Praça do Chile - (1949) - (Era uma tradição preferida dos lisboetas, ir comer pataniscas ou pasteis de bacalhau, acompanhados de arroz de tomate e salada de alface, levando seus familiares e amigos aos Domingos, para as "Hortas" nos arredores de Lisboa) in ARQUIVO/APS
Praça do Chile - (1950) - (Famílias numerosas alfacinhas com amigos, comendo e divertindo-se nas "Hortas" arredores de Lisboa, num Domingo de muito Sol) in ARQUIVO/APS
Praça do Chile - (início do século XX) Foto de Paulo Guedes - (Retiro da "Perna de Pau" junto ao apeadeiro do areeiro, na antiga "Estrada de Sacavém") in AFML
Praça do Chile - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (O "Retiro do Manuel dos Passarinhos" na "Calçada do Poço dos Mouros" no caminho para o cemitério do "Alto de S. João", com a célebre frase escrita na lateral do estabelecimento "Não se esqueça de voltar"...) in AFML
Praça do Chile - (1941) - Foto de Judah Benoliel (O antigo retiro do "QUEBRA BILHAS", NO "Campo Grande") in AFML
Praça do Chile - (2006) Foto de Carlos Fontes (O "Retiro do Quebra Bilhas" já de portas fechadas, uma referencia no "Campo Grande" em finais do século XIX) in JORNAL DA PRACETA
(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DO CHILE [ VI ]
«ARRABALDES DE LISBOA, RETIROS E HORTAS ( 1 )»
Achamos que começa por ser difícil definir o que se deve chamar de "arrabalde de Lisboa". Podemos talvez considerar, por via de regra, o campo onde surgem, aqui e ali, algumas casas com seus quintais, ou aldeolas pitorescas, pequeno aglomerado que o citadino visitava de vez em quando.
Assim era no século XIX e ainda no primeiro quartel do século XX. Foram considerados naquele tempo "arrabaldes de Lisboa" os sítios de «BELÉM», «ALCÂNTARA», «ARROIOS»(o sítio hoje tratado), «CAMPO PEQUENO», «CAMPO GRANDE», «XABREGAS», «POÇO DO BISPO» e «CAMPOLIDE».
A iniciar no sítio de «ARROIOS» pela antiga "Estrada de Sacavém", passando pelo "Campo Grande", Carriche, e Benfica, muitos retiros e hortas no século XIX até bem perto dos anos 30 do século XX, abriram suas portas, que para o efeito, entrava gente de todas as categorias: o pequeno modesto, a pé e de merenda aviada, e os abastados de tipóia, caleche ( 1 ), carteira bem recheada, que não havia dinheiro que pagasse uma boa patuscada nos retiros arrabaldinos. Extensa seria a lista que os englobasse a todos, e por, isso referiremos apenas aqueles que, por sua nomeada e fama, chegaram até nós: «A PERNA DE PAU», «JOSÉ DOS PACATOS», rivais do «TEOTÓNIO» da "Calçada do Carriche", «O QUEBRA BILHAS» do Campo Grande, «MANUEL DOS PASSARINHOS» na "Calçada Poço dos Mouros" (este imortalizado pelo convite que dirigia aos que acompanhavam amigos ou parentes à última morada e que por ali passavam - "NÃO SE ESQUEÇAM NA VOLTA", queria dizer, não se esqueçam do nosso estabelecimento para afogar as mágoas).
E em todos, a topografia e a utensilagem eram quase comuns; uma nora de água fresca e clara que, levada pelos alcatruzes ( 2 ), cantava sussurrante nas regadeiras, caramanchões de trepadeiras com fartas ramadas de videiras a proteger toscas e improvisadas mesas onde os canjirões e as canecas disputavam lugar e primazia aos pasteis de bacalhau, aos ovos cozidos e às azeitonas novas ou curtidas para fazer boca aos copos de vinho que, assim, melhor estalava na língua.
Também sempre e indispensável, havia uma pista ou corredoura para o JOGO DA MALHA, mais vulgarmente conhecido pelo chinquilho, e um terreiro ou tabuado onde novos e velhos de espírito moço rodopiavam polcas, mazurcas ou valsas, às vezes ao som de rabecas de cegos pedintes que, por interesse, se juntavam à alegria dos foliões.
E havia cantigas por devoção ou ao gosto de cada um, e consoante o que sabia ou lhe pediam, muitas vezes como repetição de já conhecida e louvada exibição familiar.
E apareceu o fado, não o de hoje, negociado, tornado modo de vida, mas aquele executado por amadores e improvisado .
A par de tudo, chiavam as frigideiras e os tachos atulhados de peixe frito, prato favorito e jamais suplantado do bom alfacinha.
- ( 1 ) -CALECHE - Carruagem de quatro rodas e dois assentos, aberta à frente
- ( 2 ) -ALCATRUZ - Cada um dos vasos com que se tira a água da nora
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«PRAÇA DO CHILE [ VII ]- ARRABALDES DE LISBOA, RETIROS E HORTAS ( 2 )»
(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DO CHILE [ VI ]
«ARRABALDES DE LISBOA, RETIROS E HORTAS ( 1 )»
Achamos que começa por ser difícil definir o que se deve chamar de "arrabalde de Lisboa". Podemos talvez considerar, por via de regra, o campo onde surgem, aqui e ali, algumas casas com seus quintais, ou aldeolas pitorescas, pequeno aglomerado que o citadino visitava de vez em quando.
Assim era no século XIX e ainda no primeiro quartel do século XX. Foram considerados naquele tempo "arrabaldes de Lisboa" os sítios de «BELÉM», «ALCÂNTARA», «ARROIOS»(o sítio hoje tratado), «CAMPO PEQUENO», «CAMPO GRANDE», «XABREGAS», «POÇO DO BISPO» e «CAMPOLIDE».
A iniciar no sítio de «ARROIOS» pela antiga "Estrada de Sacavém", passando pelo "Campo Grande", Carriche, e Benfica, muitos retiros e hortas no século XIX até bem perto dos anos 30 do século XX, abriram suas portas, que para o efeito, entrava gente de todas as categorias: o pequeno modesto, a pé e de merenda aviada, e os abastados de tipóia, caleche ( 1 ), carteira bem recheada, que não havia dinheiro que pagasse uma boa patuscada nos retiros arrabaldinos. Extensa seria a lista que os englobasse a todos, e por, isso referiremos apenas aqueles que, por sua nomeada e fama, chegaram até nós: «A PERNA DE PAU», «JOSÉ DOS PACATOS», rivais do «TEOTÓNIO» da "Calçada do Carriche", «O QUEBRA BILHAS» do Campo Grande, «MANUEL DOS PASSARINHOS» na "Calçada Poço dos Mouros" (este imortalizado pelo convite que dirigia aos que acompanhavam amigos ou parentes à última morada e que por ali passavam - "NÃO SE ESQUEÇAM NA VOLTA", queria dizer, não se esqueçam do nosso estabelecimento para afogar as mágoas).
E em todos, a topografia e a utensilagem eram quase comuns; uma nora de água fresca e clara que, levada pelos alcatruzes ( 2 ), cantava sussurrante nas regadeiras, caramanchões de trepadeiras com fartas ramadas de videiras a proteger toscas e improvisadas mesas onde os canjirões e as canecas disputavam lugar e primazia aos pasteis de bacalhau, aos ovos cozidos e às azeitonas novas ou curtidas para fazer boca aos copos de vinho que, assim, melhor estalava na língua.
Também sempre e indispensável, havia uma pista ou corredoura para o JOGO DA MALHA, mais vulgarmente conhecido pelo chinquilho, e um terreiro ou tabuado onde novos e velhos de espírito moço rodopiavam polcas, mazurcas ou valsas, às vezes ao som de rabecas de cegos pedintes que, por interesse, se juntavam à alegria dos foliões.
E havia cantigas por devoção ou ao gosto de cada um, e consoante o que sabia ou lhe pediam, muitas vezes como repetição de já conhecida e louvada exibição familiar.
E apareceu o fado, não o de hoje, negociado, tornado modo de vida, mas aquele executado por amadores e improvisado .
A par de tudo, chiavam as frigideiras e os tachos atulhados de peixe frito, prato favorito e jamais suplantado do bom alfacinha.
- ( 1 ) -CALECHE - Carruagem de quatro rodas e dois assentos, aberta à frente
- ( 2 ) -ALCATRUZ - Cada um dos vasos com que se tira a água da nora
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«PRAÇA DO CHILE [ VII ]- ARRABALDES DE LISBOA, RETIROS E HORTAS ( 2 )»
Na volta nao se esquece..mais exacto.. Parabens bom trabalho
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