» antecessora da «NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM» que ficava na «RUA DE XABREGAS» perto do «VIADUTO FERROVIÁRIO», em 1947 foi destruída totalmente por um violento incêndio.
A terceira e bastante importante foi a «FÁBRICA DO TABACO LISBONENSE» que em 1927 se chamava de «COMPANHIA PORTUGUESA DE TABACOS», instalada no antigo «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS».
A quarta era a «FÁBRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS ORIENTAL» vulgarmente chamada pela «FÁBRICA DAS VARANDAS», situada no início da «RUA DE XABREGAS». Nesta fábrica existia um enorme janelão em ferro e vidraça, que hoje se encontra colocado a servir de portal num Centro Comercial, nos terrenos que foram pertença da «FÁBRICA DAS VARANDAS».
No que diz respeito à «INDUSTRIA DO TABACO» é necessário ter presente não só a duração do seu fabrico na «FÁBRICA DE XABREGAS», como a população operária que mobilizava na sua manipulação, bem como a série de armazéns que foram construídos em terrenos conquistados ao Tejo.
O avanço das obras do «PORTO DE LISBOA», a Oriente, foi a causa da sucessiva alteração desta orla, levando mesmo ao desaparecimento de um numeroso areal que os populares (naquela época), chamavam de «PRAIA DA MARABANA», transformado hoje num cais para contentores.
A dado momento, essas praias contrariaram o desenvolvimento Industrial e houve necessidade de fazê-las desaparecer. Os interesses Industriais e Comerciais vieram uniformizar essa linha da margem fluvial e, por outro lado, conquistar mais terrenos ao TEJO.
Com a «INDUSTRIALIZAÇÃO EM XABREGAS» nada ficou como antes. Foi a época de trocar a paisagem serena e límpida do Rio e das paisagens campestres, pelos toques das sirenes das fábricas misturados com os silvos dos comboios, e das chaminés de tijolo, algumas delas já desaparecidas.
Sinais do tempo, que, por vezes não se compadecem com a perfeita conjugação da natureza e os novos conhecimentos tecnológicos adquiridos pelo homem.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)- «RUA DE XABREGAS [ III ] - A FREGUESIA DO BEATO»
Não consigo parar de olhar para aquela imagem de 1989. Como a Rua de Xabregas mudou nestes 20 anos!
ResponderEliminarNão me lembrava nada da linha do eléctrico fazer aquele zig-zag tão pronunciado.
E como estava decrépito o edíficio do lado esquerdo, ao lado do muro onde agora fica a Rua do Bispo de Cochim!
Do outro lado da rua, junto à linha do cf, toda aquela vegetação desapareceu e foi substituída por uma encosta revestida a pedra!
A seguir à ponte de Xabregas, do lado esquerdo e já em "terras" da freguesia de S. João, havia um cais coberto da CP usado pelos CTT. Mal se vê na foto, por cima do anúncio da Trinaranjus. Junto a ele está um vagão fechado, também uma reliquia de um passado recente, em que nem todas as mercadorias eram expedidas em contentores.
Caro Ricardo Moreira
ResponderEliminarÉ verdade, as coisas mudam muito ràpidamente, assim como os anos passam, quando atingimos uma certa idade.
Nesse mesmo sítio do "vagão", tenho eu ideia de ter visto um dos abertos e mais baixos, apreendidos aos alemães. Eu achava curioso por ter nas laterais a cruz "suástica", isto depois de 1945.
Um abraço
APS
Esses vagões (juntamente com os "jotas") não foram confiscados, mas sim comprados aos alemães durante a segunda guerra, num processo muito pouco transparente, com o tristemente famoso ouro "nazi" e envios de volfrâmio e de conservas pelo meio!
ResponderEliminarQuanto a essa cruz suástica, não teria sido brincadeira de algum opositor do regime mais corajoso que os outros?
Caro Ricardo Moreira
ResponderEliminarMuito me congratula o conhecimento que tem, sobre assuntos dos vagões e das suas transacções comerciais.
Desconheço a referencia "JOTAS", embora pense tratar-se de uma possível terminologia ferroviária de algum tipo de equipamento, como não estou na minha biblioteca caseira, mas sim a passar umas férias em Coimbra, não tenho possibilidades de confirmar.
Eu acho que nessa época (1945) ainda o Governo de Salazar não era rotulado de "Fascista" ou "Nazista", embora já se fosse notando algumas brutalidades. Por isso, não duvido tratar-se de uma "peça" genuína da «Alemanha NAZI".
Quanto ao volfrâmio e conservas, podemos ainda acrescentar CEREAIS, este último, enviado por um fornecedor de Xabregas e não foi pura ficção.
Um abraço
APS
Embora não tenha nada que ver com a Rua de Xabregas, os "Jotas" eram os vagões fechados (tanto em Portugal como em Espanha a primeira letra da sua classificação era o "J"). Mais tarde, com a uniformização de nomenclaturas da Union International des Chemins-de-fer, passaram a ser G (em toda a Europa).
ResponderEliminarA minha estranheza em relação à suástica e à eventual origem por apreensão do vagão prende-se apenas com um facto, muito badalado actualmente a propósito do TGV: a diferença de bitola entre a Península Ibérica e o resto da Europa. Se o vagão fosse alemão para cá chegar teria que mudar de rodados na fronteira franco-espanhola, coisa que nessa época nunca acontecia (a tecnologia existente não permitia a "rebitolagem" de forma rápida, pelo que ficava mais rápido mudar as mercadorias de vagão).