quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PRAÇA DO CHILE [ I ]

 Praça do Chile - (2012) - (Desenho adaptado da "Praça do Chile" e seu envolvente sem escala)-APS -LEGENDA - 1)-Colégio do Noviciado da Companhia de Jesus (Jesuítas) - 2)-Convento de Nossa Senhora da Imaculada Conceição - 3)-Hospital de Arroios - 4)-Antiga "Estrada de Sacavém (que iniciava no "Largo de Arroios" e seguia para Norte) - 5)-Praça do Chile - 6)-Igreja de São Jorge de Arroios - 7)-Palácio dos Senhores de PANCAS - 8)-Largo de Arroios - 9)-Cruzeiro de Arroios - 10)-Chafariz de Arroios - 11)-Palácio do Conde da Guarda - 12)-Mercado de Arroios.  
 Praça do Chile - (2011) - Foto de Maria Antónia (Estátua de "Fernão de Magalhães" uma obra oferecida a Portugal pelo Governo do CHILE) in AMOR ÚNICO
 Praça do Chile - (ant. a 1950) Foto de Judah Benoliel (A "Praça do Chile" já com o "NEPTUNO". A estátua é de 1771, anteriormente fazia parte do chafariz no "Largo do Chiado", esteve neste local até 1950 e foi nesse ano transferido para o "Largo da Estefânia", é uma obra do grande escultor "Machado de Castro" 1731-1822). in AFML
 Praça do Chile - (ant. 1950) Foto de Judah Benoliel (Estátua do "Neptuno" na "Praça do Chile" anterior a 1950) in AFML
Praça do Chile - (1942) Foto de autor não identificado (A modernização da "Praça do Chile" com o seu Lago (ainda não existia o Neptuno). Em frente na parte de cima, podemos ver a "Penha de França" com a sua Igreja). in SKYSCRAPERCITY

PRAÇA DO CHILE [ I ]

«A PRAÇA DO CHILE»

A «PRAÇA DO CHILE» pertence à freguesia de «SÃO JORGE DE ARROIOS». Está situada entre a «RUA MORAIS SOARES» e «RUA ANTÓNIO PEREIRA CARRILHO» (ambas, um troço da antiga Estrada da Circunvalação) e cortando na parte mais a norte a «AVENIDA ALMIRANTE REIS» (antiga Avenida Dona Amélia).
Foi atribuído o nome a esta "PRAÇA" em Sessão de Câmara de 25 de Outubro de 1928 por proposta do então vereador senhor «QUIRINO DA FONSECA», conforme consta das actas da edilidade. "Senhor Presidente apresento a seguinte proposta: Estando a ultimar-se a "ROTUNDA" onde actualmente chega a «AVENIDA ALMIRANTE REIS», tenho a honra de propor que, em homenagem à República Sul Americana do CHILE, essa Rotunda seja denominada "PRAÇA DO CHILE". Lida na mesa, foi admitida e aprovada a proposta do sr. "QUIRINO DA FONSECA" (...) sendo aprovada por unanimidade. [Paula Machado].
A «RUA MORAIS SOARES» anteriormente (1916) "RUA DO CONSELHEIRO MORAIS SOARES" representa um troço da antiga «ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO DE LISBOA» que percorria a cintura exterior de LISBOA da «CRUZ DA PEDRA» até «ALCÂNTARA», atravessando também, o sítio onde mais tarde a nossa «PRAÇA DO CHILE» iria aparecer, e continuava o seu caminho pela «RUA ANTÓNIO PEREIRA CARRILHO» em direcção a "Alcântara".
A «PRAÇA DO CHILE» foi estruturada em "ROTUNDA" num cruzamento de ruas, no centro da «AVENIDA ALMIRANTE REIS» mas não lhe cortando a sua passagem para o «AREEIRO». As outras duas ruas faziam parte do troço da «ESTRADA DA CIRCUNVALAÇÃO» de 1852 (que já nos referimos). Nessa ligação com a «PRAÇA DO CHILE» as duas ruas tinham inicialmente no seu topónimo o nome de "Conselheiro", o que terá caído porque no início da 1ª República o nome de "Conselheiro" fazia lembrar os senhores da Monarquia. Por essa razão, não gostavam deste atributo representado nas novas ruas de Lisboa.
A estátua de «NEPTUNO» que inicialmente preencheu o "LAGO" da «PRAÇA DO CHILE» até 1950, é uma obra do mestre escultor «MACHADO CASTRO», foi muito viajada pela cidade de LISBOA. Sem pretender esgotar os locais da sua permanência, diga-se que este "senhor das águas" já esteve no «LARGO DO CHIADO», na «MÃE DE ÁGUA», no «MUSEU DO CARMO», no «DEPÓSITO DE ÁGUA DOS BARBADINHOS», na «PRAÇA DO CHILE», encontrando-se actualmente no «LARGO DE DONA ESTEFÂNIA».
Presentemente no centro desta "PRAÇA" (embora já não apresente a sua configuração inicial de "Lago") encontra-se erigido a Estátua de «FERNÃO DE MAGALHÃES», oferecida pela «REPÚBLICA DO CHILE», sendo idêntica à estátua que se encontra em «PUNTA ARENAS», na «REPÚBLICA DO CHILE», tendo o monumento sido inaugurado no ano de 1951.
No passado a «PRAÇA DO CHILE» foi um terminal das ligações de carros eléctricos da carris, (chapa 17-Belém-Praça do Chile).   Uns descendo a «MORAIS SOARES» ou a caminho do «ALTO DE S. JOÃO», dirigindo-se até ao «POÇO DO BISPO» (a chapa 27-Campolide-Poço do Bispo). Da «RUA ANTÓNIO PEREIRA CARRILHO» seguiam os eléctricos para o «ARCO DO CEGO» e na parte Norte da «AVENIDA ALMIRANTE REIS» passavam por esta PRAÇA os eléctricos vindos do «AREEIRO»(A chapa 8-Martim Moniz-Areeiro). Uns continuaram, muitos foram suprimidos, outros substituídos pelos autocarros.
Presentemente esta PRAÇA DO CHILE é servida pela estação de METROPOLITANO de «ARROIOS», designadamente pela sua linha VERDE.

(CONTINUA» - (PRÓXIMO) - «PRAÇA DO CHILE [ II ] - O SÍTIO DE ARROIOS»

sábado, 25 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VII ]

 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de Lampião2000 ("Hotel Avenida Palace" uma obra do arquitecto "José Luís Monteiro", na parte Sul da "Praça dos Restauradores") in SKYSCRAPERCITY
 Praça dos Restauradores - (2011) Foto de autor não identificado (Parte Norte do "Hotel Avenida Palace" virado para a "Praça dos Restauradores" in HISTÓRIA DE PORTUGAL
 Praça dos Restauradores - (2011) Foto de autor não identificado (Panorama da "Praça dos Restauradores) vendo-se ao fundo no lado direito o "Hotel Avenida Palace") in TRIP TO LISBON
Praça dos Restauradores - (200_) Foto de autor não identificado (Entrada do "Hotel Avenida Palace" na parte Sul do edifício) in  PORTUGAL VIRTUAL 

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VII ]

«HOTEL AVENIDA PALACE»

Nos finais do século XIX, foi construído em LISBOA o magnifico «HOTEL AVENIDA PALACE», situado na «RUA PRIMEIRO DE DEZEMBRO» 123, em plena zona Sul da «PRAÇA DOS RESTAURADORES». Foi dirigido por um dos mais distintos arquitectos portugueses da época, o mestre «JOSÉ LUÍS MONTEIRO»(1848-1942) que era também um dos mais conhecidos arquitectos com projectos em PARIS, além de ter feito o planeamento da «NAVE DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DO ROSSIO» em LISBOA.
Para a construção do «HOTEL AVENIDA PALACE» foram utilizados os melhores materiais e também os mais avançados conhecimentos técnicos até então disponíveis.
A inauguração ocorreu em 1892, sendo nessa altura considerado um dos melhores hotéis da «EUROPA», por reunir três aspectos considerados fundamentais; uma boa localização, um excelente serviço e uma dose imensurável de "glamour". 
No ano de 1998 o hotel foi totalmente renovado de forma a poder satisfazer as mais recentes tecnologias e volta a ser considerado como um dos melhores hotéis do país, passando a dispor dos mais avançados recursos, aliado ao seu "glamour" e também à decoração e arquitectura neoclássica tão característico do século XIX.
Este hotel tem vindo a receber pessoas ligadas à politica, Igreja e cultura tendo passado pelos momentos mais marcantes do século XX, acabando por ser um palco activo da intriga política e da espionagem em acontecimentos como:  a "Implantação da República Portuguesa-05.10.1910", da "Guerra Civil de Espanha-1936-1939" e a "Segunda Guerra Mundial-1939-1945".
O hotel foi construído num estilo neoclássico, dispondo de ambientes sumptuosos e de um bom atendimento, fazendo deste um local preferido de várias personalidades ilustres. Por aqui passaram e pernoitaram: VAN MORRISON, ROBERTO CARLOS, ALMADA NEGREIROS, ALVES REDOL, o príncipe "D MIGUEL DE BRAGANÇA", CHARLES AZNAVOUR, SIDÓNIO PAIS, JÂNIO QUADROS, MANUEL TEIXEIRA GOMES, MARTIN SHEEN, CLIFF RICHARD, FRANÇOIS MITERRAND e o CARDEAL MINDSZENTY, entre muitos outros. 
No sítio do pátio onde está instalado o «HOTEL AVENIDA PALACE» foi, na época rasgada uma via de comunicação para o transito de carruagens até aos «RESTAURADORES», só mais tarde (no século XX) se procedeu ao seu encerramento sendo no local construído estabelecimentos com vista para a «Praça».
O «HOTEL AVENIDA PALACE» com 120 anos de existência é mais que um símbolo desta cidade. Fica situado na emblemática «PRAÇA DOS RESTAURADORES», mesmo no coração de LISBOA. [FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto - Peregrinações em Lisboa - Livro XIV-2ª Ed. 1993 - LISBOA
- DIAS, Marina Tavares - Lisboa Desaparecida - Vol. 2 - Quimera - 1990- LISBOA
- LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA (1874-1909)-CML-FCG-1989-LISBOA
- Lisboa d'Outros tempos - A Capital - Appio Sottomayor-2002- LISBOA
- LISBOA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS - JANEIRO, Maria João-2006-Liv.Horizonte-LISBOA
- SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.)-Dicionário da História de Lisboa-Carlos Quintas & Associados-consultores-1994-SACAVÉM.
- VIDAL, Angelina -LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA-Vega- 1994 - LISBOA

INTERNET


(PRÓXIMO)- «PRAÇA DO CHILE [ I ] - A PRAÇA DO CHILE E SEU ENVOLVENTE»

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VI ]

 Praça dos Restauradores - (2005) Foto de APS (Fachada do antigo "Eden Teatro" hoje "ORION EDEN", nos terrenos que davam acesso às cocheiras do Palácio dos "Marqueses de Castelo Melhor") in ARQUIVO/APS
 Praça dos Restauradores - (2005)- Foto de APS (O antigo "Eden Teatro" de "Cassiano Branco" renovado para o futuro, mas sem sala de espectáculos) in ARQUIVO/APS
 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de Lampião2000 (Panorama dos Restauradores vendo-se o "Obelisco" no centro da Praça, o Palácio do "Marquês da Foz", seguindo-se o "EDEN" na sua terceira fase) in SKYSCRAPERCITY
 Praça dos Restauradores - (2007) (O "EDEN" na actualidade; um hotel de luxo, e no espaço térreo uma zona comercial)  in WIKIPÉDIA
Praça dos Restauradores - (Anos 40 do século XX) Foto de autor não identificado (Fachada do segundo "EDEN" na "Praça dos Restauradores" com projecto de "Cassiano Branco" e baixos relevos de "Leopoldo de Almeida") in CINEMA AOS COPOS

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES

«O ÉDEN TEATRO»

O comerciante de automóveis «ALBERT BEAUVELET» no ano de 1902, alugou as antigas cocheiras do Palácio dos «CONDES DE CASTELO MELHOR», (onde no local, depois do ano de 1837, se tinha construído a nova entrada para os jardins).
Nesse local foi construída a «GARAGEM BEAUVELET» com um enorme salão no primeiro piso. Com a mudança de instalações da garagem, no edifício ficou temporariamente entre 1902 a 1912 a funcionar o «TEATRO VARIEDADES».
O empresário «LUÍS GALHARDO» aproveitando as estruturas da antiga "garagem", encomendou ao cenógrafo «AUGUSTO PINA» planos para a construção de um teatro mais amplo do que o improvisado "VARIEDADES". Esse teatro, inaugurado no dia 25 de Setembro de 1914 será o primeiro «ÉDEN TEATRO».
Por iniciativa do empresário "LEOPOLDO O'DONNELL" em 1918, o «ÉDEN» passou a dedicar-se também a temporadas cinematográficas. Em finais de 1928 esta casa era encerrada pela «INSPECÇÃO GERAL DE ESPECTÁCULOS».
O «CONDE DE SUCENA» tinha adquirido no ano de 1914, o «PALÁCIO FOZ» e todos os terrenos anexos ao palácio, resolveu mandar demolir o primitivo "ÉDEN".
Mas outras ideias de um novo "ÉDEN" surgiram no horizonte. Assim, em 1929 terá sido encomendado ao arquitecto «CASSIANO BRANCO» um projecto para o novo «ÉDEN». As obras tiveram início dois anos depois, tendo o «CONDE DE SUCENA» hipotecado à «CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS» todos os terrenos nos «RESTAURADORES». O projecto inicial de «CASSIANO BRANCO»(1897-1970) acabou por sofrer bastantes alterações no curso das obras, que só terminaram em 1937, tendo o «ARQUITECTO CARLOS FLORÊNCIO DIAS» dirigido pessoalmente os trabalhos contando com a colaboração do escultor «LEOPOLDO DE ALMEIDA» (1898-1975), autor dos baixos-relevos da fachada e interiores.
O novo «ÉDEN TEATRO» foi inaugurado no dia 1 de Abril de 1937, com a peça "BOCAGE" numa cerimónia memorável presidida pelo chefe do Estado na época, "MARECHAL CARMONA".
Com capacidade para 1440 espectadores era uma das maiores salas do seu tempo. Após a inauguração, o novo «ÉDEN» apresentaria apenas mais duas revistas. Depois converteu-se definitivamente em sala de cinema com o mérito de ser, no "coração" de LISBOA, uma referência ao longo de 50 anos.
Durante a «SEGUNDA GUERRA MUNDIAL» o «ÉDEN» foi o cinema mais concorrido de Lisboa.
A 1 de Outubro de 1966, o IPPAR reconheceu o edifício como "IMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO".
Nos anos 80 o esplendor e o brilho do «ÉDEN» apagaram-se. Com a projecção no último dia do ano de 1989, o filme «OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS», fechava para sempre as portas do cinema «ÉDEN».
Na melhor sala de cinema dos anos 30 o tempo finalmente parou.
Na última noite de 1989, o «ÉDEN» estava entregue ainda aos cuidados das mesmas gentes que lhe conheciam todos os cantos.
Explorado pela distribuidora «LUSOMUNDO» desde 1974, o «ÉDEN» sobreviveu a sua própria época.
No ano de 1988 o «ÉDEN» foi adquirido pelo «GRUPO AMORIM», do empresário nortenho «AMÉRICO AMORIM».
Existia uma proposta para salvar o «ÉDEN» por parte da edilidade, na preservação do "velho" edifício, esse compromisso veio a acontecer, já a compra pela «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA» não se chegou a concretizar.
O «ÉDEN» volta a abrir as suas portas cerca de dois meses, entre Novembro de 1990 e Janeiro de 1991. O protesto foi a exposição, dirigida por «HENRIQUE CAYATTE» (um dos maiores defensores da exclusividade cultural do "ÉDEN"), que questionava o futuro de um edifício carismático em vias de destruição. A exposição foi denominada «CASSIANO BRANCO E O ÉDEN».

O «GRUPO AMORIM» começou com o processo de recuperação e remodelação do edifício. O novo «ÉDEN» teve a colaboração do arquitecto francês «GEORGE PENCREACH» e do arquitecto português «FREDERICO VALSASSINA».
O imóvel é hoje ocupado em parte por um hotel de luxo, nos pisos superiores, e num espaço comercial no andar térreo, onde podemos destacar uma «LOJA DO CIDADÃO».
No renovado «ORION EDEN» que em tempos fora um TEATRO e CINEMA, é hoje um agradável hotel, mantendo a encantadora fachada original de «CASSIANO BRANCO» e os baixos-relevos do mestre «LEOPOLDO DE ALMEIDA».

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VII ]- O HOTEL AVENIDA PALACE»

sábado, 18 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ V ]

 Praça dos Restauradores - (2011) Foto de autor não identificado (Fachada do espectacular "Palácio Foz" na "Praça dos Restauradores", antigo Palácio dos "Marqueses de Castelo Melhor", hoje ali instalado o GMCS-Gabinete para os Meios de Comunicação Social) in INSTITUTO GREGORIANO DE LISBOA 
 Praça dos Restauradores - (2009) Foto de autor não identificado ("Palácio Foz" antigo "Palácio dos Marqueses de Castelo Melhor", restaurado nos finais do século XIX pelo arquitecto "José António Gaspar" nos interiores, sendo a fachada do escultor "Simões de Almeida") in MARCAS DAS CIÊNCIAS
 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de Lampião2000 (Fachada Sul do "Palácio Foz" na "Praça dos Restauradores") in SKYSCRAPERCITY
Praça dos Restauradores - (2007) Foto de Dias dos Reis ("Palácio Foz", "Hotel Avenida Palace" e o Obelisco dos Restauradores na "Praça dos Restauradores ao entardecer) in DIAS DOS REIS
Praça dos Restauradores - (1945) Foto de autor não identificado ( O "Palácio Foz" na época a sede do "SNI-Secretariado Nacional de Informação") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - (PRAÇA DOS RESTAURADORES [ V ]

«O PALÁCIO FOZ»

No ano de 1889 «D. HELENA DE VASCONCELOS E SOUSA»  6ª MARQUESA DE CASTELO MELHOR, vendeu a propriedade a «TRISTÃO GUEDES CORREIA DE QUEIROZ CASTELO BRANCO»(1849-1917), senhor de alguma linhagem herdada da pequena nobreza rural nortenha, com antepassados que foram ostentando os títulos de «BARÃO», «VISCONDE» e «CONDE».
Tinha residência num palacete às «CHAGAS», onde se dedicava ao comércio de arte (ou "Coleccionismo", de melhor ou pior qualidade, estava então na moda). Esta actividade e o exercício de funções públicas para que era frequentemente nomeado, granjeara-lhe larga fortuna, pelo que resolveu estabelecer-se em 1888 no «PALÁCIO CASTELO MELHOR» que se debruçava já sobre a «AVENIDA», aberta quase dois anos antes. Alugou-o nessa data à «MARQUESA» viúva, comprando-lhe logo no ano seguinte, em negócio não de todo transparente.
Tinha então o título de «MARQUÊS DA FOZ».
Transcrevemos um resumo, das razões dessa suspeita. Sendo «TRISTÃO GUEDES» à data administrador da «COMPANHIA REAL DO CAMINHO DE FERRO» e havendo que fazer passar um túnel para circulação das composições entre a «ESTAÇÃO CENTRAL» e o limite da cidade (hoje Campolide), optou por fazê-lo, abrindo na encosta de «S. ROQUE» de forma a mergulhar sob a rampa da glória (CALÇADA DA GLÓRIA) um pouco a ocidente do torreão norte do edifício. Esta estratégia permitia-lhe expropriar assim a fidalga, a excepção de um pequeno trecho de jardim, e por razões de utilidade pública, dos valiosos terrenos que constituíam o parque da residência.
Entalada entre os novos espaços agora atribuídos aos "Caminhos de Ferro" e a «AVENIDA», então aberta em 1886, o velho Palácio, que durante mais de um século fora pertença de uma das mais antigas e ilustres famílias portuguesas, ter-se-ia assim transformado em presa fácil para o «MARQUÊS DA FOZ», estereótipo do seu tempo, homem de ostentação e amante das festas de "BOULEVARD", que em poucos meses o adquiriu, ao que consta, por preço razoável.
Durante uma dúzia de anos, não mais, pertenceu o edifício ao titular da "FOZ" que nele introduziu tais modificações e de tal forma o recheou de património que, à excepção das paredes exteriores e da grande e rica capela, pouco ficou que lembrasse os «CASTELO MELHOR».
Encarregou um prestigiado arquitecto, «JOSÉ ANTÓNIO GASPAR», do desenho e construção dos interiores, que os fez como se de obra nova se tratasse. Ao escultor e entalhador «LEANDRO BRAGA», o mais talentoso entre nós e ao nível dos melhores congéneres europeus do tempo, atribuiu a responsabilidade da decoração.
A ambos concedeu os mais amplos poderes para contratar e encomendar quem e o que entendessem, com o único limite da sua aprovação final. Trabalhando em estreita colaboração e respeitando a capela, chamaram a participar nas obras um grupo de artistas notáveis na época. O escultor «SIMÕES DE ALMEIDA» que se ocupou da fachada; enriqueceu as molduras da sacada, acrescentou o frontão do torreão Norte armoriando-o, assim como ao seu igual a Sul, construiu uma balaustrada coroada de pináculos e assentou, por fim, nos acrotérios grupos escultóricos de talhe cuidado e razoável proporção.
O telhado foi substituído por uma alta mansarda francesa, estudada em PARIS, na qual fez rasgar cinco janelas, também de sacada, separadas por quatro óculos ovais,  e debruçadas sobre troços de balaústres  limitados por sólidas urnas de cantaria.
Com a queda da «CASA DA FOZ», foi tudo posto em praça pública no ano de 1901, num leilão que ficou célebre.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)-«PRAÇA DOS RESTAURADORES [ VI ] - O EDEN TEATRO» 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ IV ]

 Praça dos Restauradores - (2002) Foto de Andres Lejona (Monumento na "Praça dos Restauradores" comemorando o 1º de Dezembro de 1640) in AFML
 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de autor não identificado (Obelisco comemorando a libertação de Portugal do domínio Espanhol em 1 de Dezembro de 1640) in WIKIPÉDIA
 Praça dos Restauradores - (2009) Foto de Ligh Warrior (Pormenor da escultura simbolizando o "Génio da Vitória" de "Simões de Almeida" virada a norte na PRAÇA DOS RESTAURADORES) in WIKIPÉDIA
 Praça dos Restauradores - (2005) Foto de Manuel Costa Alves (Pormenor do "Génio da Liberdade e da Independência" virado a Sul na "Praça dos Restauradores") in ARTE PÚBLICA
Praça dos Restauradores - (1888-06) Foto de autor não identificado ("Praça dos Restauradores" e "Avenida da Liberdade"(ainda não totalmente construída) para Norte, podemos ver os pavilhões da "Exposição Industrial e Agrícola") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES [ IV ]

«O MONUMENTO CONSAGRADO À RESTAURAÇÃO E RECONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL (2)»

Continuando ainda a assinalar as inscrições laterais no OBELISCO dos Restauradores.
15 DE AGOSTO DE 1648
-  Perante a decadência provocada pela dominação filipina, PORTUGAL foi alvo de ataques exteriores; assim os holandeses apoderaram-se de várias terras portuguesas no Ultramar. Nesse ano «SALVADOR CORREIA DE SÁ»(1591-1688) parte do BRASIL com forças expedicionárias e consegue que ANGOLA volte ao domínio português.
27 DE JANEIRO DE 1654
-  Os portugueses do BRASIL pegam em armas para expulsar o usurpador holandês.
22 DE JUNHO DE 1658
-  Forças portuguesas cercam BADAJOZ
14 DE JANEIRO DE 1659
-  A Praça de ELVAS é sitiada pelos Castelhanos.
08 DE JUNHO DE 1663
-  A Praça de ÉVORA tinha capitulado perante forças espanholas de «D. JOÃO DE ÁUSTRIA» que a tinha sitiado. O O Conde de «VILA-FLOR» organiza e prepara um exército que ataca o inimigo em AMEIXIAL infligindo-lhe grande derrota.
24 DE JUNHO DE 1663
-  Após AMEIXIAL, o exército português preparou-se para reconquistar ÉVORA.
02 DE JULHO DE 1663
-  ALMEIDA, depois de assistir nos arredores a várias escaramuças entre forças portuguesas e espanholas, resiste a uma acção ofensiva do inimigo.
03 DE JULHO DE 1664
-  O «DUQUE DE OSSUMA» cerca «CASTELO RODRIGO».
14 DE JUNHO DE 1665
-  VILA VIÇOSA sofre um ataque dum exército espanhol comandado por «D. LUIZ DE BENEVIDES CARRILHO E TOLEDO».
17 DE JUNHO DE 1665
-  FILIPE IV DE ESPANHA organiza um grande exército e entrega-o ao comando do «MARQUÊS DE CARACENA». PORTUGAL é invadido pelo ALENTEJO, e não muito longe de ESTREMOZ dá-se o encontro com o exército português do «CONDE DE CASTELO MELHOR». A luta travada em MONTES CLAROS foi de grande violência e terminou em triunfo para as forças portuguesas.
13 DE FEVEREIRO DE 1668 
-  Renovadas as negociações já anteriormente iniciadas, é finalmente assinado o TRATADO DE PAZ. PORTUGAL confirma assim a sua posição de Nação livre e independente.

Estão assim inscritos neste monumento as datas que consolidaram a Independência de Portugal. No OBELISCO são também visíveis as armas de PORTUGAL e as de LISBOA. O Monumento tem cerca de 30 metros de altura, foi inaugurado às quatro horas da tarde  do dia 28 de Abril de 1886, em cerimónia igualmente presidida pelo rei «D. LUÍS» acompanhado do príncipe «D. CARLOS».

Com a eventual supressão (possivelmente no próximo ano de 2013) do feriado que assinalava a data da INDEPENDÊNCIA NACIONAL, "O PRIMEIRO DE DEZEMBRO", esperamos que um dia não venha alguém dizer que já não faz sentido comemorarmos as  nossas vitórias, e mandar também deitar abaixo, o OBELISCO que até hoje, simboliza a nossa «INDEPENDÊNCIA»... muito embora ela esteja a fugir do nosso controlo, a cada momento da nossa história.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA DOS RESTAURADORES [ V ] - O PALÁCIO FOZ» 

sábado, 11 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ III ]

 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de autor não identificado (Pormenor da figura alada "O Génio da Liberdade e da Independência", escultura de "Alberto Nunes") in STRAWBERRY WORLD LISBON
 Praça dos Restauradores - (2011) Foto de Roadrunner (Monumento erigido na "Praça dos Restauradores" para comemorar a libertação de Portugal do domínio espanhol em 1640) in OLHARES
 Praça dos Restauradores - (2010) Foto de autor não identificado (Pormenor da figura feminina, representando "O Génio da Vitória", ostentando na mão esquerda uma palma e na mão direita, erguida ao alto, a "Coroa da Glória", escultura de "Simões de Almeida" in WIKIPÉDIA
 Praça dos Restauradores - (1886) (Século XIX) Desenho de R. CHRISTINO, Gravura de Alberto (Monumento aos Restauradores da Independência de Portugal, inaugurado a 1 de Dezembro de 1886 - publicado na Revista O Ocidente) in DO PORTO E NÃO SÓ
Praça dos Restauradores - (c. 1883) Foto de José Artur Leitão Bárcia (Obras de construção do "Monumento da Independência de Portugal", ainda dentro dos muros do "Passeio Público") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES [ III ]

«O MONUMENTO CONSAGRADO À RESTAURAÇÃO E RECONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL (1 )»

A «PRAÇA DOS RESTAURADORES» situada no "coração" de LISBOA é caracterizada pelo alto e belo obelisco, inaugurado em 1886, para comemorar a libertação de Portugal do domínio espanhol de 1580-1640. Trata-se de um monumento consagrado à restauração e reconquista da Independência Nacional, depois de sessenta anos de domínio Castelhano. E durou 28 anos para se atingir o tratado de paz (1640-1668).
Esta praça tem passado por várias remodelações, mostrando-nos sempre um aspecto bastante agradável e espaçoso.
Em Agosto de 1861 foi criada uma "Comissão Central 1º de Dezembro de 1640", com o objectivo de determinar a forma como devia ser celebrado o aniversário da "Revolução que tinha libertado o nome de Portugal, do jugo espanhol". Nesta Comissão integravam figuras destacadas da  época, tendo sido decidido levantar um grandioso monumento de pedra e bronze, no centro desta "PRAÇA".
A primeira pedra do «MONUMENTO» foi colocada no meio de grande cerimonial, em 1875, na presença de el-Rei «D. LUÍS». Dois anos depois, o projecto apresentado por «ANTÓNIO TOMÁS DA FONSECA» (1822-1894), professor da «ACADEMIA DE BELAS-ARTES», era aprovado, e a construção começou ainda dentro do espaço murado do «PASSEIO PÚBLICO» (já nos seus finais), sob a direcção de «SÉRGIO AUGUSTO BARROS». A obra ficou pronta em 1882 e logo começou a colocação das estátuas.
O monumento é composto basicamente por pedestal ou base, obelisco e envasamento. O pedestal está  ornado. Na face norte encontra-se uma importante figura em bronze, representando "O GÉNIO DA VITÓRIA" que ostenta na mão esquerda uma palma e na direita, erguida ao alto, a "COROA DA GLÓRIA".
Este grupo escultórico foi executado pelo escultor «SIMÕES DE ALMEIDA», considerado uma das mais belas figuras femininas da estatuária portuguesa.
No lado oposto, virado a sul, uma outra importante figura, igualmente em bronze, de um jovem alado simbolizando o "GÉNIO DA LIBERDADE E DA INDEPENDÊNCIA", dando à figura o aspecto que num arranco, quebra as grilhetas, trabalho este que foi executado pelo escultor «ALBERTO NUNES».
Nas quatro faces do obelisco, destacam-se vários elementos, em pedra, tais como; o ESCUDO REAL e o GRUPO DE ARMADURAS, ESTANDARTES e outros objectos militares, a par de variadas inscrições e datas, em referência ao feito militar que pretendem exaltar.
Numa das legendas pode ler-se; «AOS RESTAURADORES DE 1640 - 1º DE DEZEMBRO DE 1640» e na outra «EM 1886 POR SUBSCRIÇÃO NACIONAL ERIGIU A COMISSÃO CENTRAL DO PRIMEIRO DE DEZEMBRO DE 1640».
As outras inscrições constam de uma data significativa, seguida de um resumo do acontecimento (que nós ainda resumimos mais no texto). Pela sua importância histórica, consideramos pertinente transcrever algumas dessas referências, por ordem cronológica:
12 DE AGOSTO DE 1641
- Os espanhóis atacaram com forças numerosas a vila de "SANTO ALEIXO".
16 DE MARÇO DE 1642
- Os habitantes de «ANGRA DO HEROÍSMO» lutaram vitoriosamente contra os Castelhanos, o que levou «D. JOÃO IV» a conceder àquela cidade, o título de "MUITO NOBRE E SEMPRE LEAL CIDADE».
26 DE MAIO DE 1644
- Sob o comando de «MATIAS DE ALBUQUERQUE», os portugueses entraram em ESPANHA e tomaram "MONTIJO".

(CONTINUA) - (PRÓXIMA) - «PRAÇA DOS RESTAURADORES [ IV ] O MONUMENTO CONSAGRADO À RESTAURAÇÃO E RECONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL(2)».

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ II ]

 Praça dos Restauradores - (2010) - Foto de Lampião2000 (A "Praça dos Restauradores" ao entardecer) in SKYSCRAPERCITY
 Praça dos Restauradores - (2012) Foto de J. Mourão (Panorama da "Praça dos Restauradores" vendo-se em primeiro plano o antigo "Palácio dos Marqueses de Castelo Melhor", depois "Palácio Marquês da Foz" in JOÃO MOURÃO
 Praça dos Restauradores - (1920?) Foto de Eduardo Portugal (O "Palácio FOZ" na "Praça dos Restauradores" onde funcionava o clube "Maxim's",  inaugurado em 1908. Era em 1920 o expoente máximo de Lisboa elegante) in AFML
Praça dos Restauradores - (1906)  Foto de Eduardo Portugal (A "Garagem Beaulevet" nos  terrenos da entrada para as antigas cocheiras do "Palácio dos Condes de Castelo Melhor") in RESTOS DE COLECÇÃO 

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES [ II ]

«O PALÁCIO DOS CONDES DE CASTELO MELHOR NOS RESTAURADORES»

Recuando ao século «Quinhentista», sabemos que as casas e terrenos do lado Ocidental do «ROSSIO» até ao local onde está hoje instalado o edifício do «EDEN TEATRO», eram seus proprietários os «CONDES DE FARO», fidalgos de boa linhagem, que ao longo dos anos se foram cruzando com inúmeras famílias fidalgas.
Passado um século, as propriedades dos «CONDES DE FARO»(1636-1720) uma parte passou a pertencer aos «CADAVAIS» e outra junto ao sítio dos «RESTAURADORES» aos de «CASTELO MELHOR», na pessoa do grande estadista e ministro do rei «D. AFONSO VI», «D. LUÍS DE VASCONCELOS E SOUSA - 3º CONDE DE CASTELO MELHOR», que terá casado com «D. GUIOMAR DE TÁVORA», neta, por sue mãe, de «ESTEVÃO», «CONDE DE FARO».
Já no século XVII, os «VASCONCELOS E SOUSA, CASTELO MELHOR» possuíam o seu nobre Palácio no lado nascente da actual «PRAÇA DOS RESTAURADORES» e eram por estas paragens uns grandes senhores.
Com o terramoto de 1755 o primitivo Palácio ruiu e ardeu, danificando o edifício, e assim tornou-se necessário proceder a nova construção, desta vez optando-se pela zona Ocidental das hortas, junto ao decadente palácio contíguo à já então existente rampa da «GLÓRIA», que tinha sido propriedade dos «CONDES DE CASTANHEIRA».
O chamado «PASSEIO PÚBLICO», antecessor dos «RESTAURADORES» começou a desenhar-se por volta do ano de 1764, sobre umas hortas que pertenciam ao «4º CONDE(mais tarde 1º MARQUÊS) DE CASTELO MELHOR», «D. JOSÉ VASCONCELOS E SOUSA CÂMARA FARO E VEIGA»(1706-1769).
Convém recordar que este local da «PRAÇA DOS RESTAURADORES» não existia, eram quintas e hortas "de VALVERDE" e "da CERA", as quais os «CONDES DE CASTELO MELHOR» teriam adquirido a um dos «ATAÍDES», «CONDE DE CASTANHEIRA» e casas contíguas a norte das que pertenceram aos «FAROS», até onde se encontra o «PALÁCIO FOZ».
Com o início da construção do «PASSEIO PÚBLICO» o «MARQUÊS DE CASTELO MELHOR» aproveitou o momento para mandar fazer o seu belo Palácio novo, derrubando para tanto as casas que tinha adquirido. As obras, porém, foram suspensas durante o período das invasões francesas e sabe-se que só em 1845 recomeçaram e concluiriam no tempo do «4º MARQUÊS DE CASTELO MELHOR - 8º CONDE DA CALHETA», «D. ANTÓNIO DE VASCONCELOS E SOUSA DA CÂMARA CAMINHA FARO E VEIGA»(1816-1858).
Existe controvérsia quanto ao autor do traçado do Palácio, que durante muitos anos foi atribuído ao arquitecto italiano «FRANCISCO XAVIER FABRI», que não viu a obra concluída, tendo falecido em (1807), no período da suspensão das obras,  outros arquitectos e mestres terão eventualmente seguido o seu plano inicial.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «PRAÇA DOS RESTAURADORES [ III ] O MONUMENTO CONSAGRADO À RESTAURAÇÃO E RECONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL ( 1 )». 


sábado, 4 de agosto de 2012

PRAÇA DOS RESTAURADORES [ I ]

 Praça dos Restauradores - (2012) - (Desenho adaptado da "Praça dos Restauradores" e seu envolvente s/escala) APS - LEGENDA - 1)Praça dos Restauradores - 2)Palácio dos Condes de Castelo Melhor -  3)Palácio Foz -  4)Monumento aos Restauradores - 5)Eden Teatro - 6)Hotel Avenida Palace. As RUAS assinaladas com traço vermelho, já foram publicadas neste blogue.
 Praça dos Restauradores - (2010) - Foto de autor não identificado (Panorama da "Praça dos Restauradores") in STRAWBERRY WORLD LISBOA
 Praça dos Restauradores - (19__) Litografia a cores (A "Praça dos Restauradores" no início da "Avenida da Liberdade" e no lado esquerdo o "Palácio Foz") in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA (1874-1909).
Praça dos Restauradores - (1920) Foto de Autor não identificado ("Praça dos Restauradores" nos anos 20 do século passado) in ALMA APAIXONADA
Praça dos Restauradores - (1938) - Eduardo Portugal (Panorama da "Praça dos Restauradores" nos anos 30 do século passado) in AFML 
Praça dos Restauradores - (1 de Dezembro de 1886) Autor da foto não identificado (Inauguração do Monumento aos Restauradores, vendo-se na tribuna o Rei D. Luís. Ao fundo os terrenos que hoje representam a "Avenida da Liberdade") in A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

(CONTINUAÇÃO) - PRAÇA DOS RESTAURADORES [ I ]

«A PRAÇA DOS RESTAURADORES»

A «PRAÇA DOS RESTAURADORES» pertence à freguesia de «SANTA JUSTA». Tem o seu início na «RUA 1º DE DEZEMBRO» (antiga "Rua do Príncipe") e finaliza na «AVENIDA DA LIBERDADE» (junto do antigo "Passeio Público").
Convergem para esta "PRAÇA" do seu lado esquerdo a «CALÇADA DA GLÓRIA», no lado direito a «RUA JARDIM DO REGEDOR», «TRAVESSA DE SANTO ANTÃO» e «RUA DOS CONDES».
Logo a seguir ao terramoto de 1755, o espaço entre o actual «LARGO D. JOÃO DA CÂMARA» (antigo "Largo de Camões") e a «PRAÇA DOS RESTAURADORES» estava amplo sem edificações, era um estreito caminho ou mais propriamente dito; o prolongamento da setecentista «RUA DE VALVERDE» (actual "Rua 1º de Dezembro"). Nos terrenos onde se instalou a «ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DO ROSSIO», projecto do arquitecto «JOSÉ LUÍS MONTEIRO», existiu em tempos o célebre «CIRCO WHYTTOYNE» (apelido do palhaço "HENRY", que trabalhara no «CIRCO PRICE», junto do «SALITRE». O Circo ocupava grande parte dos jardins que pertenceram aos Jesuítas, sendo inaugurado em 1875, terá ardido alguns anos depois.
No ano de 1881 era transformado nos «RECREIOS» ou «COLISEU DOS RECREIOS», que terá desaparecido pelo ano de 1887. Foi este "COLISEU" que deu origem ao actual «COLISEU DOS RECREIOS», agora instalado na «RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO».
O Governo do «MARQUÊS DE POMBAL» terá eventualmente comprado algumas quintas e hortas no início dos «RESTAURADORES», atendendo que previa para LISBOA, um alinhamento tanto no seu aspecto edificado como alargar para norte os arruamentos. 
No terceiro quartel do século XVIII o «PASSEIO PÚBLICO», mandado abrir, pelo «MARQUÊS DE POMBAL», começava por alturas da praça a que hoje chamamos de «PRAÇA DOS RESTAURADORES». Depois, com as remodelações ordenadas por «ROSA ARAÚJO», passou a ser naquele espaço uma espécie de antecâmara da «AVENIDA DA LIBERDADE».
Mas o nome da "PRAÇA" tem fácil explicação: desde 1861, ano da sua fundação, que a «COMISSÃO CENTRAL PRIMEIRO DE DEZEMBRO DE 1640», (antecessora da "Sociedade Histórica da Independência de Portugal") pugnava pela construção de um monumento evocativo da restauração da Monarquia portuguesa. Pensou-se primeiro num pequeno padrão colocado em frente do «PALÁCIO ALMADA» (mais conhecido actualmente como "Palácio da Independência") e chegou a ser feito um projecto em 1871. Mas depois, com grande tenacidade, aquela associação entregou-se à colecta e reunião de recursos necessários à realização de uma obra que se reputou de patriótica.
Abriu assim subscrições em PORTUGAL e no BRASIL, gerida por uma Comissão sob a presidência do «MARQUÊS DE SÁ DA BANDEIRA», reunindo uma soma que ultrapassou os mil contos de réis. Obtiveram então do GOVERNO e da CÂMARA, as necessárias autorizações para edificar o "MONUMENTO", que viria a dar o nome à «PRAÇA». 

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «PRAÇA DOS RESTAURADORES [ II ] -O PALÁCIO DOS CONDES DE CASTELO MELHOR NOS RESTAURADORES»