quarta-feira, 29 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XII ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 4 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Início da "CALÇADA DE D. GASTÃO" ligada à "Rua do Grilo", no número 1 a 3 a antiga drogaria já com várias décadas, no seguimento da rua junto à drogaria edifícios novos) in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1966-07) Foto de João H. Goulart ( A "DROGARIA" no início da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" frente para a "Calçada do Grilo")  in  AML
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Parte final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" esquina com a "RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES". O prédio que se vê com péssimo aspecto e parcialmente emparedado, foi as antigas instalações - durante décadas - da "FARMÁCIA CONCEIÇÃO", hoje no lado oposto da Calçada a funcionar) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 2003) Foto de APS (Telemóvel) - (Entrada da "VILA MARIA LUÍSA" na "CALÇADA DOM GASTÃO" ao fundo o "Palácio do Grilo" na "Quinta de Leite de Sousa") in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS - ( "CALÇADA DE DOM GASTÃO" vista do antigo "LARGO DE DOM GASTÃO", podemos identificar pelo seu gradeamento que delimitava a Calçada)  in  ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - (1966-11) Foto de Augusto de Jesus Fernandes (Um troço da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" no lado esquerdo o gradeamento do antigo "LARGO DE DOM GASTÃO") in AML


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XII ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 4 )»

«D. GASTÃO DA CÂMARA» foi um dos conjurados de 1640, que, logo após o 1.º de DEZEMBRO de 1640, se apressou a abrir as prisões aos presos políticos.  D JOÃO IV nomeou-o governador e comandante do exército de Entre Douro e Minho, no contexto das GUERRAS DA RESTAURAÇÃO, que se prolongaram ainda durante muitos anos.
Nessa função, em 9 de Setembro de 1641, à frente das suas tropas, tomou de assalto, com êxito, os baluartes erguidos pelos Castelhanos, em PONTE DE VÁRZEA, na GALIZA.
Seguiu-se o costumado saque, ao qual a soldadesca se entregou num desvario, afrouxando a vigilância. Vinham os triunfadores carregados com os despojos de guerra, quando uma força de três mil e quatrocentos galegos carregou de improviso sobre os assaltantes, que dispersaram desordenadamente, estabelecendo-se o pânico.
D. GASTÃO teve dificuldade em aguentar a frustrante retirada que se seguiu.  A notícia causou mal estar em LISBOA e, no ano seguinte, sob pretexto de participar nas CORTES DE LISBOA, foi substituído pelo "CONDE DE CASTELO MELHOR".

"D. GASTÃO" instituiu o MORGADO DO GRILO, no ano de 1652, "D. GASTÃO COUTINHO" e sua mulher instituíram como herdeiro testamentário o sobrinho, "D. LUÍS COUTINHO DA CÂMARA", filho da irmã de D. GASTÃO, Dona FILIPA COUTINHO, e de D. FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA, 6.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, pedindo-lhes dessem sepultura na Ermida do GRILO.  Cumprindo a vontade dos tios, o herdeiro, D. LUÍS 7.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, além de mandar fazer os dois majestosos túmulos, também mandou edificar casas defronte da Ermida para albergar os quatro capelães perpétuos incumbidos de dizer missa por alma dos instituidores, seus ascendentes e descendentes.
A Ermida de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO, que se situava eventualmente entre a actual "VILA MARIA LUÍSA" e as "ESCADINHAS DE D. GASTÃO", tornou-se numa matriz do sítio, não só pelas muitas celebrações que propiciou aos tutelares (missas, funerais, baptizados, casamentos), como também por congregar em pia devoção os moradores e a população em geral, sugestionados ainda pela aura patriótica de que se revestia.
A Capela era administrada pelo GERAL DO CONVENTO DE S. JOÃO EVANGELISTA (BEATO), e apesar do seu grande valor histórico e patrimonial, não logrou, infelizmente, escapar à erosão do tempo - foi demolida e do seu aspecto não resta hoje memória.
A "CALÇADA DE DOM GASTÃO", logo a seguir à "RUA DE XABREGAS", é o topónimo de "D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO PEREIRA DE SANDE". Aliás, tanto quanto sabemos, dos CÂMARAS COUTINHOS" que aqui residiram quatro foram os homónimos - esta prática em nomes de titulares origina, por vezes, alguma confusão -, daí que a força da graça se impusesse, tornando o PALÁCIO DE D. GASTÃO numa referência quase obrigatória desta ZONA DA CIDADE.
Além do fundador do MORGADO, D. GASTÃO  COUTINHO, temos "D. GASTÃO JOSÉ (8.º SENHOR, 1662-1736), que recebeu também pela linha materna os morgados de "Punhete" (hoje CONSTÂNCIA) e TAIPA; D. GASTÃO (10.º SENHOR),  que coabitava com a mãe o PALÁCIO DA FALÉSIA aquando do terramoto de 1755; e finalmente, o já referido D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO PEREIRA DE SANDE(1794-1866), fidalgo muito titulado que desempenhou papel relevante na política do seu tempo - além do 12.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, foi 1º CONDE DE TAIPA, 6.º SENHOR DE REGALADOS, 12.º MORGADO DA TAIPA, PAR DO REINO em 1826, COMENDADOR DAS ORDENS DE CRISTO e de Nª. SENHORA DA CONCEIÇÃO DE VILA VIÇOSA, DEPUTADO DA NAÇÃO, etc.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE D. GASTÃO [ XIII ]-O PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 5 )».

sábado, 25 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XI ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS (3)»
 Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA (Imagem do antigo CAIS dos "SENHORES DAS ILHAS DESERTAS" virado para a "RUA DA MANUTENÇÃO" já com algumas alterações que descaracterizam o conjunto. O levantamento de um muro de protecção junto da balaustrada do século XVIII e os anexos com janelas, ocupando grande parte da antiga varanda)  in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 1998) Foto de António Sacchetti  (Restos do antigo muro de suporte da varanda sobre o CAIS, com a primitiva balaustrada setecentista)  in  CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - ( 2005 ) Foto de APS  (No número 15 da "CALÇADA DE D. GASTÃO" primeiro andar, funcionou "O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" de 1908 a 1974)   in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 1998 ) Foto de António Sacchetti  (Abertura no muro de suporte da varanda do PALÁCIO DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS, aberto sobre o antigo CAIS, hoje "RUA DA MANUTENÇÃO")  in  CAMINHO DO ORIENTE
Calçada de Dom Gastão -  (1968) - Foto de Arnaldo Madureira   (Antigo CAIS do PALÁCIO DE D. GASTÃO" na "RUA DA MANUTENÇÃO", ainda nesta altura se podia ver a sua balaustrada setecentista com vasos sobrepostos)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO  [ XI ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OS DAS ILHAS DESERTAS ( 3 )»

Como informação complementar de interesse histórico, diga-se que o 1.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, então parte integrante da CAPITANIA DO FUNCHAL, foi "JOÃO GONÇALVES ZARCO DA CÂMARA", o celebrizado povoador da «ILHA DA MADEIRA». Mais tarde, seu neto, "SIMÃO GONÇALVES DA CÂMARA", 3.º CAPITÃO, veio a separar as ILHAS DESERTAS em senhorio autónomo a favor do filho do seu segundo casamento, "LUÍS GONÇALVES DE ATAÍDE", portanto 4.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, neto pela mãe dos CONDES DE ATOUGUIA. O neto deste, o referido "FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA", 6.º SENHOR, tentou  suceder   na CAPITANIA DO FUNCHAL como primeiro descendente por varonia da família, ao extinguir-se no século XVII a linha principal, a dos CONDES DA CALHETA, perdendo vários processos para a CASA CASTELO MELHOR, que veio a ser a herdeira. No entanto, e como representantes da linha varonil primogénita da descendência dos capitães do FUNCHAL, os sucessivos senhores desta CASA usaram exclusivamente as armas de CÂMARA em chefe, sem misturas, apesar de todos os outros morgados que na casa caíram.

O CAIS DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS ( hoje ainda visível na RUA DA MANUTENÇÃO), uma das imagens marcantes da ZONA ORIENTAL DE LISBOA, que o progressivo avanço da margem do RIO TEJO fez desaparecer, marcada pela sucessão de variados cais de acostagem, alguns públicos outros de carácter privado, servindo as diversas casas dispostas ao longo da margem do RIO.
Os restos do CAIS DOS SENHORES DAS ILHAS DESERTAS, é uma das poucas reminiscência dessa  realidade de outrora, cuja lembrança, está bem viva nas referencias que lhe faz o "MARQUÊS DE FRONTEIRA", nas suas memórias.

Da milagrosa Imagem  de "NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO" que se venerava na sua ERMIDA DO GRILO, transcrevemos algumas partes do que foi escrito pelo "FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA", "SANTUÁRIO MARIANO", LISBOA, 1707.
"(...) Depois daquele memorável sábado primeiro de dez do ano de 1640 (...)  saíram vários fidalgos a render as fortalezas que à cidade de LISBOA ficavam vizinhas. Um destes foi "D. GASTÃO COUTINHO", que tinha sido um dos quarenta (...). E este fidalgo tocou ir render a fortaleza de CASCAIS, em que depois de grande trabalho (...) entrou dentro dela a dez do mesmo mês. E tratando de ir dar graças (...) foi à ermida da mesma fortaleza, em cujo altar achou uma imagem de Nª. SENHORA DO ROSÁRIO (...) à qual depois de lhe dar graças pela mercê que Deus lhe tinha feito (...) pediu favor à mesma para a continuação da começada empresa da aclamação (...) prometendo-lhe que se lhe desse bom sucesso nela lhe faria uma casa onde com mais decência fosse venerada. Feito este voto (...) tomou a imagem da Senhora do Altar (...) por prémio da vitória, (deixando em seu lugar outra que para isso mandou fazer logo), e a mandou a sua mulher D. ISABEL FERRAZ, para que a colocasse no oratório da QUINTA DO GRILO, que era de seu cunhado "FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA" (...). Na referida QUINTA DO GRILO deixou sua mulher, em cujo serviço havia uma moça muito simples, mas muito devota de Nª. Senhora a quem o tempo ocultou o nome, deixando-lhe só o de ANTUNES, com que sempre entre a gente da casa era nomeada. (...) A  ela apareceu a SENHORA por repetidas vezes, e lhe mandou dissesse a "D. GASTÃO COUTINHO" lhe satisfizesse a sua promessa, edificando-lhe a casa que lhe prometera.(...) Na manhã do dia seguinte acharam a imagem sobre a cama da moça, tendo a SENHORA as contas ao pescoço e três voltas em cada braço da mesma moça. Divulgou-se o sucesso pela casa e vizinhança (...). Vieram religiosos (de Xabregas e Beato) e, em procissão levaram a SANTA IMAGEM da Câmara em que a moça dormia para o oratório das casas, (...) e ali repetidas vezes a  viram suar, e fazer muitas maravilhas porque deu vista a cegos, sarou coxos e aleijados e deu saúde a muitos enfermos que vinham em romaria (...) untando-se com azeite de sua lâmpada voltavam livres das enfermidades. (...) Adoeceu a moça ANTUNES gravemente em princípios do ano de 1643 (...) e pouco antes da sua última hora mandou dizer a D. GASTÃO COUTINHO que se não queria edificar (...) a casa que prometera, tornasse a levar a imagem à mesma parte de onde a tirara (...). Quis logo dar princípio e vendo-se perplexo na escolha do sítio (...) se sentiu um tremor de terra e se viram milagrosamente abertas umas covas que mostravam ser os alicerces da nova casa (...) em que hoje se vê a ermida (...) que então era no quintal daquelas mesmas casas e quintal do GRILO. (...). Continuou a obra com tanto fervor e cuidado que a SENHORA se colocou na sua ermida do dia de S. JOÃO BAPTISTA do ano de 1644, levando-a do oratório em processão as mesmas comunidades (...). No ano de 1652 instituíram D. GASTÃO COUTINHO e sua mulher (...) em Morgado (...) e dispuseram em seus testamentos que depois de mortos lhe dessem sepultura à vista desta mesma SENHORA, onde seu sobrinho lhe mandou lavrar dois majestosos túmulos de ricos mármores com elefante epitáfios e armas de sua nobreza. (...)".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XII ] O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS (4)».

quarta-feira, 22 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ X ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 2 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS (Uma vista das casas de "D. Gastão senhor das Ilhas Desertas", na Calçada de D. Gastão  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  - (A "Calçada de Dom Gastão" uma vista das casas e anexos junto do "Palácio de Dom Gastão senhor das Ilhas Desertas")  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS  - ( O antigo CAIS e Varanda de balaustrada Setecentista, já com os anexos escolares, local onde se desfrutava uma vista panorâmica para o RIO TEJO)  in   ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO" ao fundo no lado esquerdo "Os Pioneiros", no antigo Palácio dos Senhores das Ilhas Desertas)  in   ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - (1967) Foto de João H. Goulart - (O final da "Calçada de Dom Gastão" no lado esquerdo a Farmácia Conceição" e um pouco mais à frente a entrada da "VILA MARIA LUÍSA")  in  AML 


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ X ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 2 )»

Quanto ao conjunto edificado se as dúvidas são imensa, o mesmo se passa quanto à estrutura das duas propriedades de cada lado da «CALÇADA».
Sabemos que a "CONDESSA DE ATOUGUIA" integrou em 1519 no morgado "as casas então junto de Xabregas do penedo". Sabemos que esse Morgado, no século XVIII, estava na posse de FRANCISCO GONÇALVES DA CÂMARA E ATAÍDE, 6.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, casado com "D. FILIPA COUTINHO", irmã de "D. GASTÃO COUTINHO", fundador da ERMIDA de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO, e criador com sua mulher, D. ISABEL FERRAZ, do morgado do GRILO que tinha por cabeça essa mesma capela. Sabemos, por outros documentos, que os terrenos da pedreira para erguer o adro da capela e as casas fronteiras para os capelães foram adquiridas em 1656, pela referida D. ISABEL ao vizinho ANTÓNIO DE OLIVEIRA DE AZEVEDO, senhor da Quinta, depois dos "LEITE DE SOUSA", parecendo, pois, que D. GASTÃO fundou a Capela em terrenos diversos daqueles que possuía seu cunhado, o referido FRANCISCO DA CÂMARA. No entanto, FREI AGOSTINHO DE SANTA MARIA afirma no Século XVIII, - { VER TEXTO NO PRÓXIMO CAPITULO [ XI ] } - que a Capela foi fundada no tal  penedo do Morgado de VAQUEIROS, lançando alguma confusão sobre a conjugação das várias propriedades em questão.
Parece, todavia, pouco provável que D. GASTÃO pudesse instituir um vínculo num terreno propriedade do cunhado, o qual, por variada informação, sabemos que viveu com ele em permanente litígio. Só o eventual aparecimento do arquivo desta casa poderia resolver esta complexa embrulhada, que definitivamente perdeu sentido uma vez que "D. LUÍS GONÇALVES DA CÂMARA COUTINHO", 7.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, foi o único herdeiro do pai e do tio materno, reunindo numa só as diversas propriedades dos dois lados da via pública.
O elemento mais importante deste conjunto era, sem dúvida, a grande CAPELA, jazigo durante dois séculos de todos os membros desta família. As constantes visitas régias e as diversas cerimónias nela desenroladas, sobretudo a festa da padroeira a 2 de Julho, fizeram época nos anais lisboetas, acentuando o relevo de se tratar de um dos poucos monumentos vivos à RESTAURAÇÃO DE 1640, sempre lembradas nas bandeiras expostas que "D. GASTÃO COUTINHO ganhara nas suas campanhas militares. Deste interessante monumento nada resta, não deixando de constituir um enigma como é que ela desapareceu sem deixar traços na documentação, já que até ao presente nada foi encontrado. As bandeiras e o enorme túmulo de mármore de D. GASTÃO COUTINHO, um dos quarenta do 1.º de Dezembro - que tanto impressionou o Marquês de FRONTEIRA que nesta Capela casou em 1821 - , mais a devota imagem de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DA RESTAURAÇÃO sumiram-se para sempre na poeira de uma memória colectiva infelizmente muito pouco interessada em cuidar de si. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ XI ]-O PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 3 )»

domingo, 19 de julho de 2015

UM MILHÃO DE VISITAS

«UM MILHÃO DE VISITAS»
 Ao completar UM MILHÃO de visitantes desde 2008, quero agradecer a todos que tiveram a amabilidade de visitar esta página, desejando felicidades e um bem-hajam!
By completing a million visitors since 2008, I want to thank all those who were kind enough to visit this page, wishing luck and happiness.


RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA  -  2007 a  2015.

sábado, 18 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IX ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 1 )»
 Calçada de Dom Gastão - (1856-1858)- Filipe Folque (Neste pormenor do Mapa de Filipe Folque, podemos verificar que o Rio Tejo banhava a propriedade de D. Gastão, por isso, na época, existia um Cais com um terraço de varanda com balaustrada setecentista) in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Calçada de Dom Gastão - (meados do século XIX) - Foto publicada na História de Portugal de Pinheiro Chagas - (D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO PEREIRA DE SANDE 1.º Conde da TAIPA, 13.º senhor das "ILHAS DESERTAS" 1795-1866) in  CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - ( 191_) Foto de Alberto Carlos Lima  ("Escadinhas de Dom Gastão" nesta altura já bastante transformada, ero o elo de ligação entre a CALÇADA e a ILHA DO GRILO, antes de ser aberta a CALÇADA DO GRILO)  in  AML 
 Calçada de Dom Gastão - (1970) Foto de João H. Goulart  (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO", vendo-se no nosso lado direito o antigo "LARGO DE DOM GASTÃO", os edifícios mandados construir pela família de "Gastão Coutinho" e a oficina que ainda se mantém a laborar durante décadas) in   AML 
 Calçada de Dom Gastão (1998) - Foto de António Saccnhetti  (Antigo "LARGO DE DOM GASTÃO", estas casas foram renovadas no século XVIII. Ao fundo uma das antigas casas com quatro sacadas no piso nobre, tendo o edifício  seguinte sido transformado em armazém. A construção de topo é um acrescento posterior, erguendo em parte sobre o traçado original da antiga via pública, hoje "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO") in  CAMINHO DO ORIENTE 
Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (O antigo Palácio de Dom Gastão senhor das Ilhas Desertas, o edifício de cor tijolo, onde funciona desde 1974 a «Cooperativa de Ensino "Os Pioneiros"», tendo realizado obras de manutenção no edifício) in ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IX ]

«O PALÁCIO DE DOM GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 1 )»

O conjunto palaciano que outrora constituiu uma das mais celebres residências aristocratas de LISBOA,  não é fácil apurar com exactidão perante a confusão estabelecida de construções que hoje se ergue dos dois lados da «CALÇADA DE DOM GASTÃO».
Torna-se necessário um esforço para tentar discernir no meio de tanta desarrumação a estrutura primitiva de edificações, já de si múltiplas, que compunham esta residência com dependências dispostas dos dois lados da via pública.

Mas será bom recorrer à carta de FILIPE FOLQUE de (1856-1858), traçada ainda em vida do CONDE DA TAIPA, 13.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS, falecido em 1866.
Do lado nascente sobre o rio, ergue-se isolado um conjunto compacto de construções, que englobava a desaparecida CAPELA - infelizmente não sinalizada -  e onde se destaca a celebre varanda sobre o RIO, hoje atafulhada de anexos escolares. Essa varanda debruçava-se directamente sobre o cais - renovado em finais do século XVIII - constituindo-se o conjunto como que uma ilha solitária projectada sobre o RIO, funcionando aliás, como uma espécie de metáfora das "ILHAS DESERTAS" de que os proprietários eram senhores.

Da banda do poente da RUA, entre "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" e a "CALÇADA DO GRILO", encontra-se uma série de quatro casas justapostas - renovadas no século XVIII pelo principal "D. FRANCISCO DE SALES DA CÂMARA" que nela residiu - originariamente destinadas aos capelães da ermida fundada por D. GASTÃO COUTINHO, hoje adulteradas pela junção de outras construções laterais oitocentistas.

Qualquer destes conjuntos fronteiros se encontram recuados em relação à via pública, hoje dela separados por gradeamentos que os isolam. No entanto, como se percebe da referida carta, anteriormente formavam um logradouro comum, espécie de pátio nobre da casa, citado em vária documentação como "LARGO DE DOM GASTÃO". Da parte nascente, o palácio propriamente dito, mais a grande CAPELA anexa com acesso pela rua, sabemos que já de si devia ser bastante complexo, dada as constantes obras acrescentadas que a documentação refere.
Com algum esforço, ainda se pode isolar um pequeno torreão quadrado, talvez o elemento mais antigo, além do grande corpo rectangular adossado que fecha a Norte a referida varanda sobre o CAIS, construção da iniciativa de "D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO", 8.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS.

Quanto à fachada sobre a RUA é bastante simples, modesta mesmo, parecendo esconder do passado a exuberância de um conjunto palaciano que só visto do RIO revelava toda a sua vaidade e riqueza, num efeito de surpresa tão ao gosto barroco que não deixa, também, de insinuar um certo culto pelo secretismo intimista sensível na tradição palaciana lisboeta.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ X ] PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 2 )»

quarta-feira, 15 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VIII ]

«O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA»
 Calçada de Dom Gastão - (2005 ) Foto de APS  (Neste primeiro andar com entrada pelo Nº. 15 desta Calçada de D. Gastão, funcionou "O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA", desde 1908-1974)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) - Foto de APS - ("O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA" esteve nesta CALÇADA DE DOM GASTÃO de 1908 a 1974, com entrada pelo Nº. 15)  in   ARQUIVO/APS 
 Calçada de Dom Gastão - (Século XIX) - O "Centro Escolar Republicano Elias Garcia" esteve instalado neste Palácio de D. Gastão Senhor das Ilhas Desertas até Abril de 1974) in CASARIO DO GINJAL
 Calçada de Dom Gastão - ( Século XIX) - Foto de Joshua Benoliel (A figura de José Elias Garcia provavelmente na década de 60 do século XIX) in  WIKIPÉDIA - AML
Calçada de Dom Gastão - ( Século XIX ) - (Selo do Centro Escolar Republicano Elias Garcia, a organização estava instalada na Calçada de D. Gastão, 15-1º nas casas dos senhores das Ilhas Desertas)  in  MUSEU VIRTUAL - PATRIMÓNIO EDUCATIVO DO CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO


CONTINUAÇÃO - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VIII ]

«O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA»

Nesta "CALÇADA DE DOM GASTÃO" no número 15 primeiro andar,  casas do antigo Palácio dos Senhores das Ilhas Desertas ou Palácio de D. Gastão, funcionou o «CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA», Colectividade de instrução liberal foi uma entre muitas que frutificaram na CAPITAL  e um pouco por todo o país, antes e depois do 5 de Outubro de 1910. Teve a sua génese na "ASSOCIAÇÃO PROPAGANDA DE INSTRUÇÃO E BENEFICÊNCIA "JOSÉ ELIAS GARCIA" ( 1 ), existente no início do século XX. Sem fins lucrativos, regia-se apenas pelos princípios da liberdade e da REPÚBLICA - propaganda dos ideais republicanos e democráticos, difusão da instrução pelos seus associados e promoção de palestras sobre temas políticos - , mantendo com instituições similares estreitos laços de solidariedade. 
Teve como sócio fundador, em 20 de Abril de 1908, "ARTUR DA COSTA LEMA GRIJÓ", JOSÉ FERNANDES COELHO" e "EDUARDO FURTADO".
A DIRECÇÃO eleita anualmente em Assembleia Geral pelos sócios efectivos - os não efectivos apenas pagavam quota, enquanto mantinham os filhos ou pupilos a estudar - , reuniam com regularidade para tratar de assuntos correntes de gestão, ficando todas as matérias exaradas em acta.
O quadro do pessoal docente comportava duas professoras, (uma delas, a que leccionava a 3.ª e 4.ª Classe, era a Directora) e uma auxiliar para a classe infantil.
As escolas liberais conheceram o seu período áureo durante a PRIMEIRA REPÚBLICA, sendo com frequência obsequiadas com a visita de membros do governo por ocasião de  exames ou celebrações. Beneficiavam então de apoio do ESTADO, da CÂMARA MUNICIPAL e das JUNTAS DE FREGUESIAS. Após a DITADURA MILITAR e com o advento do ESTADO NOVO, todas estas escolas, embora toleradas, tiveram de se submeter aos ditames do novo regime, como a adopção de livro único, MOCIDADE PORTUGUESA e até um preâmbulo aos alunos sobre o 28 de Maio ou o aniversário da investida de SALAZAR, quando para tanto a tutela oficiava. Um rude golpe foi também a lei que introduziu a separação de sexos, não só por contrariar o ideário  defendido por estas instituições, como também por as obrigar a alterar de raiz a respectiva orgânica.
De então para cá lutou este Centro com dificuldades acrescidas ( 2 ), já que implantado num meio fabril de gente modesta, a sua manutenção dependia em boa parte do contributo de entidades públicas e privadas. De entre os muitos beneméritos, são de destacar o "interesse e a simpatia" sempre manifestados pelo próprio senhorio, "BENTO JOSÉ DE FREITAS ARAÚJO", o INDUSTRIAL FRANCISCO GRANDELLA, que foi um grande impulsionador das ESCOLAS LIBERAIS, e o médico, estadista, escritor e jornalista Dr. MANUEL DE BRITO CAMACHO, (1862-1934), com o seu legado a todos os "CENTROS OU CLUBES REPUBLICANOS DE LISBOA (...) QUE SUSTENTAREM UMA ESCOLA".
Por ocasião do seu 62.º aniversário, em 1970 apenas com 43 alunos, sendo já visível a sua decadência restavam então, sete congéneres em LISBOA. 
Fechou definitivamente as suas portas depois do 25 de Abril de 1974, culminando décadas de luta tenaz em prol de uma pedagogia livre e democrática.
Em 1994, o senhor "JOÃO MENDES" que, entretanto passara de inquilino a proprietário, acabou por adquirir o edifício, incluindo todos os pertences do extinto "CENTRO ESCOLAR" ( 3 ).

- ( 1 ) - JOSÉ ELIAS GARCIA nasceu em Cacilhas, ALMADA a 30 de Dezembro de 1830 e faleceu no dia 21 de Junho de 1891.[ALMANAQUE REPUBLICANO, 14.12.2006].

- ( 2 ) - Em 31 de Julho de 1934, a Junta de Freguesia do Beato oficiava a cancelar o pagamento da sua quota de 20$00 mensais.

- ( 3 ) - Caderneta Predial do 1.º Bairro Fiscal, art.º 326 que corresponde ao artigo 773

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ IX ]O PALÁCIO DE D. GASTÃO OU DAS ILHAS DESERTAS ( 1 )».

sábado, 11 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VII ]

«A COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"»
 Calçada de Dom Gastão - (2012) - (Antigo "Palácio de D. Gastão", actualmente a "Cooperativa de Ensino "Os Pioneiros", sediada neste edifício desde 1974) in COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - (Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA) (A "CALÇADA DE DOM GASTÃO" no lado direito da calçada, o edifício de cor rosa corresponde à «Cooperativa de Ensino "OS PIONEIROS"», no antigo Palácio de Dom Gastão) in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2005) Foto de APS - (Um pormenor do "PALÁCIO DE DOM GASTÃO" com os espaços ocupados para diversas firmas e instituições) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - ( 1979 ) -Foto cedida gentilmente pelo amigo RICARDO MOREIRA (Foto tirada nas instalações de "OS PIONEIROS" - antigo "PALÁCIO DE DOM GASTÃO - alunos do primeiro Ciclo. No lado esquerdo podemos observar a balaustrada setecentista que dava para a "RUA DA MANUTENÇÃO", o antigo cais de D. Gastão)  in  ARQUIVO/APS
Calçada de Dom Gastão - ( 1978 ) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA.(Foto tirada nas instalações de "OS PIONEIROS" - antigo Palácio de Dom Gastão - alunos do primeiro Ciclo.  Na parte de trás podemos ver a entrada para a Vila MARIA LUÍSA, ainda com os jarrões cimeiros)  in  ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VII ]

«A COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"»

O conjunto palaciano que outrora constituiu uma das mais celebres residências aristocratas desta zona de LISBOA, não é fácil apurar com exactidão perante a confusão estabelecida de construções que hoje se erguem dos dois lados da "CALÇADA DE DOM GASTÃO".
Possivelmente numa dessas residências aristocratas dos "SENHORES DAS ILHAS DESERTAS" na "CALÇADA DE DOM GASTÃO", no número 21, ocupando todo o edifício, e ainda a parte de trás que dava para o cais de embarque dos proprietários de então, (hoje na "RUA DA MANUTENÇÃO") está instalada a «COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"», fundada no período do pós 25 de Abril de 1974, por um movimento colectivo orientado para a defesa de um ensino democrático e justo, (segundo os seus estatutos) no qual alunos e trabalhadores tiveram os seus direitos e deveres garantidos.

Dissidentes de um estabelecimento de ensino homólogo, professores, funcionários e encarregados de educação reuniram-se em Outubro de 1974 numa Assembleia Geral que culminou na organização do movimento em COOPERATIVA. Adoptou-se o nome "OS PIONEIROS", em virtude de a instituição ser a primeira COOPERATIVA DE ENSINO criada de raiz em PORTUGAL.
A conotação esquerdista que a designação encerra foi consideravelmente bem aceite entre a população devido às tendências  políticas predominantes na ZONA DE XABREGAS.
Com a colaboração com alguns elementos da JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO, a "COOPERATIVA" instalou-se provisoriamente na "ESCOLA DO CENTRO DE FORMAÇÃO Nº 1 da mesma FREGUESIA.
Em Janeiro de 1975, realizaram-se obras no "PALÁCIO DE DOM GASTÃO" e, em ABRIL desse ano, a COOPERATIVA iniciou a sua actividade no edifício, onde se mantém até hoje. Na sua génese, muitos foram os contributos prestados por entidades externas, destacando-se, nomeadamente o fornecimento de materiais e mão de obra pelo referido "CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO BEATO" e ainda a atribuição de apoios para a aquisição de equipamento escolar por parte da FUNDAÇÃO CALOUSTE  GULBENKIAN.
Entre Abril e Junho de 1975, a COOPERATIVA obteve reconhecimento do "INSTITUTO ANTÓNIO SÉRGIO" e autorização do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, tendo regularizado a sua situação legal e eleito, pela primeira vez, os respectivos Corpos Sociais.
Desde então, a «COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"» funciona em regime de paralelismo pedagógico. com uma oferta curricular que abrange pré-escolar,  1º e 2º Ciclos.
Integra ainda alguns dos seus membros fundadores, tendo nomeado como sócio honorário, pelos serviços prestados a dedicação, a professora D. MARIA ALICE MARTINS e o Professor MANUEL AGOSTINHO DIAS ( 1 ).

Nos anos lectivos 1981/82 são construídos uns Pavilhões na ala poente do edifício, retirando alguns metros ao pátio de recreio, impossibilitando alguns alunos da sua prática futebolística, coisa que os chocou na altura, e que hoje recordam com saudade.
Foi também por essa ocasião e para maior protecção dos alunos, que na parte Sul foi levantada uma parede na varanda de balaustrada setecentista sobre o antigo cais. Construção da  iniciativa de "D. GASTÃO DA CÂMARA COUTINHO", 8.º SENHOR DAS ILHAS DESERTAS".

- ( 1 ) - Texto elaborado a partir de informações fornecidas por um antigo fundador da Cooperativa, Professor MANUEL AGOSTINHO DIAS e trabalhado pela professora D. CÁTIA RAMALHINHO.

(CONTINUA(-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO[ VIII ]-O CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO ELIAS GARCIA». 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VI ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 5 )»
 Calçada de D. Gastão (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA ( O lado nascente do Palácio da "QUINTA LEITE DE SOUSA" conhecido também pelo "PALÁCIO DO GRILO". As instalações no lado direito foram ligados ao "Palácio", o  aproveitamento  deste espaço está relacionado com uma obra de artistas de várias áreas, que vão desfrutando deste maravilhoso "Palácio" setecentista)  in   ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) - Foto gentilmente cedida pelo amigo RICARDO MOREIRA  - (As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" com ligação à "CALÇADA DE DOM GASTÃO")  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1998) Foto de António Sacchetti  - ("ESCADINHAS DE DOM GASTÃO", antiga via pública de ligação à zona da ILHA DO GRILO) in  CAMINHOS DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - ( 1998 ) - Foto de António Sacchetti - (Pormenor da escadaria interior do "PALÁCIO" primeiro lanço, com revestimento de azulejos da segunda metade do século XVIII. Painel das escadas oficina de LISBOA)  in CAMINHO DO ORIENTE
Calçada de Dom Gastão - (1998) - Foto de António Sacchetti - (Escadaria da "QUINTA LEITE DE SOUSA" acrescento introduzido no século XVII, na CALÇADA DE DOM GASTÃO)   in CAMINHO DO ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VI ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 5 )»

 AZULEJARIA
No entanto, o edifício a que nos referimos, no topo do pátio da "VILA MARIA LUÍSA" ainda mantém dimensões importantes e sistema de   cantarias nos cunhais e nos vãos, sobretudo no       andar      Nobre.     A escadaria, peça essencial     da habitação Nobre assenta sobre uma     arcaria  hoje        infelizmente   entaipada.    Ganharia a   sua antiga  nobreza com o vazamento dos arcos, a limpeza de pedra e a pintura dos panos de parede.
A Azulejaria que a decora mantém-se quase intacta no seu lugar.
Para a escadaria foi utilizado um painel em alto contraste cromático. Dois tons de azul-cobalto, amarelo-junquilho e roxo-vinoso, conferem-lhe um grande impacto decorativo. Está dividido em zonas de fingido apainelado marmoreado com cartelas rococó a roxo-vinoso e zonas figurativas onde se desenham cenas de caçadas aberta em cartelas com a forma de conchas, perfuradas e simétricas. Trata-se de uma composição da época pombalina.
A escadaria dá acesso ao portal de pedra, correspondendo à entrada do andar nobre.
No antigo andar Nobre, verifica-se a existência de um grande conjunto de painéis de azulejos deslocados, alguns da sua colocação original, readaptados sem grande critério. Este piso foi decorado na primeira metade do século XVIII, ou mesmo em finais do século XVII, portanto em época anterior ao terramoto, e em outra campanha de obras posterior a 1755, com azulejaria pombalina.
Da primeira campanha de azulejos destaca-se em primeiro lugar um belíssimo padrão em tons de  azul-cobalto sobre branco, formado pela rotação de um desenho em quadrado. A cercadura de óvulos e acantos é também extremamente requintada.
Noutras salas e da mesma época podem ver-se três variações dos azulejos de jarras ou albarradas. Trata-se de um esquema decorativo de belíssimo efeito que em certa medida, desde os finais do século XVII, vai substituindo a azulejaria de padrão em que dominam os ritmos diagonais e circulares, por ritmos de alternância vertical, com grande apelo figurativo.
Em duas albarradas o tema maior é a jarra ou cesta de fruta decorada com flores, repetida e intercalada num caso com anjinhos que seguram cornucópias e noutro com jarras finas para uma só flor. Uma outra albarrada apresenta a repetição da mesma jarra de flores alternando com guirlandas penduradas em desenvolvimento horizontal, com pendentes de flores e frutos.
O azul-cobalto está sempre presente em contraste com tonalidades de roxo-vinoso ou verde com pontuações de amarelo-junquilho.  Reconhecem-se padrões muito usados nas escadarias de prédios da BAIXA POMBALINA.
Dois padrões merecem um destaque especial, nesta decoração que é um verdadeiro catálogo da azulejaria pombalina: o  padrão hexágonos articulados com outros elementos de forma a obter-se uma expressão em que dominam as verticais, raríssimo no conjunto da azulejaria pombalina e o padrão de florinhas e delicado filete com folhagem em sistema de composição diagonal, marcando já pela sua leveza a transição para a azulejaria dita neoclássica.
No primeiro padrão usa-se o roxo-vinoso para os hexágonos, o azul-cobalto e amarelo junquilho para os restantes elementos. No segundo o azul-cobalto é substituído por verde e a sensação de tecido é muito mais forte do que nos restantes padrões.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VII ]A COOPERATIVA DE ENSINO "OS PIONEIROS"»

sábado, 4 de julho de 2015

CALÇADA DE D. GASTÃO [ V ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 4 )»
 Calçada de Dom Gastão - (2005) - Foto de APS - (Aspecto da fachada da casa nobre da QUINTA DE LEITE DE SOUSA, onde esteve instalada a antiga "ESCOLA CENTRAL Nº 20" depois "ESCOLA PRIMÁRIA", era frequentada pelos filhos dos operários daquela zona) in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (2015) Foto gentilmente cedida pelo amigo Ricardo Moreira (As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" antiga Azinhaga que fazia ligação entre a "CALÇADA DE DOM GASTÃO" e a "ILHA DO GRILO", anterior à abertura da "CALÇADA DO GRILO") in ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1989) Foto de APS - (O final da "CALÇADA DE DOM GASTÃO" visto da "RUA DE XABREGAS". No lado esquerdo nesta época ainda existia na esquina a farmácia Conceição)  in  ARQUIVO/APS
 Calçada de Dom Gastão - (1998) - Foto de António Sacchetti  (Faiança portuguesa sem marca, cerca de 1913, da antiga "ASSISTÊNCIA ESCOLAR DO BEATO E OLIVAIS", que funcionava na Quinta de LEITE SOUSA, era frequentada pelos filhos dos operários da zona Oriental, com naturais carências de vários ordem) in  CAMINHO DO ORIENTE
 Calçada de Dom Gastão - (1966-11) Foto de João H. Goulart  ( As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO" era no passado bastante importante. Foram construindo edifícios no seu limite e ainda com a abertura da "CALÇADA DO GRILO" perdeu o seu significado) in  AML 
Calçada de Dom Gastão - (194_) Foto de Fernando Martinez Pozal  (As "ESCADINHAS DE DOM GASTÃO", que separavam fisicamente as duas QUINTAS, provavelmente muito próximo da Ermida Nª. Senhora do Rosário da Restauração, mandada erguer por D. GASTÃO) (Abre em tamanho grande)  in AML

(CONTINUAÇÃO) - CALÇADA DE DOM GASTÃO [ V ]

«A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 4 )»

Sobre a estrutura antiga fez-se correr uma nova fachada nobre palaciana, cujo rigor simétrico de 13 aberturas de sacada não condiz com a anterior estrutura dos suportes do muro, obrigando a que duas dessas janelas sejam cegas por coincidirem com anteriores paredes mestras.
Estas obras terão sido  arrastadas por bastante tempo, dado que o modelo das guardas de ferro dessas sacadas e os azulejos que decoravam a parte acrescentada são já posteriores ao terramoto, com interessantes exemplares entre estes últimos padrões ditos pombalinos.
Não foi possível apurar a data exacta em que por meados do século XIX os CONDES DE TAVAREDE, últimos detentores do vínculo, parcelaram a QUINTA em várias propriedades.

Na parte rural. sobre a "RUA DE XABREGAS", foi erguida uma importante unidade Textil "FÁBRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS ORIENTAL" (Vulgo, FÁBRICA DAS VARANDAS), onde hoje se situa um supermercado e um inestético prédio de rendimento.
Quanto ao conjunto da casa e dependências foi transformado em VILA OPERÁRIA de nome "VILA MARIA LUÍSA", com profundas transformações e acrescentos. Num anexo que fechou o antigo pátio superior, funcionou um "CENTRO REPUBLICANO" e no seu corpo principal uma "ESCOLA PRIMÁRIA Nº 20" e outra privada, o "COLÉGIO CAMILO CASTELO BRANCO" no lado esquerdo, que ainda se mantém no edifício.
A antiga "ESCOLA CENTRAL Nº 20" da VILA ZENHA, depois "ESCOLA PRIMÁRIA Nº 20" que funcionou na "QUINTA LEITE DE SOUSA", era frequentado pelos filhos dos operários da ZONA ORIENTAL DE LISBOA, com naturais carências de vária ordem.  Em 1913, foi inaugurada a "ASSISTÊNCIA ESCOLAR DO BEATO E OLIVAIS", inaugurada pelo então PRESIDENTE DA REPÚBLICA "DR. MANUEL DE ARRIAGA". 
Anexa à ESCOLA é construída uma CANTINA para 144 crianças, dispondo ainda de gabinete de assistência médica e instalações sanitárias para banhos quentes e dispensário com roupa, tudo acondicionado em edifício então construído de raiz fechando o antigo pátio poente da casa dos "LEITE DE SOUSA". Este serviço de jantar (ver foto), com múltiplas peças, mantém-se num grande armário possivelmente destinado de origem à sua guarda, ainda hoje perfeitamente conservado pela atenção da actual responsável da escola na antiga cozinha da QUINTA.

AZULEJARIA

O edifício principal corresponde à adaptação de casa nobre a diferentes usos. "FERNÃO LEITE DE SOUSA", na segunda metade do século XVIII ao VISCONDE DE VEIROS - FRANCISCO DE PAULA LEITE DE SOUSA (1747-1833), terá sido o quem encomendou a azulejaria pombalina que encontramos. A irmã do Visconde casou com o BARÃO DE TAVAREDE que vem a herdar a propriedade. 
A  ESCOLA PRIMÁRIA OFICIAL, do tempo das escolas REPUBLICANAS e um COLÉGIO PRIVADO, ocuparam o andar nobre, pelos outros espaços distribuem-se diversas residências. Em ambos os casos a decoração azulejar, constitui um dos aspectos mais importantes e mais claros do que terá sido este conjunto de CASAS NOBRES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«CALÇADA DE DOM GASTÃO [ VI ]A QUINTA LEITE DE SOUSA ( 5 )».