Rua do Intendente Pina Manique - (2011) Foto de Luís Pavão (Palco para actividades musicais no "LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE") (Abre em tamanho grande) in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (1967) Foto de Arnaldo Madureira (Edifício premiado, numa das antigas entradas para o "LARGO DO INTENDENTE") in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (1944) Foto de Eduardo Portugal (Entrada na época para o "LARGO DO INTENDENTE"no lado da "RUA DA PALMA") (Abre em tamanho grande) in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (19__) Foto de José Artur Leitão Bárcia ("Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego" fundada em 1849. A fachada decorada em 1805, por iniciativa do seu proprietário, COSTA LAMEGO. Os motivos decorativos são alegóricos ao Comércio e Industria, da autoria do célebre pintor "FERREIRA DAS TABULETAS") (Abre em tamanho grande) in AML
(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VII ]
«EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" NO FINAL DO SÉCULO XX (2)»
De tudo ali pára. "Até crianças nos "BM" dos papás". Não foi na "RUA DO BENFORMOSO" que conheceu NICOLAU. Foi, sim, numa das raras vezes que tentou visitar a mãe. O seu pai mora na mesma casa. "Mas esse não conta". "NICOLAU" andava por ali, a tentar fazer o menos possível ou à procura de alguém que o acompanhasse nessa tarefa. Viu "ISILDA" sair a chorar. Falaram um bocadinho, foram beber umas imperiais. No dia em que conheceu "ISILDA", "NICOLAU" conheceu outra companheira, que já lhe ocupou as veias dos braços, pernas e pescoço. Hoje, que já passaram dez anos, não prescinde de nenhuma.
"O chulo da "ISILDA", tratei eu dele", conta "NICOLAU", acompanhado por acenos de aprovação da companheira. Sabe-se lá como, ganhou assim o respeito dos seus pares da rua. Simultâneamente, fez inimigos de peso. "ARNALDO" - o compreensivo - nunca mais deu as caras no INTENDENTE. Mas soube mais tarde, "aquele sonso andava a "chibarse". Tradução: "Andava o senhor "ARNALDO" a passar informação à BRIGADA ANTICRIME DA POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA". A polícia, claro, não gostou de ver um colaborador tão dedicado no banco das urgências do HOSPITAL DE S. JOSÉ. E, na versão de "NICOLAU", desde essa altura nunca mais deixou de ser perseguido. "Eles andam a ver se me apanham. Mas, se julgam que eu sou parvo, estão muito enganados. Tenho sempre muito cuidado quando tenho de sair sozinho. Quando sou revistado, eu é que tiro as coisas dos bolsos". Nem a dez metros, nas imediações da "TRAVESSA DO CIDADÃO JOÃO GONÇALVES", estavam três agentes da PSP, em olhar mecânico para a "passerelle" de mini-saias, quase à paisana entre o corrupiar de taxistas que também ali estacionam as suas viaturas.
"ISILDA" explica o circuito. A partir das 14 horas aquela rua começa a ganhar vida. Grande parte dos bares têm as portas abertas, mas estão tacitamente fechadas. É hora de ponta nas diversas casas de jogo na rua. Foi de lá que saiu "ISABEL", a mais nova das mulheres que ali vivem e trabalham. Veio há coisa de um ano do ALGARVE, "agarrada à fruta". Como "ISILDA", os pais expulsaram-na de casa. "NICOLAU" remata: "É uma pena. É uma miudinha. Podia fazer o que quisesse, anda aqui metida". "ISABEL" meteu-se na conversa. Não estava disposta a falar de si, mas gostava de saber qual era o "gajo para o Casal". O "gajo" era um taxista, com itinerário permanente entre o CASAL VENTOSO, mercado abastecedor, e o INTENDENTE, mercado ansioso de ser abastecido. Lá foi "ISABEL", com encomendas para duas colegas de profissão. Em coisa de meia hora, estaria de volta.
Às 15 horas já a rua está repleta de gente. Uns sofrem a ressaca ao Sol, outros contabilizam os ganhos da noite anterior, as mulheres lançam piropos a quem está de passagem, o SINDICATO DOS TRABALHADORES DE SEGUROS DAS REGIÕES AUTÓNOMAS DA MADEIRA E DOS AÇORES, ergue as suas bandeiras, a farmácia está aberta, as lojas de bijutarias têm os empregados à porta, a empresa de mudanças está em pleno funcionamento. Até às 18 horas, acrescenta a companheira de "NICOLAU", há pouco que fazer. É nessa altura que grande parte dos frequentadores termina o seu horário de trabalho. Nas duas horas seguintes, é grande o movimento, que depois estagna, para retomar por volta das 22 horas.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VIII ]EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE NO FINAL DO SÉCULO XX (3)».
"O chulo da "ISILDA", tratei eu dele", conta "NICOLAU", acompanhado por acenos de aprovação da companheira. Sabe-se lá como, ganhou assim o respeito dos seus pares da rua. Simultâneamente, fez inimigos de peso. "ARNALDO" - o compreensivo - nunca mais deu as caras no INTENDENTE. Mas soube mais tarde, "aquele sonso andava a "chibarse". Tradução: "Andava o senhor "ARNALDO" a passar informação à BRIGADA ANTICRIME DA POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA". A polícia, claro, não gostou de ver um colaborador tão dedicado no banco das urgências do HOSPITAL DE S. JOSÉ. E, na versão de "NICOLAU", desde essa altura nunca mais deixou de ser perseguido. "Eles andam a ver se me apanham. Mas, se julgam que eu sou parvo, estão muito enganados. Tenho sempre muito cuidado quando tenho de sair sozinho. Quando sou revistado, eu é que tiro as coisas dos bolsos". Nem a dez metros, nas imediações da "TRAVESSA DO CIDADÃO JOÃO GONÇALVES", estavam três agentes da PSP, em olhar mecânico para a "passerelle" de mini-saias, quase à paisana entre o corrupiar de taxistas que também ali estacionam as suas viaturas.
"ISILDA" explica o circuito. A partir das 14 horas aquela rua começa a ganhar vida. Grande parte dos bares têm as portas abertas, mas estão tacitamente fechadas. É hora de ponta nas diversas casas de jogo na rua. Foi de lá que saiu "ISABEL", a mais nova das mulheres que ali vivem e trabalham. Veio há coisa de um ano do ALGARVE, "agarrada à fruta". Como "ISILDA", os pais expulsaram-na de casa. "NICOLAU" remata: "É uma pena. É uma miudinha. Podia fazer o que quisesse, anda aqui metida". "ISABEL" meteu-se na conversa. Não estava disposta a falar de si, mas gostava de saber qual era o "gajo para o Casal". O "gajo" era um taxista, com itinerário permanente entre o CASAL VENTOSO, mercado abastecedor, e o INTENDENTE, mercado ansioso de ser abastecido. Lá foi "ISABEL", com encomendas para duas colegas de profissão. Em coisa de meia hora, estaria de volta.
Às 15 horas já a rua está repleta de gente. Uns sofrem a ressaca ao Sol, outros contabilizam os ganhos da noite anterior, as mulheres lançam piropos a quem está de passagem, o SINDICATO DOS TRABALHADORES DE SEGUROS DAS REGIÕES AUTÓNOMAS DA MADEIRA E DOS AÇORES, ergue as suas bandeiras, a farmácia está aberta, as lojas de bijutarias têm os empregados à porta, a empresa de mudanças está em pleno funcionamento. Até às 18 horas, acrescenta a companheira de "NICOLAU", há pouco que fazer. É nessa altura que grande parte dos frequentadores termina o seu horário de trabalho. Nas duas horas seguintes, é grande o movimento, que depois estagna, para retomar por volta das 22 horas.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VIII ]EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE NO FINAL DO SÉCULO XX (3)».