Avenida da Liberdade - (ant. 1879) Foto de José Artur Leitão Bárcia (Passeio Público, Pavilhão, Lago e Terraço da entrada Norte) in AFML
Avenida da Liberdade - (Desenho) Estúdios Mário Novais (Circo Prince, demolido para a abertura da Avenida da Liberdade) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
AVENIDA DA LIBERDADE [ III ]
«O PASSEIO PÚBLICO ( 3 )»
No coreto executavam belos trechos musicais, por bandas militares, e foi a esplêndida orquestra, dirigida magistralmente por «M.me Josephine Amman», que fez furor e atraiu selecta concorrência à audição dos seus concertos.
Também havia ali barracas onde vendiam rifas em favor dos asilos de beneficência, cafés chiques e outros divertimentos. Nessas noites era a entrada paga. A principio manteve-se bem aquela diversão. A sociedade mais escolhida entrava no recinto, e em volta das grades, pelas ruas exteriores, aglomeravam-se espectadores populares para ouvirem a música e desfrutarem do fogos-de-artifício. Pouco a pouco foi entrando por ali a desmoralização, e as famílias começaram a retrair-se.
Afinal as grades do passeio foram derrubadas, com protesto de muita gente que se não conformava com a "profanação" do seu favorito jardim.
As noites do «PASSEIO PÚBLICO», a principio muito bem concorrido e por fim essencialmente monótonas, foram substituídas por outras iluminações.
Nos últimos anos as empresas não ganharam o suficiente, à excepção dos «RECREIOS MITHOYNE», onde o público encontrava variadas distracções.
Assim durante mais de cem anos o «PASSEIO PÚBLICO» fez parte da vida social de uma LISBOA pacata que lá ia mostrar a menina casadoira, ou a última "Toilette" ou, mais singelamente, ouvir música.
«EÇA DE QUEIROZ», sobretudo em «O PRIMO BASÍLIO», é o cronista por excelência deste espaço antecessor da «AVENIDA DA LIBERDADE».
E se subirmos ao jardim de «SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA» ainda lá podemos encontrar resquícios do «PASSEIO PÚBLICO», no pequeno tanque que orna o jardim.
Também deste velho «PASSEIO PÚBLICO» ainda existem vestígios ornamentais na «AVENIDA DA LIBERDADE». Referimo-nos às estátuas do «TEJO» e do «DOURO» integrados nos lagos da Avenida. As representações alegóricas aos rios, são da autoria do escultor do século XVIII «ALEXANDRE GOMES» foram inicialmente projectadas para o chafariz do «CAMPO DE SANTANA» (que nunca chegou a ser construído).
A «RUA DO SALITRE» era, até 1879, uma vasta área mais vasta que a actual. Antes da demolição do «PASSEIO PÚBLICO» prolongava-se a sueste, até à antiga «PRAÇA DA ALEGRIA DE BAIXO» e «RUA DAS PRETAS». Mais para Norte, onde está hoje a estátua aos «MORTOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL», ficava o grande barracão do «CIRCO PRICE», obra do Inglês «TOMÁS PRICE» inaugurado em 11 de Novembro 1860.
A vasta área pertencia à família «MAYER», tendo sido parcialmente expropriada para construção da «AVENIDA DA LIBERDADE». A Leste e a Ocidente desta permaneceram terrenos para sempre ligados aos antigos proprietários. O "bouquet" de rosas que serve de símbolo e logótipo do «CINEMA TIVOLI», representa as flores dos Jardins dos Mayer, cujo apelido designa ainda o "Parque de Teatros" do outro lado da artéria (onde estavam, em 1903, os jardins da casa premiada).
O «PASSEIO PÚBLICO» foi destruído, assim como o «CIRCO PRICE» no final do século XIX, para permitir a construção da «AVENIDA DA LIBERDADE» e a extensão da cidade para Norte.
Sabe-se que a transição do «PASSEIO PÚBLICO» para «AVENIDA» não foi nada pacífica. O presidente teve bastante arrojo para ultrapassar os problemas, conseguindo rasgar a «AVENIDA» no prolongamento do «PASSEIO PÚBLICO».
(CONTINUA) - (PRÓXIMA) «AVENIDA DA LIBERDADE [ IV ] - A AVENIDA DA LIBERDADE ( 2 )»
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