quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ VII ]

 Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (Panorama da carta Nº 16 do "ATLAS TOPOGRÁFICO DE LISBOA" de Filipe Folque. Nesta imagem já nos mostra um pouco do "Conventos das Grilas" in ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (Fragmento da carta Nº 16 onde se pode observar o "Convento das Freiras Grilas" junto do rio Tejo. Para Norte uma ponte sobre a rua, dando ligação ao resto da propriedade das Freiras) in  ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1833) Desenho de Luís Gonzaga Pereira (Antiga frontaria do "Convento das freiras Grilas" segundo um desenho publicado in Monumentos Sacros de Lisboa-1883) in HATHI TRUST - Dugital Library
 Rua do Grilo - (1663?) (D. Luísa Francisca de Gusmão Medina Sidónio esposa de el-Rei D. João IV, fundadora do "Convento das freiras Grilas", provavelmente no ano de 1665) in MODUS VIVENDI
Rua do Grilo - (1986) (Local onde foi edificado o "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS" depois de 1888, as instalações da "MANUTENÇÃO MILITAR") in ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VII ]

«O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS ( 1 )»

No sítio onde foi erigido o edifício da "MANUTENÇÃO MILITAR", nos terrenos da antiga quinta de "D. FRANCISCO DE MASCARENHAS", existiu o famoso Convento das Freiras chamadas de "GRILAS".
O antigo Mosteiro das religiosas "DESCALÇAS DE SANTO AGOSTINHO", foi fundado pela rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO" (1613-1666) que já viúva, ali se recolheu e veio a falecer. Embora em datas não coincidentes, com todos os autores que sobre ela escreveram.
Tanto "FREI GUILHERME DE SANTA MARIA" na sua crónica dos "AGOSTINHOS DESCALÇOS", como "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA" que dizem ter seguido a rainha.
"J.B. de CASTRO" por seu turno, diz que a rainha (...) lhe deu princípio em 02.04.1663, sendo a 1ª fundadora a venerável Madre SOROR "MARIA DA APRESENTAÇÃO", que veio com outras cinco religiosas do "MOSTEIRO DE SANTA MÓNICA DE LISBOA" ( 1 ).
"FREI CLAUDIO DA CONCEIÇÃO", escrevendo no século XIX, seguindo as citadas fontes, apenas acrescenta que o "CONDE DA PONTE" ofereceu à rainha uma quinta para o novo instituto, que mal se separou do governo, "deu princípio à fundação do Convento" ( 2 ), (...) que ainda não estava acabado (...) quando se recolheu (...) nas (...) poucas e imperfeitas casas do Convento ( 3 ).
Sabe-se que a rainha em 16.06.1665 terá adquirido uma quinta que "GONÇALO VASQUES DA CUNHA" tinha no sítio de Xabregas para nela se fazer hospedagem para o confessor, Capelães e mais religiosos que deveriam assistir no Mosteiro das religiosas recoletas capuchas de Santo Agostinho, que a mesma senhora fundou no dito sítio ( 4 ).
Meses depois a rainha mandou que se tomasse em (22.08.1665) "(...) a quinta adiante de Xabregas onde chamam o "GRILO", a «FRANCISCO DE MELO, MARQUÊS DE SANDE E CONDE DA PONTE», (...) para nela fundar o Mosteiro das Recoletas de Santo Agostinho (...).
Apesar da rainha já ali se encontrar, o certo é que a quinta não foi oferecida, "terá custado na altura Doze mil setecentos e sessenta e cinco cruzados ( 5 ). (...)assim de principal custos e benfeitorias que nela havia feito o dito "MARQUÊS" depois que entrou na sua posse ( ... ). Esta fidalgo arrematara a quinta em praça, em consequência da acção que "LUÍS ÁLVARES DE ANDRADE" movera contra os herdeiros de "D. FRANCISCO MASCARENHAS" (1661) Governador de Macau, que terá trazido a primeira laranjeira doce para a sua "Quinta do Grilo". Num registo de "SÃO BENTO DE XABREGAS" (1716) lê-se que o "CONVENTO e cerca das Religiosas dos Agostinhos Descalços se fundou em uma quinta dos MASCARENHAS" ( 6 ).
Assim a primeira pedra do novo templo foi lançado por "D. FREI DOMINGOS DE GUSMÃO" Arcebispo de ÉVORA, sobrinho da rainha fundadora" ( 7 ), a traça pertence ao arquitecto "JOÃO NUNES TINOCO", por atribuição  de "REYNALDO DOS SANTOS" ( 8 ). As religiosas foram acompanhadas em carroças por damas da Corte até à Ermida de "D. GASTÃO", de onde saíram em procissão.
A antecipação da rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO" em se ter recolhido no CONVENTO - segundo os cronistas da época - estava em causa o desgosto que ela sentia com o rumo político do país. Os Conselheiros do Rei "D. AFONSO VI" seu filho, teriam aconselhado o afastamento da Rainha da Corte, devido à adversidade política que manifestara com o filho.
A este casarão das "GRILAS" vinha diariamente, o príncipe "D. PEDRO" saber das melhoras de sua mãe, durante a prolongada doença que a consumiu.

( 1 ) -CASTRO, João B. de, Mappa de Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1763, Vol. III, p. 481
( 2 ) - CONCEIÇÃO, Fr. Claudio da, Gabinete Histórico, Lisboa, Impressão Régia, T. III p. 284.
( 3 ) - CONCEIÇÃO, Fr. Claudio da, ob. cit. T. III, p. 294.
( 4 ) - IAN/TT, CN, C-9A, CX. 41, Lº 196, fls. 37-39.
( 5 ) - IAN/TT, CN, C-9A, CX. 41, Lº 196, fls. 54-55v.
( 6 ) - IAN/TT, CSBX, Lº 15, fl. 12.
( 7 ) - COSTA, A. Carvalho da, Corografia Portugueza, Braga, Typografia Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Vol. III l. 413.
( 8 ) - SANTOS, Reynaldo dos, Oito Séculos de Arte Portuguesa, Lisboa, Empresa Nacional Publicidade, Vol. II p. 217.
SIGLAS
IAN/TT - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
CN - Cartórios Notariais
CSBX - Convento de São Bento de Xabregas

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VIII ] O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS(2)»

sábado, 25 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ VI ]

 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti (Fachada da "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo", com o pormenor de ainda existir as linhas dos eléctricos) in  LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (194_) Foto de Eduardo Portugal (Fachada principal da "Igreja do Beato", no lado esquerdo da foto, nessa altura estava ali instalada a "Junta de Freguesia do Beato", hoje a capela mortuária) in AFML 
 Rua do Grilo - (1968) Foto de Armando Serôdio (Conjunto do Grilo, fachada principal. Primitivamente foi "Convento dos Agostinho Descalços" no tempo do reinado de "D. João IV". Foi reedificada sucessivamente antes e depois do terramoto de 1755. Com a extinção das Ordens Religiosas, instalou-se no Convento o "Recolhimento de Nossa Senhora do Amparo". A Igreja passou a servir de sede à paróquia de S. Bartolomeu. De registar a presença de bons azulejos do século XVIII com cenas do Antigo Testamento) in   AFML 
 Rua do Grilo - (200_) Foto de autor não identificado (Capela-mor da "Igreja do Beato" no altar-mor estão as imagens de "Nossa Senhora do Monte Olivete" orago do Convento ao centro, de "São Bartolomeu" - à esquerda - orago da paróquia e à direita da Senhora está o "Santo Agostinho" fundador da Ordem) in IGREJA PAROQUIAL DO BEATO
 Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Uma das Capelas da "Igreja do Beato" onde se encontra "S. Pedro" e a "Senhora das Graças" ou "Nossa Senhora da Soledade" in PANORAMIO
Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Varandim do Coro da "Igreja do Beato" um trabalho de talha) in  PANORAMIO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VI ]

«A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO (2)»

A «IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO» ou simplesmente «IGREJA DO BEATO», é um edifício de Arquitectura Barroca que apresenta uma bonita galilé de três arcos de acesso ao interior, tem três capelas de cada lado, e uma de cada lado do "Transepto" ( 1 ).
Do lado do "Evangelho" ( 2 ), fica a capela do «SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS», (antiga de "Nª. Sª. da Graça") a seguir, a capela de "São Pedro" onde está instalada a "Nossa Senhora das Graças" ou "Nª. Senhora da Soledade", e remata este lado esquerdo com a capela de "São José com o menino ao colo", juntamente na parte inferior com "São Sebastião". Do lado da "Epístola" ( 3 ), ficam as capelas do "Senhor dos Passos"; "Nossa Senhora do Carmo" juntamente com o "Santo António" e na última Capela a "Nossa Senhora das Dores".
A segunda Capela do "TRANSEPTO" à direita, fica "Nossa Senhora de Fátima", (antiga Capela de "S. Sebastião"). ( Por precaução, alertamos os leitores que em diferentes consultas literárias as imagens nas Capelas, não correspondiam às designações - aqui apresentadas - possivelmente, porque de quando em quando, as imagens são mudadas).
O Coro tem um varandim de talha, o qual pertencia ao Recolhimento. A paróquia só ocupou a Igreja e a Sacristia.
Merecem destaque a "CAPELA-MOR" setecentista em cujo altar ornado de colunas salomónicas de mármore policromo, coroado pelas armas reais, exibe a imagem de "NOSSA SENHORA DO MONTE OLIVETE", (em memória da primitiva Igreja    que ardeu, em 23 de Outubro de 1683 num violento incêndio), sendo esta imagem o orago do "CONVENTO", ladeada pelo seu lado esquerdo por "SÃO BARTOLOMEU", orago da Paróquia, e do seu lado direito o "SANTO AGOSTINHO", fundador da Ordem. Na sacristia existem belos azulejos do século XVIII em muito bom estado de conservação, retratando "NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM" e a fuga para o "EGIPTO". O tecto da Igreja não tem muito interesse é de estuque em abóbada de arco de cesto.
COMO CURIOSIDADE
Na minha "CÉDULA PESSOAL" está escrito que fui registado em 17 de Julho de 1936 na "2ª CONSERVATÓRIA DO REGISTO CIVIL DE ARROIOS" e baptizado nesta Igreja de "SÃO BARTOLOMEU DO BEATO" (Cartório Paroquial) em 10 de Abril de 1937.
Dizia minha mãe que a minha madrinha tinha sido a "NOSSA SENHORA DO BOM DESPACHO", imagem que figurava nesta Igreja (numa Capela Lateral) e lembro-me de ter assistido a algumas procissões (dentro da própria Igreja) nos anos quarenta do século passado. Recordo ainda que no final da procissão se escrevia um pedido que desejasse-mos, e íamos depositá-lo num saco que a "Nossa Senhora do Bom Despacho" segurava. O meu pedido não foi atendido. Então eu disse para minha mãe, (muito ingenuamente).
- Talvez a "Santinha" não tivesse compreendido a minha letra?

( 1 ) - TRANSEPTO - Parte transversal das Igrejas que se estende para fora da nave e forma os braços do cruzeiro.
( 2 ) - EVANGELHO - Lado esquerdo dos assistentes.
( 3 ) - EPÍSTOLA - Lado direito do Altar. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VII ] O CONVENTO DAS GRILAS ( 1 )»

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ V ]

 Rua do Grilo - (2005) - Foto de APS (Vista do conjunto do antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja dos Grilos" também chamada de "Igreja Paroquial de S. Bartolomeu do Beato" na "Rua do Grilo") in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (2009) Foto Dias dos Reis ( "Igreja do Grilo" ou "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo") in DIAS DOS REIS
 Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Fachada da "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo") in PANORAMIO 
 Rua do Grilo - (2011) Foto de Luís Paiva Boléo (Capela-mor setecentista da "Igreja do Beato", tendo o altar ornado com colunas salomónicas de mármore policromo) in PANORAMIO
Rua do Grilo - (2013) - (Lateralmente à artéria o antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo") in GOOGLE EARTH

CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ V ]

«A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO ( 1 )»

A «IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO» está integrada no conjunto de edifícios de que fazia parte também o «CONVENTO DOS GRILOS», na Quinta que pertenceu a "GONÇALO VASQUES DA CUNHA". Este templo encontra-se contemplado com várias designações: "IGREJA DO BEATO" ; "IGREJA DO GRILO"; "IGREJA DO MONTE OLIVETE"; "IGREJA DE S. BARTOLOMEU DO BEATO" e "IGREJA DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS".
A sua fundação remonta ao século XVII, pelos irmãos "DESCALÇOS DE SANTO AGOSTINHO", instalados em PORTUGAL desde 02.04.1663.
Um violento incêndio destruiu por completo a Igreja primitiva. Reconstruida prontamente, não sofreu grandes danos com o terramoto de 1755, o que ainda assim obrigou a algumas obras.
O mesmo não aconteceu com a antiga «IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU", situada no "LARGO DOS LÓIOS" ao (Castelo de S. Jorge), tendo o incêndio que se seguiu destruído praticamente todo o recheio, incluindo os respectivos livros de registos. 
Em 1770 instalou-se esta antiquíssima paróquia no "CONVENTO DO BEATO" (depois de ter passado por vários espaços), mas em 16 de Outubro de 1835, devido ao estado de ruína a que chegara o "CONVENTO DE S. BENTO DE XABREGAS", dos Cónegos Seculares de "S. JOÃO EVANGELISTA", vulgarmente chamado "CONVENTO DO BEATO". Ordenou o Governo de então que a mesma fosse transferida para o "CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS DE XABREGAS" (antiga Fábrica do Tabaco).
Por oposição do povo e atendendo ao péssimo estado do templo dos "FRANCISCANOS", era mais acertado colocar a paróquia na "IGREJA DO CONVENTO DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS" ao "GRILO".
Foi determinada a transferência da paróquia para o extinto "CONVENTO DOS GRILOS" em 28 de Novembro de 1835, para a "IGREJA DO CONVENTO DE Nª. SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE" vulgarmente cognominado de "GRILO", dos "RELIGIOSOS AGOSTINHOS DESCALÇOS", para onde foi solenemente em 27 de Dezembro do mesmo ano, onde hoje permanece, ocupando apenas a "IGREJA" e a "SACRISTIA".
O "CONVENTO DO BEATO" onde anteriormente se achava a paróquia foi vendido, e nele se encontra funcionando, assim como na Igreja a "FÁBRICA DE MOAGEM DA COMPANHIA INDUSTRIAL PORTUGAL E COLÓNIAS", hoje "A NACIONAL". O território onde se estabeleceu de novo a paróquia pertencia às freguesias de "SANTA ENGRÁCIA" e de "SANTA MARIA DOS OLIVAIS", e os seus limites, do lado Oriental, foram nessa altura rectificados por um Decreto do CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA, "D. MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA",  datado de 8 de Setembro de 1942.
Repare-se que depois do terramoto de 1755, teve esta paróquia a sua sede em duas Igrejas de extintos conventos.
O certo é que a paróquia de "S. BARTOLOMEU DO BEATO" continua ainda na "IGREJA DO GRILO", mas por "IGREJA DO BEATO" passaria então a ser impropriamente a ser designada. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VI ]-A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO (2)» 

sábado, 18 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ IV ]

 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (Uma vista do antigo "Convento dos Grilos" e "Igreja dos Grilos", também conhecida por "Igreja do Beato", na "Rua do Grilo")  in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1986) - (foto de APS) (Entrada principal do antigo "Convento dos Grilos", hoje "Recolhimento do Grilo" na "Rua do Grilo")  in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1970) Foto de João H. Goulart (Fachada lateral do antigo "Convento dos Grilos" virado para a "Calçada do Grilo" e com esquina para a "Rua do Grilo")  in  AFML
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti  (Panorama do "Convento dos Grilos" e "Igreja do Beato", o antigo muro de suporte à "Rua do Grilo"sobranceiro (na época) à margem do Rio Tejo) in  CAMINHO DO ORIENTE
Rua do Grilo - (2013) (Vista de Satélite da área do antigo "Convento dos Grilos" e sua Igreja, ao fundo, junto ao Tejo, uma parte do "Parque de Contentores de Xabregas" espaço ganho ao Rio) in  GOOGLE  EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ IV ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 3 )»

Após o incêndio de 1683, o CONVENTO foi reconstruído e muito aumentado, substituindo-se o modesto de uma casa eremíta pela exuberância de uma notável decoração barroca. 
Infelizmente não dispomos do arquivo desta congregação para se poder avançar com alguma segurança para a pormenorização das diversas fases dessas obras, bem como para o conhecimento dos autores dos projectos.
A data mais antiga, 1739, consta na lápide de consagração do altar-mor da Igreja e refere o patrocínio de um membro da Ordem, "D. FREI LEANDRO DA PIEDADE", Bispo de "S. TOMÉ". Sendo o mais natural é essas obras terem-se arrastado com vários intervenientes, denotando-se nalguns detalhes a justaposição de diferentes sensibilidades estéticas, mas na maioria já bem dentro do século XVIII.
Assim, logo na fachada se destaca a sobreposição sobre um muro liso de pequena abertura de verga encurvada - já portanto do século XVIII, mas num arranjo global bem dentro da tradição conventual - do corpo esguio de três pisos  da portaria, belo apontamento barroco onde é sensível a influencia da prática vulgarizada de "J.F.LUDOVICE".
Finalmente deverá realçar-se no interior da parte conventual a portaria e a escadaria, bem como os dois amplos corredores sobrepostos que correm ao longo de todo o edifício.
Impõe-se a exuberância decorativa dos azulejos num conjunto marcado pelo ar profano mais próprio de um Palácio, mas estranho numa casa conventual de eremitas descalços, obedientes a uma estreita regra de pobreza.
É até possível que o Bispo "D. FREI LEANDRO" tenha utilizado este edifício como residência, introduzindo-lhe essa componente mundana de aparato barroco.
A escadaria é um dos elementos  mais interessantes, quer pela sua beleza e qualidade, quer pelo carácter unitário da intervenção, toda ela datável - arquitectura, azulejos, gradaria e tecto - da década de quarenta do século XVIII. Quanto ao tecto, onde consta a data de 1746, será possivelmente obra de "GROSSI", introdutor em LISBOA deste tipo de decoração em estuque, aqui chagado nesta mesma  década, sendo esta, portanto, uma das suas primeiras realizações lisboetas.
Este conjunto de grande qualidade, tão raramente preservado na sua unidade original, merece bastante mais atenção do que aquela que lhe tem sido prestada para entendermos esse momento charneira da arquitectura e do gosto lisboeta, marcado pela opção deliberada de "D. JOÃO V" pela estética barroca de matriz romana.

O CONVENTO, que já não tinha frades em 1829, depois da extinção das Ordens Religiosas, serviu de albergue também de idosos do "RECOLHIMENTO DE NOSSA SENHORA DO AMPARO", que tinha estado na MOURARIA. Anos depois o albergue passou somente a designar-se de "RECOLHIMENTO DO GRILO" e ainda se mantém na "RUA DO GRILO" Nº 116 E, sob a protecção da "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ V ] A IGREJA PAROQUIAL DE S. BARTOLOMEU DO BEATO ( 1 )»

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ III ]

 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS (Panorama do antigo "Convento dos Grilos" hoje "Recolhimento do Grilo" e "Igreja do Beato". Uma vista tirada da "Rua da Manutenção". No séc. XIX o rio chegava até a uma parte desta muralha, conforme se pode ver no mapa nº 16 de Filipe Folque) in   ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1999) - Foto de António Sacchetti (Vista da "Igreja do Beato" na "Rua do Grilo", foto tirada da parte de cima dos silos da "Manutenção Militar") in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (2013) (A "Rua do Grilo" no sentido para Sul, tendo ao seu lado direito o antigo "Convento dos Grilos" e no lado esquerdo a seguir aos contentores, o tal casebre com a "Caravela" seiscentista) in GOOGLE EARTH
 Rua do Grilo - (2013) (O antigo "Convento dos Grilos", hoje "Recolhimento do Grilo" e a "Igreja do Beato" in  GOOGLE EARTH
Rua do Grilo - (2013) - (A "Rua do Grilo" no sentido para Norte (Beato), no seu lado esquerdo a escadaria da "Igreja do Beato")  in  GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ III ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 2 )»

A Igreja já devia estar concluída dois anos depois, visto que no dia 19.07.1668, "FERNÃO DE CASTILHO DE MENDONÇA" doou ao CONVENTO a sua "QUINTA DA TOURADA", na "CAPARICA", "com a obrigação de o sepultarem na capela-mor do dito Convento no Carneiro que está nela feito" ( 1 ).
Esta Igreja sofreu um grande incêndio em 23.10.1683, que em menos de duas horas, terá destruído a IGREJA e boa parte do CONVENTO.
Da IGREJA primitiva, diz-nos "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA": o fogo eclodiu em ocasião quando estava a Igreja armada com grande perfeição, e tudo com muito asseio. Estando a Comunidade de Religiosos rezando (...) louvando ao Senhor Sacramento, que se encontrava num rico trono, adornado de muitas luzes, e tudo concertado com muita perfeição, e tanto cuidado puseram nisto, que melhor fora não porem tanto, porque formaram um trono, ou monte, que encheram por dentro de carqueja e cobriram de algodão, e muitos Serafins de cera (...). Caiu uma vela que pegou no trono, e logo levantou uma grande chama e como a Igreja  era pequena, e baixa (porque ainda ali viviam os religiosos no Convento velho) e era também forrada de pinho da "Flandres". Tudo velho e seco e assim pegou o fogo, que tomou tanta força que correndo pelo tecto, num instante se foi ateando, até chegar ao coro, de onde apenas se puderam retirar os livros, por onde os Religiosos rezavam, e os levaram consigo.
Os frades que estavam na IGREJA, eram dois irmãos leigos, nenhum teve ânimo para subir ao altar, (...) tirar a custódia, também deveria ser difícil porque estava atada.
E o fogo acabou por se propagar à rouparia e ao noviciado. E "FREI AGOSTINHO" afirma que aquele sinistro não fora coisa natural, pois naquele dia caiu a espada da mão de "D. AFONSO HENRIQUES", cuja imagem estava no frontispício do "MOSTEIRO DE ALCOBAÇA" e também se quebrou a estátua jacente de "D. DUARTE" (foi ele quem tomou Tanger aos Mouros), sobre o seu mausoléu, no Mosteiro da Batalha
E tudo isto aconteceu precisamente no dia em que os padres católicos eram expulsos de "TANGER", e incendiadas Igrejas e lugares sagrados, por abandono daquela nossa antiga praça pelos ingleses, a quem a mesma fora entregue quando do casamento da princesa "D. CATARINA DA BRAGANÇA" com o rei Inglês "CARLOS II".
"SANTUÁRIO MARIANO", de Frei Agostinho de Santa Maria, Vol. VII, pág. 11 e 12, Lisboa, 1721.
Não demorou muito a sua reconstrução, embora com inevitáveis alterações no conjunto edificado, ao longo do segundo quartel do século XVIII.
Pelo facto de não ter sofrido muito com o terramoto permitiu ao Convento preservar a sua estrutura, mantendo elementos como o corredor onde se abrem as antigas celas e a escadaria conventual, cujo tecto moldado em estuque foi executado no ano de 1746 e mais tarde retocado em 1870.
Quando da extinção das ORDENS RELIGIOSAS em 1834, segundo o inventário dos seus bens, no CONVENTO constava: dois dormitórios, primeiro e segundo piso, os quais olham para o Rio. Também um pequeno dormitório, e noviciado para a parte de terra. Há um refeitório, cozinha e dispensas.
Dentro da portaria existem quatro casas abobadadas. A sua cerca é de figura triangular, que consta de parreiras e um bocado de vinha, poucas árvores de caroço e alguns tabuleiros de horta; tem duas noras e um poço.
Confronta pela parte SUL com a "CALÇADA DO GRILO" e a POENTE com a "ESTRADA DE MARVILA". Pelo lado NORTE com a cerca das freiras "GRILAS". Pelo Nascente o CONVENTO, Igreja, Armazéns e provavelmente a "RUA DIREITA DO GRILO".
Embora existissem profundas transformações nesta zona Oriental da cidade que sofreu desde o século XIX, nela coabitam ainda algumas das mais preservadas unidades que nos permitem uma aproximação à imagem original de alguns conjuntos. Um deles é, sem dúvida, este "CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE", dos "AGOSTINHO DESCALÇOS", preservado pela manutenção de um uso próximo da sua função original.
Após a saída dos frades em (1834) foi o seu lugar ocupado pelas senhoras do recolhimento mantendo-se quase intacta a estrutura primitiva. Este facto, aliado à riqueza artística - quer arquitectónica, quer decorativa - fazem deste conjunto um caso à parte no panorama patrimonial lisboeta.  
Neste recolhimento vamos encontrar o seu átrio revestido de silhares de azulejos com motivos bíblicos, legendados em latim, podendo ler-se com ortografia actualizada a lápide que foi trazida do antigo "RECOLHIMENTO DA MOURARIA".
EL-REI / O SENHOR D. JOÃO, O 3º. FOI INSTITUIDOR DESTE COLÉGIO / NO ANO DE 1546. EL-REI / O AUGUSTÍSSIMO SENHOR D. JOSÉ O 1º. FOI O FUNDADOR / DO DITO COLÉGIO NO ANO DE 1753 SENDO SEU  /  SECRETÁRIO DE ESTADO E INTERCESSOR DA  /  OBRA O ILUSTRÍSSIMO E EMINENTÍSSIMO  DIOGO DE / MENDONÇA CORTE REAL  /  PROVEDOR O PADRE JOSÉ FERREIRA DE HORTA DEPUTADO  /  DA MESA DA CONSCIÊNCIA E ORDENS  /  E REITOR O PADRE JOÃO DE SÁ PEREIRA FREIRE PROFESSO /  NA ORDEM DE CRISTO.

( 1 ) - INDEX DAS NOTAS DE VÁRIOS TABELIÃES DE LISBOA, LISBOA,BIBLIOTECA NACIONAL DE LISBOA, 1949 T. 4, fl. 37.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ IV ] O CONVENTO DOS GRILOS ( 3 )»

sábado, 11 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ II ]

 Rua do Grilo - (1856-1858) (Pormenor da Planta Nº 16 do "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa de Filipe Folque", onde se pode perceber a grande extensão do "Convento de Nª Senhora da Conceição do Monte Olivete", da Ordem dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, mais tarde "Convento dos Grilos" in AHML
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti (Recanto do Convento no corredor do primeiro pisos de celas, com janelão sobre o Rio) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti  ("CONVENTO DOS GRILOS" escadas de acesso ao piso superior)  in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (1993) Foto de António Sacchetti (Interior do antigo "CONVENTO DOS GRILOS" na "RUA GRILO", actual "Recolhimento do Grilo" sob a protecção da "Santa Casa da Misericórdia de Lisboa" in  LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE
 Rua do Grilo - (200_) Foto de Autor não identificado (Panorama do "CONVENTO DOS GRILOS" e "IGREJA DO BEATO" na "Rua do Grilo") in  HISTÓRIA
Rua do Grilo - (2007) (Vista aérea do antigo "CONVENTO DOS GRILOS", "IGREJA DO BEATO" ou "IGREJA DOS GRILOS" e parte da "Rua do Grilo) in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ II ]

«O CONVENTO DOS GRILOS ( 1 )»

O «CONVENTO DOS GRILOS» ou mais propriamente dito «CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE», cabeça da "ORDEM DOS EREMITAS DESCALÇOS DE SANTO AGOSTINHO", foi fundado na zona do "GRILO"  - por isso a designação de os "GRILOS" - pela rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO", viúva de "D. JOÃO IV".
Foi sua intenção fundar dois conventos, um masculino e outro feminino, para tal a rainha solicitou ao Geral da Ordem a autorização para concretizar a sua ideia, no ano de 1663.
Os cinco reformadores - vigário, confessor, capelão, sacristão e um outro, vindos do "CONVENTO DA GRAÇA" - que se descalçaram e vestiram o habito reformado dos "AGOSTINHOS", pararam numa ermida de "D. GASTÃO COUTINHO" de onde saíram em procissão "para a igreja e capela da sereníssima rainha", juntamente com as religiosas.
Neste CONVENTO pregou aquele que ficaria por prelado, "FREI MANUEL DA CONCEIÇÃO", confessor da rainha e que a aconselhara sobre aquela fundação. Escreveu ele ao papa "CLEMENTE IX" que persuadira a rainha, "que fizesse uma obra que seria muito agradável a Nosso Senhor; e foi que introduzisse naquele Reino a Reformação dos Descalços de meu Padre Santo AGOSTINHO"( 1 ).
A data da fundação não está determinada com exactidão. "Carvalho da Costa" aponta para o ano de 1664 ( 2 ), e justifica o orago de "MONTE OLIVETE" "por uma devota imagem de Nosso Senhor orando no Horto, que estava na capelinha, a qual hoje se venera na portaria do Convento".
A existência dessa capelinha é afirmada por "FREI AGOSTINHO" que fala de "uma capela que tinha na cerca"( 3 ).  Este segundo autor, cronista coevo, vigário-geral da Ordem e importante fonte para a história desta instituição, refere o dia 02.04.1663 para a sua fundação e a de 15.05.1666 para o lançamento por "D. Afonso VI" ( 4 ) da primeira pedra do edifício, projectado tal como a das "GRILAS", por "JOÃO NUNES TINOCO", "arquitecto da casa da rainha (1665" ( 5 ), em cuja edificação terá participado, como pedreiro, "JOÃO ANTUNES" ( 6 ). 
Leva-nos a crer que durante aquele interregno, os religiosos se acomodaram em casas ali existentes, até à construção do edifício próprio.
Este CONVENTO foi erguido numa quinta que a rainha mandou comprar, pertencente a "GONÇALO VASQUES DA CUNHA", situada no "SÍTIO DE XABREGAS", para nela se fazer agasalho para o confessor, capelães e mais religiosos que deveriam assistir no Mosteiro às religiosas recoletas capuchas de "SANTO AGOSTINHO", que a mesma senhora fundou no dito sítio "(...)e em efeito se tomou a dita quinta e nela estão já os respectivos religiosos 16.06.1665" ( 7 ).
Entretanto, falecendo o vendedor, coube aos seus sucessores a efectivação da venda, cujo valor importou à rainha em quatro mil cruzados, depois de emanado o alvará de desobrigação, por a propriedade ser de Morgado.

( 1 ) - Madahil, António da Rocha, A CRÓNICA INÉDITA DA CONGREGAÇÃO DOS AGOSTINHOS DESCALÇOS, Coimbra, 1938, Coimbra Editora, p. 9 - nota.
( 2 ) - Costa, A. Carvalho da, COROGRAFIA PORTUGUESA, BRAGA, Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Vol. III, p. 413.
( 3 ) - SANTA MARIA, Frei Agostinho de, Santuário Mariano, Lisboa, oficina de Antº. Pedrozo Galram, 1721, Tomo VII, p. 14.
( 4 ) - SANTA MARIA, Frei Agostinho de, obra citada, Lisboa, 1707, Tomo I, p. 477.
( 5 ) - Santos, Reynaldo dos, OITO SÉCULOS DE ARTE PORTUGUESA, Lisboa, ENP., Vol. II, pp. 217.
( 6 ) - João Antunes - Arquitecto - 1643.1712(Catálogo), Insti. Português do Património Cultural, 1988, pp. 9-10.
( 7 ) - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, Cartórios Notariais, C-9A, Cx. 41, Lº 196, fls. 37-39. 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ III ] O CONVENTO DOS GRILOS (2

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

RUA DO GRILO [ I ]

 Rua do Grilo - (2014) - (Desenho adaptado da "RUA DO GRILO" e seu enquadramento - s/escala - APS - LEGENDA - 1) Rua do Grilo - 2) Convento dos Grilos - 3) Igreja dos Grilos - 4) Convento das Grilas - 5) Manutenção Militar - 6) Palácio dos Duques de Lafões - 7) Cine-Pátria - 8)  Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais - 9) Antigo chafariz do Grilo)  in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1938) Foto de Eduardo Portugal (O antigo local da "Rua do Grilo", onde só passava um veículo de cada vez, devido ao estreitamento da rua) in  AFML
 Rua do Grilo - (1939) Foto de Eduardo Portugal ( O chafariz do Grilo e escada no lado esquerdo que dava acesso à "Rua da Manutenção Militar" (hoje demolidos), em frente da escadaria da "Igreja do Beato" ou dos "Grilos") in AFML 
 Rua do Grilo - (1940) Foto de Eduardo Portugal (A parte final da "Rua do Grilo", junto da "Calçada do Grilo")  in  AFML 
 Rua do Grilo - (1969) Foto de Arnaldo Madureira (A "RUA DO GRILO" próximo da parte mais estreita da rua e frente ao antigo Convento dos Grilos e Igreja, que podemos deduzir pela  configuração dos carris dos eléctricos) in  AFML
 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (Porta com o número 129, ornamentada com a "Caravela" seiscentista)  in  ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1986) Foto de APS (O espaço onde existia o "CHAFARIZ DO GRILO" e o casebre onde  está afixada a "Caravela em pedra" de feição seiscentista) in  ARQUIVO/APS
Rua do Grilo - (2013) - (Vista panorâmica do "Sítio do Grilo", na zona Oriental de Lisboa)  in  GOOGLE EARTH


RUA DO GRILO [ I ]

«A RUA DO GRILO E SEU ENQUADRAMENTO»

A "RUA DO GRILO" (antiga "RUA DIREITA DOS GRILOS") pertence à freguesia do "BEATO". Tem o seu início na "ALAMEDA DO BEATO" e finaliza na "CALÇADA DOM GASTÃO".
São convergentes a esta rua, de Norte para Sul no seu lado direito; "CALÇADA DUQUES DE LAFÕES", "BECO DO GRILO" e "CALÇADA DO GRILO", no lado esquerdo temos unicamente a "TRAVESSA DO GRILO".
A "RUA DO GRILO" uma artéria não muito longa, foi privilegiada com dois "CONVENTOS" e um "PALÁCIO" de magníficos Jardins.
Na "RUA DO GRILO", mesmo em frente da "IGREJA DO GRILO" ou "IGREJA DO BEATO", a parte que fica virada para o rio na reentrância da rua, existia um pequeno chafariz (conforme foto que apresentamos, do final dos anos trinta). O chafariz visto de frente, tinha no seu  lado direito uma escadaria em lances que nos conduzia ao Rio passando pela "RUA DA MANUTENÇÃO". Ainda nos recordamos que essa escada estava quase sempre inundada com a água que corria do chafariz, tornando-se perigoso transitar por ela. Foi a primeira a ser tapada e depois destruída.
Igualmente passado uns anos o velho chafariz era também desactivado e depois demolido.
No lado direito do "VELHO CHAFARIZ" podemos ainda observar por cima da porta com o nº 129, de um casebre que lhe ficava contíguo (e ainda se mantém) pertença na época da "COMPANHIA DOS TABACOS", um interessante baixo-relevo simbolizando uma CARAVELA, esculpido em pedra de feição seiscentista.
A representação da CARAVELA ou GALEÃO (com ou sem corvos, atributo de SÃO VICENTE), apareceu em algumas "RUAS" ou "CHAFARIZES" da cidade de LISBOA.
Sabemos que a CARAVELA é uma peça muito vulgar na heráldica de domínio, para assinalar povoações de COSTA de MAR. Este tipo de embarcação também figurou nas armas de influência de povos com portos de mar, e esse interessantíssimo aspecto, está bem vincado nos elementos de "LISBOA ANTIGA" que chegaram até nós.
Baseado-nos ainda na "CARAVELA" que ornamentava o "CHAFARIZ  E TANQUE" de "XABREGAS" ( na "RUA DE XABREGAS") presentemente no "MUSEU DA CIDADE". Esta que ainda hoje se encontra por cima da porta, "olhará" provavelmente para o lugar do desaparecido "CHAFARIZ DO GRILO", certamente para assinalar que aquele lugar ficava junto do RIO.
Nesta sitio da "RUA DO GRILO" um ou dois metros no sentido do "BEATO" e próximo do "CHAFARIZ", a rua tornava-se estreita (hoje os armazéns foram demolidos para o alargamento da rua) e a circulação rodoviária (embora não tão intensa como hoje) tornava-se desagradável por um eléctrico ter de esperar que o outro passasse, para continuar o seu percurso.
Na história desta freguesia, existiram vários  acontecimentos marcante no século XIX, como a inauguração do "CAMINHO-DE-FERRO" em 1856,  também  pela ocupação de CONVENTOS e IGREJAS que vinha acontecendo (depois de 1834), como uma dinamização da Industria local e a grande modificação na paisagem.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ II ]O CONVENTO DOS GRILOS (1)»