Campo de Santa Clara - (2011) LEGENDA - 1)-PALÁCIO LAVRADIO ou PALÁCIO DO CONDE DE AVINTES actuais TRIBUNAIS MILITARES. 2)-PALÁCIO SINEL DE CORDES ou PALÁCIO GODINHO actual ESCOLA BÁSICA DO 1º CICLO LISBOA Nº4. 3)-PALÁCIO DOS CONDES DE BARBACENA actual MESSE DE OFICIAIS dependendo do ESTADO MAIOR DO EXERCITO. 4)-MERCADO DE SANTA CLARA. 5)-TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA actual PANTEÃO NACIONAL. 6)-PALÁCIO DOS CONDES DE RESENDE actual O.G.F.E. 7)-ANTIGO CAMPO DA FORCA actual PRAÇA DR. BERNARDINO ANTÓNIO GOMES. 8)-CONVENTO DE SANTA CLARA actual O.G.F.E. OFICINAS GERAIS DE FARDAMENTO E EQUIPAMENTO. 9)-FEIRA DA LADRA.
Campo de Santa Clara - (2009) - (O Campo de Santa Clara visto do céu) in GOOGLE EARTH
Campo de Santa Clara - (194_) foto de Eduardo Portugal (Arco grande de cima ou de S. Vicente)
in AFML
Campo de Santa Clara - (s/d) - Pintura de Roque Gameiro ( O CERCO A LISBOA - 1147) in HISTÓRIA VISTA
Campo de Santa Clara - (2009) - (O Campo de Santa Clara visto do céu) in GOOGLE EARTH
Campo de Santa Clara - (194_) foto de Eduardo Portugal (Arco grande de cima ou de S. Vicente)
in AFML
Campo de Santa Clara - (s/d) - Pintura de Roque Gameiro ( O CERCO A LISBOA - 1147) in HISTÓRIA VISTA
CAMPO DE SANTA CLARA [ I ]
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«O CAMPO DE SANTA CLARA (1)».
O «CAMPO DE SANTA CLARA» fica localizado na freguesia de «SÃO VICENTE DE FORA». Está situado entre as seguintes artérias: «RUA DO ARCO GRANDE DE CIMA», «RUA DO MIRANTE», «RUA DO PARAÍSO», «RUA DA VERÓNICA», «CALÇADA DO CASCÃO», «PRAÇA DR. BERNARDINO ANTÓNIO GOMES», «TRAVESSA DAS FREIRAS», «TRAVESSA DO CONDE DE AVINTES» e «TRAVESSA DO PARAÍSO»..
No espaço ocupado pelo «CAMPO DE SANTA CLARA» em 1147, nem ali, nem pelas imediações se encontrava casa alguma. Diz-nos também o mestre «NORBERTO DE ARAÚJO» nas suas PEREGRINAÇÕES EM LISBOA que: "(...) era nos séculos velhos um campo descoberto, descarnado de edifícios, em encosta gradual, que caía, a nascente, sobre as ribas do Tejo.Era na época um monte inculto, começando no meio da actual «TRAVESSA DA VERÓNICA» e desdobrando-se até à margem do TEJO. Ainda agora é muito amplo, pois desde o «ARCO GRANDE DE CIMA», (datado das remodelações filipinas), que servia de passagem superior e ligava o Convento com os terrenos da sua cerca), até à «RUA DO MIRANTE», passando pela proximidade do «TEMPLO DE SANTA ENGRÁCIA» e do «HOSPITAL DA MARINHA», tudo está compreendido na sua demarcação.
Apesar de tanta gente por aqui transitar, bem pouca se recordará de que nestes terrenos acamparam e sepultaram os seus mortos, as aguerridas hostes de CRUZADOS «FLAMENGOS» e «ALEMÃES», ao serviço do fundador da nossa monarquia.
Como é sabido, «D. AFONSO HENRIQUES» conseguiu uma aliança com os «CRUZADOS».
Combinado o plano de ataque ao «CERCO DE LISBOA», ficaram os nossos soldados com os «FLAMENGOS» e «ALEMÃES» no «MONTE DE SANTA CLARA», e os guerreiros aliados «INGLESES» no «ALTO DA SENHORA DOS MÁRTIRES» ou «MONTE FRAGOSO», próximo do actual «CHIADO».
«D. AFONSO HENRIQUES» como sendo um rei previdente e católico, logo que começou o «CERCO», mandou edificar no campo uma capela e uma enfermaria. Coroado que foi de glória o seu arrojado intento, tratou imediatamente o vencedor de lançar a primeira pedra do edifício de «S. VICENTE», e como o terreno ficava aquém das muralhas mouriscas «CERCA MOURA», chamaram-lhe «SÃO VICENTE DE FORA», e tal ficou para sempre.
Sabe-se que tanto a Igreja como o Convento à época, eram, porém, de acanhadas dimensões.
O «CAMPO DE SANTA CLARA» está ligado ao sítio desde o ano de 1294. Deve-se o seu nome à «ORDEM FRANCISCANA DE SANTA CLARA», que em 1288 resolveram edificar no local as suas instalações religiosas. Temos conhecimento de que aquela casa religiosa das «FREIRAS DE SANTA CLARA» prosperaram muito e que com o terramoto de 1755 tudo foi reduzido a escombros e cinzas.
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(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «CAMPO DE SANTA CLARA [ II ] -O CAMPO DE SANTA CLARA (2) E MERCADO DE SANTA CLARA»
Excelente trabalho.
ResponderEliminarO termo "Lada" para a feira enquanto adjectivo parece um pouco difícil de aceitar em português actual.
Todavia, datando do séc. XII pode ser verosímel.
Gracioso
Caro Gracioso
ResponderEliminarFico muito agradecido pelas suas palavras a este blogue.
Quanto à «FEIRA DA LADRA» existem realmente várias teses sobre a origem do seu nome, se bem que na explicação dos nossos olisipógrafos, não exista um consenso.
Esta a que se refere «LADA», tem ligação a uma feira que existiu próximo do TEJO, talvez na praia, na margem à beira rio.
"LADA", s.f.|Ant. MARGEM, BEIRA RIO.(Dic.da Língua Portuguesa de José Pedro Machado Vol. IV 1964 - Soc. de Língua Portuguesa).
Que por corruptela terá passado a «LADRA».
Creio que em Paris também existe ou existiu uma feira idêntica "SAINT-LADRE", derivado de «SAINT-LAZARE».
No entanto o desenvolvimento sobre o assunto vai aparecer nos capítulos VII e VIII, mais para os finais de Janeiro.
Um abraço
APS
Caro APS
ResponderEliminarEfectivamente, com o retorno para a Europa dos cruzados, apareceram os hospitalares ou cavaleiros de Saint-Ladre, mais conhecidos por Saint-Lazare (São Lázaro). Estes fundaram em Paris estabelecimentos para o tratamento da lepra que os cruzados espalharam.
A feira que APS cita teria tido lugar até 1253 e era uma feira anual em favor dos leprosos.
O sítio em Paris deveria estar próximo da actual estação de metro Strasbourg-Saint-Denis e não na estação de caminho de ferro, Gare Saint-Lazare nem tão pouco a rue Saint-Lazare em Paris 9 como o nome pode deixar pensar.
A única feira (brocante) actualmente perto é no Boulevard Saint Martin.
São ruas de Paris com alguma história que APS também é conhecedor manifestamente.
Este período, segundo compreendi, terá sido também o do começo da Feira da Ladra em Lisboa.
Contudo hoje o nome de Feira da Ladra evoca mais uma autora de proveniência ilícita.
Bem entendido, com o tempo torna-se difícil saber com certeza a origem do nome já que os especialistas divergem.
Em todo o caso, apesar de conhecer o Campo de Santa Clara desde criança, desconhecia elementos que o seu blog me revelou e fico agradecido por isso.
Um abraço
Gracioso
Caros Senhores e amigos,
ResponderEliminarEu nasci no Campo de Santa Clara há 61 anos, precisamente em frente ao Panteão Nacional, nº 47-2º, quase esquina com a Travessa do Paraíso.
Por altura das obras do actual Monumento Panteão Nacional (concluído em 1966/67, presumo), na altura que se procederam, às escavações de um campo com arbustos abandonado, com um muro de aproximadamente 5 metros de altura e talvez uns 200 metros de comprimento, que circundava o panteão de Santa Engrácia exteriormente, ficaram à vista uma enorme quantidade de esqueletos (centenas se calhar, até mais), de mortos que ali tinham sido enterrados:alguns, tipo valas comuns e também alguns caixões em pedra mármore, com gravações,nome da pessoa etc.
É um facto, que anteriormente à Lei de Costa Cabral, havia o hábito de sepultar os mortos junto às igrejas (daí a “Revolta da Maria da Fonte” no Minho, mas o que me chamou a atenção na altura (1963/65), foi a enorme quantidade de esqueletos, caveiras e ossadas sobrepostas horizontalmente e outros na vertical, no fundo do campo aberto!
Face ao exposto, será possível abordar, explicar e datar esta questão do ponto de vista histórico?
Com os meus respeitosos cumprimentos,
Manuel Jorge
Enviar um comentário para: RUAS DE LISBOA
Enviar um comentário para: RUAS DE LISBOA
Caro Manuel Jorge
ResponderEliminarTenho muito gosto em registar as suas palavras.
Um dos dados históricos que se prende com a sua narração, diz respeito, possivelmente, ao «CERCO E TOMADA DE LISBOA» em 1147.
Como sabemos os portugueses (nessa altura) foram ajudados pelos «CRUZADOS», acontece que o acampamento desses aguerridos «CRUZADOS» tanto "Alemães" como "Flamengos" estavam instalados no «CAMPO DE SANTA CLARA», e esse terreno servia também, para sepultarem os seus mortos.
Outro dado poderá estar relacionado com várias Igrejas que existiram no local (com a mesma invocação), embora delas não restem quaisquer vestígios a não ser o actual «PANTEÃO NACIONAL» que levou vários séculos a ser construído. Ainda a aproximação deste local do «MOSTEIRO DE S.VICENTE DE FORA» (do início da Tomada de Lisboa) terá sido, possivelmente, o cemitério dos seus monges na cerca do Mosteiro que se estendia pelo «CAMPO DE SANTA CLARA»Com os meus cumprimentos
APS - Agostinho P. Sobreira
Caro APS- Agostinho Sobreira
ResponderEliminarRelativamente à sua apreciação dos factos por mim apresentados anteriormente, penso que há uma intrínseca relação e que se enquadram consistentemente, com os acontecimentos históricos e sociais que menciona.
Grato pela atenção,
O meu muito obrigado e melhores cumprimentos.
Manuel Jorge
Olá,
ResponderEliminarO palácio entre o do Lavradio e o de barbacena, intitula-se Palácio "Sinel de Cordes" ou "Palácio Godinho"?
Ou tiveram ambos os nomes em épocas cronologicamente diferentes?
Tem mais informação sobre este edifício? data de construção, ordens arquitectónicas, etc?
Obrigado.
Parabéns pelo blog.
O meu e-mail é nuno.casola@gmail.com
Caro Nuno
ResponderEliminarEfectivamente é conhecido pelo "Palácio de Sinel de Cordes".
Sabe-se que foi mandado edificar pela família SINEL de CORDES, descendentes de "JOÃO BAPTISTA CORDES", originário da Flandres e estabelecido em Lisboa no princípio do séc. XVII, na freguesia do LORETO, não está determinada com segurança, a data da construção desta casa.
É possível que esta família, à semelhança de outras Nobres, que no séc. XVII escolhessem o "CAMPO DE SANTA CLARA" para aí construírem as suas residências.
Sabe-se também, que o Terramoto de 1755 arrasou completamente a casa de SINEL DE CORDES, na "RUA DIREITA DO LORETO", e que a sua passagem para o novo Palácio só deverá ter ocorrido em finais de Setecentos.
Em meados do séc. XIX o palácio foi comprado à família pelo «DR. JOSÉ CORREIA GODINHO DA COSTA» 1º Visconde de Correia GODINHO". Será o 2º dono do Palácio, mas o nome pouco ficou.
No entanto no "WIKIPÉDIA" diz-nos abertamente que o Palácio foi construído no séc. XVIII.(?)
Deve ver o episódio do «CAMPO DE SANTA CLARA [VI], onde se descreve um pouco o Palácio.
Volte sempre, despeço-me com amizade
APS