sábado, 28 de junho de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ II ]

RUA ACTOR JOÃO ROSA
 Rua Actor João Rosa - (2014) (A "RUA ACTOR JOÃO ROSA" inicia na Rua Egas Moniz" no número oito, do primeiro BAIRRO DOS ACTORES) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor João Rosa - (2007) (Panorâmica do BAIRRO DOS ACTORES onde se insere a RUA ACTOR JOÃO ROSA) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor João Rosa - (2014) (Um troço da RUA ACTOR JOÃO ROSA no sentido Sul para Norte) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor João Rosa - (2014) (A RUA JOÃO ROSA vista da Rua Barão Sabrosa na parte a Norte) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor João Rosa - (1885) Desenho a carvão de José Malhôa (O jovem JOÃO ROSA numa das suas representações teatrais) in O INFERNO 
 Rua Actor João Rosa - (depois de 1883) Pintura de Columbano Augusto Bordalo Pinheiro(1857-1929) ("Retrato" do actor JOÃO ROSA pintado por COLUMBANO) in APPH - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FOTOGRAFIA
Rua Actor João Rosa - (Gravura de autor não identificado) (Um "retrato" do actor JOÃO ROSA, publicado na revista "O OCIDENTE" em 20.11. 1907) in  CVC-INSTITUTO CAMÕES

(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ II ]

«RUA ACTOR JOÃO ROSA»

A RUA ACTOR JOÃO ROSA pertencia à freguesia do ALTO DO PINA que, juntamente com a freguesia de S. JOÃO DE DEUS e de acordo com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2013, resultou na freguesia do «AREEIRO». Começa na RUA EGAS MONIZ no número oito e finaliza na RUA BARÃO SABROSA, 309. Integrada no primeiro BAIRRO DOS ACTORES, em Acta Nº 4 de 18.01.1944 da COMISSÃO DE TOPONÍMIA, foi aprovada a sua nomenclatura.
JOÃO ANASTÁCIO ROSA nasceu em LISBOA a 18 de Abril de 1843 tendo falecido também em LISBOA a 16 de Março de 1910.  JOÃO ROSA nasceu numa família que viria a ser destacada como uma das mais notáveis famílias de artistas do teatro português.
JOÃO ROSA tinha um irmão mais novo de nome AUGUSTO ROSA que seguia a mesma vocação do irmão JOÃO.  Pai e filho partilhavam o mesmo nome - JOÃO ANASTÁCIO ROSA - sendo que ao filho foi atribuída a designação de ROSA JÚNIOR. Pouco tempo durou tal epíteto, pois que cedo passou a ser conhecido simplesmente como JOÃO ROSA, recaindo sobre o pai a designação de ROSA PAI.
JOÃO ROSA sofre a desventura de ser matriculado na ACADEMIA DE BELAS ARTES, mesmo tendo desde cedo, demonstrado o desejo de representar. Terá caído seu pai no mesmo equívoco quando seu avô, quis orientar o ROSA PAI, contra a sua vontade para a medicina. Mas o destino desta gente era a arte de representar! Assim, aos 19 anos, JOÃO ROSA, apresenta-se ao público pela primeira vez ao lado do pai, no TEATRO BAQUET no PORTO, em 15.11.1862, na comédia AS JÓIAS DE FAMÍLIA de CÉSAR DE LACERDA.
Do PORTO transferiu-separa LISBOA para representar no TEATRO SÃO CARLOS, D. MARIA II, GINÁSIO, TRINDADE e no TEATRO DO PRÍNCIPE REAL, sempre com grandes êxitos e com um trabalho digno de maior admiração em cada papel.
Depois de breve passagem pelo TEATRO GINÁSIO, em 1892 com seu irmão AUGUSTO ROSA, e o ACTOR EDUARDO BRASÃO fundou a COMPANHIA ROSAS & BRANDÃO, que dirigiu o TEATRO D. MARIA II durante 18 anos. Estes anos de JOÃO ROSA passados no D. MARIA, foi uma das suas épocas mais notáveis, com inúmeras e geniais criações e desempenhos. Filho e discípulo de um Mestre, foi companheiro de grandes da sua época como: EMÍLIA DAS NEVES, MANUELA REY, TASSO, TEODORICO, JOSÉ CARLOS DOS SANTOS (o SANTOS PITORRA) e outros. Em todos os seus actos soube impor-se pelo carácter e merecimento, tanto ao público como  e no meio teatral. Foi professor de Declamação no CONSERVATÓRIO NACIONAL, onde patenteou a sua vasta cultura e os seus profundos conhecimentos de TEATRO, tanto antigo como moderno. Distinguido como actor de primeira classe e condecorado com a comenda da ORDEM DE SANTIAGO DA ESPADA, passou a ser conhecido como MESTRE JOÃO. Pelos seus relevantes serviços prestados ao TEATRO PORTUGUÊS, foi-lhe ainda concedida uma reforma.
JOÃO ROSA é surpreendido por uma terrível doença, que começou a enfraquecê-lo e a deixar marcas como lapsos de memória, problemas de dicção e envelhecimento precoce, foi forçado a afastar-se do palco e consequentemente do seu público que guardou a sua imagem com tal saudade que, num espectáculo realizado em seu beneficio (promovido pela Associação da Classe dos Artistas Dramáticos em 1909), ao vê-lo, repleto de admiração, o público estremeceu e num movimento unânime ergueu-se e fez-lhe a mais carinhosa aclamação. Esta foi a a última recordação que o público pode guardar deste esplêndido ser humano, pois no ano seguinte partia para sempre.
Dizia "O SÉCULO" Nº 10148 de 16.03.1910, página 1 - A morte do Actor JOÃO ROSA, sem dúvida um soa nossos artistas dramáticos mais queridos e admirados do público e que deixa gravado na história do teatro português dos últimos 50 anos, um nome deveras glorioso aureolado pelos mais brilhantes triunfos. 
Assistido por EGAS MONIZ na CASA DE SAÚDE PORTUGAL-BRASIL, mas já deveras debilitado, o actor não resistiu a uma hemorragia cerebral, vindo a falecer na madrugada de 16 de Março, tinha 67 anos de idade.
No seu "CURRICULUM", deixamos aqui um apontamento de algumas peças onde se notabilizou: RICARDO III de Shakespeare, O ALFAGEME DE SANTARÉM de ALMEIDA GARRETT, FEDORA de VICTORIEN SARDOU, O CARDEAL RICHELIEU, LEONOR TELES, O GRANDE INDUSTRIAL, FOGUEIRAS DE SÃO JOÃO e A CEIA DOS CARDEAIS de JÚLIO DANTAS ( 1 ) entre muitas outras...

( 1 ) - A CEIA DOS CARDEAIS , apresentada em 28 de Março de 1902 pela primeira vez no TEATRO D. AMÉLIA (actual S. LUÍS). 


(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES[ III ] - RUA ACTRIZ VIRGÍNIA»

quarta-feira, 25 de junho de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ I ]

 Rua Actor Isidoro - (2014) (A "RUA ACTOR ISIDORO" com início na ALAMEDA D. AFONSO HENRIQUES, no primeiro "BAIRRO DE ACTORES") in  GOOGLE EARTH 
 Rua Actor Isidoro - (2007) (Vista Panorâmica da "RUA ACTOR ISIDORO" que começa no lado da Alameda e termina na "Rua Actriz Virgínia")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Isidoro - (2014) (A "RUA ACTOR ISIDORO" no cruzamento com a "Rua Augusto Machado")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Isidoro - (2014) (Um troço da RUA ACTOR ISIDORO no sentido Sul para Norte)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Isidoro - (2014) (A "RUA ACTOR ISIDORO" vista da Rua Actriz Virgínia na parte Norte do Bairro) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor Isidoro - (entre 1950 e 1970) Foto de Amadeu Ferrari ( A Alameda D. Afonso Henriques esquina com a "RUA ACTOR ISIDORO") (Abre em tamanho grande)  in  AFML
Rua Actor Isidoro - (1963-12) Foto de Artur Goulart  (A "RUA ACTOR ISIDORO" nos anos sessenta do século vinte)  in  AFML

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ I ]

«RUA ACTOR ISIDORO»

Vamos iniciar hoje uma ronda pela cidade de LISBOA que tem vindo a perpetuar o seu topónimo, dando nomes de ACTRIZES e ACTORES às suas RUAS. Existe mesmo um ou dois bairros que são privilegiados com esses nomes. Trata-se do "BAIRRO DOS ACTORES", que engloba as antigas freguesias de: ALTO DO PINA, S. JOÃO DE DEUS, S. JOÃO e S. JORGE DE ARROIOS, hoje denominadas AREEIRO, PENHA DE FRANÇA e ARROIOS.
Um segundo novo Polo de topónimos de ACTORES tem aparecido na freguesia de BENFICA, desde a década de sessenta aos nossos dias, por motivo do enorme desenvolvimento urbanístico que se verificou, embora neste momento com mais abrandamento.
Existem ainda mais ruas espalhadas por toda a LISBOA com nomes de ACTORES, muito embora não tão agrupados actualmente. No entanto não sabemos se num futuro não poderão constituir outro Polo de ACTORES. É o caso da antiga freguesia da AMEIXOEIRA (hoje SANTA CLARA) que já comporta muitos nomes de ACTORES e ACTRIZES, podendo ser eventualmente ser considerado um terceiro Polo de BAIRRO DOS ACTORES.
Nesta nossa abordagem vamos começar pelo 1º BAIRRO DOS ACTORES, este junto da ALAMEDA D. AFONSO HENRIQUES.

A RUA ACTOR ISIDORO pertencia à freguesia do ALTO DO PINA que juntamente com a freguesia de S. JOÃO DE DEUS, e pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, passou a pertencer à freguesia do «AREEIRO».  Tem início na ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES, 60 e finaliza na RUA ACTRIZ VIRGÍNIA, 9. Integrada no primeiro BAIRRO DOS ACTORES, em Acta Nº 4 de 18 de Janeiro de 1944 da COMISSÃO DE TOPONÍMIA, foi aprovada a sua nomenclatura.

ISIDORO SABINO FERREIRA mais conhecido como o ACTOR ISIDORO, nasceu em LISBOA na TRAVESSA DAS PEREIRAS à GRAÇA, em 18 de Novembro de 1828. Tendo falecido também em LISBOA em 23 de Setembro de 1876.
Seu pai era um modesto operário numa oficina de reparação de equipamento para o exército, tendo cegado seis meses antes de seu filho nascer. O Actor ISIDORO teve uma infância muito difícil, sem poder ir à escola, foi na rua que aprendeu a ler e a escrever, com os rapazes da sua infância e cedo, aos 11 anos começou a trabalhar.
Primeiro como chapeleiro e mais tarde tecelão, e nas horas vagas experimentava o teatro como actor amador em grupos que ele próprio organizava.
Conseguiu entrar no TEATRO D. MARIA II, com 12 anos como "COMPARSA" ( 1 ) e por lá ficou durante anos no anonimato.
Terá recebido o seu primeiro salário como actor em 1849, no Teatro de ALMADA.
Assistiu a uma das suas representações o actor TABORDA que ficou fascinado com o talento do jovem ISIDORO. Passado algum tempo já ele se estreava no TEATRO DO SALITRE, na peça "UMA FRAQUEZA", apadrinhado por TABORDA.
Não podemos esquecer que o TEATRO DO SALITRE foi um dos mais carismáticos espaços teatrais do século XIX. Com a experiência adquirida no TEATRO DO SALITRE, ISIDORO passa a ser um caso sério na comédia, sendo por isso muito disputado dos palcos de LISBOA.
Ingressa no elenco do TEATRO GINÁSIO, onde acabaria por se estrear em 1853, com a interpretação do "MANUEL FERREIRO" na peça ANDADOR DAS ALMAS, uma paródia de FRANCISCO PALHA à Ópera "LUCIA DI LAMMERMOOR de DONIZETTI. E, dois anos depois, ISIDORO fez a sua primeira revista. Ao lado de TABORDA e da vedeta francesa EMÍLIA LETROUBLON, destacou-se bastante, tendo representado mais duas peças de grande comicidade. Na sequência desta sua prestação, ISIDORO foi convidado para o TEATRO D. MARIA II, mas o GINÁSIO não o deixou sair, aumentando-lhe o vencimento que o convenceu a ficar. Mas passados seis meses ISIDORO não resiste a um convite do TEATRO DO SALITRE, então rebaptizado de TEATRO VARIEDADES, que pagou por essa razão uma indemnização ao GINÁSIO.  
E foi nesse teatro que o actor fez a REVISTA DE 1858 que teve um êxito brilhante. E finalmente no ano de 1863 ISIDORO entrava para o D. MARIA II, estando assim classificado com um actor de primeira classe, onde representou brilhantemente. Mas foi no TEATRO DA TRINDADE que ISIDORO criava a sua inesquecível personagem: o REI BOBECHE" da ópera bufa O BARBA AZUL de Offenbach.
Antes, porém, regressara ao TEATRO GINÁSIO por três temporadas, onde escreveu a REVISTA DE 1862, experiência que o levaria a outros géneros literários.
Assim, paralelamente à sua actividade de actor, ISIDORO escreve crónicas e artigos de opinião para diversos jornais, assinou inúmeras traduções de peças teatrais.
ISIDORO era um homem empreendedor, cheio de força, a par de um enorme talento reconhecido pela crítica, pelo público e pelos seus colegas, o que lhe valeria em 1875, as insígnias de "CAVALEIRO DA ANTIGA, NOBILÍSSIMA E ESCLARECIDA ORDEM DE S. TIAGO DE MÉRITO CIENTIFICO, LITERÁRIO E ARTÍSTICO".
O ACTOR ISIDORO deixou-nos aos quarenta e oito anos, certo de que fez tudo para merecer o que a vida lhe proporcionou: a glória e a fortuna!

( 1 ) - COMPARSA - (do ital., comparsa ) Pessoa que, entrando numa peça teatral, pouco ou nada tem que dizer.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ II ]-ACTOR JOÃO ROSA»

sábado, 21 de junho de 2014

LARGO DO CARMO [ XVI ]

 Largo do Carmo - (2009) Foto de Bert Kaufmann (Ruínas da nave da IGREJA DO CONVENTO DO CARMO, hoje MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO) in   PANORAMIO 
 Largo do Carmo - (2008) Foto de João Martinho 63    (Ruínas da nave da IGREJA DO CONVENTO DO CARMO actualmente o MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO)  in  WIKIPÉDIA
 Largo do Carmo - (2008) - Foto de Carlos Luís M. C. da Cruz  (Peças escultóricas em exposição no MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO)   in    WIKIPÉDIA
 Largo do Carmo - (2013)  (Interior das ruínas da antiga Igreja do Convento do Carmo, hoje ali instalado o Museu Arqueológico do Carmo)  in    MATRAQUEANDO
Largo do Carmo - (ant. 1895) Foto de Francesco Rochini  (Portal da entrada principal da antiga Igreja do Convento do Carmo, presentemente o Museu Arqueológico do Carmo) (Abre em tamanho grande) in AFML

(CONTINUAÇÃO) LARGO DO CARMO [ XVI ]

«O MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO»

Neste capitulo (e último desta série), entre o passado e o presente, é especialmente dedicado à IGREJA DO CONVENTO DO CARMO, ou melhor dizendo, ao que dela resta, sobretudo da IGREJA que foi tentada reerguer no século XVIII, e que hoje constitui o núcleo do MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO.
O MUSEU está ali instalado desde 1864 nas ruínas da IGREJA DO CONVENTO, o que restou do terramoto de 1755, embora tenha existido uma intenção de obras mais tarde, mas com pouco sucesso.
Do edifício podemos destacar o corpo principal da IGREJA e o Coro, cujo telhado resistiu ao terramoto.
Fundado pelo primeiro presidente da ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES, JOAQUIM POSSIDÓNIO NARCISO DA SILVA (1806-1896), será considerado o mentor do MUSEU. Ele tem como objectivo salvaguardar o maior número do património NACIONAL que até à altura, se encontrava abandonado ou em delapidação, motivado pela extinção das ORDENS RELIGIOSAS e ainda de alguns estragos sofridos durante as INVASÕES FRANCESAS e as GUERRAS LIBERAIS.
 Assim, POSSIDÓNIO DA SILVA consegue reunir inúmeras peças de Arquitectura e de Escultura. bem como monumentos funerários de grande relevo artístico e histórico.
Era sua intenção que funcionasse como um "MUSEU VIVO", onde os visitantes pudessem apreciar e ao mesmo tempo conhecer as técnicas arquitectónicas e artísticas de então. O MUSEU desde cedo pôde contar com uma biblioteca, que ainda hoje se conserva, numa das salas do MUSEU.
No seu interior se pode hoje ver uma pequena mas interessante colecção do paleolítico e neolítico português, destacando-se as peças vindas das escavações e de uma fortificação pré-histórica perto da AZAMBUJA.
Um núcleo túmulos góticos inclui o de D. FERNANDO SANCHES(início do século XIV), decorado com cenas de caça ao javali, um outro magnifico túmulo transferido de um CONVENTO DE SANTARÉM para este museu do rei D. FERNANDO (1367-1383) (o rei que mandou levantar uma cerca em volta de LISBOA do século XIV, à qual se dá o nome de MURALHA FERNANDINA) obra-prima da escultura gótica no país, recentemente restaurado. Existe também umas peças romanas, outras visigóticas.
O CONDE DE SÃO JANUÁRIO em finais do século dezanove era na altura o presidente da ASSOCIAÇÃO tendo oferecido ao MUSEU parte da sua colecção particular de cerâmicas pré-colombianas, e duas múmias do mesmo período. Essa colecção exótica constitui hoje um dos principais atractivos do MUSEU.
No último quartel do século XIX e o terceiro quartel do século XX deram entrada no MUSEU valiosas colecções de Arqueologia Pré e Proto-Histórica, proveniente de diversas escavações arqueológicas.
Existem ainda no espólio do Museu: O SARCÓFAGO DAS MUSAS(romano, séc. III-IV d.C.; quatro placas de alabastro com cenas da Paixão de Cristo esculpidas em baixo-relevo, oriundo das oficinas de NOTTINGHAM (meados do século XV); o túmulo da rainha MARIA ANA DE ÁUSTRIA, em estilo barroco; Colecção de 101 pedras de armas, com destaque para a lápide com BRASÃO DE FERNÃO ÁLVARES DE ANDRADE (século XVI), realizada a partir do desenho de FRANCISCO DE HOLANDA.
Durante o período de 1995 e 1996, por motivo das obras do METRO linha CHIADO, com a abertura de dois túneis na COLINA DA PEDREIRA provocando assinaláveis danos nas ruínas da IGREJA DO CARMO. O MUSEU esteve encerrado durante sete anos, motivado pelo procedimento de conservação das estruturas, reabrindo em Julho de 2001. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA
- ARMORIAL LUSITANO - Coord. de A.E.M. Zuquete-Editorial Enciclopédia, Lda. 1961-LISBOA. 
- AZEVEDO, João de - LISBOA 125 anos sobre carris - Roma Editora-1998 - LISBOA
- CAEIRO, Baltazar Matos - OS CONVENTOS DE LISBOA - Distri. Editora-1989 - SACAVÉM.
- COSTA, Mário - O CHIADO Pitoresco e Elegante-Assoc. dos Arqueólogos Portugueses Ed 2ª - 1987 - LISBOA.
- DIAS, Marina Tavares . LISBOA DESAPARECIDA - Vol. 5 - Quimera- 1996 - LISBOA.
- FESTAS DE LISBOA 1955 - Direcção de Monteiro de Macedo e outros-Publicado pela NEUGRAVURA - 1955 - LISBOA.
- LISBOA E O AQUEDUTO - Edição da C. M. L. 1997 - LISBOA.
- MACEDO, Luís Pastor de - LISBOA DE LÉS A LÉS- Pub. da CML - Vol. III 3ª Ed.1985-Lx.
- MESQUITA, Alfredo-LISBOA- Ed. Perspectivas &Realidades - 1987-LISBOA
- MOITA, Irisalva - O Livro de Lisboa - Liv. Horizonte - 1994 - LISBOA.
- NOBREZAS DE PORTUGAL E BRASIL - Coord. de A.  E. M. Zuquete - Editorial Enciclopédia,Lda - Vol. III - 1961-1984 - LISBOA.
- OLIVEIRA, Cristóvão Rodrigues - LISBOA EM 1551 SUMARIO - Liv. Horz.-1987-LISBOA.
- PINTO, Luís Leite - História do Abastecimento de água a Lisboa - Imp. Nac. Casa da Moeda - 1972 - LISBOA.
- SEQUEIRA, Gustavo de Matos - O CARMO e a TRINDADE - Publicações Culturais da C.M.L. Vol. I, II e III - 1939 - LISBOA.
- SILVA, A. Vieira - A Cerca Fernandina de Lisboa - Publicações da CML - Vol. I - 2ª Ed. 1987 - LISBOA.
- SOUZA, Alberto - ALFACINHAS os lisboetas do passado e do presente (1964?) - LISBOA.
- VIDAL, Angelina - LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA Ed. VEGA - 1994 - LISBOA.

INTERNET
- NCREP
- REVELAR LX
- SIPA 

(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES[ I ]RUA ACTOR ISIDORO»

quarta-feira, 18 de junho de 2014

LARGO DO CARMO [ XV ]

 Largo do Carmo - (1554) - (Imagem em Xilogravura da "Crónica do Condestável" D. Nuno Álvares Pereira)  in  SECRETARIADO NACIONAL DA PASTORAL DA CULTURA
 Largo do Carmo - (Século XV) - (NUNO ÁLVARES PEREIRA 1423-1431, Donato Carmelita. Encontra-se exposto no Palácio do Marquês de Pombal em OEIRAS)  in  ALFACINHAS-OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
 Largo do Carmo - (2006) Foto de Georges Jansoone (A estátua equestre de D. NUNO ÁLVARES PEREIRA na frente do MOSTEIRO DA BATALHA, uma obra do escultor LEOPOLDO DE ALMEIDA) in  WIKIPÉDIA
 Largo do Carmo - (2009) (A IGREJA DO SANTO CONDESTÁVEL inaugurada a 14 de Agosto de 1951 no Bairro do CAMPO DE OURIQUE em LISBOA, uma obra do arquitecto VASCO REGALE IRA)  in  WIKIPÉDIA
Largo do Carmo - (26.04.2010) (Foto do 1º Aniversário da Canonização de NUNO DE SANTA MARIA anterior D. NUNO ÁLVARES PEREIRA. Em segundo plano podemos observar a IGREJA DO CARMO)  in   REAL FAMÍLIA PORTUGUESA

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ XV ]

«NUNO ÁLVARES PEREIRA»

Já falámos do vetusto CONVENTO DO CARMO e passamos com natural normalidade, ao respectivo fundador, o CONDESTÁVEL DO REINO, D. NUNO ÁLVARES PEREIRA, a cuja persistência e fortuna se deve a construção deste CONVENTO no local do CARMO.
Começarei por recordá-lo que embora natural de CERNACHE DE BONJARDIM, NUNO ÁLVARES PEREIRA nasceu a 24 de Junho de 1360 e faleceu em LISBOA no dia 1 de Abril de 1431. Era filho ilegítimo de Frei ÁLVARO GONÇALVES PEREIRA, CAVALEIRO DOS HOSPITALÁRIOS DE S. JOÃO DE JERUSALÉM e PRIOR DO CRATO, e de D. IRINA GONÇALVES DO CARVALHAL. Passou algum tempo após o seu nascimento  o menino foi legitimado por Decreto Real, podendo assim receber a educação cavalheiresca típica dos filhos dos Nobres do seu tempo. 
Feito mais tarde CONDE DE OURÉM e senhor de terras em todo o PORTUGAL (era donatário de trinta e três VILAS), NUNO ÁLVARES PEREIRA cedo conheceu LISBOA, aqui se deslocando com frequência e cá acabando por professar e morrer.
Logo aos 13 anos, NUNO foi apresentado na Corte, onde conheceu a Rainha D. LEONOR TELES esposa do Rei D. FERNANDO, que desejou tomá-lo para seu escudeiro.
Em plena juventude, viveu NUNO um célebre episódio que já demonstrava a sua propensão para as armas e para a valentia: durante um cerco das tropas castelhanas a LISBOA, divertiam-se os soldados estrangeiros a atravessar a Ribeira de ALCÂNTARA, e vir por quintais e hortas adentro até SANTOS, pilhando e estragando. Tal comportamento suscitou os ardores bélicos e patrióticos do moço guerreiro, que arremeteu sozinho contra a tropa castelhana até que os amigos, envergonhados, lhe deram ajuda, acabando por correr com os intrusos. Depois, com o MESTRE DE AVIS feito D. JOÃO I, obviamente muitas foram as vezes em que o CONDESTÁVEL DO REINO tinha de vir palestrar com o monarca.

A ligação maior de NUNO ÁLVARES com LISBOA deu-se, porém, a partir de 1389. Prometera ele em ALJUBARROTA um grandioso templo à Virgem. Quatro anos depois da batalha, começou a cumprir o voto, comprando  aos Frades da TRINDADE uma parte das suas terras, que em termos actuais situaríamos da RUA DA CONDESSA para baixo. 
Sendo escasso o terreno para o que pretendia, comprou mais aos PESSANHAS, descendentes do Almirante que ainda hoje dá nome a uma das ruas do CARMO.
Começou a construção do CONVENTO em seguida, naquele alto onde ainda se encontra, dominando o ROSSIO  e a parte baixa da cidade.
Ora, reza a história que por duas vezes se desmoronou a projectada mole de pedra, porque assentava sobre terreno de fraca consistência e os alicerces não se agarravam suficientemente. D. NUNO ÁLVARES terá dito que,  nem que o CONVENTO tivesse de assentar sobre bronze, ficaria ali. Assim aconteceu, mas o guerreiro e futuro monge deve lá ter gasto boa parte dos seus capitais: a construção demorou até 1423 ( 34 anos de obras, portanto), embora já em 1397 lá habitassem FRADES CARMELITAS. Sabemos destes factos dos séculos XIV e XV, não será pois de espantar muito que as mexidas constantes no subsolo daquela elevação tivessem provocado na actualidade complicações nos prédios da RUA, e do LARGO DO CARMO e da vizinha CALÇADA DO SACRAMENTO. Vejam lá, já NUNO ÁLVARES se queixava na época!

Após a sua morte FREI NUNO DE SANTA MARIA passou a ser reputado de SANTO pelo povo, que desde então o começa a chamar "SANTO CONDESTÁVEL".  O Santo Padre, PAPA BENTO XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009, determina que o "BEATO NUNO" seja inscrito no dia 26 de Abril de 2009, no álbum dos SANTOS (Canonização), 578 anos depois da sua morte.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ XVI ]O MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO»

sábado, 14 de junho de 2014

LARGO DO CARMO [ XIV ]

 Largo do Carmo - (2010)-Desenho: Atelier Acácio Santos e Túlio Coelho - (Emissão de um selo pelos CTT comemorativo à canonização do BEATO NUNO de SANTA MARIA ou D. NUNO ÁLVARES CABRAL, em 26 de Abril de 2009) in  POVO
 Largo do Carmo - ( 2010 ) - Pintura do Mestre Carlos Alberto Santos (D. NUNO ÁLVARES PEREIRA, pintura do Mestre Carlos Alberto Santos) in  REAL ASSOCIAÇÃO DA BEIRA
 Largo do Carmo - (2010) Carlos Fontes ( D. Nuno Álvares Pereira empunhando a espada, em cima do seu cavalo) in COISAS DA CULTURA
 Largo do Carmo - (2009) ( A Espada do "SANTO CONDESTÁVEL" NUNO ÁLVARES PEREIRA no MUSEU MILITAR DE LISBOA)  in  LUSOPHIA
Largo do Carmo - (2010) Foto de Carlos Gomes ( O CENOTÁFIO de NUNO ÁLVARES PEREIRA e Terceiro Conde de Ourém, está colocado no Corpo Central do Panteão Nacional de Lisboa)   in AUREN

(CONTINUA) LARGO DO CARMO [ XIV ]

«AS RELÍQUIAS DO CONDESTÁVEL»

Os restos mortais de «NUNO ÁLVARES PEREIRA» ou "FREI NUNO DE SANTA MARIA" tiveram um percurso bastante acidentado.


Recolhido ao seu Convento no LARGO DO CARMO, o antigo CONDESTÁVEL DO REINO passou ali a sua vida. Lá faleceu em 1 de Abril de 1431 ( isto à sensivelmente 583 anos), num Domingo de Páscoa. Foi obviamente sepultado na Igreja que ele próprio criara.


Durante mais de 300 anos, as relíquias do guerreiro que se fizera monge foram veneradas no local próprio. Aconteceu depois o terramoto de 1755 que (como ainda hoje é visível, apesar das tentativas de reconstrução levadas a cabo e nunca completadas) deixou a Igreja muito mal tratada.

As preciosas relíquias de NUNO ÁLVARES foram então recolhidas e levadas para a IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO, instalada num prédio (de que já falámos) no topo do LARGO DO CARMO, entre as Ruas da "CONDESSA" e da OLIVEIRA ao CARMO".
Ali permaneceram até 24 de Março de 1836, data em que foram levadas para o MOSTEIRO de SÃO VICENTE, existindo a intenção de os transportar depois para um dos Mosteiros Nobres: o da BATALHA ou o dos JERÓNIMOS. Nada se resolvendo, acabaram os ossos por ir parar novamente à IGREJA DA ORDEM TERCEIRA - de onde só saíram já em meados do século XX, com destino à nova IGREJA DO SANTO CONDESTÁVEL, em CAMPO DE OURIQUE.
Nesta complexa relação do beato NUNO DE SANTA MARIA (elevado aos altares em Janeiro de 1918) com a cidade de LISBOA, faltava um capítulo no qual fosse prestada a homenagem devida.

Não se tornando viável reerguer a IGREJA DO CONVENTO DO CARMO e existindo a necessidade de se construir novas IGREJAS na CIDADE, para corresponder às necessidades provocadas pela expansão e pelos locais de fixação, decidiram as autoridades eclesiáticas que o novo templo a erguer em CAMPO DE OURIQUE fosse dedicado ao antigo defensor da independência de Portugal, entretanto beatificado.
A IGREJA DO SANTO CONDESTÁVEL foi construída no espaço da antiga "EMPRESA CERÂMICA DE LISBOA" existindo desde o ano de 1883, tendo sido um dos polos de desenvolvimento do BAIRRO de CAMPO DE OURIQUE, especializada no fabrico de telhas "MARSELHA", situava-se exactamente onde podemos ver hoje esta IGREJA do CONDESTÁVEL.
Em 1946, começou a construção da IGREJA em forma de cruz latina, inspirada nos tempos portugueses da fase final do gótico.
O projecto foi do arquitecto VASCO REGALEIRA e foram chamados a prestar colaboração os escultores LEOPOLDO DE ALMEIDA, VELOSO DA COSTA e SOARES BRANCO e os pintores ALMADA NEGREIROS, PORTELA JÚNIOR e JOAQUIM REBOCHO. A inauguração teve lugar em data apropriada: 14 de Agosto de 1951, dia em que se comemorava o aniversário de ALJUBARROTA.
Saíram então as relíquias do SANTO CONDESTÁVEL do seu velho lugar de repouso, na ORDEM TERCEIRA. Foram levadas num armão de artilharia, com escolta de honra, em vistoso cortejo. Uma pequena relíquia ficou na Igrejinha do Carmo e o lugar do primitivo túmulo, no então CONVENTO e hoje MUSEU, ficou devidamente assinalado.
Também, no corpo central do PANTEÃO NACIONAL (em SANTA ENGRÁCIA) encontra-se (além de outros) o CENOTÁFIO ( 1 ) de "D. NUNO ÁLVARES PEREIRA".

Longa e algo acidentada jornada tiveram pois as ossadas de NUNO ÁLVARES, desde a sua morte até 1951. Anos antes, em 1944, ao assinalar-se o aniversário natalício do BEATO, tinha um "Conselho da Ala do Santo Condestável" decidido fazer em LISBOA uma procissão em que figuravam as suas ossadas. Tal cortejo pareceu um tanto insólito a muito boa gente, por não vir a propósito, não ter qualquer antecedente e poder até ser encarada como uma espécie de profanação.
A encabeçar os protestos, esteve o olisipógrafo e jornalista NORBERTO DE ARAÚJO.
Diga-se ainda, que se vaticinou para LISBOA projectar também uma estátua para NUNO ÁLVARES. Discutiu-se se deveria estar em pé ou a cavalo, foi escolhida a última versão, e resolvida a questão, foi para a BATALHA, oferecida "pelo povo de LISBOA".

( 1 ) - CENOTÁFIO - (do Grego Kenotaphion, pelo Latim Coenotaphium). Túmulo ou Monumento sepulcral, erigido à memória de alguém (neste caso a D. Nuno Álvares Pereira), mas que lhe não contém o corpo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ XV ] - NUNO ÁLVARES PEREIRA»

quarta-feira, 11 de junho de 2014

LARGO DO CARMO [ XIII ]

 Largo do Carmo - (19__) Fotógrafo não identificado (O "Largo do Carmo" à esquerda a fachada da IGREJA DA ORDEM TERCEIRA, obras no CONVENTO DO CARMO e CHAFARIZ DO CARMO) (Abre em tamanho grande)  in  AFML 
 Largo do Carmo - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado (Procissão do Triunfo ou dos Santos Nus no LARGO DO CARMO)  (Abre em tamanho grande)  in  AFML 
 Largo do Carmo - (1959) Foto de Armando Serôdio (Igreja da Ordem Terceira do Carmo, fachada principal virada para o LARGO DO CARMO)  in  AFML
 Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale (Pormenor do Portal da IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO, no LARGO DO CARMO)  in  SIPA
 Largo do Carmo - (2013)  (Fachada da Igreja da Ordem Terceira do Carmo) in GOOGLE EARTH
Largo do Carmo - (2013) (Parte do edifício da "IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO" com esquina para a RUA DA OLIVEIRA)  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ XIII ]

«A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (3)»

Fez-se um "OFICIO" em 24 de Maio de 1862, e em 3 de Junho seguinte, à ordem do Vigário Geral do Património, e perante o DR. MANUEL JOSÉ FERNANDES CICOURO e três "TERCEIROS" do CARMO, foi aberto o relicário e autenticadas as 27 relíquias.
Uma das peças de prata circular, media 64 cm de diâmetro e 15 de espessura, tendo ligada uma corrente grossa, também de prata. No anverso, circundado por uma virola, ornamentada com um dentado de pontas redondas há a seguinte inscrição, em caracteres latinos: "Estas relíquias deste relicário trazia consigo o CONDESTÁVEL N. ÁLVARES".
Na parte central vê-se gravado no espelho de prata um SÂO CRISTÓVÃO. No reverso, onde está gravada a cena do CALVÁRIO, lê-se ao redor da virola: "Este relicário é de NOSSA SENHORA DO CARMO DE LISBOA".

O HOSPITAL DA ORDEM TERCEIRA da à muito que só existia teoricamente, por falta de recursos. O saudoso D. TOMÁS DE MELO BREYNER, Irmão TERCEIRO, alimentou um dia o sonho de restaurá-lo. Fez-se ainda um projecto de arquitectura, mas a ideia não pode ir por diante. Era necessário muito dinheiro.
Foi ainda organizado um gabinete de consultas e tratamentos, mas as duas enfermarias, de homens e de mulheres, continuavam vazias, aguardando o velho material hospitalar.

Com o recrudescimento do culto patriótico de NUNO ÁLVARES, seguido da sua beatificação, a CAPELA da ORDEM TERCEIRA obteve uma nomeada maior. Quase esquecida, com o seu aspecto exterior de prédio de habitação, onde se não suspeita o que existe no seu interior, passou de novo a ser conhecida da população.
Na altura da visita da infanta D. FILIPA DE BRAGANÇA ao CARMO e à ORDEM TERCEIRA, mais uma vez a velha corporação religiosa se evidenciou e de novo o antigo TERREIRO DO CARMO teve a concorrência de outros tempos.
A venerável ossada, identificada em SÃO VICENTE em 11 de Fevereiro de 1918, por uma comissão nomeada por portaria, concluiu a sua missão, foi mandada entregar à ORDEM TERCEIRA em 10 de Maio de 1918, colocada dentro do cofre em que estava, no altar do lado da Epístola. Por deliberação do senhor Cardeal Patriarca, fez-se a mudança para a actual urna de prata em 30 de Julho de 1927( 1 ).
Aquando das festas de 1938, comemorando a data de 28 de Maio, no LARGO DO CARMO armou-se de verdura, coreto, mastros com bandeiras - um verdadeiro arraial popular - e a MOCIDADE PORTUGUESA  mais a LEGIÃO PORTUGUESA, foram à CAPELA DA ORDEM, prestar a sua homenagem ao SANTO CONDESTÁVEL, visitar a urna de prata que contém os seus despojos mortais (conduzindo-a num andor do altar para o átrio do templo, processional e solenemente).

Em 1835 tinha a CML mandado intimar a ORDEM a edificar, ou vender a quem nele edificasse, o chão que possuía junto à RUA DA CONDESSA ( 2 ) e onde se alastrava uma série de barracas que aí ficou muitos anos, formando um corredor entre aquela RUA e a RUA DA OLIVEIRA. Parece-me desnecessário dizer que a ORDEM nada fez. As suas finanças não o consentiam e esta situação continuou por aí fora.
Em 1859, como os seus telhados necessitassem de obras, viu-se obrigada a pedir à CÂMARA que lhe fizesse a obra, dado que os seus recursos eram precários ( 3 ).

No andar térreo do edifício da ORDEM esteve sempre ocupado por vários estabelecimentos.
Contava-se uma OFICINA DE GALVANIZADOR, durante largos anos, uma LOJA DE CHOCOLATARIA. O artista, chamava-se JOÃO CAETANO PIRES BRANCO e esteve ali de 1837 a 1883, embora de 1866 a 1869 se mencione lá um tal JOSÉ ALVES, talvez caixeiro do Estabelecimento. Em 1885 ainda permanecia a loja onde o fabrico se fazia à vista do cliente, e à moda antiga, esmagando-se o chocolate entre duas pedras ( 4 ).
Também uma CAPELISTA aqui esteve instalada de 1873 a 1880 e tantos, tendo depois aparecido uma TABACARIA. Um BARBEIRO para manter a tradição dos "FÍGAROS" que ali se sucederam desde 1840. De 1849 a 1857, o barbeiro chamava-se PASTOR.
Existiu também uma TABERNA, entre 1841 e 1848, um DENTISTA chamado NEVES, de 1873 a 1875 que acumulava o manejo do "BOTICÃO" com a navalha de escanhoar, e ainda um PADEIRO em 1883.
Nesta altura o que existe no edifício da ORDEM TERCEIRA, é uma loja de calçado - SAPATARIA CARMO - e um BARBEIRO.

( 1 ) - Elementos e informação obsequiados dos confrades AFONSO ORNELAS e GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA.
( 2 ) - Archivo Municipal, de 1859, pág. 266
( 3 ) - Archivo Municipal, de 1859, pág 266
( 4 ) - Informação de um erudito sr. JOSÉ RODRIGUES SIMÕES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ XIV ]AS RELÍQUIAS DO CONDESTÁVEL» 

sábado, 7 de junho de 2014

LARGO DO CARMO [ XII ]

 Largo do Carmo - (1907-03) Foto de Joshua Benoliel (Procissão do Triunfo ou dos Santos Nus saindo da IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO) (Abre em tamanho grande)  in  AFML 
 Largo do Carmo - (1948) Foto de Eduardo Portugal (IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO fachada) (Abre em tamanho grande) in AFML 
 Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale (Interior, patamar superior da escada central da IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO no LARGO DO CARMO)  in  SIPA
 Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale (Interior da Capela, "Retábulo" da ORDEM TERCEIRA DO CARMO no LARGO DO CARMO in  SIPA
Largo do Carmo - (2013)  - ( Parte do Edifício da IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO, com esquina para a RUA DA CONDESSA)  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ XII ]

«A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (2)»

Em 1782 só faltava dourar e pintar o retábulo. Nova paragem até Março de 1784 em 1785 continuaram os trabalhos. Em 15 de Fevereiro de 1789, concluída a obra, p Prior, que era então o CONDE DE LUMIARES, determinou que para o novo templo fosse conduzida, processionalmente, a imagem da VIRGEM DO CARMO e se pusesse sobre o altar-mor, tendo a Rainha D. MARIA I aprovado a ideia. No dia seguinte foi benzida a Capela, pelo Prior do SACRAMENTO, mais tarde em 23 de Agosto de 1793 realizou-se no Templo a primeira grande festa, vésperas solenes, e missa cantada de festa a Nª.SENHORA DO CARMO.
No ano de 1796 existiu outro género de espectáculo na sede da ORDEM TERCEIRA. Realizou-se um leilão e venderam nos primeiros dias de Junho os bens móveis, peças de prata, diamantes, etc., que tinham sido legados por uma benfeitora - D. MARIA INÁCIA DE MACEDO E SILVA - embora a Ordem tenha ficado por testamenteira da  legatária ( 1 ).
Como a situação financeira não fosse próspera, os IRMÃOS TERCEIROS DO CARMO tiveram de viver num constante peditório, e o recheio da sua capela, paramentos, quadros, imagens e outros objectos de culto, foi tudo obtido por rogatórias. Em 15 de Janeiro de 1835 recebeu, consoante a letra do Decreto de 30 de Maio de 1834, do desmanche de feira que foi a extinção das casas religiosas, cálices paramentos, repertórios, turíbulos, castiçais, missais, livros do coro, capitulários e um púlpito portátil ( 2 ).
A 5 de Dezembro de 1835 foi solicitado à Rainha, pela Secretaria de Fazenda, a troco de juros, alguns paramentos e ainda em 1836 foi igualmente pedido à Rainha os paramentos do extinto "Hospício da Terra Santa" que estavam depositados no GOVERNO CIVIL ( 3 ).

A PROCISSÃO DO TRIUNFO que a ORDEM promovia, e que um dos espectáculos festivos de LISBOA no tempo da Monarquia, levava-a todos os anos a pedir à CÂMARA a limpeza e desimpedimento das ruas do percurso, tal qual fazia a IRMANDADE DOS PASSOS DA GRAÇA nas vésperas da sua procissão.
Os lisboetas estimavam esse dia em que os andores de CRISTO, nos PASSOS DA PAIXÃO, deslizavam nas ruas entre as fachadas policromadas de colchas ricas pendentes das janelas.
Tudo isso lá vai. A procissão, o ambiente da época e até o "espírito". Veio a "blague" substituí-lo, o "apropósito" lisboeta, que é inimitável mas que sabe a outra coisa e nos deixa no "paladar", às vezes, uma amarga revolta surda. A culpa não é dos alfacinhas... é do tempo.

A Capela da Ordem que ocupa na fachada sobre o LARGO DO CARMO os dois pavimentos, tem o altar.mor virado ao Sul-Poente e o coro ao Norte-Oriente, ficando a meio o corpo principal. Bem iluminada, com três portas de acesso, dando a central para a escada nobre, e as extremas, uma para a sacristia e outra para os corredores do lado da RUA DA CONDESSA, tem o tecto direito, ornado a meio com um painel a óleo representando a SENHORA DO CARMO dando o escapulário  a S. SIMÃO STOCK. No altar-mor, ladeado por dois nichos onde estão as imagens de SANTO ELIAS e SANTO ELISEU vindas do CONVENTO DO CARMO, esculturas de madeira do século XVII, venera-se a PADROEIRA, imagem  de roca da mesma proveniência.
Tem dois altares laterais. O do lado da Epístola é dedicado a S. NUNO ÁLVARES e tem ainda as imagens de SANTO ALBERTO e de SÃO JOSÉ, além de outras modernas de menor interesse. Aos pés da imagem de SÃO NUNO, está o cofre de preta com as RELÍQUIAS DO CONDESTÁVEL, ornamentado de relevos e documentado com duas inscrições. Atrás do frontal envidraçado, vê-se a imagem de Nª. SENHORA DA BOA-MORTE, vinda também do CONVENTO DO CARMO.
O altar do lado do Evangelho tem, no meio do retábulo, um CRISTO CRUCIFICADO, e além da imagem do CORAÇÃO DE JESUS, as de SANTO AMARO e SANTO ANTÓNIO.
No frontal do altar envidraçado, está uma imagem do SENHOR MORTO, escultura de madeira setecentista.
Num outro altar de encosto, do lado do Evangelho, está uma imagem do SENHOR DOS PASSOS, e, mísulas ao lado do arco da CAPELA-MOR, as de S. BRÁS e SANTA LUZIA. A sacristia tem duas janelas para a RUA DA OLIVEIRA. O tecto é de moldura de madeira e pinturas. O frontal do altar é envidraçado: aos lados da maquineta, estão as imagens da SENHORA SANTA ANA e SANTA BÁRBARA.
É vasta e rica a série de resplendores  e coroas de prata que a ORDEM possui. Além de um valioso relicário de prata que se guarda no cofre forte da ORDEM. É uma peça possivelmente do século XVII, onde os frades do CARMO guardavam as 27 relíquias que, segundo a tradição conventual, o fundador trouxera sempre consigo. Um frade curioso, "FREI ANTÓNIO HENRIQUES DE OLIVEIRA", salvara o relicário do descalabro de 1834, guardando-o avaramente e, antes de morrer, entregara-o ao PRIOR de então, que era o CONDE DE PARATY. Este mostrou-o aos irmãos, contou a sua proveniência e, em reunião de 10 de Maio de 1862 se lavrou uma acta das relíquias.

( 1 ) -Códice 92 do Arquivo da Ordem Terceira do Carmo, intitulado "LIVRO DA RECEITA E DESPESA GERAL NA REEDIFICAÇÃO DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO DE LISBOA", ano de 1784, pág. 406-V.
( 2 ) - Gazeta de Lisboa, de 11 de Junho de 1796.
( 3 ) - Crónica Constitucional de Lisboa, de 9 de Junho de 1835.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ XIII ] A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (3)». 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

LARGO DO CARMO [ XI ]

 Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale ( Fachada principal da "Igreja da Ordem Terceira do Carmo" voltada para o "Largo do Carmo") in  SIPA
 Largo do Carmo (195_) Foto de António Castelo Branco  (Fachada da "Igreja da Ordem Terceira do Carmo)  in  AFML
 Largo do Carmo (194_) Foto de Ferreira da Cunha  (Procissão do Triunfo ou dos Santos Nus da Ordem Terceira do Carmo)  in   AFML
 Largo do Carmo - (1944) Foto de J. C. Alvarez  (Fachada da "Igreja da Ordem Terceira do Carmo" no "Largo do Carmo")  in  AFML
Largo do Carmo - (1907) Foto de autor não identificado ("Procissão do Triunfo ou dos Santos Nus" saindo da "IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO") in  AFML

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ XI ]

«A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (1)»

A face Norte do "LARGO DO CARMO" é formada por um prédio tipo pombalino onde está instalada desde 1780, a "VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO", entre a "RUA DA OLIVEIRA AO CARMO" (Antiga RUA DO OLIVAL) e a "RUA DA CONDESSA" (da Vidigueira).
O prédio está ornado na fachada, ao alto, por um motivo de carácter religioso sobrepujado de cruz. Veio substituir o local do PALÁCIO DOS TEIVAS, dos ELVAS e dos COUTINHOS destruídos pelo terramoto de 1755 ( 1 ).
Os herdeiros destes fidalgos, senhores sucessivos da propriedade, eram, ao tempo do sismo, RUI DA SILVA COUTINHO e AIRES ANTÓNIO DA SILVA. O primeiro, e o segundo como seus imediatos sucessores (eram irmãos) doaram, por escritura de 18 de Dezembro de 1763 e de 3 de Janeiro de 1764, feitas perante o tabelião INÁCIO MATIAS DE MELO, à VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA e ao HOSPITAL DO CARMO, os chãos e ruínas do seu palácio que constituíam um prazo foreiro ao Mosteiro do CONDESTÁVEL, em 100 réis cada ano. Feita a doação, a propriedade foi oficialmente adjudicada à ORDEM, em 27 de Janeiro de 1771, livre de encargo do foro, por Decreto de 6 de Março de 1769, a 1$00 o palmo de frente com o fundo respectivo ( o que tudo importou em 720.000 réis, conforme a verba exarada no TOMBO DA CIDADE e entregue em 9 de Dezembro de 1774.
É de estranhar que tendo a ORDEM recebido por doação tais chãos e ruínas, tivesse de os adjudicar à razão de 1.000 réis o metro. A explicação está em que os herdeiros dos doadores, não concordaram com a doação, tinham movido uma demanda à Mesa DA ORDEM TERCEIRA, com o fundamento de que os chãos eram bens de morgadio ( 2 )
A ORDEM para não protelar a construção do novo hospital resolvera comprá-los, conseguindo tal autorização pela CARTA de 25 de Outubro de 1774, tomando posse do terreno e ruínas em 31 de Janeiro do ano seguinte. Era então Prior o VISCONDE DE PONTE DE LIMA.
Os caboucos abriram-se e a obra começou ( 3 ).
Os TERCEIROS DO CARMO tinham pois desistido definitivamente de reerguer o HOSPITAL no antigo local, apesar de terem tomado posse (em 5 de Janeiro de 1768) dos terrenos da RUA DAS ESCADINHAS DO CARMO, RUA NOVA DO CARMO, RUA DE VALVERDE, RUA NOVA DO ESPÍRITO SANTO e RUAS do MESTRE GONÇALO, dos SAPATEIROS e das ORTAS que correspondiam, no novo traçado, ao antigo assento do edifício, por quatro sentenças cíveis de adjudicação, julgadas pelo Desembargador MANUEL JOSÉ GAMA ( 4 ).
Ficara encarregado de todo este expediente legal de escrituras, adjudicações e obras o Procurador da Mesa LUÍS JOAQUIM FERNANDES, e diligentemente conseguiu que o soberano consentisse que todo o entulho do terreno dos "SILVAS COUTINHOS" e a construção de um muro de suporte do lado da RUA DA OLIVEIRA, se fizesse à custa do ESTADO. 
Por autorização, dada em 6 de Fevereiro de 1776 pelo PATRIARCA, o CARDEAL DA CUNHA, e pela "sentença" do Desembargador JERÓNIMO DE LEMOS MONTEIRO, de 17 de Agosto de 1775, fez-se desistência dos outros chãos na ribanceira do CARMO para VALVERDE que tinham sido adjudicados em 1768 recebendo a ORDEM alguma quantia.
Em 21 de Junho de 1775 tinham sido lançados os fundamentos para o novo edifício. Festa solene. Mas dinheiro para a obra não existia. No cofre só estavam 2.693$775 réis já desfalcados com a compra dos chãos, e tivera. de recorrer a peditórios.
Fizeram-se cartas rogatórias a todas as ORDENS TERCEIRAS DO CARMO espalhadas pelo país, em 13 de Setembro de 1775, distribuíram-se "BOLSAS DE PEDIR" aos irmãos, e até se obteve dos operários da obra e dos fornecedores de materiais, algumas reduções nos salários e preços. Mas apesar de todos os esforços, chegava-se a Março de 1779 tinha-se gasto tudo o que se apurara - oito contos de réis - e já existia mais de cinco emprestados à ORDEM, e a dívida de mais dois à Dízima do PAÇO DA MADEIRA. O Terceiro MANUEL SIMÕES que falecera em 16 de Outubro de 1780 deixara 300$000 réis para as obras do HOSPITAL e para serem logo utilizados, foram gastos na erecção da CAPELA DA ORDEM, fiando na Virgem do CARMO as esperanças da possibilidade da continuação da obra. A Mesa aprovou-a, o procurador do Carmo entendeu-se com o arquitecto MANUEL CAETANO DE SOUSA, autor do risco, e das obras da CAPELA começaram em 29 de Outubro desse ano.

 ( 1 ) - Em 1844 eram representantes destes fidalgos, a quem chamaram "OS CAINS", ANTÓNIO DE SOUSA COUTINHO MENDES PINTO e ELVAS. Uma herdade de que ele era senhorio directo, no termo da Azambuja, chamava-se, ainda, "COHORTE DO CAHIM"(anúncio do Diário do Governo de 22 de Julho de 1844).
( 2 ) - Códice 92 do Arquivo da Ordem Terceira do Carmo, intitulado "LIVRO DA RECEITA E DESPESA GERAL NA REEDIFICAÇÃO DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO DE LISBOA - ano de 1784, pág. 406-v.
( 3 ) - Idem, idem.
( 4 ) - Idem idem.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ XII ] A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (2)»