quarta-feira, 4 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]

 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (Uma perspectiva do "Hotel Vila Galé Ópera" na "Travessa do Conde da Ponte" que liga à "Rua da Junqueira") in ARQUIVO/APS  
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (O "Hotel Vila Galé Ópera" na Travessa do Conde da Ponte"  in ARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira (século XVII) (Gravura a buril formato 58x63) (Ex-Libris do "MARQUÊS DE SANDE" "D. Francisco de Melo e Torres", 1º Conde da Ponte e 1º Marquês de Sande) in A ARTE DO EX-LIBRIS 
 Rua da Junqueira - (Depois de 1966) Foto de autor não identificado ("Palacete dos Condes da Ponte" seguindo-se o "Palácio Burnay" e ao longe podemos ver a ponte sobre o Tejo) in DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA 
Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Fachada engalanada do "Palacete dos Condes da Ponte" hoje instalações da "Administração do Porto de Lisboa", na "Rua da Junqueira) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS


(CONTINUAÇÃO)-RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]

«O 1º CONDE DA PONTE - MARQUÊS DE SANDE»

Foi o "1º CONDE DA PONTE" "D. FRANCISCO DE MELO E TORRES", depois "MARQUÊS DE SANDE". Sendo o único "MARQUES DE SANDE", este fidalgo que nasceu em LISBOA, cidade onde também morreu, assassinado em condições misteriosas, na noite de 07.12.1667.
Educado pelos JESUÍTAS, cursou LATIM, HUMANIDADES e MATEMÁTICA. Neste último ramo do saber foi tão forte que escreveu sobre ASTROLOGIA e COSMOGRAFIA. Tinha uma educação excepcionalmente elevada para um fidalgo do seu tempo. Os patriotas de 1640 encontraram-no imediatamente nas suas fileiras e na "GUERRA DA RESTAURAÇÃO" comandou como mestre-de-campo, na batalha do MONTIJO de onde saíra vitorioso. Foi governador de OLIVENÇA e general de Artilharia entre 1648 e 1656.
Após a morte do rei "D. JOÃO IV", ficou na regência do reino, a RAINHA "D. LUÍSA DE GUSMÃO", que o chamou para a carreira diplomática.
A situação com o governo inglês era bastante difícil depois que "OLIVER CROMWELL" mandara executar "Pantaleão de Sá", irmão do "3º Conde de Panaguião", e por outro lado era necessário o apoio da Inglaterra à nossa independência tão recente e ameaçada pela ESPANHA, tanto no terreno da força como na intriga diplomática.  Tudo indicava que em breve retomaria o trono, "CARLOS II". "FRANCISCO DE MELO E TORRES" aplanou todas as dificuldades com o governo republicano de maneira tão hábil que a regente "D. LUÍSA DE GUSMÃO" o terá galardoado por esses serviços com o título de «CONDE DA PONTE».
Ao subir ao trono "CARLOS II", foi ainda o mesmo embaixador encarregado de o cumprimentar e felicitar em nome do REI DE PORTUGAL. Convinha muito à política portuguesa estreitar os laços de amizade com a GRÃ-BRETANHA e, quando se apresentou o problema da escolha de noiva para o soberano inglês, teve o "CONDE DA PONTE" a incumbência de ir a LONDRES propor-lhe a mão da "INFANTA D. CATARINA DE BRAGANÇA". As negociações foram cheias de dificuldades, sendo uma das maiores o CATOLICISMO  da princesa portuguesa mas, ante o dote, o soberano inglês comprometeu-se a dar a mão de esposo a «D. CATARINA DE BRAGANÇA» e a enviar socorros a PORTUGAL, embora negando-se a declarar guerra à ESPANHA, como era nosso desejo. Perante estes primeiros resultados, o apreço da "RAINHA D. LUÍSA DE GUSMÃO" manifestou-se pela concessão ao embaixador o título de «MARQUÊS DE SANDE».
Apesar deste êxito diplomático, as intrigas do embaixador espanhol em LONDRES conseguiram que no regresso do "Marquês de Sande" a LONDRES, encontrasse o rei e o governo inglês com as ideias bastante mudadas sobre os acordos anteriormente estabelecidos. 
A base das intrigas espanholas consistia em afirmar que PORTUGAL nunca poderia pagar o elevado dote da INFANTA, nem  abdicaria de TÂNGER, ao mesmo tempo que várias outras noivas eram sugeridas a "CARLOS II", as quais a ESPANHA recomendava como dando maiores garantias.
O "MARQUÊS DE SANDE" e "CONDE DA PONTE", só à custa dos mais inteligentes e devotados esforços conseguiu fazer voltar a situação ao ponto favorável em que a tinha deixado. Felizmente para nós os interesses de "LUÍS XIV" coincidiam com os nossos e assim pôde habilmente o nosso embaixador apoiar-se na diplomacia francesa que tinha grande influência a ao mesmo tempo fazer ver aos INGLESES que PORTUGAL estava mobilizando activamente o dinheiro prometido.
O "CONDE DA PONTE" foi considerado o primeiro diplomata português do seu tempo, coube-lhe ainda o honroso encargo de ser escolhido pelo "CONDE DE CASTELO MELHOR", o então omnipotente ministro de «D. AFONSO VI", de ir negociar a PARIS o casamento deste rei com uma Princesa de França. Após diversas peripécias, recaiu a escolha em «D. MARIA FRANCISCA ISABEL DE SABÓIA».
O "CONDE DA PONTE" teve um fim trágico: ao regressar da CAPELA REAL à sua residência, na noite de 07.12.1667, foi cruelmente assassinado por sicários ( 1 ) que lhe fizeram uma espera. O caso nunca foi inteiramente esclarecido.
Deixou vários inéditos, entre os quais 8 tomos das "Negociações das suas Embaixadas", de que se publicaram as cartas trocadas sobre o casamento de "D. CATARINA DE BRAGANÇA" com "CARLOS II".
Existe em LISBOA na freguesia de ALCÂNTARA em sua homenagem: a «TRAVESSA DO CONDE DA PONTE» (que liga a "Rua da Junqueira" à "Avenida da Índia") e o «PÁTIO DO CONDE DA PONTE» na (Travessa do Conde da Ponte número 43), ambos os arruamentos, muito próximos da nossa "RUA DA JUNQUEIRA".  

( 1 ) - SICÁRIO - (do Lat. SICARIU "SICA, punhal dos antigos Romanos") s.m. Aquele que mata com SICA; Assassino; Bandido; Cruel; Desumano; Facínora; Facinoroso; Faquista;Malfeitor; Matador e Sanguinário.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ IX ] O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 1 )»

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