sábado, 31 de março de 2012

RUA VÍTOR CORDON [ II ]

Rua Vítor Cordon - (27.05.2006) Foto de Brian Mc Morrow ("Rua Vítor Cordon" a "JUNTA DE FREGUESIA DOS MÁRTIRES" antes das obras) in DN. LISBOA
Rua Vítor Cordon - (2005) - Foto de autor não identificado (A "Junta de Freguesia dos Mártires" na "RUA VÍTOR CORDON" com esquina para a "Rua Serpa Pinto" antes das obras) in LISBOA.com
Rua Vítor Cordon - (2010) Foto de Ernst Kers ( A "Junta de Freguesia dos Mártires" depois das obras realizadas no edifício) in FLICKR
Rua Vítor Cordon - (c. 1953) Foto de Judah Benoliel (Obras na "Rua Vítor Cordon" nos anos 50 do século passado) in AFML
Rua Vítor Cordon - (1856-1858) (Carta Topográfica Nº 51 - Área da Ribeira e Mártires - publicado no "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa", sob a direcção de Filipe Folque: 1856-1858) in CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
Rua Vítor Cordon - (1593) Gravura de Jorge Braunius (Vista parcial da gravura referente a LISBOA com o título "Olissipo" inserida na obra de J.B. - CIVITATES ORBIS TERRARUM, Vol. II) (Nesta foto pode ver-se claramente a ravina do "Monte Fragoso") in LISBOA QUINHENTISTA

(CONTINUAÇÃO) - RUA VÍTOR CORDON [ II ]

«A FREGUESIA DOS MÁRTIRES ( 1 )»

A «FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES» ou «SANTA MARIA DOS MÁRTIRES» ou na voz do povo "AS MARTES" ou "MARTENS", é a segunda freguesia a ser construída em LISBOA, considerada a sua jurisdição «EXTRA-MUROS DA CERCA MOURA».
Quem nos conta é «FREI APOLINÁRIO DA CONCEIÇÃO» ( 1 ) que nos transmitiu o que sobre ela conseguiu apurar até ao seu tempo.
A Igreja foi edificada após a conquista de LISBOA, sendo lançada a primeira pedra no dia 21 de Novembro de 1147. Nesse mesmo dia era também fundada a «IGREJA DE S. VICENTE», no sítio onde existia o cemitério dos CRUZADOS INGLESES que ajudaram «D. AFONSO HENRIQUES» no cerco à Cidade.
Ficava esta Igreja aproximadamente no local do prédio na «RUA VÍTOR CORDON» esquina para o «LARGO DA BIBLIOTECA PÚBLICA», (hoje "LARGO DA ACADEMIA NACIONAL DE BELAS ARTES») no topo da «CALÇADA DE SÃO FRANCISCO».
No documento das «INQUIRIÇÕES» do reinado de «D. AFONSO III» chamavam-lhe «SANTA MARIA DOS MÁRTIRES» ( ECCLESIA SANCTE MARIE MARTYRUM), mas considera-a Igreja dos arrabaldes da cidade. Na linguagem popular antiga, em documentos oficiais, e mesmo em livros impressos, a denominação era muitas vezes corrompida em MARTES e MARTENS.
Consta que a sua extensão como freguesia se estendia desde a «» e «SANTA JUSTA», toda a zona Ocidental da cidade e por uma zona ribeirinha até OEIRAS; mas em 2 de Agosto de 1476 foi muito reduzida, abrangendo somente o território desde a Igreja Matriz, até ao local das portas de «SANTO ANTÃO», até à RIBEIRA e ponde de ALCÂNTARA.
Em 1551 já a sua circunscrição estava mais reduzida. Foram-se desmembrando dela freguesias, do lado ocidental até à ponte de Alcântara, algumas com territórios destacados de outras paróquias.
Até ao ano de 1750 foram as seguintes: N.SRª.DO LORETO(ENCARNAÇÃO)-1551; SANTA CATARINA-1559; SANTOS MARTIRES, VERISSIMO MÁXIMA E JÚLIA(SANTOS-O-VELHO)-1566; S. PAULO-1566; Nª. Srª. DAS MERCÊS (Separada por sua vez de Santa Catarina com território também na freguesia do LORETO-1632. (Além de mais duas que se criaram na área da freguesia; CHAGAS DE JESUS CRISTO (dos homens do Mar)-1542 e NOSSA SENHORA DO LORETO (dos Italianos)-2.2.1551.
Posteriormente a 1741 desmembraram-se desta freguesia tratos de território com que se formaram novas freguesias completas ou contribuíram com outras extraídas de freguesias limítrofes, para a constituição de distritos de novas paróquias. (Stª. ISABEL-1741); (S.PEDRO DE ALCÂNTARA-1770); (Nª.Srª. DA LAPA-1770) e (SANTO CONDESTÁVEL-1934).
A «Igreja dos Mártires» foi reconstruída, no todo ou em parte, por várias vezes: em 1598, em 1629,1710 e 1750.

( 1 ) - Demonstração Histórica da Primeira e Real Paróquia de Lisboa... N.S. dos MÁRTYRES-Lisboa - 1750

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA VÍTOR CORDON [ III ] -A FREGUESIA DOS MÁRTIRES (2)»


quarta-feira, 28 de março de 2012

RUA VÍTOR CORDON [ I ]

Rua Vítor Cordon - (2012) (Desenho adaptado da RUA VÍTOR CORDON e seu envolvente, sem escala - APS)
- LEGENDA -- 1)RUA VÍTOR CORDON; - 2)PALÁCIO DOS CONDES DE VILA FRANCA, DEPOIS DE "RIBEIRA GRANDE", ANTIGAS INSTALAÇÕES DA FNAT hoje INATEL; - 3)Edifício onde morreu o "CONDE DE MONSARAZ"; - 4)"CASA DO TESOURO" depois "HOTEL BRAGANÇA" e "C.R.G.E."; - 5)JUNTA DE FREGUESIA DOS MÁRTIRES; - 6)HOSPITAL DA ORDEM TERCEIRA DE S. FRANCISCO; - 7)TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS; - 8)EX-GOVERNO CIVIL DE LISBOA e PSP: - 9)FACULDADE DE BELAS ARTES; - 10)MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA-MUSEU DO CHIADO.
Rua Vítor Cordon - (1949) (Mapa XIII do Postigo do Duque ao Postigo dos Mártires) (O sobreposto a vermelho representa antes de 1755, o riscado a verde representa o actual) (A. Vieira da Silva é o autor do trabalho, publicado no livro II da Cerca Fernandina) in A CERCA FERNANDINA DE LISBOA
Rua Vítor Cordon ( 2012) ( A "RUA VÍTOR CORDON" majestosa, "olhando" o novo edifìcio no cimo, de "SIZA VIEIRA" in GOOGLE EARTH
Rua Vítor Cordon - (1960) Foto de Arnaldo Madureira (A "Direcção de Finanças dos CTT" na "Rua Vítor Cordon") in AFML

(RUA VÍTOR CORDON [ I ]

«A RUA VÍTOR CORDON»

A «RUA VÍTOR CORDON» (antiga "RUA DO FERRAGIAL DE CIMA) pertence a duas freguesias: «MÁRTIRES» e «ENCARNAÇÃO».
À freguesia dos «MÁRTIRES» são atribuídos os números ímpares de 1 a 21 e todos os números pares. Na freguesia da «ENCARNAÇÃO» os restantes números ímpares.
Começa no início da «CALÇADA DE SÃO FRANCISCO» e termina na «RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO» (antiga "RUA DO TESOURO VELHO").
É atravessada pela «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA» (antiga "RUA DA LUTA"). De nascente para poente esta artéria fica ligada pelo seu lado direito ao «LARGO DA ACADEMIA NACIONAL DE BELAS ARTES»(antigo "LARGO DA BIBLIOTECA PÚBLICA") e ainda pela «RUA SERPA PINTO»(antiga "RUA NOVA DOS MÁRTIRES"). No mesmo percurso pelo lado esquerdo apresenta-se a «TRAVESSA DO FERRAGIAL» e um pouco mais à frente, do mesmo lado a «CALÇADA DO FERRAGIAL».
Todo este sítio por aqui, tal como a BAIXA, é completamente diverso no aspecto urbano e na topologia do que era antes de 1755.
Não existe possibilidade de, por palavras, se poder dar uma ideia das alterações sofridas.
A única artéria que tem sensivelmente o traçado antigo é a «RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO», chamada anteriormente de "RUA DO TESOURO VELHO", e que tinha uma comunicação no cimo da «VÍTOR CORDON», através do "Retiro da Severa", com a «RUA DO ALECRIM» (antiga "RUA DO CONDE"), hoje esse espaço foi ocupado por funcionais edifícios, projectados pelo Arquitecto «SIZA VIEIRA».
Em toda a sua extensão a «RUA VÍTOR CORDON» é ladeada por edificações sólidas com mais de cem anos que, com agrado, vamos assistindo à sua recuperação.
A «FREGUESIA DOS MÁRTIRES» segunda freguesia em antiguidade, que chegou a ter sua área de influência Paroquial muito perto de OEIRAS, nos séculos subsequentes veria o seu território a ser incorporado noutras freguesias. No próximo ano, com a nova "REFORMA ADMINISTRATIVA" será integrada com outras 12 freguesias limítrofes, e passará a chamar-se «SANTA MARIA MAIOR», (sem neste momento termos uma confirmação definitiva).
No local onde esta freguesia está a funcionar, esteve instalado de 1884 a 1973 o «GINÁSIO CLUBE PORTUGUÊS».
A área do «CONVENTO DE S. FRANCISCO» (próximo à "RUA VÍTOR CORDON") era de tal forma extensiva, que o povo passou a chamar de «A CIDADE DE S.FRANCISCO». Quatro estabelecimentos governamentais estavam instalados neste enorme casarão, embora possamos não incluir o «GOVERNO CIVIL» e a «PSP». São eles: «BIBLIOTECA NACIONAL», «ESCOLA DE BELAS-ARTES», «MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA» e «ACADEMIA NACIONAL DE BELAS-ARTES». Todos estes nomes ao longo dos anos foram alterando e a «BIBLIOTECA NACIONAL» terá mesmo saído para novas instalações no «CAMPO GRANDE».
Nesta RUA fica também a casa onde faleceu o "1º Conde de Monsaraz" e a residência nos tempos idos dos «CÂMARAS», "CONDES DE VILA FRANCA" e mais tarde "CONDE DA RIBEIRA GRANDE".
Passamos depois pelo «HOSPITAL DA ORDEM TERCEIRA» na «RUA SERPA PINTO» e ainda iremos falar do incidente nesta RUA com o "VISCONDE DA RIBEIRA BRAVA". A «CASA DO TESOURO» será uma referencia como o "guarda-jóias" dos "DUQUES DE BRAGANÇA" antes da subida ao trono como rei «D. JOÃO IV» oitavo "DUQUE DE BRAGANÇA". O «HOTEL BRAGANÇA» ao cimo da «RUA VITOR CORDON», com seus hospedes ilustres e sua privilegiada vista sobre o RIO TEJO. A antecessora da INATEL, a «FNAT», será abordada na sua parte cultural e recreativa, designadamente nos seus serões para trabalhadores, o seu coro misto (onde eu me incluo) e seu Maestro.
O busto no centro do «LARGO DA ACADEMIA NACIONAL DE BELAS ARTES», uma consagração à memória do «VISCONDE DE VALMOR» homem que protegeu as Belas-Artes, é da autoria de «TEIXEIRA LOPES».
Aquando da destruição pelo terramoto de 1755 o terreno da primitiva «IGREJA DE NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES» foi arrasado. Sabe-se que uma parte do seu terreno, está hoje ocupado com o leito da «RUA VÍTOR CORDON», e o restante com o prédio número 2 e 6-A da mesma rua.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA VÍTOR CORDON[ II ]-FREGUESIA DOS MÁRTIRES (1)»

sábado, 24 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XXIII ]

Rua Augusta - (depois de 2001) - Foto de autor não identificado (Edifício do antigo "BANCO NACIONAL ULTRAMARINO" na "RUA AUGUSTA" já na posse da "Câmara Municipal de Lisboa") in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
Rua Augusta - (2009) Foto de Joaquim Matos (Na antiga sede do "BNU" está hoje instalado o "MUDE-Museu do Disign e da Moda") in BNU
Rua Augusta - (depois de 1989) (3ª Sede Social do "BANCO NACIONAL ULTRAMARINO" na "AVENIDA 5 DE OUTUBRO") in RESTOS DE COLECÇÃO

(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XXIII ]

«O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO ( 4 )»

No ano de 1976, o BNU está sob a presidência de «ALBERTO ALVES DE OLIVEIRA PINTO» e com novos elementos directivos que se irão manter até 1979.
No início de 1979 foi investido para o BNU o «DR. JOSÉ DE OLIVEIRA MARQUES» que já estava ligado à instituição, tendo permanecido até ao ano de 1982.
São da responsabilidade do «DR. MÁRIO ADEGAS» os anos que permaneceu no BNU de 1982-1987. O ano de 1983 foi marcado pela crise que afectou a economia portuguesa. O relatório do ano de 1986 é assinado pelos novos gestores do BNU. A «DRª. D.MARIA MANUELA MATOS MORGADO SANTIAGO BAPTISTA» ocupará o cargo de Presidenta do Conselho de Administração, conforme despacho ministral de 13.08.1987. O seu percurso marcaria os anos de 1987 a 1988. Em 1988 o BNU passaria de empresa pública para ser transformada em sociedade anónima. O Decreto-Lei Nº 232/88 de 5 de Junho regulava a estrutura orgânica do BNU, a sua actuação e capital social.
A primeira alteração residia no facto do Conselho de Administração passar a ser constituído por um Presidente e quatro a seis vogais, com mandatos de três anos renováveis.
De 1988 a 1992 a presidência do BNU é assegurada pelo «DR. JOÃO DA COSTA PINTO». No relatório de 1988 anunciava a inauguração para breve do edifício na "AVENIDA 5 DE OUTUBRO", dizendo que o imóvel estava equipado com os mais modernos instrumentos de avançada tecnologia, nomeadamente nos sistemas de gestão de energia e segurança. Tinha uma área bruta de quarenta e cinco mil metros quadrados, contendo 21 pisos, ficando 16 acima do solo. Em 1989 passou a funcionar a Sede do BNU nesse edifício ( 3ª Sede), transitando para este espaço a Administração e diversos serviços existentes na anterior sede da «RUA AUGUSTA». No antigo edifício continuaram a CASA-FORTE e alguns serviços. O edifício da nova Sede do BNU é da autoria do Arquitecto «TOMÁS TAVEIRA», que considerava a sua melhor obra, segundo dizia o autor, quis homenagear a guitarra portuguesa.

OS ÚLTIMOS ANOS DO BNU E A SUA FUSÃO COM A CGD
Os últimos anos de vida do BNU foram presididos, no Conselho de Administração, pelos presidentes: «CARLOS TAVARES DA SILVA(1992-1996)», «JOÃO MAURÍCIO FERNANDES SALGUEIRO (1996-1999)» e «ANTÓNIO JOSÉ FERNANDES DE SOUSA(200)».
É deliberada a fusão do BNU com a CGD em 30.03.2001 é elaborado o projecto de fusão, por incorporação, mediante a transferência global do património da Sociedade «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, SA.», com sede em LISBOA, para a «CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, SA.». A 23 de Julho de 2001, conforme deliberação de 28.03.2001 do Conselho de Administração da «CGD», dá-se a fusão, por incorporação, da Sociedade «BNU,SA.» para a «CGD,SA». Com esta medida o "BNU" deixa oficialmente de existir embora na realidade continuem a perdurar alguns dísticos das dependências, nas contas, nos cheques, nos cartões, etc.
Assim, só em Julho de 2002 a imagem do "BNU" desaparecerá para sempre...
Com 137 anos de idade e uma longa história desapareceu o primeiro banco português internacional, multicultural e multirracial.
Deixou para trás um legado histórico preservando seu fundo documental e seu espólio museológico.
Poucos anos a «CGD» habitou nestas instalações da «RUA AUGUSTA», a «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA» compra à «CGD» o edifício para ali instalar um MUSEU, no propósito de dotar a cidade de Lisboa de um novo equipamento cultural, denominado «MUDE-MUSEU DO DISIGN E DA MODA», na «RUA AUGUSTA» no número 24. [FINAL].

BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa- Vol. XII - VEGA-2ª Ed. 1993 - LISBOA
ARAÚJO, Norberto de -Legendas de Lisboa -VEGA- 2ª Ed. 1994 - LISBOA
ARQUIVO HISTÓRICO DO BANCO ESPÍRITO SANTO -(CARLOS ALBERTO DAMAS)
DIAS, Marina Tavares - A Lisboa de Fernando Pessoa- Ed. IBIS Editores - 1991 - LISBOA
FRANÇA, José-Augusto - A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX- Vol. I 2º Ed. Livraria Bertrand - 1980 - LISBOA
FRANÇA, José-Augusto - LISBOA POMBALINA E O ILUMINISMO - Liv. Bertrand-1987-LX
FRANÇA, José Augusto - LISBOA:Urbanismo e Arquitectura-Liv. Horizonte-3ªEd.,1997-LX
JANEIRO, Maria João - LISBOA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS -Liv. Horizonte-2006-LISBOA
LISBOA-REVISTA MUNICIPAL - Nº8/9/10 edição da CML - 1984.
PROVAS ORIGINAIS 1858-1910-Arquivo Municipal Pelouro Cultural-CML-1993-LISBOA
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo - Dicionário da História de Lisboa-Carlos Quintas & Associados-Consultores,Lda. -1994 - Sacavém.
SANTOS, Maria Helena Ribeiro dos - A BAIXA POMBALINA PASSADO E FUTURO-Livros Horizonte - 2000 - LISBOA
SILVA, Augusto Vieira da - AS MURALHAS DA RIBEIRA DE LISBOA - 3ª Ed. Vol. I Publicações Culturais da CML - 1987 - LISBOA
SILVA, Augusto Vieira da - DISPERSOS - Biblioteca de Estudos Olisiponenses-Volume I - Publicações Culturais da CML - 1968 - LISBOA
SILVA, José de Sé e - ARCOS DE LISBOA - Edições INAPA - 1997 - LISBOA

INTERNET

(PRÓXIMO) - «RUA VÍTOR CORDON [ I ] - A RUA VÍTOR CORDON»

quarta-feira, 21 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XXII ]

Rua Augusta - (2008) - Foto de Dias dos Reis (Edifício do antigo "BANCO NACIONAL ULTRAMARINO" que pertenceu à CGD, adquirido depois pela CML, é uma obra do arquitecto Cristiano da Silva) in DIAS DOS REIS
Rua Augusta - (depois de 2008) Foto de autor não identificado (O edifício Sede do "Banco Nacional Ultramarino" à direita, depois de ter passado pela fusão com a CGD, é comprado pela CML para ali instalar um Museu) in EX CORDE
Rua Augusta - (2008) - Foto de Dias dos Reis ("Banco Nacional Ultramarino", alto-relevo junto da entrada da sede na "RUA AUGUSTA", da autoria de "Leopoldo de Almeida") in DIAS DOS REIS
Rua Augusta - (1969) -Foto de António Duarte (Alto relevo na fachada da sede do "BNU" na "RUA AUGUSTA") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XXII ]

«O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO ( 3 )»

O escultor «LEOPOLDO DE ALMEIDA» foi quem esculpiu os dois "altos-relevos" da frontaria principal, um com a insígnia do BANCO e outro com os escudos das possessões Ultramarinas a envolver o escudo nacional. Os pintores «JAIME MARTINS BARATA» e «GUILHERME CAMARINHA» realizaram dois paineis policromados para a decoração do interior. Um a evocar o "Fomento Ultramarino e a Metrópole" o outro elaborado com mosaicos de "MURANO" a evocar a "Epopeia dos Descobrimentos Marítimos". Os escultores «TAVELA DE SOUSA» e «ANTÓNIO CRISTIANO DA SILVA» executaram um painel decorativo sobre as principais actividades do fomento ultramarino, obra pintada a sépia sobre folha de ouro. «DACIANO DA COSTA» assina o projecto de arquitectura do interior e mobiliário, para a sala de jantar da Administração, bem como assentos para zonas públicas.
No dia do Centenário do "BNU" foi ainda inaugurado no átrio principal do edifício, o busto do seu fundador «FRANCISCO CHAMIÇO».
O edifício sofreu sucessivas campanhas de obras, na sua maioria de remodelação e ampliação dos espaços interiores, destacando-se as realizadas entre 1951 e 1967 da autoria do Arquitecto «CRISTIANO DA SILVA». É com as últimas obras de 1964 que o quarteirão é unificado num único edifício, distribuído por oito pisos, sendo um deles em cave, possuindo no total, uma área bruta de construção de 13 345 metros quadrados.
O governo do «DR. JOÃO AUGUSTO DIAS ROSAS» pessoa a quem todos reconheciam elevada competência em matérias económicas e financeiras e, pelo seu perfil, foi escolhido para substituir o governador anterior, que governou de 1973 a 1974.
Após a ocorrência do 25 de Abril de 1974, de imediato o Conselho Geral do Banco reuniu e decidiu "dever prestar, enquanto for considerado necessária, a sua colaboração à "JUNTA DE SALVAÇÃO NACIONAL" e ao seu programa, por representarem um caminho esclarecido da vida da sociedade portuguesa, dentro de um ESTADO DE DIREITO, com liberdade, com justiça e paz". Esta era a nota apensa ao Relatório e Contas de 1973, publicado em 1974.
O movimento de 25 de Abril levou à sessão de funções do Governador «DR. JOÃO AUGUSTO DIAS ROSAS» assim como de vários Vice-Governadores e dos Administradores. O professor Doutor «NUNO JOSÉ ESPINHOSA GOMES DA SILVA» foi investido no cargo de Governador do "BNU" entrando novos Administradores para os corpos directivos do Banco. O Decreto-Lei nº 203/74, declarava o «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO» como nacionalizado a partir de 15 de Setembro ( 1 ). Apesar da nacionalização, o "BNU" continuava a exercer todas as funções conforme obrigação dos seus contratos e estatutos.

( 1 ) - DIÁRIO DO GOVERNO, 1ª Série, número 214, de 13.09.1974, pág. 1077-1079.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)-«RUA AUGUSTA [ XXIII]-O "BNU"(4)»

sábado, 17 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XXI ]

Rua Augusta - (Depois de 2001) Foto de autor não identificado (Edifício do antigo "BANCO NACIONAL ULTRAMARINO" na "RUA AUGUSTA") in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Augusta - Foto de Dias dos Reis (Alto-relevo na entrada do "BNU" representando a sua expansão. À volta os escudos de armas das províncias Ultramarinas portuguesas onde o "BNU" estava representado como emissor de moeda, excepção feita em Angola. Obra escultórica da autoria de "LEOPOLDO DE ALMEIDA") in DIAS DOS REIS
Rua Augusta - (1969) Foto de António Duarte ("BANCO NACIONAL ULTRAMARINO", alto relevo na sua fachada). Os escudos das províncias representam todos o ESCUDO português do lado esquerdo, a ondulação marítima na parte debaixo, as armas da província no lado direito. Identificação dos escudos: da esquerda para a direita a começar no topo - TIMOR; S.TOMÉ; ÍNDIA; MOÇAMBIQUE; GUINÉ; CABO VERDE e MACAU in AFML
Rua Augusta - (Anos 50 do século XX) (Cheque utilizado pelo BANCO NACIONAL ULTRAMARINO" nos anos cinquenta do século passado) in RESTOS DE COLECÇÃO
--//--
(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XXI]

«O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO ( 2 )»

O ano de 1876 foi marcado por importantes acontecimentos na vida do «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO».
Verificou-se a faculdade de emissão de notas que passaria a ser ampliada, podendo mesmo o BANCO emitir notas de 1$000, 2$000 e 2$500 réis, ou de valor correspondente em moeda da província ultramarina onde a emissão se fizesse.
O ano de 1893 foi marcado pelo afastamento do «CONDE DE OTTOLINI», fruto de uma prolongada doença.
«EDUARDO PINTO DA SILVA CUNHA» foi o 3º Governador do "BNU", cargo que desempenhou entre 1894 e 1909.
«ANTÓNIO TEIXEIRA DE SOUSA» Médico, trasmontano, escritor, deputado, par do reino, ministro de estado e líder do Partido Regenerador, foi o quarto Governador e presidiu ao último governo da monarquia constitucional de Portugal sendo deposto pela Revolução de 5 de Outubro de 1910. Esteve à frente do "BNU" como governador de 1909 a 1910.
No ano de 1911 em 15 de Fevereiro, o "BNU" elegeu o então Vice-Governador, «LUÍS DIOGO DA SILVA», que governou de 1910 a 1917. O seu governo no "BNU" coincide com a mudança política ocorrida em Portugal com a implantação da República.
Em 1918 «JOÃO ULRICH» foi escolhido para Governador do "BNU" em Assembleia Geral reunida em 15.02.1918. Profundo conhecedor deste Banco, onde há cerca de 20 anos vinha a exercer cargos directivos, governou de 1918 a 1931.
«ANTÓNIO DOS SANTOS VIEGAS» Presidente do Conselho Administrativo de (1931 a 1950).
Na vigência de «FRANCISCO VIEIRA MACHADO», o Conselho Administrativo, criado em 10.02.1931, foi substituído por um "CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO" e nomeado o "Dr. Francisco José Vieira Machado" como governador do "BNU", que governou de 1951 a 1972. O ano de 1951 é marcado pelo incêndio na sede do BANCO sem graves consequências. Nesse mesmo ano a administração adquire um imóvel na «RUA DOS CORREEIROS», numero 79 a 85, para onde foram transferidos alguns serviços. Mas a expansão exigia uma readaptação dos espaços, por esta razão comprou-se à "CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, CRÉDITO E PREVIDÊNCIA" alguns imóveis situados na «RUA AUGUSTA» números 30 a 38 e na «RUA DE SÃO JULIÃO» números 105 a 115. Deste modo se constituía a sede do "BNU", conhecida pela Sede da «RUA AUGUSTA».
Em 16 de Abril de 1964 comemorou-se o primeiro centenário da fundação do «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO». Várias festividades deram uma larga consagração pública ao evento. As comemorações estenderam-se ao país e às províncias Ultramarinas onde o BANCO dispunha de filiais e agências. Nesse mesmo ano procedeu-se à bênção da nova sede do BANCO. As novas instalações, no vasto quarteirão circundado pelas ruas: «RUA AUGUSTA», «RUA DA PRATA», «RUA DO COMÉRCIO» e «RUA DE SÃO JULIÃO», mostravam o empenhamento do Conselho de Administração em edificar uma sede de notável beleza arquitectónica com os maiores artistas portugueses.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA AUGUSTA [ XXII ] - BNU ( 3 )»

quarta-feira, 14 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XX ]

Rua Augusta - (Anos 80 do século XX) (Fotografia de autor não identificado) (O imponente edifício do "BANCO NACIONAL ULTRAMARINO" antes de Julho de 1984) in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Augusta - (2010) -Fotografia de autor não identificado (Primeira Sede Social do BNU no "LARGO DAS DUAS IGREJAS", hoje "LARGO DO CHIADO") in BNU
Rua Augusta - (1959-06) - Foto de Fernando Manuel de Jesus Martins (BNU, na "RUA DO COMÉRCIO" ao fundo a SÉ) in AFML
Rua Augusta - (1913?) - Foto de Joshua Benoliel (BNU na "RUA DO COMÉRCIO" antiga "RUA NOVA D'EL-REI") in AFML
Rua Augusta - Foto de António Duarte - (Busto do Barão "Francisco de Oliveira Chamiço", fundador do BNU e primeiro Governador-(1820-1888) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XX ]

«O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO ( 1 )»

Um grupo de capitalista do qual fazia parte «FRANCISCO OLIVEIRA CHAMIÇO» seu primeiro Governador, fundava em 16 de Maio de 1864 o «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO».
Era na vigência do último Governo do «MARQUÊS DE LOULÉ» que este Banco foi fundado, sendo detentor da pasta da fazenda «JOAQUIM TOMÁS LOBO DE ÁVILA» (discípulo de "FONTES PEREIRA DE MELO") e Ministro da "MARINHA E ULTRAMAR" «JOAQUIM DA SILVA MENDES LEAL» cuja concepção integralista do espaço Colonial português foi decisiva para a fundação do "BNU".
A carta de Lei de 16.05.1864 é assinada pelo rei «D. LUÍS» e subscrita pelo (Ministro da Marinha e Ultramar) e (Ministério das Obras Públicas), que autorizava a criação do «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO» por tempo indeterminado com sede e direcção em LISBOA. Este banco era destinado a investimentos no ULTRAMAR, propondo-se também, favorecer as operações de crédito nas possessões portuguesas de além-mar, bem assim como na Metrópole e Ilhas Adjacentes.
Outro propósito era a tentativa de se criar uma unidade monetária nos territórios da Monarquia e a possibilidade de se atingir uma uniformidade.
Assim em 1864 surgiu o Banco com o privilégio de emissão para os territórios Ultramarinos portugueses. Relembramos que este não foi o primeiro banco emissor para os territórios portugueses. Outros bancos antes deste tiveram esse mesmo privilégio.
«FRANCISCO DE OLIVEIRA CHAMIÇO» tinha necessidade de arranjar uma sede condigna para o seu estabelecimento bancário. Assim, a primeira sede do Banco teve lugar num prédio no «LARGO DAS DUAS IGREJAS» (hoje "LARGO DO CHIADO") no número 10, ocupando todo o edifício. O arrendamento assinado a 20.06.1864, tinha a duração de 9 anos. Sabe-se que «FRANCISCO CHAMIÇO» considerava a sede provisória, sempre na expectativa de se poder transferir para a «BAIXA», como mais tarde veio a acontecer.
«FRANCISCO DE OLIVEIRA CHAMIÇO» nasceu em 1820 no seio de uma família do PORTO que contava na sua linhagem sangue "inglês e germânico". O seu pai, era proprietário de uma abastada firma de comércio e mantinha estreitas relações com o REINO UNIDO. Em 1830 (Francisco de Oliveira Chamiço) foi estudar para Londres, para desenvolver conhecimentos no ramo mercantil. Regressa ao PORTO em 1840, onde se integra numa firma familiar. Depois de se ter destacado em várias firmas, foi governador do BNU entre 1864 e 1888, sendo a sua actividade à frente do Banco desenvolvida num clima de grande confiança.
Sempre com a vontade de se transferir para a «BAIXA POMBALINA» «FRANCISCO CHAMIÇO» põe termo ao contrato de arrendamento com «JOSÉ FERREIRA PINTO BASTOS» o proprietário do prédio do «LARGO DO CHIADO» número 10, e adquiria um prédio na esquina da «RUA NOVA D'EL-REI» (hoje "RUA DO COMÉRCIO") com a «RUA BELA DA RAINHA» (hoje "RUA DA PRATA") do número 66 a 74 na primeira fase e de 23 a 31 da segunda etapa. A compra do edifício, mediante o encargo de 30:000$000 réis, foi escriturada em 23 de Novembro de 1866.
A nova sede permitiu ao BNU conhecer um novo e decisivo impulso. Assim, a política praticada por «FRANCISCO CHAMIÇO» foi cumprir os privilégios dados ao BNU na "Carta de Lei de 1864".
O ano de 1868 é marcado por uma difícil situação económica a nível nacional.
Em Setembro de 1871 foi chamado «FONTES PEREIRA DE MELO», chefe do Partido Regenerador, para chefiar o poder executivo. Graças a um empréstimo contraído em Londres, tornou-se possível restituir a confiança à moeda nacional e equilibrar o Tesouro. A cobrança de impostos começa a fazer-se de forma mais pontual, garantindo a liquidez para satisfazer os encargos públicos.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «RUA AUGUSTA [ XXI ] - O BNU (2)»


sábado, 10 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XIX ]

Rua Augusta - (2011) (As antigas instalações do "BANCO ESPÍRITO SANTO" na "RUA AUGUSTA", hoje muito bem conservadas) in GOOGLE EARTH
Rua Augusta - (04.08.2011) -Foto de autor não identificado (O actual Vice-Presidente do Conselho de Administração do "BANCO ESPÍRITO SANTO", o economista "DR. RICARDO ESPÍRITO SANTO SILVA SALGADO") in DINHEIRO VIVO
Rua Augusta - (2011) - (A Sede Social do "BANCO ESPÍRITO SANTO" na "AVENIDA DA LIBERDADE" número 195, esquina com a "RUA BARATA SALGUEIRO" in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XIX ]

«O BANCO ESPÍRITO SANTO ( 4 )»

No espaço físico que a empresa ocupava em 1915, na «RUA DO COMÉRCIO» esquina para a «RUA AUGUSTA», sabe-se que trabalhavam 25 empregados. As lojas e os quatro andares eram propriedade de «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA».

Foram humildes as origens de «JMESS» nada acrescentando à sua condição social de poder ser o "filho natural" de um conde. Fixar as suas origens e antecedentes familiares constitui um exercício em desenvolvimento.
Sabemos que «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» nasceu em Lisboa aos 13 do mês de Maio de 1850, na «TRAVESSA DOS FIÉIS DE DEUS» no número 72, uma típica ruela do "velho" «BAIRRO ALTO». Como ponto de partida para este estudo da sua vida, temos a indicação, retirada do assento de baptismo ( 1 ), de ser filho de pais incógnitos. No baptizado como «JOSÉ», vamos encontrar o seu nome completo no assento de casamento ( 2 ). «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA», de profissão cambista.
Quanto à forma do nome, estamos no domínio das conjecturas. «MARIA», por ter sido "NOSSA SENHORA" a madrinha segundo indicação do registo de baptismo. «ESPÍRITO SANTO» - a terceira pessoa da Santíssima Trindade - segundo a tradição familiar, terá sido acrescentado no crisma a pedido do próprio. E o apelido «SILVA» permanece uma incógnita.
Em 24 de Dezembro de 1915, com 65 anos de idade, falecia «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» o homem que de cambista chegou a banqueiro.

«JOSÉ RIBEIRO ESPÍRITO SANTO E SILVA» depois de ter passado alguns anos fora de Portugal, regressaria em 1915.
Em 23 de Dezembro de 1916 os herdeiros de «JMESS» fundaram a «CASA BANCÁRIA ESPÍRITO SANTO SILVA & Cª.», gerida pelo filho «JOSÉ RIBEIRO ESPÍRITO SANTO E SILVA» que a 9 de Abril de 1920, transformam a «CASA BANCÁRIA» em «BANCO», com a designação de «BANCO ESPÍRITO SANTO». Em 1937 este Banco funde-se com o «BANCO COMERCIAL DE LISBOA» passando a designar-se «BANCO ESPÍRITO SANTO E COMERCIAL DE LISBOA».
No ano de 1955 «MANUEL RIBEIRO ESPÍRITO SANTO E SILVA», por falecimento de seu irmão «RICARDO», assume o lugar de Presidente do Conselho de Administração.
Até ao ano de 1970 o «BESCL» reforçou as suas participações na área internacional com aquisições, parcerias e criação de bancos. Em Março de 1973 «MANUEL RICARDO ESPÍRITO SANTO E SILVA», por falecimento de seu pai «MANUEL RIBEIRO ESPÍRITO SANTO E SILVA», ascende ao cargo de Presidente do Conselho de Administração do Banco.
A 14 de Março de 1975 são nacionalizadas todas as instituições bancárias em Portugal.
A família «ESPÍRITO SANTO» tinha sido proibida de desenvolver as suas actividades em Portugal e tratou de refazer os seus interesses no exterior.
Em 1986 é retomada as actividades bancárias de iniciativa privada.
Desde Setembro de 1991 o bisneto do fundador o «DR. RICARDO ESPÍRITO SANTO SILVA SALGADO», economista e banqueiro, vem orientando os destinos do «BES» sendo actualmente o seu Vice-Presidente do Conselho de Administração e Presidente da Comissão Executiva.
O «BES» além de manter as suas iniciais instalações na «RUA AUGUSTA» esquina para a «RUA DO COMÉRCIO», tem actualmente uma magnifica sede social na «AVENIDA DA LIBERDADE»no número 195, esquina com a «RUA BARATA SALGUEIRO».
Durante vários anos o «BES» tem-se consolidado e chegou ao ano de 2011 como o maior Banco português, com capitalização bolsista de 3,2 mil milhões de Euros em 31 de Maio de 2011, estando presente em 23 países e 4 Continentes.
( 1 ) - IAN/TT, Registos paroquiais, Baptismos, freguesia da Encarnação lv. 24, cx. 10, fl. 302
( 2 ) - IAN/TT, Registos paroquiais, Baptismos, freguesia da Encarnação lv. 23, cx. 19, fl. 142

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA AUGUSTA [ XX ] - O BANCO NACIONAL ULTRAMARINO (1)».


quarta-feira, 7 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XVIII ]

Rua Augusta - (2010) - Autor da fotografia não identificado ( A nova Sede do "BANCO ESPÍRITO SANTO" na "AVENIDA DA LIBERDADE" número 195 esquina com a "Barata Salgueiro") in PORTUGAL DAILY VIEW
Rua Augusta - (2011) - (As instalações do "BES" na «RUA DO COMÉRCIO», ocupando todo o quarteirão que inicia na «RUA AUGUSTA» e finaliza na «RUA DO OURO») in GOOGLE EARTH
Rua Augusta - (início do século XXI) Fotógrafo não identificado - ("Ricardo Espírito Santo Silva Salgado" bisneto de "José Maria do Espírito Santos e Silva", hoje Presidente da Comissão Executiva e Vice-Presidente do Conselho de Administração do "BES") in EXPRESSO

(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XVIII ]

«O BANCO ESPÍRITO SANTO ( 3 )»

A constituição da Sociedade bancária de 1884 marcou o fim da primeira fase, correspondendo a mais de uma década de trabalho individual, marcada por um quotidiano habitado pelas incertezas de negócios voláteis, que exigiram espírito de decisão e, sobretudo, muito sacrifício pessoal.
Em 17 de Julho de 1891 faleceu a sua primeira mulher, de quem tinha duas filhas «MARIA JUSTINA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» nascida em 1871 e «LUÍSA CÂNDIDA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» nascida em 1882, que viria a falecer em Março de 1888. No ano de 1897 o pai e filha dividiram o património, tendo-se procedido a um inventário de bens, avaliado em 490 contos de réis, correspondendo a 60% desse valor a prédios rústicos e urbanos.
Duas semanas após a escritura da partilha «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» retoma a actividade bancária (que não mais a abandona), constituindo para o efeito a firma «SILVA, BEIRÃO, PINTO & Cª.»(1898-1911), onde investe 40 dos 200 contos que lhe ficaram da herança.
A nova sociedade é constituída a 29.12.1898 para a qual são convidados os três sócios que tinham participado na anterior firma. Com o capital social de 100:000$000, distribuído por; 40 contos (E.S.SILVA), 30 contos (CASQUILHO), 15 do sócio (BEIRÃO) e 15 do sócio (PINTO).
Em 1902 o sócio «CASQUILHO» saiu da empresa, recebeu o valor da quota em capital e lucros. No ano de 1906 o capital social foi aumentado para 200 contos de réis. «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» ficou com 100 contos e os sócios (BEIRÃO) e (PINTO) com 50 cada um. Em 1909, por morte de (JOSÉ NORBERTO DA SILVA PINTO), «ESPÍRITO SANTO E SILVA» adquire a sua quota. Em 1911 liquida 61 contos aos herdeiros do seu último sócio (ANTÓNIO PEREIRA DOS SANTOS BEIRÃO). Em consequência, torna-se o único sócio da Empresa.
Com o total controlo da «CASA BANCÁRIA», «JOSÉ MARIA» extingue-a para formar uma outra, em cuja denominação surge pela primeira vez o seu nome completo: «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA»(1911), com o capital de 200.000$00 (Duzentos mil escudos), valor idêntico, note-se, ao do capital que o «BANCO BORGES & IRMÃO» tinham nesse ano de 1911.
Em 1915 apesar de consciente e conhecedor das dificuldades conjunturais criadas pela I Guerra Mundial, decide transformar novamente a sua sociedade bancária, formando uma outra em nome colectivo «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA & Cª.» de responsabilidade ilimitada. Apesar da doença grave de que padecia, o banqueiro não estaria preocupado com a sua sucessão.
No ano de 1915 já «JMESS» tinha assegurado descendência masculina, Com efeito, depois da morte da primeira mulher, ocorrido no anos de 1891, «RITA DE JESUS RIBEIRO», filha de lavradores de VIDAGO, - sua segunda mulher pelo casamento celebrado no ano de 1907 em VILA NOVA DE GAIA - deu-lhe quatro filhos três dos quais varões, nascidos entre 1893 e 1908, «MARIA», «JOSÉ», «RICARDO» e «MANUEL».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA AUGUSTA [ XIX ] - O BANCO ESPÍRITO SANTO(4)»

sábado, 3 de março de 2012

RUA AUGUSTA [ XVII ]

Rua Augusta - (2011) - (Instalações do "BES" na "RUA AUGUSTA" esquina com a "RUA DO COMÉRCIO", primitiva "Casa Bancária" da segunda década do século XX) in GOOGLE EARTH
Rua Augusta - (2011) - (Vista Panorâmica da Sede Social do "BES" na "AVENIDA DA LIBERDADE, 195) in GOOGLE EARTH
Rua Augusta - (200_?) - (Logótipo do "BANCO ESPÍRITO SANTO" e "slogan" "Quem sabe, sabe e o "BES" sabe!" in WIKIPÉDIA

(CONTINUAÇÃO) - RUA AUGUSTA [ XVII ]

«O BANCO ESPÍRITO SANTO ( 2 )»

A ascensão de «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» foi rápida. Talvez porque a natural aptidão para os negócios, a par da seriedade e rigor que punha em todos os seus actos, lhe tenha granjeado o respeito e a confiança dos que com ele se envolviam, condições que favoreceram o alargamento da sua rede de clientes.
É de salientar que, por diversas vezes se recusou a participar em negócios sugeridos que lhe pareciam menos correctos. Na recusa de uma dessas propostas diz expressamente que: "não queria (...) servir de instrumento de ninguém para o mal (...)".
O negócio florescia, a posição era sólida, bem gerida e rentável, tinha crédito e nome. Estavam criadas as condições para que «ESPÍRITO SANTO» desse mais um importante passo.

Em 23 de Fevereiro de 1884 constitui uma sociedade em comandita ( 1 ) sob a firma «BEIRÃO, SILVA PINTO & Cª., Lda.», com o capital social de 150:000$000. O objectivo da sociedade era o da «compra e venda por conta própria ou alheia de papéis de crédito, fundos públicos nacionais e estrangeiros, operações bancárias e em geral todas as transacções comerciais próprias da natureza deste estabelecimento» ( 2 ).
Tendo até à altura trabalhado apenas como empresário individual, surge, pela primeira vez, associado a outras pessoas numa empresa financeira.
A loja abriu no mesmo local, ou seja na «RUA AUGUSTA», número 11 e 15 e «RUA NOVA D'EL-REI», número 95, em 15 de Março. «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» detém, no capital da firma, 100 contos de réis e «JOÃO DE OLIVEIRA CASQUILHO», o outro parceiro do negócio, 50 contos de réis. Estes eram os sócios capitalistas. Como sócios que não realizaram qualquer entrada de capital, participam «ANTÓNIO PEREIRA DOS SANTOS BEIRÃO» e «JOSÉ NORBERTO DA SILVA PINTO». Este era seu antigo empregado da loja na «CALÇADA DO COMBRO», para além de secretário particular de «ESPÍRITO SANTO E SILVA».
A loja de que «JOSÉ MARIA DO ESPÍRITO SANTO E SILVA» era proprietário na «RUA AUGUSTA» esquina para a «RUA DOS CAPELISTAS» foi por ele cedida à sociedade, recebendo por conta dessa cedência o direito a 15% dos lucros. Dois terços dos lucros remanescentes seriam divididos em três partes iguais, cabendo duas delas a «JMESS» e a outra ao sócio «JOÃO CASQUILHO».
Assim, o sócio principal da firma «BEIRÃO, SILVA PINTO & Cª. Lda.», terá ficado disponível para se dedicar a outros empreendimentos.
Em Março de 1889 «José Maria do Espírito Santo» entendeu, sair da sociedade que havia constituído cinco anos antes, a qual, por essa razão, foi dissolvida.

- ( 1 ) - (do Francês Commandite) - Forma de sociedade comercial, em que há um ou mais associados, de responsabilidade solidária, e um ou mais sócios capitalistas, de responsabilidade que não excede o capital subscrito.
- ( 2 ) - Registos notariais de 23 de Fevereiro de 1884.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA AUGUSTA [ XVIII ] -O BANCO ESPÍRITO SANTO (3)»