Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (Panorama da carta Nº 16 do "ATLAS TOPOGRÁFICO DE LISBOA" de Filipe Folque. Nesta imagem já nos mostra um pouco do "Conventos das Grilas" in ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (Fragmento da carta Nº 16 onde se pode observar o "Convento das Freiras Grilas" junto do rio Tejo. Para Norte uma ponte sobre a rua, dando ligação ao resto da propriedade das Freiras) in ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
Rua do Grilo - (1833) Desenho de Luís Gonzaga Pereira (Antiga frontaria do "Convento das freiras Grilas" segundo um desenho publicado in Monumentos Sacros de Lisboa-1883) in HATHI TRUST - Dugital Library
Rua do Grilo - (1663?) (D. Luísa Francisca de Gusmão Medina Sidónio esposa de el-Rei D. João IV, fundadora do "Convento das freiras Grilas", provavelmente no ano de 1665) in MODUS VIVENDI
Rua do Grilo - (1986) (Local onde foi edificado o "CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS" depois de 1888, as instalações da "MANUTENÇÃO MILITAR") in ARQUIVO/APS
(CONTINUAÇÃO) - RUA DO GRILO [ VII ]
«O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS ( 1 )»
No sítio onde foi erigido o edifício da "MANUTENÇÃO MILITAR", nos terrenos da antiga quinta de "D. FRANCISCO DE MASCARENHAS", existiu o famoso Convento das Freiras chamadas de "GRILAS".
O antigo Mosteiro das religiosas "DESCALÇAS DE SANTO AGOSTINHO", foi fundado pela rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO" (1613-1666) que já viúva, ali se recolheu e veio a falecer. Embora em datas não coincidentes, com todos os autores que sobre ela escreveram.
Tanto "FREI GUILHERME DE SANTA MARIA" na sua crónica dos "AGOSTINHOS DESCALÇOS", como "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA" que dizem ter seguido a rainha.
"J.B. de CASTRO" por seu turno, diz que a rainha (...) lhe deu princípio em 02.04.1663, sendo a 1ª fundadora a venerável Madre SOROR "MARIA DA APRESENTAÇÃO", que veio com outras cinco religiosas do "MOSTEIRO DE SANTA MÓNICA DE LISBOA" ( 1 ).
"FREI CLAUDIO DA CONCEIÇÃO", escrevendo no século XIX, seguindo as citadas fontes, apenas acrescenta que o "CONDE DA PONTE" ofereceu à rainha uma quinta para o novo instituto, que mal se separou do governo, "deu princípio à fundação do Convento" ( 2 ), (...) que ainda não estava acabado (...) quando se recolheu (...) nas (...) poucas e imperfeitas casas do Convento ( 3 ).
Sabe-se que a rainha em 16.06.1665 terá adquirido uma quinta que "GONÇALO VASQUES DA CUNHA" tinha no sítio de Xabregas para nela se fazer hospedagem para o confessor, Capelães e mais religiosos que deveriam assistir no Mosteiro das religiosas recoletas capuchas de Santo Agostinho, que a mesma senhora fundou no dito sítio ( 4 ).
Meses depois a rainha mandou que se tomasse em (22.08.1665) "(...) a quinta adiante de Xabregas onde chamam o "GRILO", a «FRANCISCO DE MELO, MARQUÊS DE SANDE E CONDE DA PONTE», (...) para nela fundar o Mosteiro das Recoletas de Santo Agostinho (...).
Apesar da rainha já ali se encontrar, o certo é que a quinta não foi oferecida, "terá custado na altura Doze mil setecentos e sessenta e cinco cruzados ( 5 ). (...)assim de principal custos e benfeitorias que nela havia feito o dito "MARQUÊS" depois que entrou na sua posse ( ... ). Esta fidalgo arrematara a quinta em praça, em consequência da acção que "LUÍS ÁLVARES DE ANDRADE" movera contra os herdeiros de "D. FRANCISCO MASCARENHAS" (1661) Governador de Macau, que terá trazido a primeira laranjeira doce para a sua "Quinta do Grilo". Num registo de "SÃO BENTO DE XABREGAS" (1716) lê-se que o "CONVENTO e cerca das Religiosas dos Agostinhos Descalços se fundou em uma quinta dos MASCARENHAS" ( 6 ).
Assim a primeira pedra do novo templo foi lançado por "D. FREI DOMINGOS DE GUSMÃO" Arcebispo de ÉVORA, sobrinho da rainha fundadora" ( 7 ), a traça pertence ao arquitecto "JOÃO NUNES TINOCO", por atribuição de "REYNALDO DOS SANTOS" ( 8 ). As religiosas foram acompanhadas em carroças por damas da Corte até à Ermida de "D. GASTÃO", de onde saíram em procissão.
A antecipação da rainha "D. LUÍSA DE GUSMÃO" em se ter recolhido no CONVENTO - segundo os cronistas da época - estava em causa o desgosto que ela sentia com o rumo político do país. Os Conselheiros do Rei "D. AFONSO VI" seu filho, teriam aconselhado o afastamento da Rainha da Corte, devido à adversidade política que manifestara com o filho.
A este casarão das "GRILAS" vinha diariamente, o príncipe "D. PEDRO" saber das melhoras de sua mãe, durante a prolongada doença que a consumiu.
( 1 ) -CASTRO, João B. de, Mappa de Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1763, Vol. III, p. 481
( 2 ) - CONCEIÇÃO, Fr. Claudio da, Gabinete Histórico, Lisboa, Impressão Régia, T. III p. 284.
( 3 ) - CONCEIÇÃO, Fr. Claudio da, ob. cit. T. III, p. 294.
( 4 ) - IAN/TT, CN, C-9A, CX. 41, Lº 196, fls. 37-39.
( 5 ) - IAN/TT, CN, C-9A, CX. 41, Lº 196, fls. 54-55v.
( 6 ) - IAN/TT, CSBX, Lº 15, fl. 12.
( 7 ) - COSTA, A. Carvalho da, Corografia Portugueza, Braga, Typografia Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, Vol. III l. 413.
( 8 ) - SANTOS, Reynaldo dos, Oito Séculos de Arte Portuguesa, Lisboa, Empresa Nacional Publicidade, Vol. II p. 217.
SIGLAS
IAN/TT - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
CN - Cartórios Notariais
CSBX - Convento de São Bento de Xabregas
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ VIII ] O CONVENTO DAS FREIRAS GRILAS(2)»