sábado, 3 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ]

Travessa André Valente - (2009) Foto de Ruslan Nekrasov (Um troço da "Travessa André Valente") in PANORAMIO

Travessa André Valente - s/d Foto de Eduardo Portugal ("Travessa André Valente" casa onde faleceu o poeta "BOCAGE") in AFML


Travessa André Valente - (1969) Foto de João H. Goulart ("Travessa André Valente" virada para a "Calçada do Combro") in AFML

Travessa André Valente - (1949) - Foto de Fernando Martinez Pozal ( A "Travessa André Valente" ao fundo a "Rua do Século") in AFML

(CONTINUAÇÃO - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ]

«A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE ( 2 )»

Ainda no seu Palácio na «CALÇADA DO COMBRO» para «ANDRÉ VALENTE» nem toda a vizinhança servia, sobretudo a face oriental, para a qual dava uma viela escura onde se amontoavam os lixos. (A situação passava-se no século XVII, já que hoje seria impensável tal comportamento em plena via pública). O «DR. ANDRÉ VALENTE» queixou-se ao Senado da Câmara de Lisboa. E este deu razão ao reclamado que acabou por lhe ceder (aforar) a posse da TRAVESSA em questão. Aliás, o homem de leis não podia lamentar-se com falta de espaço: além deste palacete da «CALÇADA DO COMBRO», possuía uma Quinta com a respectiva casa, no então sítio campestre de «ARROIOS». Para lá se dirigia na época estival.

Diz o mestre «JÚLIO DE CASTILHO» que ainda em 1830 e tantos, este sítio de «ARROIOS», era um local com as suas aragens perfumadas e desafogada vista sobre as terras da «PENHA DE FRANÇA».

Pode quase dizer-se que «ANDRÉ VALENTE» morreu no seu posto. Na verdade, encontrava-se a desempenhar as suas funções de vereador no "SENADO DA CÂMARA DE LISBOA» (cargo que desempenhou entre 11 de Abril de 1602 e 1 de Junho de 1628)quando já muito combalido, começou a sangrar com alguma frequência. A CÂMARA mandou substituir o enfermo e este recolheu a casa, tendo morrido pouco depois.

Falecido «ANDRÉ VALENTE», ficou sua viúva, «D. CATARINA DE PINA», com a administração da casa. Quando esta, por sua vez, adoeceu com gravidade, fez testamento, documento que nada continha de especial uma vez que os bens viriam a pertencer aos legítimos herdeiros. Aconteceu, porém, segundo nos conta ainda «CASTILHO», que um "amigo" da casa (de escrúpulos pouco recomendados) mas muito íntimo, andava de olho na fortuna de «ANDRÉ VALENTE». Assim, em plena agonia de «D. CATARINA DE PINA», foi saber notícias da doente e aproveitou para pedir à criada que lhe emprestasse o testamento por uns minutos pois, ao que disse, precisava de conferir uma passagem. De nada desconfiou a serva «ANTÓNIA DE MORAIS», fiada na intimidade que sempre vira entre o visitante e os seus patrões. Mas o interessado tinha-se feito acompanhar de outro vigarista, por sinal o homem que tinha escrito o testamento. Ditou-lhe então uns parágrafos que foram devidamente intercalados sem que se registasse qualquer alteração na letra. Com esta habilidade, o prédio de «ANDRÉ VALENTE» mudou de mãos, após o falecimento da viúva.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ III ]-O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO ( 1 )»

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