quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

RUA DE XABREGAS [ IV ]

Rua de Xabregas - (2005) Foto de APS (Uma vista do Viaduto ferroviário no seu aspecto actual) ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - (1983) - Fotógrafo não identificado - (Viaduto Ferroviário de Xabregas já alterado, para possibitar a circulação de dois eléctricos simultâneamente) in AFML


Rua de Xabregas - (1954) - Foto de Fernando Martinez Pozal - (Viaduto Ferroviário de Xabregas visto do lado da Rua da Madre de Deus) in AFML



Rua de Xabregas - (1937?) - (Desenho de Manuel Barata, zincogravura) (Perspectiva do Viaduto de Xabregas) Publicado in "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" livro XV de Norberto de Araújo.


Rua de Xabregas - (1857 ?) - (Desenho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro, gravura em madeira de João Maria Baptista Coelho) - (Ponte de Xabregas - Caminho-de-ferro do Leste) in ARCHIVO PITTORESCO, Ano I, (1857) p. 33.

(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ IV ]

«O VIADUTO DE XABREGAS»

A paisagem de «XABREGAS», (antigo arrabalde de Lisboa), foi alterado com a construção do Caminho-de-Ferro e, nomeadamente o seu «VIADUTO FERROVIÁRIO».

Dizia-nos "NORBERTO DE ARAÚJO" nas suas «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA» sobre «XABREGAS»: " Não me fatigo na repetição do fenómeno de paisagem social: tudo isto há dois séculos atrás era de feição conventual e nobre: o «PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA», a um lado, o «CONVENTO DOS FRANCISCANOS» a outro. Sem linha férrea nem passagem sobre viadutos, sem edifícios fabris, armazéns e oficinas, sem cortinas de prédios a encobrir o rio - largo como o mar - «XABREGAS», «ENXOBREGAS» dos séculos velhos, era arrabalde, tímido de póvoas ao acaso, luminoso e lavado".

Remonta de 1844 a ideia de dotar o nosso país com uma rede de infra-estrutura ferroviária, à semelhança de que outros países já vinham fazendo.
Em Abril de 1845 é apresentado ao Governo uma proposta para a construção do troço LISBOA-TOMAR-PORTO, proposta esta que foi anulada por outra da «COMPANHIA DAS OBRAS PÚBLICAS». Mas como esta Companhia se dissolveu, tudo voltou à estaca zero.
É aberto novo concurso em Maio de 1852, para o troço inicial LISBOA-SANTARÉM, empreitada adjudicada a um tal «HARDY HISLOP», mandatado pela «COMPANHIA CENTRAL PENINSULAR DOS CAMINHOS DE FERRO DE PORTUGAL».
No dia 29 de Outubro de 1856, era finalmente, aberta à exploração o primeiro troço de 26 quilómetros da linha férrea «LISBOA-CARREGADO». Estava assim, inaugurada a era do comboio no nosso país, passo importante para a «REVOLUÇÃO INDUSTRIAL», que então apenas balbuciava entre nós.
Diga-se em abono da verdade que o corte das «TRINCHEIRAS DE XABREGAS» (na parte de trás do "CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS"), iniciado em 7 de Novembro de 1853, com uma altura de 43 metros e um comprimento de 738 metros, revelou-se uma tarefa extremamente complicada.
"A nova linha principia em SANTA APOLÓNIA passa em XABREGAS em frente do CONVENTO DA MADRE DE DEUS, e logo ali nos apresenta as principais obras de arte... A primeira é o VIADUTO pelo qual se passa superiormente à FABRICA DE FIAÇÃO DO ALGODÃO.
Esta obra tem a extensão de 83 metros, sendo o seu tabuleiro metálico assente sobre dois encontros e quatro pilares de alvenaria, formando cinco tramos independentes.
Uma parte do viaduto teve de ser coberta por um anteparo metálico, destinado a defender as edificações e fábrica das faúlhas expelidas pelas chaminés das máquinas a vapor, o que poderia por em perigo aqueles importantes estabelecimentos fabris.
A parte coberta foi retirada quando os comboios deixaram de ser movidos a vapor.
Saindo do «VIADUTO» entra-se logo no túnel de (200 metros de comprimento), sendo metade em curva e metade em recta"( 1 ).
O «VIADUTO FERROVIÁRIO DE XABREGAS» localizado junto ao «LARGO DE XABREGAS», projectado por John Sutherland e Valentine C. L., data do terceiro quartel do século XIX, sendo no primeiro e segundo quartel do século XX de grande importância para o sítio de XABREGAS.
(1) - «O OCIDENTE» de 21 de Maio de 1888.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ V ] -O BULÍCIO NA RUA DE XABREGAS»




8 comentários:

  1. O túnel aqui referido situa-se na chamada "Concordância de Xabregas", a qual liga a linha do Norte (pleno viaduto de Xabregas) à linha de Cintura (junto ao Apeadeiro de Chelas). Para o lado da linha do Norte a via entra imediatamente nas (famosas) trincheiras de Xabregas (cortadas à força de picareta e muito suor).
    O difícil traçado da Concordância de Xabregas deu origen a expressão bem popular de "lá vai o comboio de Chelas".

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  2. Caro Ricardo Moreira

    Ainda conheço mais duas do «COMBOIO DE CHELAS».
    Uma relaciona-se com a sua lentidão na subida para Chelas, pois no seu início deslizava muito vagarosamente, e a expressão chegou mesmo a rondar algo de pejorativo indicando o trabalho de alguém vagaroso ou lento..."Pareces o comboio de Chelas".
    Outra, andar para trás como o «COMBOIO DE CHELAS».
    Não há dúvida que é o povo quem faz (ou ajuda a fazer) a sua língua.
    Quanto às trincheiras foi realmente um trabalho muito penoso.
    Por acaso já reparou que nessas trincheiras existiu o forte de S. Francisco, parcialmente visível da Vila Dias a sua antiga muralha.
    Um abraço
    APS

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  3. Não fazia ideia de que tinha havido ali um forte. A muralha será o que é agora o muro de contenção da trincheira?

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  4. Caro Ricardo Moreira

    Do Forte sabe-se pouco. Sabemos que ele, conjuntamente com o da «CRUZ DA PEDRA» e «SANTA APOLÓNIA» e outros pela orla maritima da margem do Tejo até Cascais, faziam parte de uma defesa Marítima de Lisboa, aos ataques espanhois após 1640.

    As muralhas embora pouco visiveis e sensivelmente alteradas durante estes anos, ainda as podemos ver (na Google) na demarcação da sua zona a Norte e um pouco a Nascente.

    O declive para a linha do comboio nada tem a ver com o forte, ou por outro lado, só está a por em risco a velha muralha. (Possivelmente também já não serve para as suas funções iniciais).
    Tenho duas fotos da (eu chamo-lhe muralha), gostava de lhe poder enviar.

    Um abraço
    APS

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  5. Da existência dos fortes da Cruz da Pedra e de Santa Apolónia eu tinha conhecimento. Deste nunca tinha ouvido.
    Já agora, e para os restantes convivas deste espaço, fica aqui o pouco que sei desses dois fortes.
    O da Cruz da Pedra "morreu" de "morte matada" na década de 1850, quando se construiu o caminho-de-ferro. Dele só resta o nome herdado pela calçada homónima.
    O de Santa Apolónia, junto à actual Av. Afonso III, foi ficando ao abandono até que, já na década de 1980, alguém se lembrou de o usar como base a um mamarracho baptizado com o pomposo nome de Edifício Concorde. As muralhas desse forte são perfeitamente visíveis na Rua do Forte de Santa Apolónia.
    Quanto ao de São Francisco, vou dar uma vista de olhos pelo google. Pode ser que o encontre.

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  6. Como morava na Estrada de Chelas, a linha do comboio passava ( e passa) por detrás da minha casa onde eu morava, e, desde que me conheço que assistia à penosa subida do comboio a que eu chamava de "pouca terra", a patinar e a recuar, deitando fumo por todo lado, pouca gente se pode vangloriar de ter visto "o comboio de Chelas a andar para trás", há muita gente que emprega esta frase mas, não sabe a proveniência da mesma. Tenho pena que não haja uma foto do mercado que existia no Largo Marquês de Niza que, mais tarde, foi transferido para a Rua Gualdim Pais.

    Um abraço

    HF

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  7. Caro Humberto
    Realmente agora fiquei a saber a razão do ditado "o Comboio de Chelas a andar para trás". Já conhecia o ditado mas não me passava pela cabeça que o comboio não conseguisse vencer a subida. Vi foi muitas vezes a máquina (a VAPOR) na retaguarda das composições com a frente agarrada andando em sentido contrário. (para trás). Supunha eu ser esse o motivo de andar para trás. Mas a sua explicação é convincente e presencial, temos de admitir que assim seja.
    Existem várias fotos do "VELHO MERCADO A CÉU ABERTO" no "LARGO MARQUÊS DE NISA". Eu tenho algumas. Poderá consultar uma publicação minha da "RUA GUALDIM PAIS [ VI ] de 10.05.2009 (nessa altura após uma cheia em XABREGAS).Esta publicação não vai até Chelas, chega só até Ponte Lavrado, que deve conhecer.
    Como morava em Chelas, talvez se lembre do Campo de Futebol do "LÉRIAS", que ele alugava para torneios. Realizei nesse espaço alguns jogos com a rapaziada de XABREGAS. Mais tarde acabei por ser jogador de Basquetebol do C.O.L., cuja a sua sub-sede tinha um campo para a modalidade e fica na "Rua Gualdim Pais". Belos tempos!
    Deixei Xabregas em 1957 quando me casei e fui para a linha do Estoril. (Paço de Arcos).
    Se necessitar de algumas fotos de Xabregas, deve enviar-me o seu mail.
    LinK: http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/search?q=RUA+GUALDIM+PAIS+%5B+VI+%5D

    Despeço-me com amizade,
    Um abraço
    Agostinho Paiva Sobreira-APS

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  8. Boa tarde. Estudo um documento da Biblioteca Nacional de Lisboa cuja menção se faz ao "forte de Xabregas". Teriam alguma informação sobre tal fortificação? Obrigado, Fábio Laurentino.

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